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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O duro acerto de contas da mídia com ela mesma, por Luis Nassif do Jornal GGN

Fala-se muito na ausência de Estadistas nos diversos poderes da República e nos diversos partidos políticos. Por tal, definem-se aquelas pessoas com visão clara sobre um futuro incerto, que se propõem a construir as bases para a nova era, desviando-se das armadilhas do curto prazo.
Faltou Estadista na mídia.
Ontem, dois diretores de redação procederam a uma autocrítica tardia dos abusos cometidos na Lava Jato. Admitiram que foram a reboque dos vazamentos, que assassinaram reputações de inocentes e que não cumpriram o papel de filtros da informação.
Lembro-me do longínquo 1999, na CPI dos Precatórios. Embora de modo mesmo intenso, havia um vazamento escancarado de informações, de todos os lados, sem que houvesse uma estratégia de cobertura, com cada veículo querendo dar seu furo e comendo nas mãos das fontes.
O principal responsável pelo golpe, ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf, conseguia passar incólume pelo noticiário. Desenvolvi uma narrativa à parte da cobertura, juntei peças que estavam soltas e, remontado o quadro, aparecia nitidamente o papel de Maluf.
A não ser o caso do jornalista Fernando Rodrigues, que saiu nitidamente em defesa do ex-prefeito, tentando desqualificar as evidências que apontavam para ele, o restante da blindagem era fruto exclusivo da falta de preparo da cobertura. Narro essa guerra jornalística no meu “O jornalismo dos anos 90”.
Instado por Otávio Frias Filho, apresentei internamente sugestões para coberturas desse tipo.
O primeiro passo seria criar uma Sala de Situação, com jornalistas experientes, na redação, fora do calor das batalhas diárias, juntando as informações e planejando a cobertura. O grande desafio seria montar uma narrativa inicial, plausível, uma espécie de fio de Ariadne que ajudasse a cobertura a se localizar nos labirintos da notícia.
Depois, ir juntando informações em torno da hipótese inicial, com suficiente discernimento e flexibilidade para mudá-la, caso os fatos levassem a isso.  Se fugiria da armadilha de procuradores que se tornam prisioneiros da narrativa inicial e passam a enfiar provas a marteladas para manterem a coerência com o errado.
No caso da Lava Jato houve mais do que essa falta de competência da cobertura da mídia. Havia o propósito político claro de usar as informações como armas de guerra. Não apenas na Lava Jato, mas em toda cobertura jornalística desde 2005. Era óbvio que, no mar de notícias fake que se seguiu à ampliação das redes sociais, a grande estratégia do jornalismo seria o filtro. Preferiam ser os alavancadores das falsas notícias.
Em qualquer grande país, há um grande jornal de centro-esquerda, outro de centro-direita, mas ambos respeitando integralmente a notícia. O respeito à notícia faz parte das qualidades intrínsecas do jornalismo, como gelar é função da geladeira, cozinhar do fogão. A geladeira pode ter mil badulaques. Mas sua qualidade intrínseca é de gelar. Os veículos podem ter linhas políticas distintas. Mas sua qualidade intrínseca é bem informar.
Tudo isso foi deixado de lado. Agora se tem esse desafio inglório de divulgar pesquisas para tentar explicar ao leitor que o jornalismo pátrio é o remédio contra as fakenews.
Que jornalismo? O que anunciou a invasão das FARCS no Brasil, os dólares de Cuba remetidos em garrafas de rum, a ficha falsa de Dilma, o respeitado assessor que não passava de um pequeno estelionatário, o esgoto diário e semanal despejado sobre o país durante tanto tempo?
Por trás do macartismo enlouquecido, praticou-se toda sorte de jogadas. E, como não existe Estadista na mídia, permitiu-se, nesse período, a consolidação final do poderio da Globo.
Enquanto jornais transformavam blogs em seus adversários preferenciais, a Globo abocanhava parcelas cada vez maiores da publicidade das estatais.
Hoje se tem essa situação humilhante, dos jornais equilibristas. Na reportagem, denúncias contra Michel Temer, para impedir a desmoralização final dos veículos. Nos editoriais, apoio, para impedir o corte de publicidade.
Ainda vai levar algum tempo para perceberem que os maiores defensores do jornalismo foram os jornalistas que denunciaram essas distorções monumentais, que acabaram por liquidar com a credibilidade do jornalismo pátrio. Mas que só conseguiram externá-las longe dos jornais. O pluralismo dos anos 90 tinha se transformado em muralha intransponível.
GGN

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

A Globo perdeu espaço político, social e de mídia com o Golpe que ela engendrou, por Alexandre Tambelli para o Jornal GGN

