João
Guilherme de Abreu é acusado de receber R$ 3 milhões para facilitar recebimento
de precatórios.
Roseana Sarney
A
Polícia Civil do Maranhão indiciou por corrupção João Guilherme Abreu,
ex-secretário da Casa Civil da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que deixou
o governo no último dia 10 de dezembro. Ele é suspeito de ter recebido R$ 3
milhões em propinas para garantir o pagamento de precatórios no valor de R$ 134
milhões devidos à empreiteira Constran-UTC, do empresário Ricardo Pessoa,
delator da Lava-Jato. As propinas foram pagas, a pedido de Pessoa, pelo doleiro
Alberto Youssef, outro delator da Lava-Jato, e que também foi indiciado pela
polícia maranhense.
Além
deles, foram indiciados ainda Rafael Ângulo Lopez e Adarico Negromonte, irmão
do ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte. Os dois estiveram três vezes no
Maranhão para levar dinheiro, enrolado no corpo, para João de Abreu. O
dinheiro, segundo Youssef, seria para Abreu distribuir a pessoas do governo do
Maranhão. Foi indiciado ainda o corretor Marco Antonio de Campos Ziegert, elo
entre Youssef e Abreu. Os indiciamentos aconteceram no último dia 10.
O
pagamento da propina foi relevado pelo próprio doleiro, que no seu acordo de
delação premiada no ano passado acabou confessando que pagou os R$ 3 milhões a
João de Abreu para garantir o pagamento do precatório da Constran. Em
depoimento à Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic),
Youssef confirmou o pagamento da propina. O doleiro foi preso no dia 17 de
março de 2014, no Hotel Luzeiros, em São Luis (MA), pela Polícia Federal,
deflagrando a Lava-Jato.
No
depoimento à PF, Youssef disse que tinha ido a São Luis para resolver uma
pendência do pagamento da propina, pois, segundo João de Abreu, ficou faltando
R$ 1 milhão do dinheiro que lhe seria devido. A polícia apurou que Abreu esteve
no hotel momentos antes do doleiro ter sido preso. Ele teria saído com o
dinheiro.
Rafael
Ângulo Lopez, carregador de malas de dinheiro de Youssef, que também virou
delator da Lava-Jato, deu mais detalhes de operação do pagamento da propina a
Abreu, dizendo que ele e Adarico Negromonte estiveram três vezes em São Luis
levando dinheiro em espécie, enrolado no próprio corpo, que foi entregue a João
de Abreu. Em depoimentos prestados em janeiro deste ano, Lopez deu detalhes das
dependências do Palácio dos Leões e interior da Casa Civil onde o dinheiro foi
entregue a Abreu.
A
polícia do Maranhão ouviu como testemunha a contadora Meire Poza, que disse que
Adarico Negromonte lhe contou que ao levar dinheiro a Abreu, ele disse que o
valor era pequeno e que isso seria comunicado à governadora Roseana. Outra
testemunha, Leonardo Meirelles, sócio de Youssef no Laboratório Labogen, disse
à polícia que viu Adarico no escritório de Youssef colocando o dinheiro no
corpo para viajar para o Maranhão.
O Globo
0 comments:
Postar um comentário