segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Lula é vítima de "ativismo judicial", diz Eugênio Aragão

Ex-ministro da presidenta Dilma Rousseff considera que julgamento será importante para defender democracia no país.
Integrante do Ministério Público Federal de 1987 a 2017, Aragão analisa papel das instituições no cenário atual / Marcelo Camargo/Agência Brasil
Um dos atores mais atentos às questões que circundam o ex-presidente Lula, o jurista Eugênio Aragão acompanha com indignação o "ativismo judicial" que considera ser um dos algozes do petista. Para ele, o contexto adverso faz do julgamento do próximo dia 24 apenas "uma pedra no caminho", e não o fim da jornada, utilizando como referência o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Integrante do Ministério Público Federal de 1987 a 2017 e ex-ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, Aragão considera que a data será importante para marcar não só a defesa do ex-presidente, mas também da democracia e do futuro do país. O Brasil de Fato conversou com exclusividade com o ex-ministro. Confira a entrevista.
Brasil de Fato: O senhor tem afirmado que Lula  é vítima de abuso de autoridade. A Lava Jato é apontada como um terreno fértil pra esse tipo de prática. Que estragos essa conduta por parte do sistema de Justiça traz para o ambiente político?
Eugênio Aragão: Quando o juiz deixa de examinar os autos a partir dos limites do conflito que lhe é proposto, ele passa a querer fazer parte desse conflito e começa a ser um ator que não tem mais imparcialidade. Infelizmente, é isso que tem acontecido com Sergio Moro. Na medida em que ele se vangloria mundo afora de ser o grande herói do combate à corrupção e trabalha com uma visão maniqueísta de que está do lado do bem e os réus do lado do mau, torna-se partidário da sua causa.  Um juiz não pode ter essa visão.
Lula é a carta mais alta que o Moro tem, então, ele precisa estigmatizá-lo politicamente, porque isso é o que lhe levanta a bola. O mesmo ocorre com o Gebran Neto [desembargador e relator da ação do caso do triplex no TRF-4].
Figuras como o juiz Sérgio Moro são consideradas uma especie de deformação como o senhor mesmo sinalizou. Quais as raízes que sustentam esse processo?
A culpa disso tudo está na Constituição de 1988, que trouxe o germe da politização da Justiça. No momento em que ela criou essa figura central na relação entre os Poderes que é o Ministério Público (MP) e o encheu de poderes sem dar o devido controle, os devidos balizamentos progressistas de poder, o que aconteceu? Os juízes viram o MP como uma receita de sucesso e os privilégios dessas carreiras estão claramente associados a esses abusos todos. Eles precisam dessa receita, da aparição estrambólica na mídia como heróis da pátria para terem condições de se manterem como elite, ou seja, é um ciclo vicioso, e isso é colocado claramente na Constituição.
Ainda a respeito dos problemas no Judiciário referentes à Lava Jato, existiria, na sua avaliação, algum peso também do capital financeiro e internacional na atuação desses magistrados que agem com assimetrias de tratamento?
Essa turma de juízes e membros do MP tem uma visão muito míope da realidade, que não vai muito além do umbigo deles, mas não tenho dúvida de que eles fizeram um grande serviço para o capital internacional destruindo os ativos nacionais, facilitando a turbulência política que eles criaram, a mudança do eixo da nossa governança - no sentido de atrair para a centralidade um governo apto a entregar os nossos ativos - , aí isso eles fizeram. Eles podem ter sido inocentes úteis ou podem ter sido coautores nesse projeto nefasto.
Ela [Lava Jato] foi extremamente deletéria para a economia ao atingir em cheio as grandes empresas construídas ao longo de décadas de projetos desenvolvimentistas. O que se fez foi tirar do país a capacidade de gerar novos projetos desenvolvimentistas próprios. Foi um dano extremamente grave à nossa capacidade de criar um futuro promissor.
Estamos a cerca de um mês do julgamento do ex-presidente Lula e, conforme a data se aproxima, a tensão e a atenção em torno do tema se potencializam. Qual é a ressonância que essa situação toda tem no cenário eleitoral de 2018?
A distância ainda é longa. É claro que Porto Alegre é um percalço, uma pedra no meio do caminho, mas o caminho continua. A gente não pode dar a esses juízes essa importância toda. Agora, eles são um sinal de que realmente tem algo de muito doentio na prestação jurisdicional no Brasil, principalmente em matéria criminal. Eles são, na verdade, a própria doença. Não é uma questão de proteger Lula e a candidatura dele, e sim de proteger a democracia. Por isso, 24 de janeiro vai ser uma data muito importante para as pessoas mostrarem que estão defendendo também o Brasil, o futuro do país. E, hoje, se tem uma pessoa que talvez seja capaz de reconstruir minimamente o consenso que foi rompido pelo Judiciário e pelo golpe de 2016, é Lula.]
Brasil de Fato

Lava Jato se recusa a explicar porquê não interrogou Tacla Duran na Espanha, por Cíntia Alves do GGN

Estava marcada para 4 de dezembro de 2017 a audiência entre os procuradores de Curitiba e Rodrigo Tacla Duran - o advogado que acusou amigo pessoal de Sergio Moro de cobrar propina para ajudar numa delação. Procurada pelo GGN, a força-tarefa não quis comentar.

domingo, 7 de janeiro de 2018

O caso da chefe de gabinete do TRF 4 mostra quem, de fato, APARELHOU O ESTADO. Por Kiko Nogueira