A Sociedade que nasceu do estilo processual Lava-Jato na dobradinha com velha mídia capitaneada pela Rede Globo fez o feitiço virar contra o feiticeiro para os golpistas e sobrou a tentativa Alckmin para a família marinho.
Tentando entender o Brasil em 11 de outubro de 2017, uma visão pessoal. 
Pesquisas levam aos factoides diários contra Lula e Dilma, bem sabemos.
Lula vence todos os candidatos em segundo turno e até Moro pode perder dele. Lava-Jato tem seu menor índice de aprovação neste mês.
72% de nordestinos querem Dilma de volta.
59% dos brasileiros querem Dilma de volta.
Dilma lidera a corrida para o Senado em Minas Gerais. 
O que acontece no mesmo instante destes resultados de pesquisas, que certamente são realizadas para dar um resultado menor que o esperado em favor dos golpeados?
Um factoide, uma condenação, uma acusação nova (requentada) contra Dilma, idêntico como acontece com Lula.
Invadem a casa do filho do Lula a procura de drogas, o factoide de ontem, TCU e Pasadena o de hoje. 
É a tentativa de respiro do Golpe, do paciente em coma e dando seus últimos suspiros.
Vivemos um impasse no Golpe, ele não tem mais condições de realizar uma arbitrariedade maior contra Lula, Dilma e PT por não ter apoio popular para tal intento e nem condições morais desta ação.
É imprevisível o que adviria na sociedade da tentativa de barrar eleições e/ou tirando Lula e Dilma delas. E, ainda, mantendo diversos candidatos ficha suja elegíveis.
Hoje, vivenciamos uma realidade de estagnação das ações com resultados práticos que visem impedir Lula e Dilma de serem candidatos em 2018 e de se adiar a Eleição, senão já teriam parado com os factoides diários disfarçando um pouco a seletividade da Justiça.
Então, utilizam das tentativas de desmoralizar Lula e Dilma para, na ilusão dos golpistas, tirarem votos deles e do PT em  quantidade em 2018, o que parece ser impossível juntado da Reforma Política que quer facilitar a campanha dos candidatos endinheirados ou defensores das elites que patrocinaram o Golpe de 2016.
Uma campanha eleitoral inteligente e a gente retoma o Poder em breve com Lula em 2018. Até podemos ver o retrocesso do Golpe, pode até existir a possibilidade da volta da Presidenta Dilma do jeito que as coisas vão, é pouco provável, mas possível. 
Aconteceu um fenômeno impensado neste período, o Golpe e suas formas de produção e solidificação (modelo Lava-Jato de Justiça em dobradinha com a velha mídia) foram feitos de maneira equivocada, dando espaço para uma extrema-direita se solidificar no país, marcadamente fascista e ligada a um moralismo castiço e um fundamentalismo religioso, misturado com uma linha de atuação anti LGBT, anti programas sociais e pró armamento desenfreado da população. 
Esta linhagem de eleitores fabricada pela velha mídia capitaneada pela Rede Globo juntado de Veja, JP, Estadão, Folha e assemelhadas + Justiça modelo Lava-Jato para o Golpe se solidificar provocou o fenômeno da anti política (com a imagem de que a Política é sinônimo de corrupção) e o fenômeno do ódio ao que não é exatamente igual ao que a pessoa que foi levada a ter um pensamento de extrema-direita acredita e quer para a nossa vida e nosso país. 
O Golpe precisou de extremistas de direita nas ruas para dar um ar de legitimidade, para fazer número, dar tamanho as manifestações pró-impeachment, não nos esqueçamos disto.  
Como foi desmascarada a direita tradicional via corrupção, mentiras + incompetência em governar juntado ao ódio ao PT solidificado em partes do eleitorado, se formatou uma parcela significativa dos que antes acreditaram na Globo e foram tucanas e pró-Golpe, e que hoje enveredam para o radicalismo de Bolsonaro e assemelhados: 
A parcela do eleitorado anti-petista de antes misturada de uma parcela que enxerga os políticos tradicionais do PT (desejado pelo Golpe) do PSDB e do PMDB (indesejados pelo Golpe), os maiores partidos brasileiros, todos, sem exceção, como corruptos. 
E OS GOLPISTAS FICARAM DIMINUÍDOS 
A extrema-direita foi se consolidando e se distanciando dos apoiadores do Golpe e a velha mídia, em especial a Globo, se perdeu no meio de um tiroteio que é favorável ao crescimento do fundamentalismo religioso, que no fundo vai debandar dela público, em boa parte, migrando sua audiência para a TV Record da Igreja neopentecostal Universal. 
Dois jornalistas de esquerda foram desligados da Record News estes dias. Sintomático. Há espaço para se desenhar um conservadorismo de costumes e de Fé na sociedade brasileira, a Record e as TVS de pastores neopentecostais e carismáticas católicas (conservadores) podem assumir este público para si. 
Então, se vê que a Globo foi tentar reparar a situação Bolsonaro abrindo espaço para o Fantástico discutir a questão do Gênero, para o Bem-Estar mostrar e discutir o tema a partir de transexuais, até mostrando com cuidado e respeito um casal formado por um travesti e uma mulher que fez operação para ser homem, pontuando com clareza que homossexualismo não é doença. Imaginemos no auge do Golpe se a Globo arriscaria esta discussão temática.
É a tentativa de freio de arrumação tardio para uma situação que saiu do controle. A Globo ficou sem candidato viável. Dória e o Bolsonaro foram para um caminho que só a Record e emissoras religiosas, talvez, possa abraçar.
Globo e velha mídia que com o Golpe perderam a audiência cega de um eleitorado que não vai mais dar tanta atenção ao que diz a Globo e a velha mídia na hora de votar, porque foram enganados com a mentira de que o Golpe traria um mundo maravilhoso para ele. E já sem todo o eleitorado fiel pró Lula e Dilma perdidos, aos poucos, nos anos anteriores ao Golpe. 
Os golpistas alinhados com a velha mídia perderam espaço para a extrema-direita e para os que ainda estão lúcidos e para os lulistas, dilmistas e esquerdas em geral.
FICARAM NUS 
Alckmin pode ser a candidatura de inflexão do caminho Lava-Jato de sociedade? Parece ser a solução única que sobrou no meio político, entre os que participaram do Golpe, nem Marina caberia por seu silêncio diante do Governo Temer e por ter sido do PT e ter mudado de lado nem Joaquim Barbosa, o imprevisível nem o descontrolado Dória. O problema é. 
Como voltar para a garrafa essa Justiça modelo Lava-Jato para não escancarar mais a seletividade e perseguição da Justiça ao Lula, à Dilma e ao PT no Brasil, onde a maioria do MPF, da PF, dos magistrados viraram anti petistas de carteirinha? Evitando crescer mais e mais a intenção de votos em Lula?
Com o Golpe destruindo toda a economia nacional e sem condições de impedir eleições em 2018 há poucas chances de prosperar a candidatura da velha mídia capitaneada pela Globo.
No fim de tudo nasceu uma nova polaridade: Lula X Bolsonaro. 
A Globo com Bolsonaro para vencer Lula pode dar de bandeja à Record um protagonismo em um Governo de extrema-direita ou no crescimento dela assumindo este público para si. Se der Lula não tem diálogo possível, ele já afirmou que vai propor a Democratização da Mídia. Alckmin foi o que sobrou e seu catolicismo Opus Dei mais civilizado, o bom moço de Pindamonhangaba. 
A Globo perdeu espaço político, social e de mídia com o Golpe.

Do GGN

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Araújo: A monumental fraude do plano econômico Globo-Itaú

Foto: Antonio Cruz/EBC
Cemitério sem inflação - o completo fracasso de um plano econômico 

Um plano econômico que não poderia dar certo ameaça levar ao Brasil a uma depressão inédita, um dos países de economia historicamente mais dinâmica do planeta caindo nas profundezas de uma depressão gerada pela política econômica equivocada, sem lógica, sem nexo e sem ciência, manejada pelo sistema financeiro em seu próprio benefício.

O DEBATE DA POLÍTICA ECONOMICA

Nos anos 40, 50, 60 e 70, foi intenso no Brasil o debate na academia, na imprensa, nas associações empresariais sobre política econômica, sobre linhas doutrinárias, propostas, alternativas, custos e vantagens de cada variante da governança da economia do País.
Como dizia Keynes, a história da humanidade é a história do pensamento econômico e pouca coisa além disso. Discutir a política econômica de um grande País é tema central dos cidadãos.

Hoje se verifica um DESERTO completo nessa discussão, a imprensa pelos grandes jornais e noticiários de TV toma como ÚNICO o caminho apontado pelos “economistas de mercado”.

Nunca há um rumo único na política econômica, é uma política e, como tal, permite opções.

Uma safra de economistas robotizados que nasceu na esteira do Plano Real e que conhece um só  tipo de política econômica, o que é uma fraude, os caminhos podem ser muitos, a ciência econômica é  sempre plural, desde que existe a partir de Colbert no Século XVIII, o estudo da economia permite um cenário de amplas discussões sobre custos e benefícios avaliados no contraponto de alternativas, não há uma ciência econômica una e exclusiva, os modelos das duas maiores economias do planeta, EUA e China, são completamente diferentes e funcionam cada qual no seu contexto social e político, economia não é uma equação matemática.

