domingo, 9 de abril de 2017

O xadrez dos abusos cometidos pela “república curitibana” no caso Eduardo Guimarães

A maior reação do Ministério Público Federal e de associações de juízes contra o projeto de lei sobre abusos do Judiciário é em relação ao risco de criminalização da hermenêutica – isto é, da possibilidade de os juízes interpretarem as leis de acordo com sua convicção. Alegam que tiraria a liberdade dos juízes julgarem.

O relator da proposta no Senado, senador Roberto Requião, deixou claro que:
"A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura, por si só, abuso de autoridade". Por outro lado, ampla liberdade de interpretação aos juízes significará abdicar de qualquer papel normatizador da Constituição e das leis. Sem ter sido votado, o procurador e o juiz passariam a fazer as leis.

A melhor maneira de analisar os limites e abusos é na chamada “prova do pudim” – conferir um caso prático. E nada mais significativo do que a Operação Lava Jato e, nela, o episódio da prisão temporária do blogueiro Eduardo Guimarães por crime de opinião.

Peça 1 – as primeiras ações contra Eduardo
Em 2015, a AJUFE (Associação dos Juízes Federais) do Paraná entrou com uma petição na Polícia Federal acusando Eduardo Guimarães do crime de injúria e ameaça.

As denúncias se referiam a Tweets postados por Guimarães, com o seguinte conteúdo:
O Tweet suspeito dizia: “Os delírios de um psicopata investido de um poder discricionário como Sérgio Moro vão custar seu emprego e sua vida”.

Chamar alguém de psicopata é ofensa. Interpretar o texto como ameaça ao juiz é indício de desequilíbrio grave.


A AJUFE-Paraná deu asas à hermenêutica, acusando Guimarães de ameaçar o juiz Moro, embora estivesse claro que “custar seu emprego e sua vida” se referia a “cada brasileiro que se entusiasma ao ver a derrocada petista”.

Mas, enfim, como parte, a AJUFE-Paraná poderia recorrer ao livre-interpretar. O jogo de abusos ocorreu nos momentos seguintes.

Injúria é crime penal privado. Significa que só a vítima pode entrar com a queixa. Já a ameaça é crime sujeito a comprovação: a  vítima tem que representar, ou seja, pedir para o Ministério Público atuar.

O delegado não poderia instaurar inquérito sem ouvir a vítima, Moro.  Mesmo assim, a Polícia Federal recorreu à hermenêutica e instaurou o inquérito (Hermenêutica  1).

Há um prazo legal de 6 meses para a vítima representar contra crime de injúria. Em setembro de 2015, dentro do prazo de 6 meses, Moro representou pelo crime de ameaça. Não entrou com queixa de crime de injúria porque o prazo já havia vencido.

A legislação diz que no caso de crimes pela Internet, o foro é o do local da postagem; no caso cível, é fora.

Por isso, o delegado de Curitiba alegou que a apuração do suposto crime não era da sua alçada, porque publicado em São Paulo, onde mora Eduardo.

O MPF não viu problemas em interpretar a lei.. Interpretou que, como Sérgio Moro mora em Curitiba, a acusação de crime teria que ser julgada em Curitiba. O caso caiu na 14a Vara Federal; a Vara de Moro é a 13a. O juiz da 14a acabou concordando com a interpretação do MPF (Hermenêutica 2). Simples assim.

O delegado pediu, então, condução coercitiva de Guimarães e a apreensão dos equipamentos. O juiz da 14a não concedeu. Não viu cabimento no pedido e seguiu o procedimento padrão, enviando carta precatória para São Paulo.
A Polícia Federal recebeu, intimou e Eduardo compareceu e depôs. Havia um prazo legal de 4 semanas, período em que seu advogado acessou os autos, soube do que se tratava e preparou a defesa.

Peça 2 – o inquérito do vazamento
Na terça-feira seguinte ao depoimento, no entanto, Guimarães foi preso em sua casa.

Não era mais o inquérito da ameaça, mas a acusação de que participara de uma trama em cima de dados vazados da Operação Lava Jato. Era o suspeito, sendo alvo de uma condução coercitiva, arrancado casa às 6 da manhã, e, assim que chegou na Polícia Federal, sendo interrogado sem a presença de advogados (Hermenêutica 3).