Daniela Lau, chefe de gabinete da presidência do TRF 4, quer Lula preso
Uma dúvida.
E se a chefe de gabinete da presidência do TRF 4 — militante virtual que pedia, entre outras coisas, a prisão de Lula num abaixo assinado — fosse de esquerda? Mais: e se fosse petista?
Daniela Tagliari Kreling Lau usou seu Facebook para postar propaganda do MBL, da Escola Sem Partido e de outras bandeiras.
E se ela divulgasse, por exemplo, vídeos do MST? Ou discursos do senador Lindbergh Farias?
Desnecessário dizer que, a essa altura, Daniela já teria sido crucificada pela mídia e exonerada por seu chefe, o presidente do tribunal, Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. 
Seria acusada de fazer parte de algo que desapareceu desde o golpe: o aparelhamento do país.
Nas admistrações petistas, esse bordão foi martelado todo dia. O PT havia aparelhado o Brasil. O falecido Arnaldo Jabor chegou a dar números.
“Nunca antes se roubou em nome de um projeto político alastrante em todos os escaninhos do Estado, aparelhado por mais de 30 mil militantes”, afirmou em 2014.
Quando o perfil de Miriam Leitão na Wikipedia foi alterado por um desocupado, o Globo decretou que era coisa de “um bode expiatório da militância petista” que tomou conta do governo.
Ainda hoje essa tecla continua a ser acionada pelos suspeitos de sempre.
Num artigo psicótico para a Folha, há duas semanas, Luiz Felipe Pondé escreveu que, se Lula for eleito em 2018, “o Poder Judiciário, já em grande parte na mão da ‘malta’ do PT, servirá ao partido de forma sincera e submissa”.
Vê-se agora, com casos como os de Daniela e de Ivanice Grosskopf, diretora da secretaria da 13a. Vara Federal de Curitiba e braço direito de Sergio Moro, que quem aparelhou as instituições da Justiça não foram os demônios lulistas, dilmistas e socialistas.
Foram os amigos. Portanto, não se trata de aparelhamento, mas de manifestações legítimas de cidadãos de bem.
Post de Ivanice Grosskopf, braço direito de Moro em Curitiba
Do DCM

Assessora anti Lula DESMASCARA chefão do TRF4, diz Edu guimarães

Você gostaria de ser julgado pelo TRF4? Se tiver as informações sobre o show de parcialidade que esse tribunal vem dando, provavelmente não.
Na última quinta-feira, o deputado federal Pepe Vargas, do PT do Rio Grande do Sul, denunciou em sua conta no Twitter que a chefe de gabinete do presidente do TRF4, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, postou no Facebook campanha para assinar petição pedindo condenaçãod o ex-presidente Lula no julgamento que a 8ª turma daquela Corte fara no próximo dia 24.
Na verdade, um pedido meio desnecessário, haja vista que o chefe da senhora Daniela Tagliari Kreling Lau, a aspone em questão, supera em muito a subordinada; Thompson Flores foi manchete de primeira página do jornal O Estado de São Paulo ao pregar que a Corte que preside condene Lula antes de sequer ler o processo e, ainda, admitindo que não conhecia o caso direito.
Thompson Flores se pronunciou sobre um caso que não havia julgado.
Vamos rever o que a chefe de gabinete desse senhor publicou.
Quem acredita que a chefe de gabinete de uma autoridade tão importante iria se pronunciar publicamente, com tal estardalhaço, sobre um assunto que está no colo do seu chefe sem que saiba das opiniões dele e do apoio dele à tese que defende, não é nem ingênuo: é burro.
O antipetismo do presidente da Corte que irá julgar o mais importante petista daqui a 3 semanas é incompatível com a Justiça aqui e em qualquer parte do mundo.
Por um lado, é ruim que isso aconteça porque todos já sabemos o tipo de julgamento que Lula terá no TRF4.
Porém, esse episódio já está sendo relatado à ONU para subsidiar a denúncia que foi feita àquele órgão sobre o uso do Poder Judiciário brasileiro para perseguir politicamente o mais importante líder político do Brasil.
O caso é tão grave que a grande mídia escondeu. Não saiu uma linha nos grandes portais. Só o jornal gaúcho Zero Hora deu a notícia. Globo, Folha de São Paulo, UOL, Estadão, enfim, todos os grandes veículos de mídia esconderam.
Isso porque pegou muito mal. Qualquer pessoa decente e sã que souber que o presidente de uma Corte de Justiça faz campanha contra um réu que essa Corte irá julgar dirá que se trata de uma Corte de INJUSTIÇA.
Não há um meio de os autores dessa vergonha se saírem bem do que estão fazendo. Eles podem achar que são todo-poderosos, que irão vilipendiar a lei com essa desfaçatez, mas, no fim, vão pagar pelo que estão fazendo. E vão pagar na mesma Justiça que ora conspurcam.
Eles não perdem por esperar. Responderão por esses crimes. Cedo ou tarde, Diante da

lei. Confira o vídeo de Eduardo Guimarães:
Blog da Cidadania

sábado, 6 de janeiro de 2018

Até junho ONU indícia Brasil por PERSEGUIR LULA, diz advogada do ex-presidente Valeska Martins

Eduardo Guimarães,
Bem, tudo isso está chegando ao fim. A doutora Valeska informou a este blogueiro que a ONU está de olho no julgamento que ocorrerá no Brasil no dia 24 deste mês e que até junho deste ano a organização mais importante do mundo anunciará se abre ou não processo contra o Brasil por perseguir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A mídia vive dizendo o óbvio, que a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU não poderá reverter a condenação de Lula. É lógico que não. Contudo, é uma condenação política gravíssima e que causará enormes prejuízos ao Brasil, inclusive econômicos.
Usar o poder de Estado, sobretudo o Poder Judiciário, para perseguir líderes políticos e impedir que eles disputem eleições por meios fraudulentos é conduta das piores ditaduras do planeta. Isso implicará em inabilitação do Brasil para participar de inúmeros fóruns internacionais e resultará em forte pressão internacional sobre o país.
Chega a ser hilariante quando a mídia diz que o Brasil ser processado pela ONU por perseguir Lula não mudaria nada.
O peso da abertura desse processo contra o Brasil deve surtir efeitos inclusive nas cortes superiores, como o STF, extremamente sensíveis à própria imagem. Seria a completa desmoralização do Poder Judiciário brasileiro diante do mundo. A Justiça considerará mais simples fazer um julgamento justo.
Escrevam aí o que estou dizendo.

Confira, abaixo, a reportagem:
Blog da Cidadania

Brasil um ABISMO SOCIAL, por Alexis, dos comentários do GGN

Como levantou José Carlos Lima[1] (comentário abaixo) a “listinha” de Diretores do TRF4 parece mais com uma lista de atores famosos da Globo, ou de Hollywood, ou de executivos de um grande banco, mas nunca de um grupo de brasileiros comuns que representem o tecido real da nossa sociedade.
Jose Carlos Lima...:

“Nenhum Da Silva....
Thompson....Lenz.... Tagliari....Kreling ....Lau.....Magliorim...Rossi....
Gebran....
Moro....Dallagnol....Picarelli.......Vicentini....Weber....Rossi.....
Kehrwald et caterva...
....enfim, nenhum Da Silva:
tenho a impressāo de que sāo separatistas do tipo que odeiam nordestinos, "nines" e gente de pele não branca....
temos que promover um acerto de contas com esses inimigos da pátria....
Em tempo: esqueci da Grosskopf”
https://jornalggn.com.br/noticia/exclusivo-ivanice-braco-direito-de-moro...

