O Uivo do Guará em Tempos Remotos (poesia)
Nas chapadas buritienses, sob o Céu azul estrelado,
Ecoava o uivo remoto do guará, um som longínquo e isolado.
Em tempos recuados, a natureza em caracol e reentrância
O lobo vermelho uivava, e o mundo ouvia em concordância.
Corria pelas chapadas, entre flores da jitirana e urtiga,
Marcando seu território, livre de qualquer intriga.
O uivo do guará, suplicos nuca mais ouvidos,
Era a voz selvagem, pura e natural dos tempos idos.
O passar dos tempos mudaram, e com eles veio a dor,
As chapadas agora choram, perderam seu esplendor.
O desmatamento desenfreado, a ganância sem fim,
Vertem lágrimas às chapadas, um futuro sombrio e ruim.
Onde antes havia vida, agora só resta saudade,
O guará já não uiva, foi silenciado pela maldade.
Tais lágrimas contaminadas, escorregam nos boqueirões
Emprenhando os riachos, matando traíras e curimatãs.
O uivo do guará, agora só em lembranças,
E as chapadas choram, ansiando por esperanças.
Que um dia,
quem sabe, no nascer da aurora,
O guará
volte a uivar, como em tempos d’outrora.
Reginaldo Veríssimo