terça-feira, 26 de setembro de 2017

Com recibos, lava jato tenta transformar doações legais ao Instituto Lula em crime

O delator Marcelo Odebrecht, réu em processo contra Lula e condenado em outras ações da Lava Jato, agora afirma que as doações lícitas feitas pela empresa ao Instituto Lula sairam do chamado departamento de propinas.

Odebrecht entregou recidos de R$ 4 milhões em doações e e-mails que supostamente ligam os valores ao setor de propinas da empreiteira ao Ministério Público. Por sua vez, os procuradores anexaram os documentos à ação penal em que Lula é acusado de receber vantagens indevidas.

A reportagem do Estadão não divulgou imagens do e-mails, mas publicou a seguinte mensagem que teria sido trocada pelos executivos da Odebrecht: “Italiano [Palocci] disse que o Japonês [Paulo Okamotto] vai lhe procurar para um apoio formal ao inst de 4m (não sabe se todo este ano, ou 2 este ano e 2 do outro). Vai sair de um saldo que o amigo de meu pai ainda tem comigo de 14 (coordenar com HS [Hilberto Silva] no que tange ao Credito) mas com MP no que tange ao discurso pois será formal."

Ainda de acordo com o jornal, esse material foi convenientemente entregue aos investigadores na semana passada. A desculpa é que eles não foram localizados antes: "Segundo o empresário – que cumpre prisão em Curitiba –, os e-mails só foram entregues agora porque não haviam sido localizados quando ele fechou seu acordo de delação."

Para o Estadão, a mensagem confirma parte da delação de Antonio Palocci. O ex-ministro disse não só que as doações ao Instituto Lula eram um acerto em propinas, como ainda acrescentou que o montante fazia parte de um acordo envolvendo R$ 300 milhões.

Na noite desta terça (26), a defesa de Lula emitiu uma nota indicando que a Lava Jato quer criminalizar as doações oficiais ao Instituto.

"Somente a tentativa de manter ou ampliar benefícios que a Lava Jato concede a delatores justificam que o Sr. Marcelo Odebrecht, após reconhecer a realização de doações oficiais e com impostos recolhidos ao Instituto Lula, esteja, agora, querendo transformar essas mesmas doações em atos ilícitos para envolver o ex-presidente Lula."

A lava jato não apresentou outros indícios de que as doações, de fato, tenham sido provenientes de recursos ilícitos.

Leia, abaixo, a nota completa:
Somente a tentativa de manter ou ampliar benefícios que a lava jato concede a delatores justificam que o Sr. Marcelo Odebrecht, após reconhecer a realização de doações oficiais e com impostos recolhidos ao Instituto Lula, esteja, agora, querendo transformar essas mesmas doações em atos ilícitos para envolver o ex-presidente Lula.
Em 04/09, o Sr. Marcelo prestou depoimento perante o juiz Sérgio Moro e quando questionado pela defesa de Lula confirmou que “são doações oficiais, com recibo e imposto recolhido”.

Não bastasse, na cópia do Sistema Público de Escrituração Digital – SPED — da Construtora Norberto Odebrecht S/A — ou seja, na contabilidade oficial da companhia —, apresentada no processo nº 5063130-17.2016.4.04.7000/PR em 14/07/2017 pelo MPF, constam expressamente os lançamentos relativos às doações realizadas em 16/12/2013, 31/01/2014, 05/03/2014 e 31/03/2014 ao Instituto Lula. Ou seja, esses documentos mostram, de forma inequívoca, a origem lícita das doações (veja documentos anexados).

O Instituto Lula é entidade sem fins lucrativos, com administração própria, e não se confunde com a pessoa do ex-presidente Lula.

Lula não praticou qualquer crime antes, durante ou após exercer o cargo de Presidente da República.

Do GGN

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O agravamento da crise e Lula como saída, por Aldo Fornazieri

Foto Ricardo Stuckert

Duas pesquisas publicadas nos últimos dias confirmaram a tese que defendemos no artigo publicado na semana passada: a de que houve um efeito saturação com as denuncias e ataques a Lula. A pesquisa CNT mostra que Lula venceria as eleições de 2018 em todos os cenários. E a pesquisa Ipsos mostra que a rejeição de Lula cai e que aumenta a rejeição do juiz Moro, de Dória, Bolsonaro e vários outros políticos. A falta de materialidade de provas contra Lula reforça a ideia de que ele é alvo de um ataque persecutório por parte de Moro. Dória vem se evaporando no ar por diversos motivos. Já, Bolsonaro, começa a assustar os eleitores na medida em que, de sua boca, saem investidas de cavalaria.

A crise política e institucional, contudo, parece não ter chegado ao apogeu e a complexidade e incertezas que ela suscita tendem a aumentar. O fato é que o golpe desorganizou o funcionamento institucional e já não há governo, não há Congresso e não há Judiciário funcionando nos parâmetros da normalidade democrática e institucional. Nem o Judiciário e nem o Congresso mostram-se capazes de solucionar a crise. A questão central é essa: há um governo ilegítimo, sem nenhum apoio social, cujo presidente da República é chefe de uma organização criminosa, nas conclusões da Procuradoria Geral da República. O presidente e as instituições estão desmoralizados e sem legitimidade.

O povo brasileiro está posto de joelhos em face da incapacidade da oposição de produzir um movimento de massas para tirar o presidente. O presidente, por força da Constituição, é comandante-em-chefe das Forças Armadas. Não é normal que as Forças Armadas de um país, com os seus padrões de disciplina, hierarquia, ordem, sensos de honra e moralidade, sejam comandadas por um chefe que, ao mesmo tempo, é chefe de uma organização criminosa, conforme conclusão de investigações. É neste contexto que deve ser compreendido o pronunciamento de militares, agora da ativa.

O pronunciamento dos militares faz crescer o impasse da crise. Se, por um lado, é correto que eles não podem aceitar como comandante alguém que chefia uma organização criminosa, por outro, há um claro limite constitucional para a sua ação política. Eles não podem agir como poder interventor acima da Constituição. Mas ao mesmo tempo, o Judiciário e o Congresso mostram-se incapazes de solucionar a crise, ao menos parcialmente, com a remoção do presidente ilegítimo.