Apenas uma revolução pela educação e pela elevação do nível de preparo de toda a população poderá salvar o sonho de sermos uma nação autônoma, com justiça social. Quando novas gerações de jovens mais “representativos” da população brasileira, mesmo com quotas, PROUNI, com tudo, consigam ascender com esforço até concluir uma boa educação e começarem a permear nos cargos públicos concursados de maior nível, apenas aí teremos o verdadeiro povo no comando efetivo dos destinos do Brasil, rumo a uma nação forte e soberana.

Chegar até lá, isoladamente, não é suficiente para um jovem comum, ainda mais negro, pois existe um abismo a percorrer entre o povo e as suas elites e, no caminho, o canto das sereias da Elite (Ulysses), desde Miami. A tarefa de um jovem consciente entrando na elite concurseira é complicada, pois há ainda salões onde circular, acordos por subscrever, tentações para sucumbir, rabos para esconder, associações onde conspirar, antes de chegar a sentar naquelas cadeiras do Olimpo. A tentação por comprar um apartamento em Miami (e outras coisas) e deixar o rabo preso com o poder global é forte. Isso, por exemplo, derrubou o ministro Barbosa, o primeiro Ministro negro do STF, que tinha tudo para mostrar a diferença e não fez.

Trata-se de sair do brejo da Cruz e não se esquecer dele. O ministro Barbosa sai do brejo para um apartamento em Miami, comprado com base em todas as formas trambiqueiras possíveis (por 10 dólares, por meio de empresa fantasma montada no seu AP funcional em Brasília – do povo), mas o suficiente para ser agarrado pelo rabo pelo verdadeiro poder que manda no Brasil e sobre os brasileiros, que o obrigaram a renunciar de uma carreira que poderia ter sido brilhante e um exemplo para as novas gerações.

A nossa democracia está sendo derrotada por concurseiros meritocráticos da elite, quando não por indicações, filho(a)s, netos e parentes de elite, como aconteceu com muitos dos atuais ministros do STF. No plano comum da sociedade, a força do canto das sereias vindo do hemisfério Norte é tão forte que basta um jovem ganhar algum dinheiro e vira coxinha.

Por isso é que a única solução real para o Brasil é a reformulação do seu tecido social, de cima para baixo, em todos os seus poderes e até em atividades rotineiras. Educação, formal e cívica.

É paradoxal que o povão consegue levar um “da Silva” ou uma mulher que foi prisioneira da ditadura para o cargo de Presidente, mas não consiga ocupar os cargos legislativos, nem cargos simples do serviço público na PF, ministério público, judiciário, Banco Central e etc., ou seja, o sistema se encarrega, desde Disney para diante, de construir a alma coxinha e alienada das nossas elites, na contracorrente do que a nossa educação precisa criar (a tal de “escola sem partido” vai tirar toda resistência brasileira em defesa da alienação diária que os nossos jovens sofrem). Por isso, o combate deverá ser de mais de 20 anos, de muitos governos populares que consigam alterar efetivamente o tecido social do Brasil.



[1] Chefe de Gabinete do presidente do TRF-4 milita por prisão de Lula. Fonte: https://jornalggn.com.br/noticia/chefe-de-gabinete-do-presidente-do-trf-4-milita-por-prisao-de-lula.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

“ACORDO” da Petrobras com EUA é O MAIOR ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO da história do Brasil

Enquanto a Globo repete, dia e noite, que o acordo foi vantajoso para a estatal, a verdade começa a vir a tôna.
A Globo é uma máquina de destruição em massa!
Como assim, ver a Petrobras pagar, para um punhado de especuladores norte-americanos, uma quantia maior que o seu lucro de um ano inteiro, é um bom negócio?
Foi uma pilhagem sem paralelo na história recente!
Pior, a Petrobras assumiu a culpa antes mesmo de um parecer do Departamento de Justiça. Ou seja, assumiu a culpa antes mesmo de ser julgada.
O governo brasileiro não fez nenhuma gestão em defesa da empresa.
É o maior escândalo de corrupção da história do país, feito assim, nas barbas do Ministério Público, do Judiciário, do Executivo e da imprensa brasileira!
Lava Jato?
O que a Lava Jato descobriu foram propinas pagas pelas próprias empreiteiras. Não houve desvio de dinheiro da Petrobras, cujas obras eram avaliadas por um corpo técnico de mais de 60 engenherios, cuja competência jamais foi questionada!
Depoimentos de vários delatores sempre confirmaram que o dinheiro das propinas saída do caixa das empresas!
A Petrobras não tinha que indenizar ninguém, quanto mais um punhado de abutres norte-americanos!
A narrativa, porém, foi outra, porque havia interesse político em derrubar o governo Dilma e entregar a gestão da estatal para um entreguista a serviço das petroleiras internacionais.
Ao cabo, quem cometeu os piores crimes foram a própria Lava Jato e a atual gestão da estatal.
***
A Petrobras pagou 3 vezes mais do que o escritório de NY esperava
De um profundo conhecedor do mercado jurídico de Nova York:
Bom dia Nassif.
O acordo da Petrobras tem varias ângulos que estão sendo pouco comentados na mídia.
1. A postura da atual administração da PETROBRAS foi de que a empresa é de fato CULPADA porque o PT roubou etc., portanto tem que pagar etc. Para expiar a culpa do Governo Lula, a mídia oficialista tem repercutido essa atitude, dizendo que o acordo tinha que ser feito, era inevitável.
Quem entra em um processo judicial já se sentido culpado vai ter o pior resultado possível. A PETROBRAS FOI MUITO MAL DEFENDIDA NESSE PROCESSO.
Esses esquemas profissionais de extorsão são constituídos por especuladores que compram ações para processar, são especuladores profissionais perfeitamente conhecidos no mercado americano, não são litigantes de boa fé como seriam os acionistas originais que se sentiram lesados.
Um acionista normal não vai colocar dinheiro para montar um processo de sucesso duvidoso. Só “esquemas” especulativos com foco em “acordos” investem nisso em sociedade com escritórios de advocacia ultra especializados nesse tipo de ação, como é o caso do WOLF POPPER, que opera na área há décadas.
O maior acordo já feito por esse escritório é de US$150 milhões (acordo CITCO). Os demais são de 8, 15 ou 17 milhões de dólares. O valor desse acordo é MAIOR que o lucro da PETROBRAS em um ano, o que é uma aberração. É o maior acordo jamais fechado por uma companhia estrangeira nesse tipo de ação.
2. Esses esquemas usam muito a mídia para INFLAR seu “preço alvo”, inventam que a condenação da PETROBRAS seria de 8 bilhões. Mas eles esperavam em torno de 1 bilhão de acordo, segundo comentários em outros escritórios de NY. A proposta quase 3 bilhões foi uma bomba , um valor absurdo porque as perdas JA foram em grande parte recuperadas na alta posterior das ações da PETROBRAS.
Eles espalharam inclusive na mídia brasileira que a condenação seria muito maior mas não há nenhuma evidencia disso PORQUE o processo criminal que reconheceria a existência de corrupção que corre no Departamento de Justiça AINDA não foi concluído. Esse processo seria a BASE LEGAL para as “class actions” dos minoritários.
3.Então a PETROBRAS fechou acordo com os minoritários ANTES que o Departamento de Justiça a declarasse culpada da causa que justificaria o acordo com os minoritários. Todos esperavam que a decisão sobre as “class actions” tivesse seu desfecho APÓS a decisão do Departamento de Justiça e não antes.

