Mostrando postagens com marcador Globo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Globo. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 8 de março de 2018

Mulheres ocupam Globo contra o golpe, retirada de direitos e intervenção militar

Foto: Levante Popular da Juventude
A reportagem do Brasil de Fato divulgou nesta quinta (8), Dia Internacional da Mulher, que cerca de 800 mulheres de diversos movimentos sociais ocuparam o parque gráfico da Globo no Rio de Janeiro, em protesto contra o apoio da emissora ao golpe, à retirada de direitos, à intervenção militar e às tentativas de influenciar a eleição presidencial.
Ainda de madrugada, mulheres chegaram no local onde estenderam uma enorme faixa com os dizeres: “A Globo promove intervenção para dar golpe na eleição”, relatou o Brasil de Fato.
No portal do jornal O Globo, a emissora disse que o movimento foi organizado por membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), armados com "facas". O grupo ainda sustentou que a segurança não pôde impedir o protesto por causa do grande número de pessoas. 
Além do MST, participaram do ato o Levante Popular da Juventude, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Para Ana Carolina Silva, integrante do Levante Popular da Juventude, "(...) a mídia, principalmente na figura da Rede Globo, representa um inimigo que sai extremamente ileso, inclusive porque controla a informação, faz a disputa ideológica e que hoje é um partido político na condução do golpe", disse ao Brasil de Fato.
Maria Gomes de Oliveira, da coordenação nacional do MST, afirmou que "as mulheres são contra a intervenção militar que está acontecendo aqui no Rio, são contra todas reformas colocadas pelo governo, assumimos o protagonismo das outras nesse 8 de março para denunciar toda essa sujeira. A ilegalidade do julgamento do Lula, a globo também está construindo esse discurso para impedir que aconteçam as eleições."
O protesto contra a Globo integra a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra. Na quarta-feira (7), o MST ocupou a Fazenda Esmeralda, em São Paulo, que pertence a Michel Temer (MDB) e que foi citada em delações do inquérito que investiga MP dos Portos. 
"No ano passado, as sem-terra ocuparam, em Minas Gerais, terras de Eike Batista — o Acampamento Maria da Conceição completa um ano com produção agroecológica — e paralisaram o complexo industrial da empresa Vale Fertilizantes, em Cubatão (SP), para denunciar a dívida da mineradora com a Previdência", lembrou o Brasil de Fato.
GGN

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Globo já admite que o STF impedirá prisão de Lula

Há quem diga que a decretação de intervenção militar no Rio de Janeiro é prévia de uma intervenção militar no Brasil que decorrerá de greves que estão para começar e de uma faixa colocada na entrada da favela da Rocinha que diz que, se Lula for preso, “o morro vai descer”. Esses temores são pertinentes e é por isso que aumenta a certeza de que o STF irá impedir um incêndio social e político no país impedindo a prisão de Lula.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) reagiu com indignação contra o decreto de Temer que estabelece uma intervenção militar na Segurança Pública do Rio de Janeiro. O deputado acha que o exército pretende reprimir greves e outros protestos que explodirão pelo país caso Lula seja preso.
A faixa na favela da Rocinha está sendo pintada pelos grupos político-midiáticos de direita como uma ameaça de traficantes cariocas em caso de prisão de Lula, mas essa é uma das maiores imbecilidades que os golpistas já proferiram já que nem mesmo o consórcio jurídico-midiático anti Lula já ousou associá-lo a tráfico de drogas.
Muito antes, a faixa traduz o sentimento de desespero vigente entre a população mais humilde ante o acelerado empobrecimento causado pelas reformas golpistas de Michel Temer, que estão incentivando o trabalho sem direitos e a redução de salários no país.
A medida de Temer se coaduna bem com o viés autoritário que está sendo imposto ao país pelo golpe de 2016; em vez de buscar a paz social, os golpistas querem reprimir a divergência contra a retirada de direitos do povo.
Em um momento de tanta preocupação, porém, até o jornal mais entusiasta do arbítrio contra Lula, O Globo, já publica matérias que reconhecem que a tendência no Supremo Tribunal Federal é a de agir para impedir uma explosão social no país causada pela prisão arbitrária do maior líder político brasileiro.
Matéria publicada no jornal O Globo nesta sexta-feira afirma que já estaria consolidada no Supremo a tendência de usar o pedido de habeas corpus preventivo impetrado pela defesa do ex-presidente Lula para suspender uma medida arbitrária e inconstitucional, a prisão de réus antes de esgotados todos os recursos na Justiça, Palavras de O Globo:
“Já é dada como certa no Supremo uma decisão da Corte contra a prisão após condenação em segunda instância. Apesar de a presidente Cármen Lúcia ter negado a intenção de retomar o assunto, a decisão do ministro Edson Fachin de levar ao plenário o pedido de habeas corpus feito pela defesa do ex-presidente Lula forçará uma deliberação.
