quinta-feira, 30 de maio de 2024

O UIVO DO GUARÁ E AS LÁGRIMAS DAS CHAPADAS

Foto: FAPESP

O Uivo do Guará em Tempos Remotos (poesia)

 

Nas chapadas buritienses, sob o Céu azul estrelado,

Ecoava o uivo remoto do guará, um som longínquo e isolado.

Em tempos recuados, a natureza em caracol e reentrância

O lobo vermelho uivava, e o mundo ouvia em concordância.

 

Corria pelas chapadas, entre flores da jitirana e urtiga,

Marcando seu território, livre de qualquer intriga.

O uivo do guará, suplicos nuca mais ouvidos,

Era a voz selvagem, pura e natural dos tempos idos.

 

O passar dos tempos mudaram, e com eles veio a dor,

As chapadas agora choram, perderam seu esplendor.

O desmatamento desenfreado, a ganância sem fim,

Vertem lágrimas às chapadas, um futuro sombrio e ruim.

 

Onde antes havia vida, agora só resta saudade,

O guará já não uiva, foi silenciado pela maldade.

Tais lágrimas contaminadas, escorregam nos boqueirões

Emprenhando os riachos, matando traíras e curimatãs.

 

O uivo do guará, agora só em lembranças,

E as chapadas choram, ansiando por esperanças.

Que um dia, quem sabe, no nascer da aurora,

O guará volte a uivar, como em tempos d’outrora.


Reginaldo Veríssimo


0 comments:

Postar um comentário