Pior ainda, ao fechar o acordo com os minoritários a PETROBRAS confessa sua culpa, o que vai pegar muito mal no Departamento de Justiça, onde a culpa AINDA estava sendo apurada e não há nenhuma indicação de que a PETROBRAS seria considerada culpada.

Esse processo no Departamento de Justiça corre solto. O Governo do Brasil NENHUMA VEZ usou e esperava-se que usasse, sua força politica em Washington para fazer lobby junto ao Departamento. Todos os governos quando tem problemas em Washington usam lobby em cima da Administração.
NÃO É USUAL o Departamento de Justiça processar empresa estatal de pais aliados e amigo dos EUA. Mas NENHUMA AUTORIDADE brasileira sequer telefonou ao Attorney General pedindo consideração nesse processo onde a PETROBRAS não é culpada, é vitima. A PETROBRAS está deixando correr solto esse processo, na mesma linha, “somos culpados , é bom que condenem porque ai se joga a culpa no PT”.
4. A maior acionista da PETROBRAS é a União, portanto esse acordo afeta o INTERESSE PUBLICO diretamente. Pergunta-se, a ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO acompanhou esse acordo, ou tudo ficou a cargo da administração atual da PETROBRAS?
A Advogada Geral da União deveria ter ido a Nova York, falar com o Juiz do processo, isso é normal, possível e esperado, para ter uma visão própria e não filtrada pela PETROBRAS sobre esse mega processo com mega prejuízo para o Brasil. É um processo que afeta o interesse da União, vai acabar com o lucro e impedir dividendos da PETROBRAS em 2018. A AGU se mexe em casos muito menores, pergunta-se, ao menos a AGU foi CONSULTADA sobre o acordo?
5. O panorama geral de tudo isso é que esse acordo vai ser jogado na conta do PT. A PETROBRAS não se defendeu como seria de sua obrigação, o Governo do Brasil se omitiu porque achou que esse assunto é da cota do PT, quando a espetada vai direto no bolso dos brasileiros e no preço da gasolina no Brasil.
Esse acordo é um caso muito sério para passar batido. Os “grandes gestores” da PETROBRAS estão vendendo tudo para depois pagar aos especuladores de Nova York esse prêmio de Ano Novo? Muitos dos bons ativos vendidos ultimamente pela PETROBRAS não chegam ao valor desse cheque novaiorquino.
É um assunto que mereceria uma Ação Popular enquanto é tempo.
Um abraço
Do Cafezinho

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

As pessoas não lembram mais do que Lula foi acusado, diz advogada do ex-presidente Valeska Martins

A advogada Valeska Martins, defensora do ex-presidente Lula na Lava Jato, disse em entrevista transmitida pela página do PT no Facebook, nesta quinta (4), que "as pessoas não lembram mais do que Lula foi acusado." Segundo ela, "são tantas as denúncias pela imprensa que fica difícil para o cidadão normal individualizar (a conduta imputada ao petista)." E isso decorre da estratégia adotada pela força-tarefa da Lava Jato, de "demonizar" Lula e sua família, alimentando a mídia diariamente com acusações infundadas e, consequentemente, violando seu direito à presunção de inocência.
Valeska explicou que a parceria entre Judiciário e mídia não só é um dos pilares do chamado lawfare (uso de meios jurídicos para fazer perseguição política), como foi praticamente lecionada por Sergio Moro em um artigo de 2004, no qual ele analisa a operação Mãos Limpas.
"Ninguém tem a presunção de inocência intacta num sistema como esse, [onde mídia e Judiciário] se retroalimentam. Na verdade, eles [Lava Jato e imprensa tradicional] não vivem mais um sem o outro", disse.
Na entrevista (veja o vídeo abaixo), Valeska e o advogado Cristiano Zanin Martins elencaram os motivos pelos quais Lula deve ser absolvido em segunda instância, no próximo dia 24, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região deve analisar os recursos contra a senteça de Sergio Moro no caso triplex. 
Moro condenou Lula a 9 anos e meio de prisão, mais pagamento de multa e ressarcimentos que somam aproximadamente R$ 13 milhões. O ex-presidente já teve cerca de R$ 10 milhões em bens bloqueados a mando do juiz de Curitiba.
Segundo Zanin, os procuradores de Curitiba "escolheram o juiz, embora não pudesse fazê-lo. Eles afirmaram na denúncia que haveria relação [entre as reformas no triplex] com a Petrobras. Mas no final do processo, o próprio juiz reconheceu que não tinha relação com a Petrobras." Logo, a ação penal jamais deveria ter tramitado na 13ª Vara Federal. 
Além disso, os advogados reiteraram que fizeram provas de que o apartamento é um ativo que a OAS pode utilizar para pagamento de seus credores, ou seja, jamais esteve disponível para uso por Lula e sua família. Valeska lembrou que a "OAS não poderia transferir esse imóvel para ninguém sem que houvesse um depósito numa conta da Caixa Econômica Federal." 
Lula foi condenado principalmente com base na palavra de Léo Pinheiro, ex-sócio da OAS, como co-réu na mesma ação. Para os advogados, a imprensa deu pouca atenção ao fato de que, um mês após a sentença, o próprio Ministério Público disse que a delação de Pinheiro "não tinha nada de incriminador contra Lula". 
GGN