Há certo desconforto entre ministros com a estratégia da defesa de apostar numa declaração de impedimento de Cármen e de Luiz Fux como forma de reduzir o quórum e garantir placar favorável.
Em 2016, ambos deram dois dos seis votos pela execução da pena depois da condenação em segunda instância.
Mas, mesmo sem a presença dos dois, hipótese hoje remota, a tendência no STF é a mudança de entendimento. Há sinais claros de que Gilmar Mendes mudará o voto dado pela prisão, e de que Rosa Weber manterá sua posição contra a execução da pena após a segunda condenação.”
A Lava Jato, a mídia e até Raquel Dodge, a procuradora-geral da República que Temer tirou do bolso do colete, preferem apostar no confronto nas ruas após uma insana prisão de Lula sob provas inexistentes, mas caberá ao STF impedir que o país se incendeie em pleno processo eleitoral.
Há uma corrente política de esquerda que acredita até que as eleições deste ano serão suspensas porque o país será tomado por choques entre os militares e grevistas e manifestantes que se revoltarão se Lula for preso. É possível, mas improvável.
O mais certo é que o vaticínio de O Globo se materialize e o STF ponha fim a uma situação que vai acabar transformando o Brasil em uma ditadura formal, já que com o país conflagrado não haverá clima para uma eleição tranquila.
As eleições seriam adiadas só para prenderem Lula sem provas? Duvido.
*Assista a reportagem em vídeo:
 
Blog da Cidadania

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Pressão da Globo sobre Judiciário, sim. Pressão popular, não?, por Armando Coelho Neto

Na condição de capitã do mato do golpe de 2016, a Polícia Federal, que falava grosso com a legítima Presidenta Dilma Rousseff, hoje nem fino consegue piar com o impostor Michel Temer. Tornou-se abrigo natural do ideário que inspira em parte a obra “A Elite do Atraso” (de Jessé de Souza) e por assim ser, era muito comum ouvir dentro da Corporação, em todas as suas unidades Brasil afora, que o PT havia aparelhado a instituição. Neste GGN, mostrei por A + B que não só a PF, mas todas as instituições brasileiras estavam aparelhadas ao contrário, ou seja, cultural e instrumentalmente organizada para trabalharem contra aquele partido (e para destruir o projeto por ele representado). Um dos representantes de classe da PF chegou a emitir comunicado dizendo que “estava vigilante quanto à infiltração petista na entidade”. Só isso dá a ideia desse aparelhamento inverso.
O minoritário senso crítico remanescente na PF - composto por delegados da mais alta competência, por vezes perseguidos, e que por razões obvias não podem explicitar suas opiniões - encontra-se hoje sequestrado pelas facções golpistas. Em consórcio de ideias com esse minoritário grupo de policiais que ainda conserva noções de legalidade e direitos humanos, e inspirado numa entrevista do Ex-ministro da Justiça Eugenio Aragão, publiquei neste GGN o quanto membros do Ministério Público Federal vivem mais a serviço do corporativismo do que mesmo a serviço da sociedade. Nessa linha, ficou claro o alinhamento do MPF com a mesma elite do atraso, fato, aliás, marcante no Judiciário, capaz de projetar figuras como Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Bretas, Sejumoro, Carmens Lúcias. Engrossam a lista o juiz que usava o carro apreendido de Eike Batista, o outro que foi “desacatado” por uma guarda de trânsito e mais outro que mandou soltar o filho de uma desembargadora do Mato Grosso -  preso com 129 quilos de maconha...
Consolidado o golpe com participações de membros das facções golpistas instaladas nas três instituições antes referidas, majoritariamente composta pela elite do atraso, logo a seguir veio a notícia sobre o óbvio: “o grande acordo nacional com o supremo e tudo”. Restou, nessa conjuntura, aos integrantes das três armas militares verem-se forçados a prestar continência a um usurpador, cujos crimes (acusações) estão congelados por um parlamento predominantemente corrupto. Sim, faltavam eles, os militares. Ou não faltavam, já que, segundo cochichos com Renan Calheiros, os militares estariam “monitorando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)”. Tudo com o apoio da horda de paneleiros que repetia os mantras de guia da mais cínica sabotagem política da história, tendo a Farsa Jato como capitã do mato.
Noutras palavras, com a bênção da elite do atraso e a caterva representante da dita grande mídia, as instituições brasileiras se uniram em favor do golpe. Rasgaram a Constituição Federal e declararam guerra ao povo, contra qualquer coisa que pudesse representar redistribuição de renda, progresso econômico com inclusão e a redenção da sociedade a qual tais instituições deveriam servir. No melhor estilo lugar de pobre é na sarjeta, promoveram a destruição de governos progressistas, lideranças populares, indústria nacional, setores econômicos estratégicos, grandes empresas públicas e privadas, bancos oficiais, cultura e educação e seguem empenhados na extinção de direitos sociais. Abriram mão de preciosidades que sequer são de direita ou esquerda, tais como soberania, dignidade, nacionalidade.