Os delegados pressionavam: você pode negar a responder, mas não vai ser bom.

Em seguida, disseram já saber quem era a fonte. Mostraram a foto e nome de uma auditora da Receita. Eduardo não tinha a menor de quem se tratava. Só sabia o primeiro nome do jornalista que lhe passou os dados.

Sem orientação, estava prestes a assinar o depoimento, quando surgiu o advogado Fernando Hidao, leu o depoimento e exigiu que fossem tirados três trechos. Uma leitura mais atenta mostrou que os delegados haviam colocado alguns contrabandos do depoimento.

O depoimento que empurraram para Eduardo assinar visava claramente comprometer Lula e incluía declarações que, depois de conferir, Eduardo garantia jamais ter falado.

Um dos trechos dizia que Eduardo tinha certeza de que Lula tivera conhecimento da operação depois que ele, Eduardo conversou com o Instituto. Eduardo negou, na frente do advogado, ter dito aquilo. Os delegados insistiram, então, para substituir a parte afirmativa por uma suposição: supunha que Lula soubesse. Eduardo negou-se.

Até então, não se tinha a menor ideia sobre do que se tratava o inquérito.

Hidao pediu para ver o inquérito. Não tinha. Só tinham vindo o mandado de condução coercitiva e as perguntas, visando impossibilitar a defesa.

A intenção óbvia da Lava Jato era apanhar Eduardo desprevenido para arrancar informações, incluir interpretações da sua fala para criminalizar Lula.

À medida que os fatos foram sendo conhecidos, aumentava a relação de abusos.

A condução coercitiva existe apenas para testemunhas, jamais para investigados – que têm a prerrogativa de nada dizer que possa comprometer sua defesa. No entanto, Guimarães foi conduzido coercitivamente mesmo sendo o investigado (Hermenêutica 4).

Mais: o despacho de Curitiba já definia o indiciamento de Guimarães, antes mesmo que fosse ouvido (Hermenêutica 5).

Só à tarde, Hideo juntou a procuração digitalizada nos autos de Curitiba e, no dia seguinte, teve acesso ao inquérito.

Peça 3 - o esquentamento de provas
Lendo o inquérito, conseguiu reconstituir o roteiro de arbitrariedades.

Primeiro, o MPF pediu ao juiz Sérgio Moro a queda do sigilo telefônico de Guimarães. Em um primeiro momento, Moro não concedeu alegando sigilo de fonte.

De alguma forma, no entanto, conseguiram chegar à fonte de Eduardo.

A partir da quebra do sigilo telefônico, que ocorreu em algum momento da operação, não registrado oficialmente, chegaram a um jornalista de Curitiba e, quebrando seu sigilo telefônico, à auditora da Receita. Não apenas quebraram o sigilo, como recolheram algumas conversas íntimas no WhatsApp e trataram de espalhar.

Souberam, então, que a auditora conhecera o jornalista em uma viagem de ônibus, passaram a se relacionar e ela lhe repassou as informações sobre a quebra do sigilo fiscal de Lula e familiares.

Para quebrar o sigilo da auditora, se valeram de um recurso simples: como já sabiam que era ela, através de provas provavelmente obtidas de maneira ilícita, refizeram a investigação de trás para diante para esquentar as provas.

Conseguiram dessa maneira a quebra do sigilo da auditora:
·      Havia 30 pessoas com acesso aos dados, procuradores do MPF e funcionários da Receita.

·      Procuradores são acima de qualquer suspeita. Logo a investigação tem que se concentrar na Receita.

·      Na Receita havia 10 funcionários com acesso aos dados, mas 8 eram antigos. Logo, as suspeitas recaíam nos 2 restantes,

·      Foram então ao Facebook de ambos e descobriram que o alvo seguia o escritor Fernando Moraes. Usaram desse fundamento, um filtro ideológico, para quebrar seu sigilo telefônico.