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O maior Fakenews de 2017: emprego e recuperação da economia, por Luis Nassif do GGN

Fakenews 1 – a reforma trabalhista não afetará o nível do emprego
É evidente que não. O que define o nível de emprego é a demanda e o nível de automação da empresa. Se a empresa precisa de 100 funcionários para manter a produção, irá manter os 100 funcionários com ou sem lei trabalhista.​
O que a lei provocará será a precarização do emprego e o aumento da rotatividade. E como haverá pequena reação cíclica da economia, é até possível que o desemprego seja reduzido.
A comparação correta, portanto, será do crescimento da massa de salários x crescimento do PIB.
Fakenews 2 – a recuperação da economia
Está havendo uma celebração indecente da suposta recuperação da economia. É evidente que, após uma queda pesada da economia, haja algum nível de recuperação.
Aliás, a fase mais favorável à do crescimento e após a grande queda, pois existe capacidade ociosa na economia que poderá ser utilizada sem grandes investimentos.
As projeções mais otimistas indicam que levará 23 trimestres para o PIB retornar aos níveis pré-crise. Que rapidez é essa?
Fakenews 3 – a inflação abaixo da meta é uma vitória
Inflação fora da meta é erro, seja acima ou abaixo. Acima, é sinal de descontrole. Abaixo, é sinal de recessão. O próprio Banco Central estima que em 2017 a política monetária tirou 0,8% do PIB.
E taxa de juros que conta é a real, aquela que se situa acima da inflação. A taxa real hoje em dia está em mais de 4% ao ano, contra quase zero de economias maduras.
Do GGN

Garotinho dispara bala de prata contra máfia globeleza

Sugiro aos internautas estudarem esses documentos com atenção, porque, pelo jeito, teremos que fazer o trabalho que o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça brasileira não fazem. Enquanto esses órgãos torram milhões de reais prendendo professores e reitores inocentes, ou investigando pedalinhos de alumínio em sítios, a Globo, empresa mais corrupta do país, tenta atravessar impune por mais uma processo em que é acusada dos mais variados crimes.
***
A prova definitiva contra a Globo
Vejam documentos do Tribunal do Brooklyn no processo do Fifagate
Até há pouco tempo eu mesmo cheguei a duvidar se conseguiriam pegar Ricardo Teixeira, Marco Polo Del Nero, Marcelo Campos Pinto e os irmãos Marinho. Mas com o desespero que tomou conta dos advogados de José Maria Marin, após sua condenação, não há mais dúvida. Cairão um por um dos dirigentes das confederações sul-americanas, inclusive alguns ex-presidentes, entre eles o mais “notável” e esperto, Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, além de atingir a própria cúpula da FIFA. A investigação chegou na seguinte situação:
Marin para não pagar a conta sozinho começou a acusar Del Nero, que por sua vez está entregando Ricardo Teixeira, que por sua vez está entregando seus antigos companheiros de longa data dos esquemas de propina que envolveram dirigentes de vários países do mundo.
Agora com a delação de J. Hawilla e Alejandro Burzaco, mostrando o caminho do dinheiro até as contas da T&T e de Júlio Grondona, ex-presidente da Associação de Futebol Argentina, é hora da Globo parar de mentir.
Nas reportagens que faz sobre o Fifagate, onde só para garantir o direito de exclusividade na transmissão das copas de 2026 e 2030, mais torneios sul-americanos, a Globo está pagando propina de R$ 50 milhões, é hora de parar com o cinismo de dizer que a empresa “não sabia de nada.”
Está tudo lá bem explicadinho nos documentos do Tribunal do Brooklyn (Nova Iorque): “Os direitos foram transmitidos à TeleGlobo no Brasil. Para isso a T&T Netherland recolheria da TeleGlobo e usaria parte dos fundos para pagar subornos”. Essa é só uma das acusações de Alejandro Burzaco. Ele afirma ainda que os preços dos direitos de transmissão foram colocados abaixo do valor real de mercado, para que houvesse espaço para propina. O depoimento dele somado ao de Marin, junto com os documentos enviados pela Promotoria da Suíça são arrasadores para a Globo. Está bem detalhado como Ricardo Texeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero receberam milhões pela transmissão de jogos da seleção brasileira, da Copa do Mundo, da Copa América e outros eventos. Só na Copa América de 2015, Teixeira, Marin e Del Nero receberam R$ 10 milhões.
Se os investigadores entrarem no trabalho feito pela Promotoria da Suíça vão chegar em João Havelange, aliás considerado o “pai da propina”. O promotor suíço que investigou Teixeira e Havelange encontrou as empresas pelas quais os dois cartolas receberam milhões de dólares ao longo de pelo menos 20 anos. Como explica bem o promotor suíço, e agora confirmado pelas investigações americanas, não existe propina recebida sem pagador. Claro que Marcelo Campos Pinto, ex-diretor de Esporte da Globo, nunca comprou direitos de transmissão para si nem muito menos usando o próprio dinheiro. A Globo agora está lascada. O próximo caminho da Justiça dos Estados Unidos é fazer o que a Suíça infelizmente não fez. Lá a FIFA, sob o comando de Joseph Blatter, escalou um batalhão de advogados para defender Ricardo Teixeira, e ele deve pagar apenas uma multa de US$ 2,5 milhões. Já a Justiça americana deve indiciá-lo juntamente com Marco Polo Del Nero e mais uma gama de dirigentes esportivos. O indiciamento está muito próximo, e já prevendo que sua pena será longa, já que diversos delatores estão envolvendo seu nome e de seu ex-sogro João Havelange, Teixeira sabe que só escapará se fizer o que J. Hawilla fez, delatar e pagar uma multa bilionária. É bom lembrar que J. Hawilla, o ex-sócio da Globo está pagando uma multa de R$ 500 milhões para cumprir prisão domiciliar nos Estados Unidos. Dinheiro nunca foi problema para Ricardo Teixeira. Suas fazendas, apartamentos em Paris, mansão na Flórida e outros bens garantirão o cumprimento das obrigações que virão da Justiça americana.
A delação é que está deixando-o numa encruzilhada. Ele terá que entregar décadas de negociatas de bastidores com a família Marinho, iniciadas quando a Globo ganhou de João Havelange os direitos de transmissão da Copa do Mundo da Argentina de 1978, portanto há 40 anos atrás. Resta saber se a Justiça brasileira fará alguma coisa, ou ficará assistindo de camarote a Justiça americana mostrar a vergonha ocorrida durante décadas, que destruiu o futebol brasileiro. É bom lembrar que a Copa do Mundo foi o escândalo que todos nós sabemos. Até hoje o Brasil, especialmente o Rio paga a conta da farra que consumiu bilhões de reais. Como castigo terminou no vexaminoso 7 a 1 da Alemanha. É importante ressaltar que o julgamento nos Estado Unidos está sendo conduzido pelos departamentos de Justiça e do Tesouro, por meio do FBI, e revela crimes de extorsão, organização mafiosa, fraudes financeiras e lavagem de dinheiro. A juíza do caso, Pamela Schen, não está livrando a cara da Fox Sports americana, da Televisa mexicana, da MediaPro, da Espanha, por que livraria a cara da Globo?
Nos depoimentos as afirmações contra a Globo são contundentes e não há escapatória para a empresa que só na última Copa do Mundo, enquanto governos estaduais e o governo federal ficaram mergulhados em dívidas, no caso do Rio sacrificando até salários de servidores, recebeu mais de R$ 2,853 bilhões em patrocínios, além de vergonhosos R$ 30 milhões, doados pelo Governo do Rio e Prefeitura do Rio, leia-se Sérgio Cabral e Eduardo Paes, para transmissão do sorteio dos grupos da competição, realizado na Marina da Glória. A Globo detém 57% das ações da Geo Eventos, e a RBS, sua afiliada no sul, outros 35%, ou seja 92% da Geo Eventos, que ficou com grande parte da grana da Copa também foi parar na mão da Globo.
Não tem desculpa. Assim como a quadrilha liderada há 40 anos por João Havelange, que teve como sucessor Ricardo Teixeira, a Globo é propineira, e quem diz isso não é um juiz de primeira instância, mas investigações independentes feitas fora do Brasil, porque em terras brasileiras juízes decidem como numa escabrosa sentença onde o magistrado ao mandar trancar um processo que investiga a CBF termina com a seguinte pérola: “O que importa é que o futebol é a nossa paixão e agora somos penta”. Acreditem, mas é verdade, está tudo nos anais da Justiça do Rio.