No entanto essa imprensa desprovida de conhecimentos louva como uma divindade  uma “equipe econômica” como se, sem ela, o País não sobrevivesse. Um delírio, meia dúzia de mentes esquemáticas, sem brilho, tocadores de realejos concebidos fora do Brasil e carentes de formulações mais elaboradas, uma política medíocre e sem criatividade quando uma coisa é certa: política econômica tem que ser pensada dentro das condições de cada País, não há uma ciência econômica universal baseada em fórmulas matemáticas idênticas.

A mídia brasileira se recusa a participar de debates contraditórios sobre a política econômica, endossando em branco fórmulas como se fossem verdade divina revelada. Abstém-se a mídia, por exemplo,  de debater clivagens cruciais. Cito apenas  duas:

O catecismo religioso do plano assegura que, com a queda da inflação, devem cair as taxas de juros para a economia real. Tal não vem acontecendo desde 2015, as taxas não só não caem, como sobem, mesmo as que se mantém nominalmente iguais representam JUROS REAIS muito mais altos porque a inflação descontada agora é menor do que em 2015, do que resultam JUROS REAIS muito maiores e não menores, como reza a lógica anunciada da política econômica. Cai a inflação, deveriam cair os juros como consequência, não é essa a equação apresentada ao público?

MAS não caíram, os juros reais de hoje são muito maiores do  em 2015,  tanto na taxa Selic como nas operações com os tomadores privados, apesar da queda da inflação, DESMONTA-SE A LÓGICA DO PLANO.

O Banco  Central, dominado pelo sistema financeiro, abriu mão, pela Circular 3.691 de 2013, da FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DE C MBIO, o Sistema FIRCE, cujas raízes têm mais de 80 anos. Agora os bancos se auto controlam, o que significa uma selva  no mercado de câmbio, nem em paraísos fiscais o câmbio é tão desprovido de controle.

Em consequência montou-se um “cartel do câmbio” que está sugando bilhões de Reais daqueles que precisam comprar ou vender moeda estrangeira, sob o olhar inexistente do Banco Central, que abriu mão do controle. A Associação Brasileira de Comércio Exterior está processando junto ao CADE esse “cartel de câmbio” onde os bancos fixam entre eles taxas de compra e venda com spreads enormes, muito acima da média internacional, auferindo espantosos lucros com a manipulação das taxas de câmbio. A ABCE pede um ressarcimento de R$70 bilhões extorquidos pelo “cartel do câmbio livre”, livre de qualquer controle, operam como em Cayman ou Mônaco.

Veja-se que a Associação dos Exportadores NÃO está reclamando no Banco Central e sim no CADE porque evidentemente não confia na isenção do Banco Central.

A imprensa brasileira, Globo, Estadão, Folha, Valor, se isentam de dar destaque a esses dois MEGA FUROS do plano econômico, só possível pelo domínio completo pelos bancos sobre a Autoridade Monetária, que não existe mais como mecanismo de governança em nome do País, o Banco Central é dos bancos e de mais ninguém.

TODOS os diretores do Banco Central que integram o COPOM são aprovados pelo ”mercado”, não há nenhum de centros de pensamento econômico alternativo, totalmente ao contrário da diretoria do Federal Reserve, onde cada um dos sete titulares vem de ESCOLAS DE ECONOMIA diversas, exatamente para haver debate.

O ATUAL PLANO ECONÔMICO

Como poderíamos denominar esse plano?

Plano econômico Globo-Itaú? O Itaú, como maior força do mercado, indicou o presidente do BC, mentor principal do plano e fanático das METAS DE INFLAÇÃO, modelo que justifica as mais altas taxas de juros básicas e na ponta do tomador entre qualquer das grandes economias. Taxas de juros que fizeram do Banco Itaú um dos vinte maiores do mundo em valor de mercado, R$225 bilhões de Reais, o dobro do que vale o DEUTSCHE BANK, maior banco da Europa e com 200 anos de história.

A GLOBO, pela alucinada defesa que o maior grupo de comunicação do País faz desta política,  O Plano Depressão do Brasil.

Plano econômico BOLETIM FOCUS? Nome que se justifica por esse questionário que consiste em perguntar toda semana ao agiota quanto ele quer de juros para ficar contente e a partir da resposta o Tesouro paga o que mercado quer de juros, por isso mesmo os mais altos do mundo, o Boletim FOCUS é a confissão de submissão do Banco Central ao mercado.

Enquanto nos EUA o mercado espera ansioso o que o FED vai resolver sobre juros, aqui não é preciso adivinhar: o mercado já sabe quanto o Tesouro vai pagar porque é ele quem decidiu.

Na realidade, é um plano gestado nos departamentos de economia dos grandes bancos privados para atender seus interesses e objetivos dentro da economia, não é um Plano Econômico para a população brasileira, suas necessidades e seu futuro.

Miremos no exemplo dos EUA, o grupo de sete pessoas que administra o banco central americano, o Board do Federal Reserve System, NÃO tem vinculação com o sistema financeiro, são professores de economia de alta reputação,  independentes e sempre foi assim, não se aceita banqueiros para gerir o Banco Central. Mais ainda, esses professores que compõem o Board do Federal Reserve são DE ESCOLAS DE ECONOMIA VARIADAS para não viciar a direção do FED com uma só linha de pensamento econômico.  Porque é assim?

Porque banqueiros vão formular um plano em benefício dos bancos, por isso o sistema não tem banqueiros na direção do FED, política monetária não pode ficar na mão de banqueiros.

O último grande banqueiro que geriu a economia americana foi Andrew Mellon,  Secretário do Tesouro de 1921 a 1932, Mellon por uma política restritiva e ultraconservadora levou os Estados Unidos à crise de 1929, é o pai da Grande Depressão, saiu execrado da vida pública, símbolo do capitalismo gerindo ele mesmo sem interesse pela população.

Assumindo a Presidência, Roosevelt reverteu política de Mellon, assim como demitiu seu chairman do FED, Eugene Meyer, no meio do mandato. Mellon e Meyer estavam aprofundando a recessão de 1929, que virou a Grande Depressão, faziam uma política muito similar ao do atual Plano Meirelles, pensavam em reduzir gastos e não em sair da recessão.

O ESCANDALO DOS JUROS REAIS MAIS ALTOS DO MUNDO

Juros reais altíssimos no  MEIO DA RECESSÃO, uma irracionalidade completa, a economia afunda, a inadimplência atinge 61 milhões de brasileiros com o nome sujo, dezenas de milhares de lojas fechadas pelo País a cada mês, a arrecadação federal, estadual e municipal caindo mês a mês, para espanto dos arautos desse plano que se “surpreendem” com a queda de arrecadação provocada por eles mesmos e já sugerem novos impostos para compensar, o que irá aumentar o rumo negativo da economia. Como alguém pode se surpreender com a queda da arrecadação, se isso é uma consequência natural da imposição da política recessiva?