Ao impasse militar e ao impasse do Congresso e do Judiciário, soma-se um terceiro impasse: A investida de vários setores na sanha quase cruenta para impedir a candidatura de Lula à presidência. Esses setores são legionários do caos, estimuladores da desobediência civil, engendradores de rebeliões. Se o Brasil, a República, as instituições e o sistema político estão destroçados e carentes de legitimidade, como tirar do processo eleitoral o líder com maior legitimidade? E como tirá-lo a golpes arbitrários, sem provas cabais de ter cometido os delitos de que é acusado? Como tirar do jogo eleitoral justamente o líder que pode reconfigurar a legitimidade institucional? Na verdade, esses setores, estão armando um ciclone de grandes  proporções no horizonte da política brasileira.

A hora do confronto
A crise brasileira só poderá ter um início de solução pacífica se o processo eleitoral for marcado pela legalidade e legitimidade, o que implica permitir que Lula dispute as eleições. Se este é o requisito condicional de uma eleição democrática, as forças progressistas e de esquerda precisam se organizar e organizar linhas de defesa desde já para salvaguardar a democracia. Os líderes progressistas atuais terão seus nomes inscritos na ignominiosa histórica da covardia se agirem como agiram na derrubada de Dilma, na aceitação de fato de Temer e na falta de reação na votação da reforma trabalhista.

Alguns analistas, inclusive de esquerda, afirmam que Lula é passado, que faz parte do arranjo que emergiu da Constituição de 1988 e que este arranjo desmoronou porque expressava a conciliação e esta não tem mais lugar a partir do golpe. Nisso tudo, apenas a última afirmação é verdadeira. Na verdade, há uma enorme incompreensão na avaliação de que Lula é passado. Ocorre que o movimento positivo do país que nasceu com a nova Constituição e que teve nos governos Lula seu ponto mais alto, teve sua trajetória interrompida e o Brasil está passado por um grave retrocesso nos direitos, na cidadania, na democracia, na ciência e tecnologia, na soberania, na pluralidade, na convivência, na cultura etc..

Lula é o único líder, neste momento, capaz de interromper este retrocesso, pois as forças democráticas e progressistas estão desorganizadas e desorientadas. O país não vive nenhuma situação revolucionária. Pelo contrário, o memento é de resistência para impedir uma destruição maior. Este momento requer unidade das forças progressistas e capacidade de liderança e comando. O conteúdo que o movimento em defesa da candidatura Lula e de sua possível candidatura vierem a assumir dependerá do grau de unidade e de engajamento das esquerdas, dos democratas e progressistas nesses esforços. Trata-se de um conteúdo em disputa, que dependerá da força política o organizacional que os setores progressistas dispuserem para barganhar no programa  ser construído e nas políticas públicas que poderiam vir a ser implementadas.

A fragmentação das forças progressistas as despotencializará, reduzindo o número de deputados, senadores e governadores eleitos. Dividir e fragmentar significa ser a esquerda que a direita quer. A unidade tem que ser com Lula ou sem Lula, se ele for impedido. Se o momento é de resistência e de recuperação terreno tomado pelo inimigo, trata-se de ser prudente, econômico nas expectativas e severo nas advertências, pois os riscos de novas derrotas são significativos. Lula terá que ter a  sabedoria e a humildade para conduzir essa unidade e o PT terá que deixar de lado o seu costumeiro exclusivismo, fazendo concessões justas ao seus aliados.

Mas tudo isto é possível? A resposta a esta pergunta é mais de dúvida do que de certeza. A esquerda é madrasta de sua própria desgraça. Lutar para afastar Temer, mobilizar para garantir a candidatura Lula e construir a unidade democrática e progressista são as três principais tarefas da conjuntura. Mas o que se vê nos partidos, movimentos e organizações sociais e de esquerda é mais confusão, dispersão, falta de unidade e de rumos.

A fragmentação que está se armando caso Lula não possa concorrer poderá produzir uma nova derrota devastadora: nenhum candidato progressista no segundo turno das eleições presidenciais. Este seria o preço a ser pago pela ausência de responsabilidade histórica e pela ambição inconsquente dos partidos e de potenciais candidatos do campo progressista.  A incapacidade de perceber o momento histórico-político do país faz com que partidos e grupos mirem os seus egoísmos particulares ao invés de olharem para o sofrimento do povo e suas necessidades.

Aldo Fornazieri - Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP). 


Do GGN

domingo, 24 de setembro de 2017

O neoliberalismo acabou na crise de 2008 mas a notícia não chegou ao Brasil, por André Araujo