Eis que revisitei uma entrevista do ministro do STF Dias Tofolli. Sim, aquele que, segundo a imprensa, sua esposa (advogada Roberta Rangel) teria recebido (?) pelo menos R$ 300 mil (2008 e 2011) da construtora Queiróz Galvão (envolvida no Petrolão). Pois bem, ele disse que juízes precisavam julgar de acordo ou em consonância ou com o anseio popular. Mas, ao mesmo a TV Globo e seu rancho, alimentados por compinchas da Farsa Jato, se encarregava de alimentar/formar a opinião pública conforme os interesses do golpe de 2016. Algo assim, o juiz não tem prova e de soslaio ou de forma escancarada, pede apoio da imprensa, dá a letra à sorrelfa e a mídia prepara o povo para aceitar a ilegalidade. Fechou o circo.
Rememoro, ainda, outro barnabé do judiciário, um certo ministro Barroso, que afirma que a “percepção social” sobre a corrupção e a realidade nacional continua a mesma e que finalmente o judiciário deixou de ser aquele que só pega menino pobre com cem gramas de maconha. A corrupção tornou-se sistêmica e não se lida mais com falhas pontuais... Claro! Corrupção é irmã siamesa da ganância, que é força motriz do capital, de um sistema no qual 99% da riqueza do mundo está na mão de 1% e a cada um minuto nove crianças morrem de desnutrição. E o mais grave: esse modelo é a grande referência da elite do atraso, cujos representantes fervilham nas instituições que apoiaram o golpe.
Hoje, o grande desafio é manter a aparência de democracia e da legalidade. Ninguém entende que Gilmar Mendes, que desenterrou o processo de cassação da chapa Dilma-Temer é o mesmo que salvou Temer. O que vale pra Delcídio não vale pro Aécio, o que vale pra Aécio não vale para parlamentares cariocas. Decisões monocráticas não servem para uns, mas valem para outros. Contudo, a aparência democrática “sobrevive” porque lá está o vice da Presidenta golpeada. Como outrora a ditadura se revestia de legitimidade "democrática" com a dicotomia MDB - ARENA (duas faces da mesma moeda golpista).
É, finalmente, nesse contexto que a grande imprensa (associada ao golpe) tenta cooptar o Exército Nacional, afirmando que este monitora o MST "com atenção", que as mobilizações populares "acenderam o sinal amarelo" e outras notas venenosas. Claro, fazer pressão sobre o Poder Judiciário é monopólio da imprensa golpista. Naquele que, dentre os três poderes, é o menos controlado e impermeável às demandas concretas do povo brasileiro (só tem olhos e ouvidos para as demandas da elite) ninguém esconde a intenção de promover não um julgamento, mas o justiçamento do ex-Presidente Lula.
A imprensa golpista sabe que o povo já tomou consciência de que foi enganado. Agora, tenta impedir que a soberania popular (revelada por pesquisas eleitorais) possa se aliar aos movimentos sociais, aos democratas e aos que desejam um julgamento limpo, baseado em provas, isento de ilações. Trata como “pressão” sobre o Judiciário. Mas, quando essa era formulada pela mídia golpista, incentivada por Sejumoro era legítima. E não havia quem exigisse/ sugerisse a atuação do Exército Brasileiro...
Cuidado golpistas! Exército, Marinha e Aeronáutica são corporações lastreadas na hierarquia e na disciplina e abrigam patriotas. Embora as forças do atraso apostem alto no conservadorismo de tais estruturas, é certo que as lideranças militares não compactuam com a entrega das riquezas naturais do Brasil, nem com a venda a estrangeiros do controle da Embraer, a aniquilação do projeto do submarino nuclear, a doação da base aérea de Alcântara. E, finalmente, mas não menos importante, é certa a grande insatisfação na caserna sua transformação paulatina de força de garantia da soberana nacional numa polícia militar de reserva - o que consiste na mais absoluta subversão do relevante papel que lhe foi conferido pela Constituição Federal.
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-integrante da Interpol em São Paulo
GGN

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A Globo já tem plano B para o desgastado Moro: o juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio. Por Kiko Nogueira

O PT pode não ter plano B para Lula, mas a Globo tem um para o desgastado Sergio Moro: o juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio de Janeiro.
A mesma tática de superexposição encomiástica que transformou o juiz paranaense em super herói — e, hoje, sombra daquela grande esperança branca — está sendo aplicada para alavancar Bretas.
Completamente avesso a qualquer noção de discrição, usuário sem controle do Twitter, vaidoso, fundamentalista que cita a Bíblia em despachos, até ontem um completo desconhecido, Bretas é alvo fácil para a emissora.
Nos dois últimos dias os veículos do grupo bombardearam sua audiência com a “notícia” incrível, espetacular, divina da visita de Bretas ao papa Francisco.
Quem pagou a viagem? Quem combinou o “furo” da Globo?