O PLANO ECONÔMICO COMO CAUSA DA RECESSÃO

O atual plano econômico METAS DE INFLAÇÃO COM JUROS ALTOS EM PLENA RECESSÃO vai levar o Brasil a uma depressão profunda. Convoque-se dez Prêmios Nobel de Economia e nenhum endossará esse atentado contra a racionalidade e a ciência econômica.

PARA SAIR DA RECESSÃO É PRECISO ESTÍMULO MONETÁRIO, mais dinheiro na rua e não menos, como faz o plano recessivo, valorizando o  Real ao preço de operações que, só no primeiro semestre do ano passado, custaram R$ 207 bilhões de prejuízos ao Banco Central, cobrados do Tesouro, em nome de desvalorizar o dólar para atingir a sacrossanta meta de inflação, ÚNICO EIXO DA POLÍTICA ECONÔMICA, não há nenhum outro, não há meta de emprego, meta de crescimento, meta de investimentos públicos, só o controle de inflação.

Não se trata de escolas econômicas divergentes, é consensual em todas as escolas de economia,  ortodoxas, heterodoxas, do velho e do novo pensamento econômico.

Não se bloqueia dinheiro em plena recessão, agravando a crise e aprofundando o desastre.

Quem formula e  vende ao comando político um plano que agrava profundamente  a crise econômica e social demonstra não ter categoria de economista político, função que visa ajustar a economia com o menor sacrifício possível e levando em conta SEMPRE o conjunto da situação política do País, como fez Keynes em 1933, não só ele, outros grandes economistas souberam casar a realidade com a ciência para diminuir o sofrimento, do mesmo modo que faz a medicina que evoluiu do martelo para a anestesia para diminuir e não para agravar o sofrimento dos doentes.

Os inventores dessa política econômica que  identifica a cura com sofrimento estão desligados da realidade social do País, operam em cima do boletim FOCUS, excrescência que pergunta ao carrasco como ele quer manejar a lâmina, pergunta a quem deve ser regulado quanto ele quer ganhar, quando a função do Banco Central é liderar o mercado e não ser por ele liderado, o Banco Central não faz perguntas, o Banco Central dá a direção ao mercado.

Toda a lógica da política econômica do plano Meirelles é equivocada, centra como maior problema do País a inflação, quando o maior problema é o emprego que permitiria a sobrevivência da grande massa de desempregados e subempregados que não tem renda alguma. Nesse contexto do mal menor, a meta de inflação a níveis que chegam à depressão é um objetivo que significa menor valor para essa população do que ter emprego e renda.

A moeda supervalorizada é ótima para rentistas e nada significa para desempregados.

OS FUROS DO PLANO ECONÔMICO

A DESPESA maior do orçamento federal é a CONTA DE JUROS, que considera não só o Pagamento dos juros da dívida em títulos, mas também o carregamento das operações compromissadas do BC e dos swaps cambiais, todas despesas incorridas com um mesmo objetivo: atingir a META DE INFLAÇÃO. 

O conjunto das despesas chega a R$650 bilhões por ano, MUITO MAIS que qualquer outra despesa do orçamento federal, incluindo a previdência, é MUITO SUPERIOR ao déficit orçamentário federal que é a OBSESSÃO dos Mansuetos e Samueis. Só no primeiro semestre de 2016, o BC teve prejuízo de R$207 bilhões por causa dessas operações, custo repassado ao Tesouro, NENHUMA citação desse custo pela equipe econômica, mas citam incessantes despesas muito menores com benefícios sociais como se fossem o grande problema e não os juros pagos pelo Tesouro.

Para ajustar o orçamento federal pode-se seguir dois caminhos: cortar cada vez mais, inclusive despesas essenciais e obrigatórias  como ameaça Mansueto de Almeida OU pode-se aumentar a arrecadação federal através da recuperação da atividade econômica, processo mais racional do que a estupidez do corte linear.

A equipe Meirelles-Goldfajn ideologicamente prefere matar o País com corte de despesas e não aumentar a arrecadação pela reativação da economia.

Essa opção é ideológica, esse tipo de ECONOMISTA identifica como boa política econômica aquela que exige SACRIFÍCIOS, se não houver SACRIFÍCIO  a política não é virtuosa, aí existe um conteúdo religioso do SACRIFÍCIO como redenção dos pecados. 

Os economistas ortodoxos da Grande Depressão pensavam a mesma coisa, é preciso PURIFICAR os pecados, punir os ímpios pelo sacrifício, pela pobreza,  pela miséria, só assim  se pune os malefícios dos gastadores, dos que usufruem de bolsa família e seguro desemprego sem trabalhar. 

A PURGAÇÃO PELO SACRIFÍCIO

A reativação da economia por ESTÍMULOS MONETÁRIOS faz elevar a arrecadação e com isso reequilibrar as contas, mas isso não serve para os ECONOMISTAS DO SACRIFÍCIO, se não houver punição pelos gastos sociais que pagam a vagabundagem dos pobres, a política de ajuste não vale moralmente, é preciso que o povo sinta na pele a dor do sacrifício porque foram parceiros dos gastos dissipadores da Bolsa Família, da saúde gratuita dos SUS, das merendas nas escolas, tudo isso foi IRRESPONSÁVEL, segundo a visão ortodoxa, é preciso oficiar para expiar o mal da PURGAÇÃO no altar do neoliberalismo de mercado para  que eles, os punidos pela crise sejam sacrificados em nome dos financistas ricos no altar das oferendas em honra da AUSTERIDADE FISCAL, de preferência à moda grega, o mesmo programa que levou países europeus a grande desemprego e gerou crises sociais e políticas profundas.

A ironia é que aqueles países não tinham recursos, precisam importar comida e petróleo, enquanto o Brasil tem alimento e energia em abundância, não depende do exterior para sobreviver, como a Grécia, que sem crédito não consegue comer e gerar energia.

Não há maior algoz de pobre do que outro pobre, nada existe de mais patético do que POBRE DE DIREITA, um coitado que defende os privilegiados e os rentistas por convicção.

O atual PLANO ECONÔMICO é um desastre ideológico, nada justifica paralisar um País rico de recursos naturais em função de uma referência estatística que atende pelo nome ridículo de METAS DE INFLAÇÃO, um País jogado no abismo em benefício de uma estatística de frações de um por cento, coisa de mentes miúdas, de gente pequena, medíocre, canhestra, pedestre, pigmeus intelectuais, anões de cultura e de conhecimento do pensamento econômico renovado de nossos dias, a “política de ajuste” que eles pregam está FORA DE MODA até no Fundo Monetário Internacional, hoje com  uma visão crítica do ajuste grego e já sensível à renovação do pensamento econômico pós-2008 que atingiu até a outrora catedral do monetarismo, a Universidade de Chicago, onde um plano como esse não seria aprovado por calouros, tal a insensatez e insanidade de propor ações pró-recessão em um dos pais mais ricos do mundo em recursos naturais, agrícolas e energéticos.