Ou seja, bastou ir ao Facebook e constatar que ela seguia um escritor de esquerda, para conseguir a quebra do seu sigilo. Aliás, nas duas ações que me movem, delegados da Lava Jato apresentam como argumento central o fato de eu ser supostamente de esquerda.

Em algum momento, no entanto constataram – os procuradores, os delegados e Moro - que, a partir de Eduardo, poderiam atingir Lula, desde que a hermenêutica lhes garantisse formular a tese de que havia uma organização criminosa por trás do vazamento.

A lei diz que são necessárias quatro pessoas para caracterizar a organização criminosa.

Eureka!
1.     Quem vazou.
2.     O jornalista curitibano que recebeu a informação.
3.     Guimarães, para quem o jornalista passou a informação.
4.     O Instituto Lula, que foi ouvido para a reportagem.

Constatada a possibilidade, imediatamente Moro decidiu reavaliar sua avaliação sobre Eduardo.

Foi até seu blog, deu uma olhada e decretou que não era mais um blog jornalístico, mas um blog de propaganda política. Simples assim, porque a hermenêutica lhe garante o direito de livre-interpretar as leis. E autorizou não apenas a quebra do sigilo telefônico como a do sigilo de e-mail de Guimarães (Hermenêutica 6).

A formalização da quebra do sigilo era condição essencial para a validação das provas e para a denúncia de constituição de organização criminosa.

No final da história, houve os seguintes abusos cometidos:
1.     Quebra de sigilo telefônico
2.     Quebra de sigilo de e-mail
3.     Condução coercitiva
4.     Busca e apreensão.

Não apenas isso, Sérgio Moro deu um despacho difamatório contra Guimarães, com ampla publicidade, reeditando outra prática da ditadura, que consistia em arrancar confissões sob tortura e depois divulga-las no Jornal Nacional visando desmoralizar o inimigo.

Aí, já entrava em jogo uma questão pessoal: punir Eduardo por ter representado contra ele no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e tê-lo taxado de psicopata. Mas, como assegura o Ministro Luís Roberto Barroso, Moro é um juiz bastante equilibrado.

A condução de Eduardo provocou uma onda de protestos da mídia, da ABRAJI (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), cobertura em jornais, repercussão em jornais estrangeiros.

Imediatamente, Moro voltou atrás e reconheceu no trabalho de Eduardo características jornalísticas. E não devolveu a virgindade perdida dos e-mails e telefone de Eduardo.

 Esse mesmo espírito de respeito à Constituição se apossou dos procuradores da Lava Jato:
 “O Ministério Público Federal reforça seu respeito ao livre exercício da imprensa, essencial à democracia. Reconhece ainda a importância do trabalho de interesse público desenvolvido por blogueiros e pela imprensa independente. Trata-se de atividade extremamente relevante para a população, que inclusive contribui para o controle social e o combate à corrupção.”


Na entrevista semanal de Veja, o diáfano Ministro Luís Roberto Barroso garantiu que os erros da Lava Jato, em todas as operações, se contam nos dedos de uma mão. Arrisca-se a ganhar um novo apelido no Supremo: o de Ministro centopeia.

Peça 4 – as raízes do arbítrio.
Globalmente, houve um questionamento dos limites do direito penal no combate ao terrorismo, explica Fernando Hideo, que está trabalhando em uma tese para seu doutorado.

O direito penal é instrumento de controle e dominação em qualquer situação: do investigador em relação ao investigado, do Estado em relação ao suspeito.
Nas últimas décadas ocorreram dois fenômenos, um global, outro interno. O global foi o avanço do crime internacional e do terrorismo. Nesses casos, não há mais a relação vertical entre Estado e suspeito, mas a tentativa do terrorista de derrubar o Estado. Essa constatação levou a mudanças radicais na visão penalista.

Internamente, até a década de 1990, havia um padrão herdado diretamente da escravidão, do capitão do mato. Praticava-se o estado de direito para quem estava na casa grande e aplicava-se à rapa o direito penal do pobre.

Com a onda neoliberal que se amplia nos anos 90, com a integração dos capitais brasileiros aos internacionais, não é mais a elite nacional que controla o jogo, mas a internacional. E parte da elite nacional é expurgada da zona de conforto do estado de direito e jogada na vala comum dos abusos, conforme constata Hidao.