O Neoliberalismo não é uma escola de economia e sim um ciclo de relançamento  das ideias da Escola Classica como reação aos excessos do Estado do bem estar que se seguiu à Segunda Guerra, o Neoliberalismo foi então entendido como um contraponto às ideias intervencionistas de Keynes iniciadas antes da Guerra e implantadas na Europa no pós guerra.
 Esse ciclo se iniciou com o Governo Thatcher no Reino Unido em 1979 e teve seu fim na crise financeira dos EUA de 2008. O ciclo neoliberal afetou de forma diferente alguns paises emergentes. Nos EUA o neoliberalismo teve pouco espaço porque esse Pais nunca foi um Estado de bem estar social e toda sua economia sempre foi privada  MAS teve um efeito na desregulamentação do mercado financeiro promovida pelo Presidente Reagan sob influencia de Margaret Thatcher  que assumiu  uma Inglaterra que no pós guerra teve implantado o mais amplo Estado de Bem Estar Social a partir do governo trabalhista de Clement Attlee em 1945 e das ideias de seu ideólogo, Lord Beveridge, pai do conceito do Welfare State.
Processos parecidos com diferenças pontuais foram implantados na Europa continental.
 Tanto no Reino Unido como no continente , especialmente na  França e Italia, as grandes empresas de serviços públicos e transportes, além da siderurgia e petróleo, eram  estatais, a economia inglesa era 55% estatal. A partir do governo Thatcher quase tudo foi privatizado e a economia sob controle estatal foi desregulamentada.
Foi essa desregulamentação que criou as bases para a crise financeira de 2008. Antes dela e por causa da crise de 1929, os bancos americanos não podiam sair de seus Estados e em alguns Estados só podiam ter agencias em sua cidade sede. Os bancos comerciais não podiam ter ligação com bancos de investimentos e nenhum deles com seguradoras e nem com corretoras, tudo deveria ser bem separado. Reagan acabou com todas essas “paredes” e deixou misturar tudo, o que facilitou a criação dos títulos “subprime”, raiz da crise de 2008. Essa crise foi emblemática para o fim da crença de que o mercado resolveria seus próprios problemas e que o Estado deveria se afastar do mercado para não atrapalhar.
O neoliberalismo pregava o “Estado mínimo” e tinha mesmo um desprezo pelo Estado porque considerava o mercado um ente superior ao Estado em moral e eficiência.
Por essas ironias do destino o laboratório onde foi gestada a crise do subprime foi a firma GOLDMAN  SACHS, que inventou esse titulo de mercado, a mesma Goldman Sachs que inventou o acrônimo  BRICs e onde foi montado  (através do Institute of International Finance) o bordão  CONSENSO DE WASHINGTON,  que soou como musica aos economistas tucanos do Brasil, o grupo que ao implantar as ideias neoliberais no Brasil em 1994 afastou como se fosse entulho o pensamento desenvolvimentista brasileiro, uma escola de pensamento criativa, inovadora com sólidos fundamentos teóricos à qual o Brasil deveu na segunda metade do Seculo XX o MAIOR INDICE DE CRESCIMENTO DO PLANETA, entre 1945 e 1975, 7% ao ano em media. Os “economistas de mercado” de 1994 implantaram politicas mal copiadas do centro neoliberal que produziram no Brasil, de 1994 a 2017 um serie de fracassos de politica econômica e de baixo crescimento que desembocaram na atual recessão.
No caminho as politicas neoliberais liquidaram com boa parte da indústria brasileira que em 1994 produzia 23% do PIB e hoje mal chega a 9% do PIB. A liquidação da indústria nacional  não foi a única obra do neoliberalismo à brasileira. Na sua conta também estão o desemprego estrutural,  a rebaixa de salários e da renda real da população abaixo da classe media alta, um plano de pais bom para 30 milhões de pessoas, com o abandono dos demais brasileiros.
E não se diga que nos anos do Governo do PT essa politica não prevaleceu. O PT fez uma aliança tácita na AREA ECONOMICA FINANCEIRA com o mesmo  grupo de economistas de mercado que vinha do governo anterior, economistas esses que comandaram o Banco Central desde então, apenas a tinta do governo do PT era de esquerda, o pulmão era neoliberal.
 Esse conjunto de cardeais, títulos, rotulos e slogans do neoliberalismo de almanaque forma jogados ao mar pela crise dos subprime  de 2008 que levou à quebra um dos mais sólidos e tradicionais bancos americanos,  Lehman Brothers e que SÓ não quebrou outros gigantes como o mega CITIGROUP e a maior seguradora dos EUA, AIG,  bem como a maior empresa industrial daquele Pais, a GENERAL MOTORS,  porque o Tesouro dos EUA salvou esses símbolos do capitalismo privado com o apoio financeiro imediato de US$780 bilhões através de uma programa criado em três dias, o TARP, por iniciativa do Presidente Obama, que nunca foi adorador do mercado como ideologia de Governo mas por uma ação inteligente o salvou.
O resgate pelo Estado do capitalismo americano e global dissolveu em ácido o neoliberalismo dos anos 70 e 80, não só pelo CHEQUE DA SALVAÇÃO emitido pelo Tesouro dos EUA como pelo fato incontestável de que a crise de 2008 foi causada exatamente pelo neoliberalismo que  patrocinou  a desregulamentação dos mercados pelo Presidente Reagan,  que era uma das metas  do neoliberalismo, a  outra eram as privatizações.
O neoliberalismo de Hayek foi sepultado pelos escombros de 2008,  a noticia todavia não chegou ao Brasil e muito menos ao grupo de ECONOMISTAS TUCANOS que dominam a governança da economia brasileira desde o Plano Real, pode-se também chama-los de “economistas de mercado”, praticamente todos nascidos no mesmo ninho da chamada “equipe do Real” , cuja alma mater é a escola de economia da PUC Rio e que que  desde então se entrincheiraram no Banco Central mesmo nos governos petistas, é um GRUPO COESO E ARTICULADO, quando não estão em Brasilia estão em Washington no FMI ou no Banco Mundial, como estão os dois últimos hierarcas econômicos do Governo Dilma, Joaquim Levy e Alexandre Tombini,  cada nomeado puxa outros da mesma patota para o “locus” onde se senta, seja no BC, no BNDES, na Casa das Garças, na FIRJAN, na FGV, no BID, no Banco Mundial, no FMI, na Secretaria de Politica Economica do MF.
Um exemplo marcante no governo  Dilma foi a nomeação para diretor de assuntos internacionais do Banco Central de Tony Volpon, banqueiro de investimentos residente no Canada há muitos anos, um ultra neoliberal em pleno governo da ala esquerda do PT.
OS ORFÃOS DO NEOLIBERALISMO
A questão dos grandes acidentes de percurso do neoliberalismo foi tão grave que desmontou as premissas ideológicas de sua construção intelectual nascida na celebre conferencia de Mont Pelerin, na Suiça, em plena guerra, 1944, e no livro O CAMINHO DA SERVIDÃO, de Hayek, que via o mercado como um ente sempre superior ao Estado na organização da economia. Na realidade a pregação de Hayek , apresentada como novidade, já era uma reciclagem da Escola Classica que  TINHA FRACASSADO  MISERAVELMENTE na crise de 1929, de raízes muito parecidas com a crise d 2008, excessos de mercados desregulados e falta de limites pela soma descontrolada de ganancias dos operadores privados, ninguém controlando o todo.
 O mercado, ao contrario da tese dos classicos, NÃO se auto regula, não tem como evitar crises, estas historicamente SÓ SÃO RESOLVIDAS PELO ESTADO, é a lição da Historia.
A crise de 1929 teve reverberações  geopiliticas, sob seus escombros  nasceu o nazismo na Alemanha e criou-se o terreno para uma doutrina antagonica à Escola do livre mercado, aquela que encontrava no ente Estado as ferramentas para organizar a economia em uma COMBINAÇÃO de mercado e Estado, cada um com sua parte MAS sob a regência geral do Estado, portanto na premissa de que O MERCADO NÃO SE AUTO REGULA. Já na crise de 1929 e seus desdobramentos cataclísmicos nos anos 30 se comprovou o erro da ideia de que o MERCADO DEIXADO LIVRE FAZ TUDO de bom na economia. Simplesmente não faz.
A hsitoria das crises econômicas mostrou que só o Estado tem o poder e as ferramentas para desatar crises econômicas, algo que não se admite na recessão de hoje no Brasil, a equipe econômica e seus arautos na mídia creem que o próprio mercado vai acabar com a recessão.