KEYNES E A RECESSÃO

Na obra que o consagrou, a “Teoria Geral”,  Lord Keynes demonstra que em ciclos de profunda recessão o mercado não tem a capacidade de auto-ajuste, o mercado não tem essa ferramenta de reverter um ciclo continuado de queda da atividade econômica.

Nesta situação, só o Estado pode aumentar a demanda agregada que justifique novos investimentos em produção. Keynes especificamente apontou que a noção de que com a baixa da inflação e dos salários consequente ao desemprego, isso levaria a um estímulo para os empresários investirem, exatamente o que apregoam os “economistas de mercado” que sustentam o plano Meirelles. Keynes  demonstrou como isso é falso, que os empresários não vão investir se não há demanda para seus produtos. É exatamente o ponto onde se encontra o Brasil hoje. A equipe econômica aparentemente não leu e não aprendeu as lições de Keynes, operam com noções de uma economia ortodoxa desmentida pela Grande Depressão, tudo o que estão fazendo e pregando NÃO vai levar os empresários investirem e não vai tirar o País da recessão, esses cérebros são economistas pré-keynesianos, não sabem ou não aprenderam a lição da História econômica de crises recessivas anteriores da história do capitalismo.

O pano de fundo intelectual e ideológico desse plano de AJUSTE COM JUROS ALTOS E METAS DE INFLAÇÃO não é da formulação do Ministro da Fazenda, ele não tem bagagem para formular um plano econômico, é apenas um executivo de banco mediano, a formulação vem de outras cabeças, um pequeno círculo de economistas anacrônicos, fora do tempo e do espaço, formados muito antes da crise de 2008, com um pensamento monetarista démodé superado por outras reflexões sobre como lidar com economias em crise.

OS ERROS DO GOVERNO DILMA

A moeda de troca oferecida por esse pequeno grupo é reverter os erros da assim intitulada “Nova Matriz Econômica” do governo Dilma, algo que nunca existiu como política econômica consistente, não havia nenhuma política econômica, só uma série de improvisos ao sabor da conjuntura, essa “Nova Matriz” não era uma política construída e sim uma soma de medidas não articuladas. Os  desacertos do governo Dilma foram reais MAS não foram eles a causa principal  da longa recessão  estrutural que se projeta agora para mais de CINCO ANOS.

O conjunto desses erros poderia ser revertido a curto prazo, não teriam o poder de prolongar por tanto tempo a recessão a eles atribuída. Política de preços de combustíveis e de energia pode e já foi revertida e nem por isso a recessão se abateu, o déficit orçamentário de Dilma continua no governo sucessor, sem que se possa colar nele a recessão. A maioria dos governos do mundo, a começar pelo dos EUA, têm déficits por anos seguidos sem por isso entrar em recessão. O que faz e alimenta a recessão é a POLÍTICA MONETÁRIA do Banco Central.

A CAUSA REAL DA RECESSÃO

A causa estrutural da recessão é a DOMINÂNCIA do conjunto da política econômica pelos interesses exclusivos do mercado financeiro, centrado na imposição CONTRA A LÓGICA ECONÔMICA MAIS ELEMENTAR, de juros reais CINCO VEZES a média internacional, não só em relação a juros pagos por países ricos mas também em relação a JUROS PAGOS POR PAÍSES EMERGENTES, menores e com menos reservas cambiais em relação ao PIB do que o Brasil.

O Peru, por exemplo, paga juros reais em sua dívida pública que são MUITO ABAIXO do Brasil, assim como a Colômbia,  México, Índia, Paquistão, o Brasil está fora do passo em relação a maioria dos países emergentes, com relação aos países ricos o Brasil está pagando juros reais de QUATRO A CINCO vezes maiores, sem explicação à luz da teoria econômica.

Uma das consequências da dominância do mercado financeiro sobre o governo foi a extraordinária mudança de posição dos bancos privados em relação aos bancos públicos.

Nas três décadas nas quais o Brasil teve o maior crescimento econômico do planeta, de 1945 a 1975, o Banco do Brasil era maior que os dez maiores bancos privados somados.

Os grandes Estados tinham cada um seu banco estadual para financiar a produção regional, São Paulo tinha o poderoso BANESPA, de expressão internacional, Minas Gerais tinha três bancos públicos, a Guanabara tinha o riquíssimo BEG, que tinha tantos depósitos que não conseguia aplicar no Rio de Janeiro, outros Estados tinham seus bancos públicos.

Na histeria privatista do Plano Real quase todos os bancos estaduais foram vendidos, a maioria para o Itaú, alguns com o preço inferior ao crédito tributário que carregavam, todos sob o pretexto falso de que estavam quebrados, o valor da rede de agências não estava no balanço.

Hoje o BANCO ITAÚ vale no mercado R$225 bilhões e o Banco do Brasil um terço disso, R$75 bilhões, uma extraordinária transferência de capital bancário público para banqueiros privados, resultado óbvio do domínio do mercado sobre o Estado.

Esse processo levou à cartelização do sistema bancário privado, o Brasil tinha 600 bancos em 1975 e hoje basicamente três bancos dominam o mercado privado. Com esse processo esterilizou-se o crédito, caro e seletivo, os bancos se voltam para o mercado “exclusivo” para a classe média alta, afastando-se cada vez mais da economia real.

A DOMIN NCIA FINANCEIRA SOBRE A POLÍTICA ECONÔMICA

Ora, não há no mundo dos grandes países nenhum governo tão dominado pelo dito “mercado” na escala em que se encontra o Brasil. O “mercado” tem interesses específicos, que não são os da população como um todo. Nos EUA, a dominância excessiva do mercado levou à crise de 2008, salva pelo Estado e não pelo mercado, hoje o mercado perdeu peso, prestígio e importância no sistema de governança dos EUA, a eleição de Trump é uma resultante disso.

No Reino Unido, o “mercado” jamais optaria pela saída da União Europeia, isso prejudicaria extraordinariamente os negócios financeiros de Londres. Mas a população pensou de outra maneira e o “mercado” não foi atendido, o BREXIT foi contra o mercado.

O Brasil é hoje um caso único entre os grandes países do G-20, nenhum outro tem sua política econômica de tal forma dominada pelo “mercado”, que não fala pela população, fala apenas pelos rentistas e especuladores, pelos “gestores” de fortuna e banqueiros.

Essa dominância é INEXPLICÁVEL para um País com as dimensões do Brasil. O “mercado” não está preocupado com o desemprego, a desindustrialização, a perda da independência econômica, a miséria e o crime nas periferias das grandes e médias cidades, a precariedade dos serviços  de saúde e saneamento, a fragilidade da educação fundamental, a falta de oportunidade para toda uma geração de jovens entre 14 e 24 anos, onde o desemprego é de 30%, o dobro da já alta média nacional de 15%.

Nada disso diz respeito ao mercado, mas é ele que hoje rege a economia do País.

É inexplicável que um Estado poderoso como o brasileiro se deixe dominar pelo “mercado” de forma tão submissa, levando o País a uma recessão inédita na sua História, nem a crise de 1929, que abalou o mundo,  atingiu de forma tão profunda a economia brasileira da época.