Essa escalada da repressão, segundo o advogado Hideo, se baseia em três leis votadas ainda no governo Dilma Rousseff:
1. Lei anticorrupção
2. Lei das organizações criminosas
3. Lei antiterrorismo

Foram os instrumentos que escancaram a porta para o processo penal de exceção.

Criou-se o instituto da delação premiada, que é uma radicalização das confissões obtidas mediante tortura na ditadura. Lá, depois de solto, o torturado podia refazer  o depoimento tomado sob tortura. No atual instituto da delação, ele ficará eternamente refém: se revisar a delação, volta para a prisão.

Antes, não havia no Código Penal a figura da obstrução da Justiça. A partir da lei das organizações criminosas, impõe-se as mesmas penas ao criminoso e a “quem impede ou de qualquer forma embaraça investigação que envolva organização criminosa”.

Foi o que aconteceu recentemente com o blogueiro dono do Blog Limpinho e Cheiroso. Ele foi enquadrado na Lei de Organização Criminosa. O entendimento sedimentado é que, ao publicar determinadas matérias que desagradam a Força Tarefa da Lava Jato, o jornalista está sujeito ao §1º, do artigo 2º da Lei 12.850/13, a Lei de Organização Criminosa, cuja pena vai de 3 a 8 anos de reclusão.

Este artigo estabelece como crime impedir ou embaraçar a investigação de infração penal que envolva organização criminosa.

Ora, criticando a Lava Jato a matéria visaria afetar a credibilidade da operação perante a sociedade caracterizando-se, assim, o “embaraçamento da investigação”.

O blogueiro foi condenado por calúnia a 2 anos e 1 mês de detenção por ter publicado matéria contra Sérgio Moro. A pena foi substituída pior prestação de serviço à comunidade. No entanto, Moro determinou que fossem enviadas cópias à PF para instauração de inquérito para apuração do crime de embaraçamento de investigação contra organização criminosa.

Peça 5 – a delação comissionada
O caso Eduardo Guimarães é um micro exemplo do que provavelmente ocorreu com toda a operação. Como é possível a um juiz de 1a instância, do Paraná, em cima de uma operação contra uma lava jato, assumir o julgamento de uma estatal, a Petrobras. Por ser de economia mista, a instância correta seria a justiça estadual; por sua sede ser no Rio de Janeiro, já deveria ser o foro de julgamento.

A cada dia fica mais nítido como a operação foi montada. A espionagem norte-americana, revelada no episódio da NSA, já tinha obtido bons elementos sobre a corrupção na Petrobras.

Descobriu-se o caminho, identificando a conexão do doleiro Alberto Yousseff com o posto de gasolina. Yousseff já era velho conhecido do juiz e de procuradores em várias investigações anteriores.

Foi detido, aceitou delatar, no primeiro caso de delação comissionada de que se tem notícia: pelo acordo, terá direito a 2% sobre tudo o que for recuperado pela Lava Jato, a partir de sua delação.

Poderá sair dessa aventura com uma comissão de R$ 20 milhões. Graças à Hermenêutica.

Do acordo de delação de Alberto Yousseff:
Do GGN, por Luís Nassif.

Eduardo Cunha ameaçado de apodrecer nas masmorras de Curitiba ameaça delatar os parceiros nos seus crimes

Cunha ameaça fazer delação que pode “explodir” mundo empresarial.

Irritado e sob pressão na cadeia, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou a um aliado que chegou ao limite e ameaçou fazer uma delação premiada; o deputado cassado disse que em material para “explodir” o mundo empresarial, a começar por gigantes do setor de carne, já abalados pela Operação Carne Fraca, deflagrada pela PF no último mês; seus advogados, porém, continuam negando que ele tenha disposição em fazê-lo.

O humor de Eduardo Cunha na prisão anda tão ruim que fez até seus aliados mais fiéis se afastarem. A um parlamentar, ele avisou que chegou ao limite e ameaçou fazer delação premiada. Disse que tem material para “explodir” o mundo empresarial, a começar por gigantes do setor de carne, já abalados pela Operação Carne Fraca, deflagrada pela PF no último mês. Seus advogados, porém, continuam negando que ele tenha disposição em fazê-lo. As informações são da coluna Painel da Folha de S.Paulo.