O noliberalismo de Hayek, que é do pós Guerra, tentou fazer rebrotar aquilo que levou à crise anterior de 1929, foi tomado como algo novo quando era apenas uma tentativa de remontagem, um refogado aproveitando matéria prima vencida pela Historia, usando de ideias velhas e derrotadas anteriormente. As recicladas ideias de Hayek não pegaram logo depois da publicação do CAMINHO DA SERVIDÃO em 1945 mas rebrotaram no fim dos anos 70 e deram origem a uma roupa de brechó reformada, o “neoliberalismo”, incorporado no cardapio das universidades americanas como doutrina politica charmosa acoplada a seu instrumental monetário, o monetarismo de Friedman, também uma reciclagem de outro monetarismo derrotado, o de Irving Fischer,  maior economista americano dos anos 20 que a duas semanas da crise de Outubro  de 1929 disse alto e bom som que “ não havia risco algum de crise no horizonte”, crise essa que explodiu na sua cara e destruiu sua reputação e a de primeira Escola monetarista. Friedman reciclou o monetarismo de Fisher, bancado pelo Citibank, uma longa historia que narro em 900 paginas de meu ultimo livro, o monetarismo nasceu nas entranhas do Citibank, na época maior banco do mundo,  o CITI bancou a campanha e a  a revista de divulgação de Friedman e suas múltiplas conferencias que divulgaram o credo monetarista por todos os EUA, virando a tese da moda dos anos 90.
O rescaldo das politicas neoliberais e seu instrumento, a globalização financeira,  foi de um lado a concentração do capital pela permissividade de fusões e aquisições e como contrapartida o desemprego, a precarização do emprego e o rebaixamento de salários em todo o mundo, a começar pelos EUA, com a criação de uma classe media com renda estagnada ou rebaixada há 20 anos, isso gerou Trump como vingança anti-sistema,  um  sinal de revolta de uma classe media empobrecida pela destruição da indústria americana via globalização.
A resultante histórica desse quadro é o populismo politico com salvadores da pátria, em 1933 foi Hitler na Alemanha e assemelhados em outros paises.
O NEOLIBERALISMO NO BRASIL
As ideias do neoliberalismo chegaram ao Brasil, como tanta coisa ruim, através de cursos em universidades americanas. Uma geração de economistas, muitos com bolsa pagas pelo governo brasileiro, estudou  em escolas de economia nos EUA  nos anos 80 e 90 e trouxe na bagagem de volta uma fanática crença nessas cartilhas neoliberais. Muitos desses economistas formaram o núcleo da chamada “equipe do Real” de 1994 e desde então, SEM INTERRUPÇÃO, comandam a politica econômica brasileira. A base de seu comando foi a infiltração no Banco Central,  os governos petistas  nunca honraram economistas desenvolvimentistas e se amarraram nos neoliberais acreditando que assim comprariam a simpatia do mercado.
A entrega da politica econômica de forma “porteira fechada” ao comando dos neoliberais nos governos do PT fez com que de 1994 até hoje o Brasil está submetido a essas politicas mesmo depois de sua desmoralização completa nos EUA e no resto do mundo, aqui a noticia da batalha onde o neoliberalismo foi vencido, a “batalha de Nova York” de 2008, não chegou na academia, no governo e na mídia. Todos acreditam que abraçando o neoliberalismo ficam “moderninhos”. A prova é uma nova onde privatizações quando a privatização saiu de moda no mundo inteiro bem como caiu na vala das teses amaldiçoadas o “ajustismo fiscal à la grega”, condenado até pelo Fundo Monetario Internacional como simples e  má solução para um problema complexo que exige mais inteligência do que fidelidade à cartilhas.
Cerebros de primeira ordem como o Premio Nobel de Economia de 2015, o escocês Sir Angus Deaton e o presidente  da maior consultoria empresarial do mundo, Mc Kinsey & Co. o canadense Dominic Barton chamam a atenção pela queda da qualidade de vida de 70% dos habitantes dos paises ricos ,chamados de “órfãos da globalização “ e chamando a atenção pelos efeitos maléficos da globalização para a grande maioria dos habitantes do planeta.
OS CUSTOS SOCIAIS DO NEOLIBERALISMO
Chegamos nesse ponto a uma avaliação dos benefícios do neoliberalismo e de sua ferramenta operacional, a globalização  comercial e financeira. Enquanto para as corporações globais há um inegável aumento de eficiência através do processo  de integração das cadeias produtivas, seu custo social junto aquela maioria da população que não participa desses ganhos mostram o neoliberalismo global produzindo  estragos e abalos na sobrevivência de grande maioria das populações. Pergunta-se então, qual o ganho MACRO dessa politica econômica para o conjunto da população ? Ou seja, quais as consequências sociais do neoliberalismo?
De que adianta aumentar os lucros das corporações e a concentração de renda se no rastro do processo se produz mais pobreza nos que ficaram para trás? A existência de bilhões de “órfãos da globalização” explode os custos sociais que ao fim são custos macro de cada Pais e de cada sociedade  e no conjunto, do planeta. O ganho é particular mas os prejuízos são públicos.
Então para que 500 grandes corporações ganhem mais pela eficiência da globalização, 6 bilhões de pessoas ganham menos e geram no conjunto maiores gastos públicos  pelo desemprego e consequente depreciação do capital humano de um Pais por desgastes físicos e mentais, pelo desajuste nas famílias , pela perda de habilidades e conhecimentos para quem fica desempregado por muito tempo, pela pressão sobre os sistemas públicos de saúde.
pelo aumento exponencial da criminalidade, da droga, do suicídio, pelo desalento dos jovens que não conseguem o primeiro emprego mesmo após graduados em boas escolas.
A conta final é negativa para os paises que acolheram o neoliberalismo e a globalização, INCLUSIVE PARA OS EUA E REINO UNIDO, inventores do neoliberalismo global.
O processo NÃO TROUXE LUCROS ás populações na conta final. Mais brinquedos eletrônicos acompanhado de menos empregos e piora da qualidade e da renda dos empregos restantes.
Melhorou a vida dos CEOs, dos advogados de compliance,dos  banqueiros de investimento, dos gestores de fortuna, à custa da rebaixa da qualidade de vida da maioria  da população.
Logo ao fim da Segunda Guerra um operário americano ganhava o suficiente para manter uma boa casa, um carro novo, sua esposa não precisava trabalhar e seus filhos tinham expectativa de ganhar mais que os pais. Hoje o operário americano, quando tem emprego, não consegue ter e manter uma boa casa,  muitos moram em trailers, sua esposa precisa trabalhar para ajudar  a sustentar a família e a perspectiva de vida de seus filhos é pior do que a de seu pais. Quem ganhou com a globalização?
Esse DESARRANJO SOCIAL nos EUA produziu Trump, na Inglaterra o BREXIT, no resto do mundo produzirá populismos, salvacionismos e aventureirismos de vários tipos e matizes.
Não é uma ideia apenas minha, pensadores de varias culturas chegaram  mesma conclusão, Sir Angus Deaton, Dominc  Barton, Thomas Pikety e muitos outros chegaram à mesma conclusão, o neoliberalismo produz ganhos para poucos e perdas para muitos.
No entanto o Brasil, que sempre foi inovador em ideias econômicas, prefere afundar com uma politica econômica neoliberal medíocre e  derrotada do que usar a inteligência para aproveitar seus imensos recursos naturais, preferimos a velhice medíocre de uma politica econômica fracassada do que as ideias inovadoras que sempre foram um característica do Brasil.
Infelizmente há uma tendência na psique brasileira de adotar modismos acriticamente, há pouca reflexão pensante nos núcleos de poder, muitos acham que se valorizam parecendo modernos, mesmo quando o moderno por eles imaginado  jé está no arquivo e aquilo que parece moderno já é na verdade um mundo ultrapassado.
Hoje os conflitos globais de todos os tipos levam a um novo protagonismo do Estado na economia e na sociedade, só o Estado e a centralização do poder pode resolver conflitos agudos, o desemprego e o desarranjo social no Brasil é um dessas mega conflitos que exigem mais Estado atuando, não é a bolsa de valores que vai resolver o drama social.