Em entrevista à repórter Ilze Scamparini, correspondente na Itália e uma das maiores panacas da TV brasileira (um dia eu conto do meu colóquio com ela na cobertura da morte dos Mamonas Assassinas), MB contou que não consegue levar uma vida normal no Rio por causa das ameaças que sofre.
Que ameaças? Não sabemos, mas elas estão sendo “investigadas”.
“Se quiser ir à praia tenho que sair do Rio de Janeiro”, diz ele, externando uma preocupação comum a 99% de seus conterrâneos que, infelizmente, não têm direito a guarda costas pagos pelo contribuinte.
“Sou forçado a sair do local em que vivo para me sentir um pouco mais à vontade. Como aqui em Roma, onde posso andar na rua com tranquilidade.”
Ora, mas que surpresa. 
O papo furando foi ao ar no G1, na Globo News (com vários repetecos), no Jornal Nacional. Poucos dias antes, ele já tinha passado momentos agradáveis no programa de Pedro Bial, curtindo o alto astral do apresentador gente boa.
Para Bretas, há uma movimentação da parte de alguns agentes políticos para aprovar leis que dificultem o trabalho da Lava Jato.
Ilze pergunta o que pode ser feito a respeito disso. Ele devolve, fazendo média: “Controle da sociedade, liberdade de imprensa”.
De acordo com o magistrado, a intenção do encontro com Francisco no Vaticano foi agradecer as “declarações muito oportunas, dirigidas inclusive aos brasileiros”.
“Estamos entrando agora em eleições, um ano muito importante a todos nós. Então, a ideia também era pedir também para que ele mantenha essa pauta, esse tema”, afirmou. 
Nas imagens, ele segura a mão do papa enquanto fala algumas palavras incompreensíveis. Francisco sorri protocolarmente, mais ou menos como fez com João Doria, provavelmente pensando na lasanha que encararia na sequencia. Tudo para as câmeras.
MB sonha com a criação de um tribunal internacional contra a corrupção — e não vê nenhuma contradição em revelar esse deseja numa emissora enrolada até o pescoço no escândalo da Fifa.
“Tenho visto na atualidade que uma das marcas do trabalho do Ministério Público, do Poder Judiciário, das forças tarefa que estão atuando, é que as provas são de muito boa qualidade”, declarou.
Bretas não é lá muito brilhante, mas tem o que a Globo precisa: uma vontade invencível de aparecer e de dizer exatamente o que está no script.
Se der xabu, não faz mal. Outro entra em seu lugar. Ninguém é insubstituível na novela. Nem Barbosa, nem Moro, nem Bretas. E todos conhecem os próximos capítulos.
Do DCM

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O Xadrez de Paulo Hartung, o fiscalista que a Globo inventou, por Luis Nassif do Jornal GGN

A Operação Lava Jato de hoje, no Rio de Janeiro, ao colocar no foco os empresários George Sadala Rihan e Alexandre Accioly, podem ter comprometido a última aventura alternativa para 2018: a candidatura de Luciano Huck.
Na última década, no entorno de políticos jovens, como Aécio Neves, no Rio, e Eduardo Campos, em Pernambuco, vicejou uma jovem plutocracia ambiciosa, que enriqueceu rapidamente no governo Campos. No Rio, o ponto de contato era Aécio, e uma derivação com Eduardo Paes, embora não tenham ficado imune aos afagos do ex-governador Sérgio Cabral. No Espírito Santo, havia Paulo Hartung, da mesma cepa.
A nova fase da Operação Lava Jato, ao prender o empresário Georges Sadala Rihan e colocar no foco das investigações Alexandre Accioly joga um enorme facho de luz sobre o círculo de amigos de Aécio Neves, e sobre a tentativa de lançar Luciano Huck à presidência.
A operação Luciano Huck tem três pilares.
​No primeiro, a visibilidade televisa de Huck. No segundo, montar dobradinha com a suposta modernidade do governador Paulo Hartung, do Espírito Santo, que há tempos vem sendo cevado pela Globo como exemplo de gestor moderno. No terceiro, o pacto com Michel Temer – costurado por Aécio – visando sua futura blindagem, depois que deixar a presidência.
Provavelmente terá vida mais curta.
Uma análise mais acurada do governo Hartung poderá mostrar de forma mais didática esse modelo. Provavelmente, nem Aécio Neves lançou-se à cena política nacional com um passivo tão explosivo de escândalos, como aqueles que rondam Hartung.
Capítulo 1 – o marketing da gestão
Em comum, tanto com o grupo de Campos como com o clube dos amigos de Aécio, Hartung usa o marketing da gestão privada nos negócios públicos, em cima de um conjunto de chavões bem aceitos pelo meio empresarial - gestão, qualidade, eficiência, inovação, responsabilidade fiscal -, e de baixíssima implementação em suas áreas de atuação.
Quem conheceu de perto, sustenta que Campos era, de fato, um grande gestor. Antônio Anastasia poderia ter sido, não fosse atropelado pela interferência deletéria de Aécio Neves.