"Quem acompanha de perto os desdobramentos da Lava Jato acredita que Cunha seguirá o exemplo de Duda Mendonça e tentará fechar acordo de colaboração com a PF, e não com os procuradores. Dizem ainda que ele e o corretor Lúcio Funaro, também preso, jogam juntos."

Com informações do 247 e outros.

Líderes do PSDB caminham de braços dados para o matadouro político

Pó pará, senador: Serra termina a carreira de mãos dadas com Aécio.

O abraço do afogados
Quis o destino que José Serra terminasse a carreira na mesma vala do arqui inimigo Aécio Neves, aquele para quem encomendou o clássico artigo “Pó pará, governador” no Estadão, clássico absoluto da maldade política.

O ex-executivo da Odebrechet Pedro Novis disse em delação premiada que Serra abocanhou 2 milhões de euros em caixa 2 para sua campanha para governador de SP em 2006.

O dinheiro foi depositado entre 2006 e 2007 em contas na Suíça indicadas pelo empresário José Amaro Pinto, ligado ao PSDB. O valor corrigido, conta a Folha, chega a 5,4 milhões de reais.

Serra aparece novamente nas manchetes da mídia amiga no bojo de um grande escândalo.

Em outubro de 2016, a Odebrecht apontou aos investigadores da Lava Jato que ele recebera 23 milhões de reais, igualmente em caixa 2, para a campanha presidencial de 2010.

A negociação foi feita pelos ex-deputados federais Ronaldo Cezar Coelho e Márcio Fortes.

Pedro Novis garantiu que “não foi exigida contrapartida” de Serra — e você acredita se quiser.

Há coisas que não precisam ser proferidas em voz alta. Se o seu patrocinador entrega um envelope com essa erva, ele não precisa explicar que espera que você haja de acordo. Não tem bobo no futebol.

Lula está sendo submetido a um massacre há três anos, mas algo o ajuda nesses momentos: ele sempre esteve na mira, com intervalos curtos de calmaria. Serra, não.

José Serra passou por um exílio no Chile, onde conheceu a ex-mulher, Monica, e depois teve toda a blindagem e o auxílio necessários para que ficasse sossegado para fazer o que sempre quis nos cargos públicos que ocupou.

Se não tivesse tantos amigos na imprensa, a corrupção já teria emergido. Surge com força agora porque tudo tem limite. Até Serra e Aécio.

A ambição de disputar a presidência em 2018, eventualmente no PMDB, era a razão para topar a chancelaria do golpe. Viu que era um barco furado e pediu o chapéu, alegando uma dor nas costas barbosiana. 

Voltou para o Senado, deixou em seu lugar o destemperado Aloysio Nunes e tentou se esconder, mas o passado teima em não ficar quietinho.

Serra e Aécio sabem que estão liquidados. Uma coisa era sonhar com o Planalto em 2018. Outra é acordar com o menino Doria na cama, querendo mamar.

Do DCM

As consequências do protagonismo político do MPF já aparecem e o empurram para seu lugar do antes Lula

Temer sinaliza que pode ignorar MPF na escolha do novo procurador-geral

Michel Temer deixou claro que pode acabar com a autonomia do Ministério Público na escolha do próximo procurador-geral da República; questionado sobre o tema, o peemedebista disse que não é obrigado a respeitar a decisão dos procuradores; "Vou ver a lista. Ela tem sido respeitada nos últimos anos, mas não há nenhuma previsão constitucional que me obrigue a segui-la"

 Questionado na quarta-feira, no Palácio do Planalto, se pretende respeitar a lista tríplice do Ministério Público Federal para a escolha do próximo procurador-geral da República, Michel Temer sinalizou que pode simplesmente ignorar o desejo do MP.

"Vou ver a lista. Ela tem sido respeitada nos últimos anos, mas não há nenhuma previsão constitucional que me obrigue a segui-la", disse o peemedebista.