Do Caezinho

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Os radicais do centro democrático, por Luis Nassif

Centro supõe mediação. Se há a esquerda e a direita, o centro seria o mediador, aquele que levanta os pontos em comum dos dois lados, as melhores propostas, independentemente do lado, e monta a síntese.
O Brasil é um país ideologicamente tão capenga, tão pré-histórico, que por essas plagas desenvolveu-se um tipo político único: os radicais de centro, um grupo de intelectuais que se autonomearam porta-vozes do centrismo e, nesse papel, decidem radicalizar por julgar que, nesses tempos de polarização, vence quem grita mais, ou quem polariza mais – mesmo se autodenominando porta-vozes do centro.
É o caso do jovem Joel Pinheiro da Fonseca, que valoriza tanto a própria opinião que ela se torna a manchete de seus próprios artigos: “No confronto entre união e polarização, prevejo que vai dar união”.
Lembra, em muito, os jogos retóricos das redes sociais, ou mesmo nos comentários de TV e rádio, em que o argumento de autoridade está no modo de entoar o pronome EU taxativamente, independentemente de desenvolver argumentos que embasem a conclusão.
E o que é a tal da “união”? É deixar de fora todos os que sustentam que houve golpe, que Lula está sendo perseguido. “E segundo porque cansamos de tanta briga; está na hora de trabalhar juntos”. Trabalhar juntos significa aceitar as reformas de Michel Temer, se integrar ao mercado global, escolher outras prioridades para o gasto público”. Lembra a história dos centristas portugueses quando começaram a linchar os radicais da Revolução dos Cravos. Tipo, nós não somos radicais, o outro lado é que é um bando de fdp.
Joel, mais dois ou três economistas conhecidos, interpretando papel de uma espécie de Marco Antônio Villa do centro. Todo seu exercício intelectual consiste em descobrir argumentos que fortaleçam suas próprias posições. Não se trata do exercício intelectual de definir objetivos, pensar alternativas, burilar argumentos. Trata-se de vencer a discussão.
Dia desses, almocei com um deles, amigo, ótimo papo, economista brilhante. No entanto, o almoço todo foi um esgrimir de interpretações estatísticas visando testar os argumentos, como se estivesse em um coliseu intelectual.
Faz parte desse jogo propagandístico a ideia de colocar Lula e Bolsonaro no mesmo campo do populismo autoritário. Ninguém que conheça minimamente Lula engole esse argumento. O governo Lula foi fundamentalmente socialdemocrata e, no campo econômico, um híbrido de desenvolvimentismo com liberalismo de mercado.
Aliás, esse hibridismo pode e deve ser criticado como um dos erros centrais. Mas dai a considera-lo um populista vai uma distância estelar. Como pode ser populista se reduziu substancialmente a dívida pública em todo seu período? Se jamais colocou qualquer obstáculo ao livre fluxo de capitais?
A crise do período Dilma se deveu a uma mudança substancial do ambiente econômico, que não foi enfrentada com a estratégia econômica correta.
A ideia da eficiência do gasto público não considera, por exemplo, que o Bolsa Família foi o programa social mais bem administrado do país; que o banco de dados serviu de base para o grande salto do Brasil Carinhoso, a maior obra de Dilma; que a integração entre Luz Pra Todos, Bolsa Família, hortas comunitárias serviu para a criação de uma rede socioeconômica que complementou o Bolsa Família.
Antes de Lula, a tecnologia social era prerrogativa dos liberais, a partir dos trabalhos exemplares de Ricardo Paes de Barros. O próprio Marcos Lisboa era um de seus arautos. Hoje em dia, não há nada parecido no campo liberal, apenas o discurso do anti, anti-gastos sociais, anti-políticas públicas, sem apresentar um projeto alternativo claro, minimamente viável. A ideia da Bolsa Família, os estudos de focalização, foram assimilados pelo grupo de Lula, e completamente esquecidos por esses liberais.
E porque não incluem o BF em seu projeto de país? Porque significaria fazer a mediação efetiva, verdadeira, honesta, de levantar projetos bem-sucedidos independentemente do rótulo dado pela mídia. E esse trabalho tiraria a pureza radical dos nossos centristas e, consequentemente, seu posto de porta-vozes do radicalismo de centro.
Mesmo Marcos Lisboa, autor de um excelente trabalho de melhoria microeconômica, como Secretário Executivo da Fazenda, conformou-se com o papel de mero propagandista político.
Já disseram e se confirma na quadra atual: o subdesenvolvimento é um trabalho de gerações.
O centro democrático vingará não quando o modesto Joel quiser, mas quando houver um grupo crítico de técnicos, de lado a lado, com clareza e coragem suficiente para fazer a síntese, com coragem para denunciar os abusos do mercadismo e da estatização excessiva, os erros da falta de regulação e da regulação excessiva, entender a participação social como um primado das modernas democracias, e o uso dos mercados como instrumentos das economias modernas.
A radicalização, de lado a lado, serve apenas de instrumento de promoção dos porta-vozes do radicalismo. De lado a lado. 
GGN 