 Do GGN

A nova pesquisa Ipsos aponta Moro no caminho de virar o político mais rejeitado do Brasil. Por Kiko Nogueira do DCM

Moro vê a si mesmo no cinema: já deu

nova pesquisa Ipsos traz um dado revelador e previsível acerca de Sergio Moro e sua nêmesis: enquanto a desaprovação do juiz sobe, a de Lula cai.

O prazo de validade de Moro expirou.

A tendência é de alta. No levantamento do mês passado, essa taxa subira nove pontos percentuais, de 28% para 37%. Agora foi para 45%. A série histórica do instituto teve início em agosto de 2015.

Segundo o Estadão, os dados foram colhidos entre os dias 1.º e 14 deste mês. Ou seja, antes e depois do depoimento de Palocci, considerado por toda a imprensa escrita, televisada e togada como a bala de prata na testa de Lula.

Fica claro o recado: o Brasil real cansou de Moro. O sucesso da caravana de Lula e sua ascensão nas sondagens eleitorais são um atestado de que a perseguição não deu o resultado esperado. O jeito vai ser um tapetão.

Mas vai ser fácil? Vai ser tranquilo como o esquilo? Suave na nave?

Ninguém suporta por tanto tempo uma operação extrajudicial que escolheu um culpado e há anos se dedica a tentar confirmar uma tese, sem trazer provas, somente convicções.

Há um desgaste da imagem. Nem Lady Gaga suporta esse excesso de exposição.

As inúmeras irregularidades envolvendo Moro e seus homens têm sido denunciadas aqui no DCM. Os rapazes da República de Curitiba se coçam em busca de um plano B.
O filme da Lava Jato é um fracasso de público. Os livros saíram das listas dos mais vendidos. A fila anda.

Deltan Dallagnol admitiu que foi procurado por partidos e não descarta uma candidatura. Carlos Fernando dos Santos Lima deve ir pelo mesmo caminho. No momento é comentarista de Facebook, afrontando diretamente o STF.

Ambos foram sondados pelo Podemos para concorrer a uma vaga no Senado.

Moro nega que pretenda disputar a presidência, mas ele já é político lato sensu. Para que arriscaria um teste frustrante na democracia se tem licença para matar em seu posto, protegido pelas instâncias superiores?

Contratado para terminar o serviço de Joaquim Barbosa, Moro encarnou o papel que lhe deram. Abusou.

Ganhou trofeu das mãos de um dos Marinhos, foi estrela de convescote da corrupta Istoé, palestrou em evento de João Doria, tirou foto com o rostinho colado no do jagunço Aécio Neves.

Não fez questão de manter o decoro e de fingir imparcialidade. Ficará como um dos protagonistas de um dos períodos mais vergonhosos da Justiça brasileira.


Seu julgamento já está sendo feito. Como eu escrevi, Moro é Gilmar amanhã. Duas figuras que saíram das sombras para os holofotes e que cada vez menos gente suporta assistir. 

