Número
de empresa controladas pelo governo federal caiu de 209 para 133 em quase 4 anos.
Manifestantes
realizam ato contra a privatização da Eletrobrás em frente à Bolsa de Valores
de São Paulo - Divulgação/Salve a Energia.
O
presidente Jair Bolsonaro (PL) privatizou 36% das estatais brasileiras durante
três anos e meio de seu governo. Quando ele assumiu a Presidência, a União
controlava 209 empresas. Hoje, após a desestatização da Eletrobras, o número baixou para
133.
A
cifra foi divulgada nesta terça-feira (14) pelo secretário especial de
Desestatização do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord. Ele participou no
início desta tarde na cerimônia que marcou a conclusão da privatização da Eletrobras, realizada na
sede da Bolsa de Valores de São Paulo, no centro da capital paulista.
“A
finalização da operação da Eletrobrás vai fazer com que a gente atinja a marca
de redução de um terço das estatais”, disse Mac Cord.
Enquanto
movimentos populares protestavam contra a venda do controle da estatal, o
presidente Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes e outros membros do governo
comemoram o evento. O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, classificou
a desestatização da Eletrobrás como um feito histórico.
Sachsida
foi secretário de Guedes no Ministério da Economia até maio. Ressaltou que o
governo Bolsonaro decidiu reduzir a participação de estatais na economia para,
segundo ele, abrir espaço para o capital privado.
No
caso da Eletrobrás, por exemplo, o governo vendeu parte de suas ações para
investidores. Com essa venda, ele deixou de ser acionista controlador da
companhia. O controle da empresa, agora, é majoritariamente privado.
:: Quais os impactos da privatização da Eletrobras?
Entenda no Programa Bem Viver ::
Outras
empresas
A
venda de ações também ocorreu no caso da privatização da BR Distribuidora,
antiga subsidiária da Petrobras. Em 2019 e 2021 –ou seja, durante o governo
Bolsonaro– a Petrobrás reduziu sua participação na empresa, que passou a ser
100% privada e até mudou de nome. Passou a chamar-se Vibra Energia.
No
governo Bolsonaro, a Petrobras também vendeu a TAG (Transportadora Associada de
Gás), que agora aluga seus dutos à estatal. Ainda privatizou a Codesa
(Companhia Docas do Espírito Santo) e outras companhias. Muitas também ainda
estão em processo de privatização, como os Correios.
O
economista Sergio Mendonça, ex-diretor técnico do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), disse que essas privatizações
representam uma perda de patrimônio público. Ele, aliás, não vê benefício nas
vendas.
“O
resultado é a redução da taxa de investimento das estatais nos últimos anos”,
explicou. “Novos acionistas estão mais interessados nos lucros de curto prazo.
Com a redução dos investimentos, reduziu-se a capacidade da economia brasileira
crescer.”
O
Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) já alertou que, privada, a
Eletrobrás tende a priorizar a distribuição de lucros a seus acionistas. A
conta de luz dos consumidores, por outro lado, tende a subir. Cálculos do
coletivo estimam alta de até 25%.
Leia
mais: Juca Abdalla, o banqueiro que lucra com a privatização da
Eletrobras e administrará a Petrobras
Mais
privatizações
Bolsonaro,
aliás, já anunciou que pretende dar sequência a sua agenda de privatizações caso seja
reeleito. Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, o
presidente, inclusive, tem usado a promessa de venda de estatais em busca de
apoio político de grandes investidores interessados nessas empresas.
Guedes
e Sachsida já deram início a estudos para a privatização da Petrobras e da
Pré-Sal Petróleo SA (PPSA). Mas neste mandato, essas desestatizações seriam
inviáveis.
BdeF: Rodrigo Durão Coelho.
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