NOVAMENTE OS ERROS DO GOVERNO DILMA COMO JUSTIFICATIVA

Para o diagnóstico correto da atual recessão é fundamental encontrar sua raiz, a nascente de onde parte o impulso negativo que leva a economia a andar para trás. É encontrando sua fonte que o remédio pode ser receitado, essa análise é necessária para a cura.

Não se use a desculpa que a recessão de hoje é ainda resultado dos erros do governo Dilma.

Os equívocos do governo Dilma são a explicação POLITICAMENTE conveniente da atual recessão, que se agravou após a queda de Dilma com mais 2,5 milhões de desempregados, mas esses erros foram conjunturais, os problemas estruturais da economia brasileira vem de muito mais longe, o tumor é mais profundo do que erros pontuais e o déficit público que já existe há décadas na economia brasileira, déficit que também existia em anos de grande crescimento,

NÃO é a causa da atual recessão, ao contrário, o déficit existe porque a arrecadação vem caindo e a maior parte das despesas são fixas e irredutíveis com a atual Constituição.

O maior de todos os déficits vem da conta de juros, que faz parte da atual política e essa conta é considerada intocável pela equipe econômica atrelada a essa política.

A raiz da recessão é mais profunda, vem da política monetária já praticada no governo anterior, recessiva por causa de juros reais muito acima do necessário e mais do que a economia pode suportar, juros praticados por um Banco Central descolado da economia real e capturado pelo mercado financeiro no seu âmago, o BC nunca esteve a serviço do conjunto da economia e sim a serviço do sistema financeiro, processo que vem desde o Plano Real.

O governo Dilma não teve uma política econômica firme e com objetivos racionais, foi uma política hesitante e oscilante, com medo ancestral do mercado, a  política já era a de METAS DE INFLAÇÃO, a mesma política que agora foi RADICALIZADA por fanáticos da deflação como ideologia e modus operandi, como crença e porque não sabem operar a economia de maneira mais racional e criativa, é mais confortável atender ao mercado do que enfrentá-lo.

A dominância da política econômica pelo “mercado” se consolidou no primeiro Governo Lula, com a entrega sem condições do Banco Central ao “mercado” na pessoa de Henrique Meirelles, essencialmente um delegado do mercado e não um formulador econômico.

 Foi o maior erro do Governo Lula e a causa do desastre final da política econômica nos doze anos do PT. O ovo da serpente da recessão de hoje estava sendo chocado com esse arrendamento do BC ao Boletim Focus como práxis e ideologia, o ponto de partida foi a gestão Armínio Fraga no BC, quando se inicia o Boletim Focus e a dominância do mercado.

Lula tinha capital eleitoral para seguir uma política muito mais independente, mas preferiu o comodismo de entregar por completo a política monetária e a política cambial ao arbítrio exclusivo do mercado sem reserva de poderes para contraditar a gestão do BC ou influir na política econômica. Deu certo no início porque as expectativas eram muito piores para seu governo e pelo favorecimento do ciclo de explosão de preços das commodities.

No Governo FHC até a gestão Armínio não havia essa dominância, tanto que a política cambial foi mudada por completo quatro vezes sem ser determinada pelo mercado, era o Governo que decidia o câmbio e não o mercado. Parece coisa simples, mas não é, o Governo FHC usava o mercado mas não era dominado por ele, o Governo se reservava o poder de decisão sobre o câmbio, isso começou a mudar com a gestão Armínio e o acordo com o FMI.

O Governo Lula, seguido pelo Governo Dilma, entregou POR COMPLETO E SEM RESTRIÇÕES, o Banco Central ao mercado, Meirelles jamais foi um estrategista como Gustavo Franco ou Armínio Fraga, apenas delegado do mercado no BC para atender o sistema financeiro daqui e de fora, seu papel é o de “representante” do mercado no BC.  Ele é produto do mercado.

No governo Dilma trocou-se o presidente do BC, mas manteve-se o modelo com uma diretoria  afinada com o mercado. Quando Dilma quis intervir na política de juros, caiu o mundo e ela teve que voltar atrás, já não tinha mais poder de enfrentar o mercado. Não foi a queda de juros reais imposta por Dilma que deu início à recessão, mas sim o retorno às taxas de juros reais várias vezes acima da média internacional. Essa baixa e volta à alta foi um desastre de percepção nos rumos da economia, somado a erros evidentes no tabelamento dos combustíveis e no desmonte do setor energético, atos irracionais sob qualquer ponto de vista.

A nomeação de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, nome indicado pelo mercado, agravou rapidamente o erro de ida e volta na política de juros e nessa gestão começa o ajuste fiscal improvisado, cujo único alvo foram as despesas mais essenciais de funcionamento do governo e os investimentos públicos, uma vez que as despesas com pessoal ativo e inativo são fixas.

Enquanto houver essa dominância pelo mercado da política monetária que necessariamente se atrela a política cambial, o Brasil não sairá da recessão, para o sistema financeiro cartelizado a depressão é ótimo negocio, baixa o preço dos ativos e o juro real sobe.

A ALTA CONTINUADA DOS JUROS REAIS E O NAUFRÁGIO DO PLANO MEIRELLES

Hoje os JUROS REAIS NO BRASIL são muito mais altos do que em 2015 e 2016, ao contrário do que dizem as Miriams e os Sardenbergs, os JUROS ESTÃO SUBINDO DESDE QUE COMEÇOU A RECESSÃO, tanto na taxa básica Selic como para tomadores privados.

O pior é que a leitura que se faz no Brasil sobre os rumos da economia mundial está defasada.

A economia mundial pós-2008 não é a mesma de antes, mas no Brasil se opera como se fosse.

A globalização financeira está sendo contestada por novos ativismos políticos que resultaram no BREXIT, na eleição de Trump, na revisão dos conceitos de ajuste fiscal pelo FMI e no nascimento de um novo pensamento econômico a partir da crise de 2008, que diminui a importância e o peso político do mercado financeiro sobre as economias e faz revisões contínuas de conceitos como o do “ajuste fiscal linear” que deu errado na Grécia.

Essas novas correntes de pensamento mudaram o foco e as teses das escolas de economia mais influentes, como a de Chicago e de Stanford e se cristalizaram em um novo e influente think-tank, o Instituto para o Novo Pensamento Econômico de Nova York. Nada disso afetou a cabeça dos “economistas de mercado” brasileiros, formados nos anos 90 e que não evoluíram em conhecimento de novas linhas econômicas, continuam atrelados fanaticamente ao velho monetarismo de Friedman, que já evoluiu na sua matriz intelectual, a Universidade de Chicago.

Políticas monetárias e orçamentárias mais flexíveis, como em Portugal, deram mais certo do que o brutal ajuste grego, que é o mesmo que se anuncia praticar no Brasil.