Mas, no geral, esse marketing oculta simulacros de gestores.
No setor privado, há um medidor de eficiência, o lucro. Mais que isso, ao longo das últimas décadas, as premiações evoluíram, analisando aspectos que vão além dos resultados do exercício, como visão de futuro, ambiente interno das empresas, responsabilidade social e ambiental.
No setor público, o resultado final são os indicadores sociais. Mas o bate-bumbo tem sido apenas em cima dos resultados financeiros. E eles podem ser extremamente enganadores, especialmente devido à dificuldade de analisar estruturas complexas quanto a de um país, um Estado ou mesmo de ume metrópole e da falta de estudos sobre a consistência dos indicadores.
Com isso, surge a figura do Perfeito Idiota Fiscalista, o governador ou prefeito que sai cortando a torto e a direito sem ter a menor noção dos efeitos sobre o resultado final pretendido. Muitas vezes, aliás, sem ter noção sequer sobre os objetivos de uma gestão pública.
Capítulo 2 - o manual do Perfeito Idiota Fiscalista
Critica-se muito um padrão do Perfeito Idiota Latino-Americano, que é o de sacrificar o futuro em favor de resultados eleitorais de curto prazo.
O Perfeito Idiota Fiscalista faz o mesmo, de outra forma.
Em geral, sua estratégia tem duas pernas:
Perna 1 – a manobra da depreciação do ativo
Imagine uma estrada que custou 100 e tem, digamos, 10 anos de vida útil. Para mantê-la eficiente, o estado teria que investir anualmente 10% em manutenção. Ele deixa de investir. No final do ano, aqueles 10 vão compor o resultado fiscal, sendo celebrados como vitória da eficiência. Mas a depreciação da estrada reduzirá a eficiência da economia e jogará um passivo maior para o futuro. E essa esperteza não é captada por uma mídia superficial e pouco ligada em indicadores que não sejam os financeiros.
Aplique o mesmo raciocínio para gastos com educação, saúde e segurança e se terá uma tragédia. O corte na educação, hoje, vai impactar todos os indicadores de educação para a próxima década. O mesmo com os demais setores.
Perna 2 – as experiências de vitrine
Montam-se alguns projetos experimentais de baixíssimo alcance, para colocar na vitrine, visando contornar a carência de políticas universais.
Capítulo 3 – o marketing de Paulo Hartung
Do segundo semestre do ano passado até 4 de fevereiro deste ano, Hartung montou uma verdadeira maratona de palestras visando consolidar uma espécie de “modelo capixaba de gestão”.
No dia 06/10/2016, Paulo Hartung impressionou tanto o Insper, no evento "Projeto Espírito Santo: a reinvenção do Estado", que o notório professor Carlos Mello anunciou a preparação de um e-book contando a "história da destruição e reconstrução" do Espírito Santo.
No dia 10/12/2016 foi a vez de impressionar os clientes do escritório de negócios e consultoria de gestão Bain & Company da América do Sul. Mostrou como reduziu em R$ 1,35 bilhão a peça orçamentária, reduziu as despesas com custeio em 20%. E garantia que o ajuste era estrutural.
A maratona prosseguiu no dia 19/01/2017, com a palestra "Desafios da Gestão e da Inovação do Setor Público em Tempos de Crise", em Seminário no Centro de Debates de Políticas Públicas em São Paulo. Hartung falou da importância do setor público utilizar ferramentas gerenciais avançadas para reduzir o custo da máquina pública e "utilizar a inovação" como solução de desafios e melhoria dos serviços.
No dia 01/02/2017 foi a vez de se apresentar no palco nobre do Credit Suisse. Além dos dados de sempre, sobre o superávit de caixa, Hartung informou que colocou consultoria privada em grandes secretarias, como Educação e Saúde, para reduzir os desperdícios.
Em todos esses eventos, o público viu dados fiscais brutos, não auditados. Não teve como estimar as perdas com depreciação, resultante dos cortes, e teve que confiar na palavra de Hartung sobre o suposto uso da inovação na melhoria dos serviços públicos.
No dia 04/02/2017 o Estadão admitiu que Hartung é um distribuidor de subsídios - faceta que ajudou a crucificar Guido Mantega. Mas, no caso de Hartung, são subsídios do bem. “Quer investir no Espírito Santo? Venha e terá incentivo fiscal. Mas não é pela cara do freguês, não, é setorial, com regras e critérios, não tenho preconceito em conceder incentivos, se é para impulsionar o desenvolvimento do Estado”, explicou o nosso Jack Welch.
E o Estadão terminava gloriosamente:
“Um erro aqui, outro acerto ali, o fato é que o Espírito Santo provou que, mesmo na crise e com o País na pior recessão da história, é possível administrar o dinheiro público com equilíbrio, cortando excessos (espalhados pela gestão pública) e priorizando os gastos na área social”.
