sábado, 22 de outubro de 2016

A seletiva parcialidade despojada do juiz Moro na prisão tardia de Cunha

A quebra de protocolo da prisão de Cunha é gritante e merece explicação. Visto que o tratamento dado aos outros acusados no momento de suas prisões foi de uma humilhação sem tamanho, com cunha parecia coisa de amigos em troca de gentilezas.

Sem show e sem alarde na prisão de um parceiro do GOLPE

Das estranhezas da prisão de Eduardo Cunha, a mais gritante é a quebra de protocolo com relação às anteriores, supondo-se que haja um protocolo.

Primeiro, não há um apelido genial. Operação Malparido, digamos.

Não houve vazamento para a imprensa preparar o show. Não havia equipes de TV com câmeras.

Num despacho, Sérgio Moro determinou que “não deve ser utilizada algema, salvo se, na ocasião, evidenciado risco concreto e imediato à autoridade policial”.

Continua: “Consigne-se que, tanto quanto possível, não se deve permitir a filmagem ou a fotografia do preso durante a efetivação da prisão e deslocamento”.

Cunha não foi eternizado algemado com as mãos para trás, como aconteceu anteriormente. Segundo o criminalista Paulo Sérgio Leite Fernandes, a finalidade dessa prática é impedir o cidadão de cobrir o rosto, o sinal mais instintivo de vergonha.

Cunha estava no apartamento funcional da Câmara, que ainda está desocupando, apesar de ele ter perdido o mandato. Foi em torno das 13h — e não às costumeiras 6h da manhã.

Seu advogado estava com ele no momento. A malinha pronta. Ao chegar a Curitiba, os jornalistas foram autorizados a filmar a passagem do carro da PF e só.

A costumeira coletiva de imprensa em que procuradores brilham diante de perguntas feitas para levantar sua bola não ocorreu.

O Jornal Nacional dedicou em torno de 7 minutos para o caso, espremidos entre uma “reportagem” sobre a triunfal viagem de Michel Temer ao Japão e mais alguma irrelevância.

No dia seguinte, depois de passar pelo IML, Cunha reclamou que “é uma decisão absurda”.

A Lava Jato deve uma explicação para a diferença de tratamento. Que nunca será dada. Mas ficamos combinados que a imparcialidade está acima de qualquer suspeita.

Do Vi o Mundo 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

A PEC 241 é um grave erro e juros são imorais, diz Flávio Dino em entrevista

 Flávio Dino

"O Brasil não precisa de menos estado, precisa de mais estado, porque as carências são enormes e a desigualdade vergonhosa, mesmo os liberais sabem que as instituições políticas são imprescindíveis para corrigir as assimetrias de mercado, a falsa concorrência", diz o governador do Maranhão, Flávio Dino; "Nós somos o único país do planeta que pratica hoje juros reais crescentes e isso é imoral, objetivamente, é imoral. É isso que ameaça o equilíbrio fiscal"

A Proposta de Emenda à Constituição nº 241, também conhecida como PEC da Maldade, que limita o teto de gastos públicos do governo federal para os próximos 20 anos, aprovada em primeiro turno no Plenário da Câmara dos Deputados, é um retrocesso aos direitos sociais estabelecidos na Constituição, é a avaliação do governador Flávio Dino (PCdoB).

Em entrevista "Na sala de visitas com Luis Nassif", a íntegra da entrevista realizada nesta quarta (12), ao GGN, Dino destaca que a proposta "é um grave erro porque parte de uma perspectiva errada", prosseguindo:
 
  Vídeo: Pedro Garbellini

Um cálculo realizado pelo professor do Instituto de Economia da Unicamp, Pedro Rossi, já comentado aqui no Sala de Visitas, aponta que a proposta federal de fixação do teto de gastos vai levar o Estado brasileiro a reduzir de 18% para 12,5% os investimentos sociais em 20 anos, lembrando que só os gastos com a previdência vão exigir 8% desse montante. Apesar dessa previsão, compartilhada por outros economistas, durante uma coletiva realizada recentemente Michel Temer negou que os gastos com saúde e educação serão reduzidos.

O governador Flávio Dino destaca que não há dúvidas de que é preciso ter responsabilidade fiscal, entretanto o estabelecimento de parâmetros absolutos não significa melhora da eficiência das despesas públicas.

"Eu acho muito interessante quando se fala do endividamento da relação dívida-PIB no Brasil e não se olha a média dos países da OCDE, acima do que nós temos. Não quero dizer com isso que é bom o endividamento crescer. Não, não é bom, mas, por outro lado você tem endividamentos mais altos que [esses países] conseguem [manter. Além disso], numa conjuntura dessas, em que muitos países praticam até juros negativos, juros contracíclicos, como é que nós vamos praticar juros crescentes que é o que nós praticamos hoje? Isso é uma anomalia que tem que ser enfrentada", questiona.

O ex-juiz federal acusa, também, que o discurso de combate à corrupção e da necessidade de um forte ajuste fiscal é montado para justificar a aplicação do aumento da taxas juros, refreando o crescimento do setor produtivo nacional.
Governador do Maranhão, Flávio Dino, critica PEC 241.

"Nós somos o único país do planeta que pratica hoje juros reais crescentes e isso é imoral, objetivamente, é imoral. É isso que ameaça o equilíbrio fiscal". O gasto do Brasil com juros da dívida pública é considerado hoje o 3ª maior do mundo, e quando o governo aumenta a taxa de juros, alegando a necessidade de controlar a inflação, aumenta diretamente os juros pagos da dívida pública que, em 2015, foi calculado em R$ 209 bilhões.

Com informações do  247 e GGN