A preguiça mental e acomodação intelectual  dos economistas brasileiros da linha PUC Rio, Insper, FGV, todos atrelados ao “mercado” via consultorias e empregos e por reflexo pelo espaço que a GLOBO dá a essa ideologia “mercado-dominante” através da formidável massa de publicidade de bancos e gestoras financeiras, não apresenta nenhuma proposta que não seja mais ajuste, mais juros altos e mais Real valorizado, mais fanatismo na perseguição a uma meta abaixo de 3% mesmo que disso aumente os escombros da economia real.

Os “padrinhos da recessão”  estão em descompasso com o mundo, nossa política econômica virou uma jabuticaba rara, uma fruta genuinamente nacional, daquele tipo que só tem no Brasil, marchamos fora da partitura do mundo caminhando para o cadafalso da Grande Depressão, versão brasileira pela Globonews.

Um desafio lançado: que o Governo promova no Brasil um SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE POLÍTICA ECONÔMICA, convide nomes consagrados, alguns Prêmio Nobel de Economia com boa mescla de nomes de várias tendências, linhas e escolas, e proponha a eles sugestões sobre a economia brasileira. Muitos Bancos Centrais fazem isso continuamente, faz parte das funções de um banco central, que não pode ser caudatário de uma só visão de economia.

O próprio Prêmio Nobel de Economia é uma criação patrocinada pelo Banco Central da Suécia, gente que não tem medo de ouvir críticas e sugestões e não se consideram sábios inatacáveis.

Do GGN, André Araújo

O que Palocci tem a dizer da Globo na delação premiada?

Há alguns dias, a revista Veja divulgou uma nota informando que a delação premiada de Antonio Palocci tem um "anexo que entra e sai" exclusivamente dedicado à Rede Globo. O que o ex-ministro da Fazenda tem a dizer sobre o império erguido pela família Marinho, que esteve bem perto de quebrar no início dos anos 2000?

Diante de Sergio Moro, em abril passado, Palocci deu uma dica: poderia colaborar com a Lava Jato entregando negociações que ocorreram nos bastidores de Brasília para "salvar" empresas de comunicação que, sem a ajuda do governo, corriam sério risco de quebrar. 

Reportagem veiculada pela Record, no domingo (16), mostra que a Globo se beneficiou da edição da lei 12.996, que abriu uma brecha para que a emissora pudesse pagar parte da dívida que tem com a União, com 100% de desconto em multa. Ou seja, o grupo devolveu R$ 1 bilhão referente a impostos sonegados aos cofres públicos, mas deixou de pagar outro R$ 1 bilhão em multa, diz a matéria. 
  
Palocci poderia, entre outros pontos, revelar a eventual pressão exercida pela Globo para conseguir essa janela e se beneficiar do não pagamento de multas.

Ainda segundo a reportagem, o governo passou a investigar a Globo, através da Receita federal, em meados do ano 2005. As autoridades haviam descoberto o esquema da emissora para comprar direitos de transmissão de grandes eventos esportivos da Fifa sem pagar nenhum imposto no Brasil. 

A "operação fraudulenta" acontecia através da empresa com nome Empire, que a Globo abriu em um paraíso fiscal para adquirir os direitos de transmissão. "Assim que a Empire ficou com o direito da Copa do Mundo, ela foi dissolvida e transferiu os bens para a Globo. Só com essa manobra, Globo deixou de pagar R$ 170 milhões em impostos no Brasil."

A Receita chegou a acusar a Globo de simulação, multou em 150% sobre o valor do imposto sonegado e pretendia processar a emissora criminalmente. À época, o valor devido em multa e juros passava dos R$ 615 milhões.

Mas às vésperas do processo ser entregue ao Ministério Público, uma funcionária da Receita que estava em férias furtou o processo. Ela foi condenada a 4 anos, mas não passou uma semana na cadeia. Teve habeas corpus do Supremo Tribunal Federal. Hoje, ela, que mora em um condomínio luxuoso no Rio de Janeiro, responde em liberdade, diz a reportagem da Record.

O veículo ainda mostrou os negócios da Mossak Fonseca e abordou a pressão sobre os procuradores da Lava Jato para não aceitarem a delação de Palocci sobre a Globo.

Na sentença em que condenou Palocci a 12 anos de prisão, Sergio Moro deu um sinal de que a delação não deve ser negociada, afirmando que a promessa de cooperação mais parecia uma "ameaça", um recado àqueles que podem ser atingidos, para que dessem um jeito de ajudar o ex-ministro.

GGN

terça-feira, 4 de julho de 2017

Rede Globo deixa de pagar R$ 761 milhões de ICMS ao Rio de Janeiro. Por Joaquim de Carvalho.

Roberto Irineu Marinho inaugura o novo estúdio do Jornal Nacional e revolva servidor da Fazenda do Rio: Estado cobra 761 milhões de impostos atrasados.

Na semana em que a Rede Globo inaugurou o novo estúdio do Jornal Nacional, um servidor estadual do Rio de Janeiro tirou foto da tela do computador com o registro da Secretaria da Fazenda que mostra a empresa como uma das maiores devedoras de ICMS do Estado.

“A Globo deve mais de 750 milhões de reais de ICMS ao Estado do Rio de Janeiro e fica fazendo prédio bacana para o Jornal Nacional. Se pagasse a dívida, resolveria o problema dos salários dos servidores do Estado, que ainda estão em atraso”, informou ao DCM, com a condição de que seu nome não fosse revelado.

Segundo os registros da Secretaria, a dívida da Globo é de quase 240 milhões de UFIRs, a unidade de referência dos tributos do Estado. Como cada UFIR vale R$ 3,19, o total do débito em reais é de 761 milhões.

O DCM entrou em contato com a assessoria de imprensa da Globo, que respondeu através CDN, empresa de comunicação terceirizada. Eis a resposta da Globo:

Não existe qualquer dívida de ICMS com o Estado do Rio de Janeiro. Aconteceram autuações, em razão do fisco estadual entender que haveria incidência do imposto sobre a inserção de publicidade na Internet e TV paga. A empresa não concorda com esse entendimento. Não há incidência de ICMS sobre tal atividade. Recentemente, foi editada legislação que determinou a incidência de ISS sobre a inserção de publicidade na Internet e na TV paga, o que, por si só exclui a incidência do ICMS. A empresa está discutindo a questão na via administrativa, como prevê a lei, o que provoca a automática suspensão da exigibilidade do débito.

Grupo Globo

Tela do computador ligado no sistema da Fazenda do Rio: em reais, dívida de 761 milhões.

Ou seja, a emissora confirma que está sendo cobrada pelo Estado, mas discorda da legitimidade da ação e, por isso, recorre.

Não é a primeira vez que a Globo tem entendimento diverso do Fisco quanto às obrigações tributárias. Em 2006, ela foi autuada pela Receita Federal por sonegação do imposto de renda incidente sobre a compra dos direitos da Copa do Mundo.

Na época, com multa e correção, o débito chegava a R$ 615 milhões. A emissora recorreu e alegou que havia comprado os direitos de uma empresa das Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.