Dois dias depois, em 06/02/2017 o Espírito Santo entrava na pior crise da sua história.
Capítulo 4 – o caos instaurado
A Polícia Militar entrou em greve. Explodiram manifestações em toda a Região Metropolitana de Vitória, Guarapari, Linhares, Aracruz, Colatina e Piúma. Pelo Código Militar, os PMs são proibidos de se manifestar ou fazer greve. As portas dos quartéis, então, foram tomadas por familiares dos PMs.
Foram interrompidas as aulas, os atendimentos em postos de saúde, a vacinação. Em um final de semana apenas 22 pessoas foram assassinadas apenas em Vitória.
Hartung estava hospitalizado e deixou para o vice-governador a missão de pedir ajuda das Forças Armadas.
A pauta da PM era o efeito do ajuste: piso salarial de R$ 2.646,12, o menor do país, contra R$ 3.908,00 da média nacional; falta de equipamentos, inclusive de coletes; falta de treinamento.
Mais que tudo, a absoluta falta de diálogo de Hartung, que transformou o funcionalismo público em inimigo, em vez de parceiro.
Como lembrou o jornal A Gazeta, em editorial, as fraquezas da gestão Hartung poderiam ser resumidas no seguinte quadro:
.        Uma insatisfação latente do funcionalismo público estadual, que se sente sacrificado pelo arrocho fiscal implementado (panela de pressão que estava a ponto de explodir a qualquer momento);
·       A fragilidade e a suscetibilidade de instituições fundamentais à ordem pública, como a PMES; o sucateamento e a precarização de serviços públicos essenciais (hoje o grito foi dos servidores da Segurança, amanhã poderá ser os da Saúde e os da Educação, se não se prestar atenção);
·      A dificuldade, a letargia e a demora da equipe de governo em reagir a uma crise de tal gravidade, que pôs a população de joelhos e entregue a um estado de calamidade pública;
·      (...) A vulnerabilidade, enfim, desse pacto social tão frágil sobre o qual se sustenta a nossa vida cotidiana, em qualquer parte do mundo.
Capítulo 5 – o custo dos incentivos “do bem”
O segredo do incentivo fiscal está no chamado deferimento. Ou seja, concede-se o incentivo a um empreendimento que não viria, sem ele. Com o tempo, esse empreendimento gera um retorno em tributos, emprego e produção que compensa o que o Estado perdeu com o incentivo. Se a conta é bem-feita, o Estado ganha. Se é mal-feita, afunda.
O governo Paulo Hartung foi acometido de uma febre de incentivos, sem nenhuma análise mais aprofundada.
Entre 2003 e 2010, o Invest-ES resultou em 209 acordos, representando uma isenção fiscal de R$ 19,8 bilhões.
O Invest-ES previa três metas básicas: geração de empregos; atividade econômica não existente e uso de matéria prima, bens e serviços locais.
Três empresas, já instaladas no Estado, receberam mais de 70% dos deferimentos e não houve sequer a implantação de projetos ou a geração de empregos prometido.
As três maiores contempladas ficaram com 70% dos incentivos e criaram apenas 12% do total de vagas, ou 3.628 empregos diretos.
Em contrapartida, 167 projetos beneficiados, cada um gerando menos de 100 empregos, ficaram com apenas R$ 3,77 bilhões embora gerassem cerca de 5 mil vagas de emprego.
Entre 2004 e 2007 o Estado deixou de arrecadar em torno de R$ 19,3 bilhões de ICMS. É mais do que a arrecadação total de quatro anos de ICMS do governo Hartung.
Estudos feitos pelo Sindipúblicos revelam que empresários podem deixar de arrecadar até 70% do imposto devido em vários tipos de operação.
As estatísticas de vendas do comércio e receita de ICMS demonstram o custo da aventura. As vendas sempre cresceram acima da receita de ICMS. A diferença reflete, em parte, o preço dos subsídios. A sonegação, outra parte.
Estudos do Sindicato do Pessoal do Grupo de Tributação, Arrecadação e Fiscalização do Espírito Santo estimou uma sonegação da ordem de R$ 5,4 bilhões, equivalente a 44% da Receita Corrente Líquida do Estado. Os dados foram corroborados por entidades empresariais.
Segundo os cálculos do Sindifiscal, há apenas 122 servidores da área dedicados exclusivamente à fiscalização, ou um para cada 656 empresas ativas do Estado. A Secretaria da Fazenda dourou as estatísticas incluindo todo o quadro de auditores, o que significaria um servidor para cada 253,9 empresas. Pelo ajuste fiscal sacrificou-se até os setores que poderiam melhor a arrecadação.
Capítulo 6 – os sinais da má gestão
Um dos pontos centrais do desperdício estadual foi a febre por projetos, que acabaram engavetados.
Os desperdícios em projetos
Apenas em 2015, segundo o Século Diário, Hartung gastou R$ 270 milhões em despesas sem empenho – um pecado capital para os defensores da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A lei exige que qualquer despesa pública só poderá ser lançada após o empenho. Desse total, o jornal apurou R$ 56 milhões de despesas não justificáveis.