Do DCM

sábado, 23 de setembro de 2017

Janot sai mesquinho, do mesmo modo que entrou. Por Eugênio Aragão

Quem leu a notívaga mensagem de despedida de Janot aos colegas pôde até se convencer de que ele nada tem a ver com o estado de caos que deixou no País, tal a força das palavras que usou, com a mesma prosódia de seu patético “Corrupção, Nãããão“, chororô com que se lançara na campanha de destruição da democracia no País.
Mas, em verdade, os “larápios egoístas e escroques ousados” estão no poder porque ele deixou. Talvez sua vaidade lhe ofuscou a vista. Pensar assim é menos grave que lhe apontar protagonismo no golpe de 2016. Foi, porém, sua omissão imprópria que permitiu a Temer e sua turma praticar o maior arrastão de que se tem notícia na história política do Brasil.
Vamos recapitular, Dr. Janot?
Para começar, o Sr. não foi escolhido PGR porque foi o primeiro da lista, mas porque prometeu acalmar o País, então sob forte comoção de uma ação midiática em torno da Ação Penal 470-DF, do STF, o chamado processo do “mensalão”. O Sr. criticava fortemente seus antecessores, por atuação que entendia politiqueira, a começar pelo caso de José Genoino, que, no seu próprio entender, tinha sido condenado por um jogo de conveniências, de forma injusta. O Sr. prometeu atuação mais discreta, equilibrada e com esforço de manter íntegras as instituições. O Sr. prometeu diálogo permanente com os atores políticos do Congresso e do governo. O Sr. prometeu desfazer injustiças cometidas pelo açodamento midiático do ministério público. Foi por isso que foi escolhido.
O Sr. sabe muito bem que a balança, na indicação, pendia mais forte para Ela Wiecko, pessoa com comprovado compromisso com as causas sociais e com severas restrições, abertamente expostas ao debate acadêmico, ao punitivismo moralista. O Sr. sabe que, até o dia em que foi formulado o convite a si, Ela Wiecko era candidata tão quanto ou mais forte que o Sr. Nada valia seu boquirroto primeiro lugar na lista e, sim, a palavra por mim empenhada aos interlocutores da Senhora Presidenta da República de que o seu era o melhor nome.
O que ninguém podia imaginar – e muito menos eu, que o conhecia há quase trinta anos e sempre o tive como parte de um projeto democrático de defesa do Estado de Direito – era que o Sr. estava praticando propaganda enganosa, com único fim de ser escolhido e colocar uma cerejinha no chantilly de seu currículo pífio. A vaidade é um sinal da fraqueza que acaba por contaminar qualquer propósito ético ou político. E o Sr. se revelou por quatro anos um fraco.
Mal instalado na cadeira de PGR, pede a prisão de José Genoino, quem sabia inocente e a quem prometera proteger, se o caso fosse, até o abrigando em sua casa. Mas não foi só isso. Revelou-se, em almoço festivo na sua casa, agastado, de público, com a repercussão midiática de minhas entrevistas como seu Vice-Procurador-Geral Eleitoral. Tinha medo de que lhe fizesse sombra. Não foi preciso. Sua mediocridade o colocou na sombra.
O que se deu a partir de março de 2014 é bem conhecido do País. Com o início da Operação “Lava Jato”, o Sr. ensaiou o contraponto. Tentou conversar e buscou  preservar ativos de empresas em risco. A turma de Curitiba deu piti. Ameaçou o escândalo midiático com o Sr. no Centro. O Sr. foi dominado pela paúra, né? Enfrentar adversidades não parecia ser seu forte. Viajou para os Esteitis só com seus lambisgóias, vetando a participação da União e do executivo federal.
Uma extensa agenda de órgãos do governo americano o esperava. E o Sr. não queria aqueles a bordo, que teria que entregar. O governo brasileiro. Voltou de lá e já não queria papo sobre preservação de ativos: “Isso é muito maior do que nós!”, me advertiu. Nós quem, cara pálida? Só se o Sr. se vê tão pequeno, que não é capaz de lutar contra os que querem afundar a Pátria! Tamanho é relativo. Prefiro ser o Davi a enfrentar Golias.
Mas o Sr. não. Preferiu esconder sua fraqueza no moralismo tacanho que faz sucesso neste País dominado pela falta de ideias e de ideais. “Corrupção, Nãããão” – dããã! Faltava só o sorvete na testa. Como o impulso agora era seguir a manada no seu estouro contra as instituições, passou a fustigar a Presidenta que o nomeou no esforço de pacificação nacional. Traiu sua missão. Cruzou os braços diante do mais descarado processo de quebra da constitucionalidade, o impeachment sem crime. “Matéria interna corporis”. E o País que se dane. “Nu d’eis é bom. Nu meu não”, seu bordão pusilânime.
E quando Moro praticou o crime de vazar gravações ilícitas, o Sr. se calou. Mais adiante, prestes a ser votada a admissibilidade do impedimento no Senado, o Sr. mandou instaurar um inquérito contra a Presidenta por fato pífio e sem lastro probatório: a nomeação do colega Marcelo Navarro para o STJ, que, segundo Delcidio do Amaral, teria sido escolhido para abafar a responsabilidade da Odebrecht. Ora, ora. O Sr. devia saber da inverdade dessa falsa delação. O Sr., tanto quanto eu, conhecia bem Marcelo, pessoa corretíssima, de conduta ética irreprochável. Tanto que o Sr. pediu por ele. Pedir pela indicação então é republicano e atender o pedido é criminoso? Explique-me isso. Mas o motivo de instaurar o inquérito, calçado na palavra de um escroque, era útil para destituir Dilma Rousseff. E a partir daí veio o caos que nos transtorna até os dias de hoje.
O Sr., internamente, se cercou de uma corriola, de gente que o adulava interesseiramente e o tornava impermeável a outras opiniões. Vocês se mereceram, o Sr. e seu “grupo de colegas”, que excluíram os demais. A patotinha “neo-tuiuiú”, que foi o desastre de sua administração. Quase todos foram promovidos por “merecimento” em detrimento de muitos outros valiosos procuradores mais antigos. Preferiu a opinião dos verdes ativistas à dos maduros serenados. E se submeteu a essa opinião. Sei que o Sr. mal lia o que assinava. Deixava tudo para seu “Posto Ipiranga”, seu chefe de gabinete, resolver. E, geralmente, resolvia de forma conspirativa, vendo inimigos para todos os lados. A vaidade foi dando lugar à paranoia.
Mas, cá para nós, suas peças processuais eram de qualidade duvidosa. Teori Zavascki, de saudosa memória, já o notava. Seu “Posto Ipiranga”, pelo jeito, era tão pouco Ipiranga, quanto o Sr. era o homem público que prometera ser. Lembro-me de um mal escrito parecer que queria que eu assinasse em sua substituição, no habeas corpus impetrado por Marcelo Odebrecht. Abundavam os adjetivos, as frases feitas, as muletas de linguagem e os clichês. Liguei para o Sr., avisando que não subscreveria a pérola na forma em que estava redigida. Dei-lhe a opção: aguardar seu retorno, para o Sr. mesmo assinar ou refazer a peça. Comprometi-me, por lealdade, a não alterar a conclusão, mas não teria como assinar um parecer daquele jeito. O Sr. preferiu que eu corrigisse. E assim foi feito. Só com supressão de adjetivos e frases feitas o parecer perdeu quase metade de sua extensão.
Mas essa turminha de colegas foi bem remunerada para fazer sua corte. Dez diárias mensais ou auxílio moradia com função comissionada, com redução a 20% do volume de trabalho no ofício de lotação. Melhor do que isso só a vida do Moro, que tem exclusividade para os feitos da tal “Lava Jato” para poder passear mundo afora a fazer campanha de si mesmo. E ainda ganha diárias e honorários de conferencista. Para vocês, este  País é uma piada. Para outros, a maioria, é exclusão e sofrimento.
Blasé. Rempli de soi même. É nisso que o Sr. se converteu. Um bufão que nada entende e nunca entendeu de direito penal a subscrever palpites que os outros redigiram para si. Mas a farmácia no gabinete ia muito bem, com uns bons goles para refrescar sua vaidade.
A melhor coisa, depois de tanta parvidade desastrosa para o País, depois de tanto amadorismo dourado em combate à corrupção, era o Sr. sair calado. Em boca fechada não entra mosca. Mas não, esqueceu-se que agora já não passa de um subprocurador da planície e, com o biquinho dos despeitados, não aceitou ser convidado, como todos, por meio eletrônico. Insistiu na majestade perdida. Sua pequenez, até na saída, chegou  a ser assustadora.
Dr. Janot, sei que não é fã do Evangelho, mas nele há muita sabedoria. Talvez devesse lê-lo. Mire-se em Lucas 14:7-14, na parábola dos primeiros lugares (Lc 14:7-14).
“7 Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola:
8 Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu,
9 vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás, envergonhado, ocupar o último lugar.
10 Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas.
11 Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado.”
Palavras do Senhor.
PS. Adorei ver o Sr., no seu voo de férias para Portugal, na boa companhia de Gilmar Mendes, de quem o Sr. dizia manter conflito meramente pessoal comigo. Deve ter sido um deleite para todos os passageiros experimentar essa coincidência cáustica. O Diabo sabe para quem aparece. E o Sr. está muito bem na foto em classe executiva. Sempre disse que procuradores da república são a categoria mais bem paga do Brasil. Poderia fazer um filme sobre suas “Vacances de M. Janot” – e o nome do filme seria  “Incendiou o País e saiu de férias”.