Com o aprofundamento da investigação pela Receita, a Globo acabou admitindo que a empresa offshore era controlada por ela mesma.

Os acionistas Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho foram enquadrados por crime contra a ordem tributária e seriam denunciados ao Ministério Público Federal.

Mas, em janeiro de 2007, na véspera da denúncia ser encaminhada para a Procuradoria da República, o processo que documentava a sonegação desapareceu da delegacia da Receita Federal no Rio de Janeiro.

O DCM esteve em Road Town, Tortola, Ilhas Virgens Britâncias, e comprovou que a empresa da qual a Globo comprou os direitos da Copa nunca existiu de verdade. Era só uma empresa de papel criada para burlar o Fisco.

Com a revelação de que havia sonegado impostos incidentes sobre os direitos da Copa do Mundo, a Globo informou que havia regularizado sua situação fiscal, mas nunca apresentou o DARF que comprovaria o pagamento.

Agora, a briga é com o quase falimentar Estado do Rio de Janeiro.

DCM

domingo, 18 de junho de 2017

Paulo Moreira Leite: O jogo de Joesley com a Globo é destruir Temer, proteger Meirelles e atacar Lula

Nós sabemos que no mundo da justiça-espetáculo as versões costumam ser mais importantes do que os fatos. Lembrei dessa regra ao ler o depoimento de 12 paginas de Joesley Batista a Época, reproduzido com tambores e trombetas na noite de sábado no Jornal Nacional. Alguns fatos e versões se encontram, indiscutivelmente, fora do lugar, formando uma construção que gera  resultados políticos óbvios.

O maior exemplo envolve o papel do ministro da Fazenda Henrique Meirelles, personagem numero 2 do governo comandado pelo “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil” nas palavras de Joesley.

Graças ao silêncio da Época, o cidadão brasileiro permanece sem saber o papel do  ministro da Fazenda Henrique Meirelles nos negócios do grupo.

É um clássico silencio ensurdecedor. Frequentador da porta giratória Estado-setor privado que lhe permitia deixar um cargo no primeiro escalão do governos Lula, e depois voltar na equipe de Temer, o nome “Henrique Meirelles” sequer é mencionado numa entrevista de 12 páginas. Nem uma única vez.

É uma falta de curiosidade espantosa, quando se recorda que entre 2003 e 2010, ele ocupou a presidência do Banco Central, onde era o grande cartão de visita que Lula apresentava ao mercado financeiro. Depois disso, entre 2012  e 2016,  foi presidente do Conselho de Administração da J&F, que administrava o conjunto de negócios bilionários do grupo. Também dirigiu o banco Original, dos mesmos sócios. Meirelles só deixou o cargo em maio do ano passado, para voltar ao governo, ocupando agora  o segundo cargo mais importante da República, como Ministro da Fazenda.

De seu gabinete saíram as principais linhas da atual política econômica, desde a emenda constitucional que definiu o congelamento de gastos pela inflação  como a reforma da Previdência, a reforma trabalhista. Estas medidas   definem — não é adjetivo, apenas conceito — o governo Temer como o mais reacionário da história republicana.

Nessa condição, seria indispensável saber: a partir de 2016, quando voltou ao governo, como Meirelles se comportou ao lado do “chefe da quadrilha mais perigosa ?” Ajudou? Atrapalhou? Tentou impedir medidas ilegais? Deu conselhos? Quais propostas recusou, quais apoiou? Ajudou Joesley na fase 1, quando o chefe estava na quadrilha? Ou na fase 2, quando resolveu delatar?

Não sabemos se apresentou algum contato dos velhos tempos.  Se participou de jantares na presença de amigos ou se ofereceu informações estratégicas.
Alguma vez — quando era executivo da J&F — estranhou o desvio milionário e regular de recursos que eram enviados para esquemas políticos?
O que achava das conversas com Guido Mantega, um dos inimigos que deixou no governo?

Comportou-se como aquele tipo que, como gosta de lembrar o procurador da Lava Jato Luiz Fernando Lima, pode ser acusado de “cegueira voluntária”?
É um comportamento que chama a atenção em qualquer hipótese.

Mesmo que a ideia seja demonstrar que atual ministro da Fazenda não passava de uma improvável Rainha da Inglaterra — eufemismo para definir o velho e bom testa-de-ferro — o leitor tem o direito de saber qual era sua função real. Mesmo porque um presidente de Conselho pode ter obrigações legais a responder no futuro. Não se trata de pré-julgar Meirelles nem imaginar coisas que não foram sequer insinuadas. A escola que leva a condenar sem respeito pela presunção da inocência não é a minha e só leva a reforçar um estado de exceção.

Só acho que não dá para esconder um personagem dessa estatura e achar ninguém vai perceber. Não é jornalismo.

Também é fácil reconhecer que o silêncio sobre Meirelles atendeu a um propósito político.

Empenhadas num projeto de retirar Temer do Planalto,  as Organizações Globo têm outro plano para o Ministro da Fazenda e a equipe econômica. Querem que seja mantido no cargo de qualquer maneira, para garantir a continuidade das reformas. Nos primeiros momentos da crise, o próprio Meirelles  já se ofereceu, pelos jornais, para permanecer  no posto caso o presidente venha a ser afastado. Desse ponto de vista, o silêncio sobre seu papel — antes e depois — é providencial.

Essa postura seletiva, agora no sentido inverso, explica o esforço para minimizar as afirmações de Joesley sobre Lula, que compõem um depoimento obrigatório para quem responde a tantos inquéritos na Lava Jato. Numa cobertura séria, que envolve candidato a presidente que está em primeiro lugar nas pesquisas enfrenta uma caçada judicial de anos, era uma novidade e tanto.

“Nunca tive uma conversa não republicana com o Lula,” diz o empresário conta-tudo. “Não estou protegendo ninguém,” acrescentou.

Referindo-se  às insinuações frequentes de que um dos filhos do presidente era sócio oculto da Fri-Boi, a mais conhecida empresa do grupo, Joesley deixa claro que se trata de uma mentira.

Em vez de dar o destaque ao testemunho pessoal, Época e a TV Globo deram prioridade a uma afirmação  que Joelsey não sustentou com fatos. O carnaval foi feito em torno da frase de que “Lula e PT institucionalizaram a corrupção.”

Basta ler os diários de Fernando Henrique Cardoso no Planalto para encontrar provas de que o troféu originalidade está em disputa. Nem vamos lembrar de Fernando Collor de Mello, o protegido da Globo nos dois turnos de 1989.

No volume 2 de seus diários, FHC relata que acabou cedendo a pressão de integrantes da “quadrilha mais perigosa”  e assim, explicitamente, após muita pressão de Temer-Geddel-Padilha, acabou nomeando o último para o Ministério dos Transportes — decisão que ele mesmo sabia ser questionável.

Então deu para entender. Estamos combinados.

A estratégia do jogo: destruir Temer, proteger Meirelles, atacar Lula.

247/DCM