Um dos casos de maior repercussão foi o do posto fiscal de Mimoso do Sul, obra que consumiu R$ 25 milhões, e sequer passou a fase da terraplanagem.
As obras foram iniciadas em setembro de 2005, porém, a fase de terraplanagem só foi concluída em julho de 2009 – um mês depois de Hartung ter baixado um decreto acabando com seis postos fiscais, entre eles o de Mimoso do Sul.
Mesmo assim, o então governador autorizou uma licitação para a conclusão das obras no valor de R$ 2,9 milhões, encerradas em janeiro de 2010.
Cais das Artes
No final do seu segundo mandato, Hartung decidiu construir seu palácio, sua Cidade da Música, espelhando-se em César Maia. Contratou o premiadíssimo Paulo Mendes da Rocha para assinar o projeto. A obra foi iniciada em abril de 2010, com previsão para ser entregue em 18 meses.
Até hoje está incompleta.
Foi orçada em R$ 115 milhões. Já consumiu R$ 126 milhões. Hartung prometeu retomar as obras em 2018. E precisará colocar mais R$ 80 milhões.
O resultado em cima da depreciação
NO dia 23/02/2017, O Globo publicou um artigo de Tyago Hoffmann, economista e Secretário da Casa Civil no governo Renato Casagrande, antecessor de Hartung, dissecando esse estilo de gestão, de fazer caixa em cima da depreciação dos ativos do Estado.
O que aconteceu no Espírito Santo foi um corte linear de investimentos e custeio, e reajuste zero para os servidores. Isso pode ser comprovado por relatórios disponíveis na Secretaria do Tesouro Nacional e na Fazenda estadual (...) Ao arrefecer a crise econômica nacional e retomados os investimentos, bem como a recomposição salarial dos servidores pelas perdas inflacionárias, voltaremos ao mesmo patamar de despesas orçamentárias de antes. E, numa eventual nova crise, as ações de hoje não garantirão equilíbrio das contas.
Levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), este ano, mostrou que 81% das estradas estaduais possuem irregularidades. No ano passado, 52,9% das estradas eram classificadas como regular, ruim ou péssima. Este ano, subiu para 60,5%.
O desmonte da política de segurança
Mais que isso, houve o desmonte de várias políticas públicas.
Em 2010, o estado foi denunciado à ONU como o segundo mais violento do país. As condições carcerárias motivaram condenação internacional.
A partir de 2011, no governo do antecessor Renato Casagrande, criou-se o Programa Estado Presente, visando a redução de homicídios. Havia duas diretrizes: reestruturação da força policial e a ampliação dos investimentos sociais em áreas com maior incidência de crimes contra a vida.
A ONU reconheceu o programa brasileiro mais efetivo no enfrentamento à criminalidade. Com a volta de Hartung ao governo, houve o desmonte.
A incapacidade de uma revolução gerencial na PM
No caso da Polícia Militar, um gestor moderno trataria de discutir a fundo seu modelo de organização e atuação, para aumento da eficiência. Como a redução dos níveis hierárquicos, o esforço na profissionalização do PM, trabalhando em período integral; o planejamento de ações. Esse é o compromisso fundamental da verdadeira gestão.
Nada disso ocorreu, segundo o estudo “As Faces da Gestão da PM no Espírito Santo”, dos pesquisadores José Dirceu Pereira, Hélio Zanquetto Filho, Alfredo Rodrigues Leite da Silva e Gelson da Silva Juquilho.
Os oficiais fazem vistas grossas ao duplo emprego dos soldados, devido à precariedade dos salários, comprometendo um princípio básico de gestão: o profissional exclusivo.
As promoções por mérito, que deveriam ser a base de toda organização eficiente, foram relegadas a segundo plano, mantendo-se o estilo burocrático de promoção por tempo de serviço.
Um dos pontos principais da boa gestão, o foco no cliente jamais foi considerado. Hoje em dia até os chamados “cidadãos de bem” temem a PM. E a escassez de recursos deixou nas mãos da PM definir o que é prioritário. Com isso, abandonaram um dos pontos essenciais para a paz social: a mediação de conflitos e o patrulhamento preventivo.
A manipulação dos indicadores
Não apenas isso. Um dos predicados do bom gestor é o respeito absoluto aos indicadores.
Para cumprir com os percentuais obrigatórios de gastos com educação, Hartung incluiu na conta da manutenção e desenvolvimento do ensino, despesas de R$ 615 milhões com aposentadoria de professores, atropelando dispositivos constitucionais. A ponto do Procurador Geral da República Rodrigo Janot protocolar uma Ação Direita de Inconstitucionalidade contra ato do Tribunal de Contas do Estado, permitindo esse malabarismo fiscal.