Com informações de outras mídias

sábado, 8 de abril de 2017

Jair Bolsonaro também vende armas, além de espalhar ódio pelo país afora

Após a celeuma gerada pelo show de ódio e preconceito de Jair Bolsonaro durante evento no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, muitos podem pensar que sabem tudo de ruim que há para ser dito sobre esse indivíduo. Todavia, fatos ocorridos nos últimos dias mostram que esse homem é um problema ainda maior do que parece.

Como todos sabem, Bolsonaro pretende armar a população brasileira até os dentes. Está atuando no Congresso para reduzir de 25 para 21 anos a idade mínima para o cidadão poder adquirir uma arma.

A venda de armas no Brasil ainda é permitida, após a derrota do desarmamento em 2005.

O referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições, ocorrido no Brasil a 23 de outubro de 2005, porém, não permitiu que o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento (Lei 10826 de 22 de dezembro de 2003) entrasse em vigor.

Apesar de a maioria decidir pelo “não”, sendo a favor da comercialização das armas e munições, a restrição continuou como estava desde o fim de 2003. É bom lembrar, porém, que, ainda assim, de acordo com a lei, o porte de arma continua ilegal, salvo algumas raras exceções.

O cidadão comum que deseja ter uma arma (a comercialização e a posse de arma estando permitidas) deverá mantê-la em seu domicílio, além de ter que registrá-la no momento da compra e passar por um processo burocrático que só aprovará o registro caso o cidadão não esteja no grupo considerado “de risco”.

Bolsonaro promete revogar qualquer dificuldade para o cidadão se armar, caso seja eleito presidente da República no ano que vem.

Tudo bem, é uma visão de mundo e se a sociedade brasileira cair na conversa desse homem, que arque com as consequências. Assim como o aumento da velocidade média dos veículos automotores em São Paulo, determinada pelo prefeito tucano João Doria, está fazendo explodir o número de mortes e mutilações em acidentes de trânsito, a distribuição indiscriminada de armas que Bolsonaro quer fazer acarretaria uma grande chacina nacional, uma tragédia histórica sem precedentes.

Mas cada povo colhe o que planta, como se sabe…
Porém, o discurso de Bolsonaro parece ter menos a ver com ideologia e mais com ambição monetária. Ele e seus filhos parecem ter montado um esquema de vender dificuldades a fabricantes de armas para depois vender facilidades.

Nos últimos anos, a família Bolsonaro desencadeou uma verdadeira guerra contra a empresa gaúcha de armas chamada Forjas Taurus. Sob ação do braço parlamentar da família bolsonariana, o Exército acabou proibindo a empresa de produzir.

Em seguida, parlamentares de extrema-direita como a família Bolsonaro e o Major Olímpio trataram de propor uma CPI contra a Taurus, afirmando que suas armas tinham defeitos, disparavam sozinhas etc.

Contudo, nos últimos dias parece que a guerra chegou ao fim. Após Bolsonaro vender a ideia de que será bom armar o Brasil, ele aparece como garoto-propaganda da mesma Taurus que ele e seus filhos acusavam.
Assista ao vídeo. Clique aqui

Isso se chama criar dificuldades para vender facilidades. É uma prática antiga usada por jornalistas, parlamentares, funcionários públicos, policiais etc. Funciona assim: essas pessoas atacam uma empresa ou pessoa física e os alvos acabam pagando a elas para não serem mais atacados.

Os filhos de Bolsonaro são meros teleguiados pelo pai. Fazem o que ele manda. Em agosto do ano passado, o filho Eduardo – aquele que o pai disse que terminaria “na Papuda” – pediu uma CPI contra a Taurus. Cerca de seis meses depois, o pai, Jair Bolsonaro, aparece como garoto propaganda da empresa.

Isso não é o pior sobre o Bolsonaro. Pior que oportunismo é difundir ódio. O oportunismo causa danos restritos, a difusão do ódio pode gerar tragédias imprevisíveis para uma nação. Mas vale refletir que Bolsonaro não é só um imbecil ou um demente. De louco ele não tem nada. Louco é quem acredita nele ou o subestima.