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O Ministério Público está se apequenando, um anão, por Afranio Silva Jardim para o GGN

Ministério Público está se apequenando. Eu previ e adverti que iríamos chegar a esta situação nefasta. Lamentável. Hoje encontramos textos, nos principais blogs e sites da internet, expondo alguns membros do Ministério Público Federal a críticas contundentes e mesmo ofensas antes inimagináveis.
 Como diz o ditado popular: "estão experimentando do próprio veneno". Buscaram os holofotes e a notoriedade fácil, usaram o processo penal como forma de autopromoção e correram freneticamente para as "famosas" entrevistas coletivas. Voluntarismos e vaidades expostos publicamente.
 Como se sabe, houve uma estratégia muito bem estruturada para convencer a opinião pública de que os fins justificam os meios, vale dizer, para combater a corrupção, temos de usar regras especiais, temos de flexibilizar alguns direitos fundamentais da cidadania. Foram feitos “acordos” com os principais meios de comunicação de massa para respaldo de suas atividades persecutórias, algumas de legalidade altamente questionáveis.
Na verdade, este sistema de publicidade saiu do controle e acabamos passando do chamado “processo penal do espetáculo” para o “processo penal da humilhação”, do qual foi vítima o saudoso reitor Luiz Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina. A sede de poder levou alguns jovens Procuradores da República a tentar influenciar o nosso processo legislativo e até mesmo  julgamentos do STF. Deslumbramento total e ingênuo.
 Ademais, o Ministério Público Federal busca amplos poderes discricionários em nosso sistema de justiça criminal, chegando a aplicar, em nosso país, institutos processuais e teorias jurídicas norte americanas, totalmente incompatíveis com nosso sistema processual  (civil law), numa ousadia sem par.

Agora, quando as "coisas" começarem a ficar esclarecidas, estes Procuradores voltarão ao merecido anonimato, deixando sequelas indeléveis para a nossa Instituição. O Ministério Público virou um "monstro", amado por uns e odiado por muitos. Ele passou para um lado ideológico da nossa sociedade.
Chegamos ao ponto de o Conselho Superior do Ministério Público resolver legislar sobre o Direito Processual Penal, criando um sistema processual paralelo ao que está disciplinado no atual Código de Proc. Penal (veja a resolução 181/17). Através de uma mera resolução, procura-se introduzir, em nosso sistema processual, a insólita e temerária “plea bargaining”, própria do sistema da “common law”.
O voluntarismo juvenil de alguns membros do Ministério Público, resultante, um pouco, de falta de cultura e formação social e política, está "afundando" esta importante Instituição. Não vamos perdoá-los, pois dedicamos 31 anos para ajudar a consolidação de um Ministério Público verdadeiramente democrático.
 Lamentavelmente, o fanático corporativismo das entidades de classe impediu que este nefasto rumo fosse objeto de debate e crítica. Ao contrário, mal representado, o Ministério Público permaneceu cego a esta realidade. Faço expressa ressalva ao nosso “Coletivo Transforma Ministério Público", que jamais compactuou com este deletério estado de coisas. Eu avisei. Eu adverti. Até tivemos Procurador da República preso preventivamente e Procurador Geral da República em situações embaraçosas. Em breve, infelizmente, teremos sequelas no plano legislativo. Acho que, mudando o que pode ser mudado, o que dissemos sobre o Ministério Público vale também para o Poder Judiciário, que caiu em total descrédito da opinião pública, graças ao seu desmedido ativismo judicial. Afranio Silva Jardim, professor associado de Direito Processual Penal da Uerj. Mestre e Livre-Docente em Direito Proc. Penal pela Uerj. Procurador de Justiça (aposentado) do Ministério Público do E.R.J.
GGN

