É
claro que a “desgovernança corporativa” do governo e da Petrobras é responsável
por boa parte do desastroso comportamento do mercado financeiro nesta
sexta-feira, na qual a Bovespa perdeu os 100 ,mil pontos dos quais não baixava
desde o início de novembro do ano passado e o dólar subir a R$ 5,15.
Mas
não é só o acréscimo de R$ 0,20 no preço do litro da gasolina ou o de R$ 0,70
no do diesel e nem mesmo a reação enlouquecida de Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira
e Arthur Lira que criaram o “sextou” de caos no mundo da grana.
A
coleção de más notícias é vasta e envolve inflação e recessão ameaçando em
escala global.
O
índice da inflação registrado na Zona do Euro – 8,1%, em 12 meses – é recorde
desde a criação da União Europeia, os norte-americanos falam abertamente em
recessão, como nesta matéria de hoje do NY Times. Quem, ainda assim, achar que os pobres não
importam, vá ver o que acontece com as ações da Tesla, do badaladíssimo Elon
Musk.
Quando
eles caem, nós, que vivemos de vender-lhes produtos primários, caímos também,
porque nos conformamos a não ter dinâmica econômica própria, o que, claro, não
é deixar de ter visão global.
O
preço do minério de ferro, um de nossos mais fortes itens de exportação caiu
mais de 5% na China, em razão das expectativas de menor crescimento do país,
arrastando aqui as ações da Vale para uma queda igual.
A
expectativa de recessão se espalha, com inflação e juros altos empurrando para
baixo as expectativas do comércio. Por aqui, empresas do varejo, físico e
eletrônico, perderam cerca de um terço do seu valor de mercado.
Cresce
a apreensão de que a economia global esteja caminhando para um recessão
desastrosa e, desta vez, o Brasil não tem o colchão do consumo interno para
amenizar seus efeitos.
A
solução primária tem sido sangrar os orçamentos públicos, abrindo mão de
receitas e lançando perigosamente os recursos que poderiam estar sendo dirigidos
a programas de retomada de investimentos no ralo de subsídios e, pior,
subsídios de natureza eleitoral.
É
como se estivéssemos transformando as contas públicas num lamaçal e isso nos
impedisse de ter onde nos apoiarmos para reerguer o país. Até o Supremo, pelas
mãos bolsonaristas de André Mendonça, lança-se a contribuir para isso,
invertendo a lógica jurídica tradicional de travar tudo o que oferece perigo à
arrecadação pública até que se esclareçam as razões, para mandar cessar
impostos que podem montar a quantias que arruínem a prestação de serviços
essenciais.
Agem
como se o mundo fosse acabar nas eleições de outubro, enquanto o que periga
acabar, sim, é a era de desgoverno do país.
Embora
seja evidente, é preciso dizer que não estamos falando de pequenos expedientes
eleitorais, mas de medidas que vão deixar o país arruinado em larga escala.
Tijolaço.
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