Do DCM

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Mônica Iozzi revela que sofreu assédio de "senador candidato a presidente"

Ex-repórter do programa CQC, Mônica Iozzi revelou em vídeo que já sofre assédio por parte de um senador que já foi candidato a presidente, mas acabou sendo derrotado nas urnas. Iozzi não quis citar o nome do político, mas afirmou que recebeu flores, vinho e jóias. Além disso, o ex-presidenciável tentou desmoralizar sua vida profissional cobrando reação aos "agrados" na frente de outros jornalistas.

A revelação foi feita por Iozzi durante um debate promovido pela revista TPM sobre feminismo. Ela disse que os anos de CQC foram um desafio e momento em que ela se identificou como feminista, principalmente porque foi forçada a se posicionar firmemente em meio a um ambiente tradicionalmente machista, como o Congresso.

Ela disse que um dos episódios mais marcantes foi quando passou a ser assediada pelo senador. "Um candidato à Presidência começou a me mandar flores. Eu nunca respondi. Aliás, eu ia embora dos hotéis e deixava as flores lá. Aí as flores se transforaram em flores com vinho. Depois, em flores com vinho e brincos da Vivara."

"Aquilo foi me incomodando mas eu nunca falei com ele a respeito. Até que um dia encontrei com ele para fazer uma matéria e ele me chamou em off e disse: 'Pô, morena...'", continou.

"Eu disse: 'Oi senador?...", porque na época era senador. Ele disse: 'você não tem recebido meus agrados?' Eu disse: 'as flores, os vinhos, o brinco?' Ele disse: 'é'. Eu falei que não tinha recebido. Ele deu risada e disse: 'mas que grosseria, eu tenho tanto apreço por você...' Ali eu perdi a medida, mas me orgulho tanto dessa história. (...) Eu me lembro que ele disse 'mas você não está gostando dos meus agrados?', e eu respondi para ele: 'não são agrados, né, senador, é assédio.'"

Segundo Iozzi, "a gente estava cheio de jornalista em volta, jornalista da Folha, do Estadão. Ele estava falando tranquilamente. Uma coisa é importante: ele não fez isso para ser agradável e não necessariamente porque queria me comer. Ele fez isso porque, em Brasília, o assédio sexual funciona como assédio moral", dosparou.

"A partir do momento em que você desqualifica uma mulher dando a entender que ela está ali para você, na verdade, está fazendo assédio moral."

Assista a partir dos 11 minutos:
 

GGN

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Xadrez sobre a falsificação de documentos na Lava Jato, por Luís Nassif do GGN

O livro-bomba sobre a Lava Jato, prometido pelo doleiro espanhol Tacla Duran, começa a dar frutos.

Tacla é o doleiro cuja declaração de renda comprovou pagamentos a Rosângela Moro, ao primeiro amigo Carlos Zucolotto e a Leonardo Santos Lima.

Alguns capítulos do livro ficaram por alguns dias no site de Tacla. No livro, ele diz que a delação da Odebrecht teve vários pontos de manipulação, com a montagem de documentos, provavelmente por pressão dos procuradores, atrás de qualquer tipo de prova contra Lula.

O juiz Sérgio Moro facultou apenas aos procuradores da Lava Jato o acesso ao banco de dados especial da Odebrecht. Aparentemente, os procuradores entram lá e pinçam apenas o que interessam.

Analistas foram atrás das dicas levantadas por Tacla e quase todas se confirmaram.

Mais que isso: há indícios de que alguns dos documentos foram montados.

Evidência 1 – extrato da Innovation tem somas erradas.
Evidência 2 – os extratos com erros são diferentes de outros extratos do mesmo banco apresentados em outras delações.
Evidência 3 – os extratos originais do banco apresentam números negativos com sinal -, ao contrário do extrato montado, em que eles aparecem em vermelho.

Evidência 4 – a formatação das datas de lançamento é totalmente diferente de outros documentos do banco, que seguem o padrão americano: Mês/Dia/Ano.

Evidência 5 – a formatação nas datas de lançamento é idêntica ao da planilha PAULISTINHA, preparada por Maria Lúcia Tavares, a responsável pelos lançamentos no Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Evidência 6 – nos anexos da delação de Leandra A. Azevedo consta ordem de pagamento, com data de 28 de setembro de 2012, de US$ 1.000.000,00 da conta da Innovation para a Waterford Management Gourp Inc. Mas no extrato bancário supostamente montado, a transferência consta como saída de 27 de setembro de 2012, ou seja, antes da ordem de pagamento.

Agora, se coloca o juiz Sérgio Moro em situação complicada. Como pretende julgar o processo sem facultar o banco de dados da Odebrecht à defesa, para se identificar os documentos falsificados e os verdadeiros.

Do GGN

Juiz Moro usou depoimento sem provas para condenar o ex-presidente Lula, indica parecer do ex-PGR Rodrigo Janot

A sentença do caso triplex proferida por Sergio Moro contra Lula foi golpeada por um parecer enviado pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, no mês passado.

No documento (em anexo, abaixo), Janot afirma que Léo Pinheiro não fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e, portanto, "não há nenhum elemento de prova obtido a partir dessas tratativas preliminares." Além disso, o então PGR apontou que mesmo que o acordo tivesse sido fechado e homologado pela Justiça, seria necessário investigar se as falas e os indícios de provas eventualmente entregue por Pinheiro seriam verdadeiros.

O entendimento caiu nas graças da defesa de Lula, que utilizou o parecer de Janot para sustentar, perante o tribunal que vai revisar a sentença de Moro, que o ex-presidente foi condenado apenas com base em falatório sem provas.

Moro sentenciou Lula a 9 anos e seis meses de prisão mais pagamento de multas que ultrapassam os R$ 13 milhões exclusivamente a partir dos depoimentos de Léo Pinheiro e Agenor Franklin Medeiros, ex-executivos da OAS. Como não há acordo de colaboração, eles falaram contra Lula na condição de corréus - ou seja, sem compromisso de dizer a verdade.