sábado, 30 de dezembro de 2017

Um balanço de 2017, por Leonardo Avritzer

Um balanço de 2017. O ano não foi um bom ano para as forças de esquerda na medida em que a derrota de 2016 com o impeachment de Dilma Rousseff se transformou em políticas que afetaram profundamente a vida da população. A PEC 55 de dezembro de 2016 ainda não mostrou todos os seus efeitos deletérios mas eles ainda irão se manifestar. A reforma trabalhista já mostra a que veio, permitindo dispensas e recontratações que irão rebaixar os salários da parcela da população que tem uma inserção mais precária no mercado de trabalho.
Ainda assim, é possível afirmar que 2017 foi melhor do que 2016. A reação às políticas conservadoras está disseminada em todos os espaços, da reação a Temer à crítica a Lava Jato. As forças conservadoras que se utilizam destes dois instrumentos, uma maioria conservadora em um congresso completamente tomado pela corrupção e a ação da Lava Jato tentando redefinir os espaços políticos encontraram forte reação em 2017. A Lava Jato não é mais o que era, mas não está ferida de morte. Sofreu diversas derrotas, algumas impingidas pelo próprio governo Temer e outras pelo STF através de Gilmar Mendes. Eles não tem o mesmo apoio na PGR e encontram problemas na manutenção do método condução coercitiva mais prisões preventivas para forçar a delação. Tudo indica que o fim da Lava Jato está próximo e ocorrerá e 2018, ainda que os danos estejam aí e nós teremos que conviver com eles por um longo período.
No campo da esquerda algumas vitórias importantes já se manifestam. O aumento da identificação com o P.T. que havia caído de quase 30% para 8%, agora está em 20% mostrando uma forte recuperação. Mas o mais importante é a queda da rejeição ao ex-presidente Lula especialmente nas classes A e B que mostra um mudança de postura das classes médias no Brasil que parecem ser no campo da opinião a força decisiva. Eu ainda apontara com importante avanço no campo da esquerda a influência e o espaço midiático conquistado por Boulos e pelo MTST. Toda esta recuperação mostra que a política de resistência do governo federal no período Dilma Rousseff esteve equivocada nas duas principais questões que pautam esta conjuntura desde 2013, a economia e a questão jurídica. Dilma errou nas duas, na maneira como tentou realizar o choque econômico ortodoxo e na maneira como deixou de tentar influir na Lava Jato negando a sua politização. A reação à estas duas forças sem a presença no governo está se mostrando mais profícua do que no período anterior por que tem se concentrado na esfera pública e nas mídias sociais e tem permitido uma recuperação de hegemonia política.
A grande incógnita de 2018 é o poder judiciário. Desde 2012, o poder judiciário assumiu uma nova configuração na sociedade brasileira. Ativo em todas as questões, decide sobre tudo e se pronuncia sobre tudo, ao mesmo tempo que acumula privilégios corporativos inconcebíveis. Tudo indica que o auge desta nova postura irá se manifestar em 2018, mas é possível que auge e decadência ocorram simultaneamente. O judiciário se tornou 11 ilhas completamente independentes entre si e estas ilhas se enfrentarão violentamente em 2018, principalmente o grupo liderado por Gilmar Mendes e o grupo liderado por Luis Roberto Barroso. Todos os dois grupos desgastam o poder judiciário com a sua atuação e começam a receber fortes críticas na mídia e na opinião pública (vide editorial do Estadão desta semana criticando Barroso). A chave da conjuntura continua residindo no mesmo lugar de sempre, na recuperação de uma proposta política progressista que conte com o apoio de um centro que sumiu da política brasileira desde que Aécio Neves e Eduardo Cunha se juntaram para contestar o resultado eleitoral e derrubar a presidente eleita. As forças de esquerda para se recuperarem precisam ter um candidato presidencial viável, mas principalmente uma representação mais forte no Congresso que impeça a farra de emendas constitucionais conservadoras e que permita uma afirmação do sistema politico frente ao poder judiciário. Somente esta nova configuração poderá recolocar o país no rumo de uma política democrática.
GGN

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O Ministério Público Federal – MPF que abominava a influência midiática e agora ... ?, por Luis Nassif do GGN

Pesquisando os arquivos do GGN, encontrei artigo de novembro de 2013, sobre o seminário promovido em Brasilia para discutir a influência midiática no MPF e na Justiça: “A dura do MPF e da Ajufe sobre a exposição midiática”.
Uma das palestras mais festejadas foi a do subprocurador Nicolao Dino. O seminário foi realizado pós-mensalão e antes da Lava Jato. Posteriormente, Dino se tornou o candidato do PGR Rodrigo Janot à sua sucessão:
Dino Neto considera que, na era da informação, o princípio da presunção da inocência foi substituído pelo princípio da cognitividade: “O sujeito que aparece nas manchetes de jornais de domingo está condenado. Muitas vezes pela voz de um procurador, pela antecipação de um juízo de valor por um juiz. Devemos repudiar isso”. 
O juiz deve responder aos anseios sociais, diz ele. Mas quem representa efetivamente os anseios sociais? Um dos mitos que devem ser trabalhados é o da suposta neutralidade da mídia. “Assim como Judiciário, MP e outros autores não são neutros, mídia não é neutra. Neutralidade é mito” Todos os que exercem atividade pública e privada trazem formação valorativa. “Nos não somos tabula rasa. Crescemos, formamos nossos conceitos e preconceitos, juízos a partir dos nossos pré-juízos construídos ao longo da nossa história. Portanto, não somos neutros. mas todos temos o dever de sermos imparciais”.
“No momento em que a imprensa, se dizendo neutra, informa algo no sentido de criar uma situação ou criar um fato, ou induzir determinada postura do MP e do juiz, não sendo neutra naquele papel, está trazendo para o bojo da arena forense uma postura que ela pretende ver realizada, levada a efeito. Essa instrumentalização tem sido percebida ao longo de vários episódios. E tem efeitos nefastos para o Judiciário e para o Ministério Público para que, no afã de exercer a transparência, não cedamos à tentação  de realizarmos interesses de outros personagens dessa mesma arena”.
Dino Neto considera que a história se move em pêndulos ou espiral – voltando sempre ao mesmo lugar, mas alguns degraus acima. E há dois momentos relevantes a serem analisados.
O primeiro momento foi o do fechamento, pré-constituinte. “Não havia possibilidade sequer de discussão em relação a posições dos governantes, vicejava a sombra do medo, insegurança, ausência de liberdade”.
A guinada do pêndulo ocorreu a partir de 1985 com a abertura que culminou com a constituição, “fixando novos valores, como muitos e muitos direitos fundamentais pendentes de concretização, e uma grande dose de responsabilidade do Judiciário e ao Ministério Público de tornar concreto o que a constituição efetivou como promessa”. Para concretizar as promessas da Constituição o Judiciário e o Ministério Público recorreram ao que foi denominado de “ativismo judicial”.
Com  a adoção da Lei Civil Pública, foram dadas novas responsabilidades ao MP e ao Judiciário. “Além de responsáveis pela efetivação do direitos, também tornaram-se responsivos: isto é, com o dever de responder e trazer à  sociedade respostas às demandas que vieram e que continuaram sendo apresentadas”.
Com a “responsividade”, o pêndulo foi para o outro lado, diz ele. “Esse anseio de responder, somado ao momento da sociedade informacional: que respira segundo a segundo novas informações, tomou de assalto as instituições”. “Não é um lado negativo, mas positivo: estamos reconhecendo a dificuldade, todas as agruras ligadas a esta carga de responsividade que o momento politico atual trouxe ao sistema de justiça”.
 “O problema está no aspecto exógeno, o âmbito externo, extrínseco, fora dos autos”, explica ele. “A sociedade cobra, exige, por intermédio da mídia. A mídia presta e continua prestando relevante papel à sociedade, trazendo para o âmbito da luz o que no passado ficava sob o abrigo da sobra. Mas isso ofusca”.
“O juiz que se sujeita a pressão da mídia, não atende com presteza a essa dimensão de responsabilidade. Não é aquilo que se pretende como ideal em termos de transparência. Uma coisa é transparência, outra é exposição”.
Do GGN