Do Blog da Cidadania

Lula reclama da perseguição implacável que sofre da Mídia, do Judiciário, do MP e da PF, entrincheirados em Curitiba

“Quero saber o limite deles para invadir minha vida”: os melhores trechos da entrevista de Lula à rádio O Povo, do Ceará.

Lula deu entrevista à rádio O Povo, do Ceará. Eis os melhores trechos, compilados por Marcelo Zorzanelli, o enfant terrible do Cervantes:

“Eu aprendi na vida quando o político esta querendo dois minutos de fama. O prefeito de São Paulo me ataca todo dia e no fundo ele quer que eu o transforme em um personagem antagônico. Eu não vou transformar. Ele foi eleito para governar São Paulo e ele tem que parar de fazer pirotecnia e governar”.
                       
“Não conversei com Ciro Gomes sobre 2018. Está muito complicada a política brasileira. Tenho que deixar o tempo passar, tem que esperar a política se arrumar. De todos que estão ligados a partidos políticos, o que está com uma performance acima da média sou eu. Temos que esperar o tempo, porque o PSDB não está morto, o DEM não está morto, o PDT não está morto. Em algum momento, nós vamos conversar”. 

“Quero que as pessoas tenham clareza que eu levo o Ciro muito em conta, tenho profundo respeito por ele e não vou brigar com ele por qualquer coisa, não. Porque aprendi a gostar dele. Devo a ele a lealdade que teve comigo como presidente da República. Devo a ele a feitura do projeto transposição do rio São Francisco”.

“Eu tenho um depoimento dia 3 de maio, e estou ansioso para esse depoimento, porque é a primeira oportunidade que vou ter para saber qual é a acusação contra mim, qual é a prova que eles têm contra mim. Porque até agora o que sei é que eles tem contra mim é convicção”. 

“As pessoas precisam mostrar prova para condenar”.

“Quero ir lá dia 3 [no depoimento], quero responder as perguntas do juiz Moro, quero saber quais as provas que eles têm contra mim, quero ver as provas efetivas que têm. Prova quer dizer documento, coisa escrita, conta bancária, um monte de coisa”.

“Eles já quebraram meu sigilo da minha conta bancária, do meu telefone, de conversa da Marisa com meu filho, conversa minha com a Dilma. Quero saber qual é o limite deles de invadir a minha vida”.

“Então, eu estou tranquilo, e estou ansioso para o dia 3 porque vai ser a primeira oportunidade que terei para responder as perguntas que forem feitas para mim”.

“Eu, sinceramente, acho que o Moro cumpre um papel importante na história do país. A única coisa que eu condeno nisso tudo é usar a imprensa para condenar as pessoas antes de ter as provas. O cidadão é jogado no chão, jogado no limbo, destruído moralmente e politicamente e depois vai para o julgamento. Era para ser o contrário”.

“Esse pacto da força tarefa da Lava Jato com a imprensa é primeiro você condena pela imprensa, quando cidadão não tiver mais coragem de levantar a cabeça e sair de casa, aí você julga ele, condena e fica por isso mesmo”.

“Acho que eles cometeram um equívoco em tentar me tratar desta maneira”.

“Eu acho que o PSDB deveria pensar no que está fazendo com o país. A Dilma foi eleita democraticamente, o Temer foi eleito com ela. A justiça eleitoral validou o resultado, a Dilma tomou posse… Agora, você tentar cassar a Dilma, que já foi cassada, é no mínimo uma certa confusão política desnecessária. Eu penso que a desgraça que tinha que ser feita contra a Dilma eles já fizeram. Inventaram a mentira da pedalada e fizeram com que a Constituição fosse pisoteada para tirar uma presidente eleita e colocar um que não foi eleito pelo povo”.

“Para ter tranquilidade, para o povo voltar a ser sorridente, para o povo não ficar com a raiva que está hoje, era preciso que o povo pudesse eleger o novo presidente, que saia candidato quem quiser ser candidato, que saia todo mundo que quiser, que coloque nosso Tite da seleção brasileira, que coloque o Alckmin, o Doria, o Fernando Henrique Cardoso, o Temer, sabe, o Renan, o Tasso Jereissati, o Ciro gomes, que saiam 500 candidatos, que o povo escolha um e depois o povo assuma a responsabilidade por esse que escolheu e que ele possa governar o país. É isso que dá tranquilidade”.