Segundo Janot, "eventuais tratativas preliminares [com Pinheiro e Medeiros] não interessam à defesa de qualquer acusado – aí incluído o reclamante [Lula] –, tanto porque, nesse momento, ainda não se tem certeza acerca do fornecimento de informações incriminadoras."

Para a defesa de Lula, Janot também assinalou que uma delação informal e sem provas jamais deveria ter sido base fundamental para uma sentença condenatória.

“Somente após o juízo homologatório, no qual cabe ao juiz aferir o cumprimento da legalidade do acordo, em seus aspectos formais, há a apresentação de elementos de corroboração das informações anteriormente prestadas por parte do colaborador. Para fins de instrução do processo criminal, tais elementos é que, ordinariamente, interessam de fato, na medida em que as declarações dos colaboradores, isoladamente, não podem subsidiar a condenação do acusado", apontou Janot.

O posicionamento do ex-PGR foi inserido em uma representação enviada ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região pelos advogados Cristiano Zanin, Valeska Martins e Roberto Batocchio, nesta terça (19).

Eles assinalaram, no documento, que segundo entendimento de Janot, "Léo Pinheiro não apresentou qualquer elemento concreto que pudesse incriminar o Peticionário [Lula] e, além disso, (o depoimento por ele prestado como corréu na presente ação — sem o compromisso da verdade — não poderia servir de base para a prolação de uma sentença condenatória."

"De mais a mais, o Procurador Geral da República reconhece que se a delação de Léo Pinheiro vier a ser homologada — o que não ocorreu até a presente data — haverá necessidade de investigação, pois as palavras de um delator nada provam. Mas, no caso da sentença recorrida, as palavras de Leo Pinheiro, como já dito, serviram para impor uma inaceitável condenação sem prova de culpa ao Peticionário, o que não pode ser admitido", acrescentou a banca.

A defesa ainda avaliou que a delação informal de Pinheiro diante de Moro e dos procuradores de Curitiba, "buscando incriminar indevidamente" o ex-presidente, foi reportardo pela imprensa como "condição para destravar esse acordo de colaboração que vêm sendo negociado há muito tempo".

O pedido dos advogados de Lula é para que o desembargador João Gebran Neto adicione o parecer de Janot aos autos do caso triplex no TRF4.

“Somente após o juízo homologatório, no qual cabe ao juiz aferir o cumprimento da legalidade do acordo, em seus aspectos formais, há a apresentação de elementos de corroboração das informações anteriormente prestadas por parte do colaborador. Para fins de instrução do processo criminal, tais elementos é que, ordinariamente, interessam de fato, na medida em que as declarações dos colaboradores, isoladamente, não podem subsidiar a condenação do acusado – muito embora sejam suficientes para fundamentar a decisão de recebimento da denúncia.

Arquivos      
peticao_ao_trf4.pdf

Do  GGN

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Ex- presidente Lula é favorito e vence em todos os cenários para 2018, diz Pesquisa CNT/MDA

134ª Pesquisa CNT/MDA, realizada de 13 a 16 de setembro de 2017 e divulgada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece na liderança de todos os cenários pesquisados para a eleição presidencial de 2018, virando favorito para o pleito.

Veja todos os cenários:
1º turno: Intenção de voto espontânea
Lula: 20,2%
Jair Bolsonaro: 10,9%
João Doria: 2,4%
Marina Silva: 1,5%
Geraldo Alckmin: 1,2%
Ciro Gomes: 1,2%
Álvaro Dias: 1,0%
Dilma Rousseff: 0,7%
Michel Temer: 0,4%
Aécio Neves: 0,3%
Outros: 2,0%
Branco/Nulo: 21,2%
Indecisos: 37,0%

1º turno: Intenção de voto estimulada
CENÁRIO 1: Lula 32,4%, Jair Bolsonaro 19,8%, Marina Silva 12,1%, Ciro Gomes 5,3%, Aécio Neves 3,2%, Branco/Nulo 21,9%, Indecisos 5,3%.
CENÁRIO 2: Lula 32,0%, Jair Bolsonaro 19,4%, Marina Silva 11,4%, Geraldo Alckmin 8,7%, Ciro Gomes 4,6%, Branco/Nulo 19,0%, Indecisos 4,9%.
CENÁRIO 3: Lula 32,7%, Jair Bolsonaro 18,4%, Marina Silva 12,0%, João Doria 9,4%, Ciro Gomes 5,2%, Branco/Nulo 17,6%, Indecisos 4,7%.

2º turno: Intenção de voto estimulada
CENÁRIO 1: Lula 41,8%, Aécio Neves 14,8%, Branco/Nulo: 39,6%, Indecisos: 3,8%.
CENÁRIO 2: Lula 40,6%, Geraldo Alckmin 23,2%, Branco/Nulo: 31,9%, Indecisos: 4,3%.
CENÁRIO 3: Lula 41,6%, João Doria 25,2%, Branco/Nulo: 28,8%, Indecisos: 4,4%.
CENÁRIO 4: Lula 40,5%, Jair Bolsonaro 28,5%, Branco/Nulo: 27,0%, Indecisos: 4,0%.
CENÁRIO 5: Lula 39,8%, Marina Silva 25,8%, Branco/Nulo: 31,3%, Indecisos: 3,1%.
CENÁRIO 6: Jair Bolsonaro 28,0%, Geraldo Alckmin 23,8%, Branco/Nulo: 40,6%, Indecisos: 7,6%.
CENÁRIO 7: Marina Silva 28,4%, Geraldo Alckmin 23,6%, Branco/Nulo: 41,5%, Indecisos: 6,5%.
CENÁRIO 8: Jair Bolsonaro 32,0%, Aécio Neves 13,9%, Branco/Nulo: 46,4%, Indecisos: 7,7%.
CENÁRIO 9: Marina Silva 33,6%, Aécio Neves 13,0%, Branco/Nulo: 47,3%, Indecisos: 6,1%.
CENÁRIO 10: Jair Bolsonaro 28,5%, João Doria 23,9%, Branco/Nulo: 39,2%, Indecisos: 8,4%.
CENÁRIO 11: Marina Silva 30,5%, João Doria 22,7%, Branco/Nulo: 39,9%, Indecisos: 6,9%.
CENÁRIO 12: Marina Silva 29,2%, Jair Bolsonaro 27,9%, Branco/Nulo: 36,7%, Indecisos: 6,2%.

Do 247