“Eu vejo juiz todo dia falando sobre política. Eu acho que a pessoa que quer falar sobre política teria que largar o cargo vitalício e se candidatar a alguma coisa por um partido político”.

“Eu vejo delegado, promotor, todo mundo dando palpite na política. Vá ser candidato.”

Do DCM

Advogados e procuradores acusam Gilmar Mendes de partidarismo

Advogados, procuradores e as respectivas associações contra as manifestações políticas do ministro do STF, Gilmar Mendes; “Do mesmo modo que o Poder Judiciário não pode ser laboratório de qualquer partido político, seja de que corrente for, um membro do STF deve, ainda mais, manter sua isenção político-partidária, o que não acontece com Sua Excelência que não possui qualquer pudor em esconder suas convicções políticas“, lembrou Ângelo Fabiano Farias da Costa, presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho.

O jornalista Marcelo Auler registra em seu blog o movimento de advogados, procuradores e as respectivas associações contra as manifestações políticas do ministro do STF, Gilmar Mendes.

"Também é certo que aos magistrados no exercício do cargo é proibido militância política. No entendimento não só dos advogados trabalhistas, mas também da Associação Nacional do Procuradores do Trabalho (ANPT), quando Mendes acusou o Tribunal Superior do Trabalho (TST) de ter sido aparelhado pelos petistas, como noticiamos na postagem anterior – Gilmar Mendes, o juiz que atropela leis, simplesmente expôs sua convicção política", diz o texto.

Auler publica declarações de presidente de instituições repudiando o comportamento do ministro Gilmar Mendes. “Do mesmo modo que o Poder Judiciário não pode ser laboratório de qualquer partido político, seja de que corrente for, um membro do STF deve, ainda mais, manter sua isenção político-partidária, o que não acontece com Sua Excelência que não possui qualquer pudor em esconder suas convicções políticas“, lembrou Ângelo Fabiano Farias da Costa, presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho.

Do 247 e do Auler

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Libertados 31 “escravos” de empresa chinesa no MT

Total de 31 trabalhadores mantidos em condições de trabalho análogas à escravidão foi libertado no município de Nova Maringá (MT); funcionários trabalhavam sobre 'lei do avulso', para uma multinacional chinesa do setor alimentício com atuação no manejo de soja; nesta linha, governo Michel Temer finalizou um projeto de lei, pronto para votação no plenário da Câmara dos Deputados, que libera a compra e o arrendamento de terras por empresas com controle estrangeiro, apesar do temor de parlamentares da oposição e de movimentos sociais que isso possa resultar na ampliação de casos de abuso contra os trabalhadores.

Um total de 31 trabalhadores mantidos em condições de trabalho análogas à escravidão foi libertado por uma força-tarefa formada por policiais civis , auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Mato Grosso e do Ministério Público do Trabalho no município de Nova Maringá (MT). Os funcionários, que foram contratados por um sindicato local, trabalhavam sobre 'lei do avulso', para uma multinacional chinesa do setor alimentício.

De acordo com o chefe da Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho no Mato Grosso, Eduardo de Souza Maria, os trabalhadores atuavam no manejo de soja nas atividades de carga e descarga dos caminhões, armazenamento do produto e limpeza.

Segundo o Ministério do Trabalho, os funcionários trabalhavam até 16 horas seguidas e não tinham direito ao descanso semanal previsto pela legislação, além de receberem os pagamentos abaixo dos valores acertados previamente.

"Eles tinham um acordo para receber conforme a produtividade, mas o pagamento nunca correspondia à produção. E quem reclamava recebia ameaças de demissão e até de violência", afirma o chefe da fiscalização.
Também foram constatadas outras irregularidades como alojamentos inadequados e insalubres, má qualidade na alimentação, aliciamento de pessoas, restrição à locomoção, assédio moral, e a não notificação de acidentes de trabalho.


A empresa recebeu 26 autos de infração, além de multas que podem somar R$ 122 mil.

Do 247