Pouco antes da explosão da PM, a truculência fiscal já havia se manifestado na educação, com o fechamento de escolas rurais e de Conselhos Escolas, pelo Secretário de Educação do Estado. Até o final de 2016, 50 escolas rurais foram fechadas, sem consulta qualquer aos Conselho Escolares ou aos alunos, com a desculpa de concentrar os alunos em escolas-polo maiores. Segundo o governo do Estado, o fechamento se baseou em um estudo sobre a “viabilidade econômica das escolas” (!).
Houve aumento na evasão escolar, devido às dificuldades de locomoção dos moradores do campo.
O descaso com a Previdência
Apesar de apregoar insistentemente a necessidade de uma reforma na Previdência estadual, apesar das três gestões como governador, em nenhum momento Hartung tratou de enfrentar o problema, com a criação de um fundo financeiro ou mesmo de uma estrutura capaz de montar estudos atuariais adequados, conforma apurou estudo do Ministério Público das Contas do Estado do Espírito Santo.
Deixou tudo por conta da palavra mágica: “reforma”.
Capítulo 7 - Os casos suspeitos
Na última campanha eleitoral, foi revelado que logo após Hartung deixar o governo, a Éconos (Economia Aplicada aos Negócios), empresa da qual ele é sócio, junto com o ex-Secretário da Fazenda José Teófilo recebeu quase R$ 6 milhões em três anos, de empresas que tiveram alguma forma de benefício do estado.
Um dos sócios da empresa, Felipe Saade Oliveira, foi nomeado Consultor de Finanças Públicas do Tribunal de Contas do Estado. As suspeitas de escândalo povoam toda a vida pública de Hartung.
Venda de terrenos para empresas beneficiadas
Os terrenos foram adquiridos pela Agropecuária Limão ME. Revendidos para a BK Investimentos e Participações Ltda e para a ZMM Empreendimentos e Participações Ltda que, por sua vez, revenderam para a Ferrous Resources do Brasil, empresa premiada pelo Invest-ES .
Quando se abria o mapa de participações acionárias, revelou-se uma trama suspeita.
Paulo Hartung é o governador do Estado e criador do Invest-ES.
José Teófilo de Oliveira era seu Secretário da Fazenda, co-idealizador do Invest-ES.
Felipe Saad Oliveira é filho de Teófilo
Fabrício Cardoso de Freitas – um advogado ligado a Paulo Hartung. Além do escritório de advocacia, aparece como sócio de 9 outras empresas. Aparece como sócio de Teófilo na BK e participa também da Agropecuária Limão Ltda. Na venda dos terrenos a participação foi da Agropecuária Limão ME, mais restrita.
Paulo Sardenberg – é corretor imobiliário, o homem que traz as oportunidades de terrenos.
Marco Novaes – ex-vereador e ex-secretário de Presidente Kennedy, envolvido em vários problemas de terras na cidade. Os demais são parentes.
O Século Diário confirmou com a direção da Ferrous Resources do Brasil, a participação do Éconos nas negociações para conseguir terrenos e deferimentos fiscais para a instalação de uma planta industrial em Presidente Kennedy.
Segundo a Polícia Federal, na Operação Lee Oswald, "todas as operações realizadas, num período de 90 dias, resultaram, estimativamente, em um lucro de R$ 50 milhões para os envolvidos".
O inquérito levantou a cronologia do negócio: "No Cartório de Registro Geral de Imóveis de Presidente Kennedy, em 09 de julho de 2008, uma área de 61,9 alqueires foi avaliada por R$ 180 mil, no dia 16 de julho de 2008, a área foi comprada pela empresa paulista Tríade Importação por R$ 600 mil, no dia 25 de julho de 2008 a mesma área foi comprada pela ZMM por R$ 12 milhões, no dia 04 de agosto de 2008, quatro dias depois do protocolo de intensões selado em Palácio, a ZMM vendeu a área para a Ferrous por R$ 27,9 milhões. O terreno teve uma valorização de 150 vezes do seu valor inicial em apenas 25 dias". 
A explicação do ex-Secretário Teófilo é que se afastou do cargo de Secretário da Fazenda em 4 de abril de 2008 e só no mês seguinte tomou conhecimento do Projeto Ferrous. E isso porque foi espontaneamente procurado pela empresa para identificar área de 10 mil m2 para implantação da empresa.
Consultoria para empresas beneficiadas
Documentos em poder do Tribunal de Contas do Estado, divulgados pelo site Congresso em Foco, mostram que várias empresas que prestavam serviços ao Estado repassavam pagamentos mensais à Econos.
O mecanismo de pagamento consistia na emissão de notas para a mesma razão social. O site teve acesso a nove notas fiscais emitidas por Hartung e José Teófilo em nome de uma empresa de construção. Isso apenas entre junho de 2011 e fevereiro de 2012. Outro lote de notas, emitidas entre junho de 2011 e janeiro de 2012 revelaram sete delas em nome da mesma empresa.
O caso do juiz assassinado
Trata-se de um episódio cabeludo, e ainda não elucidado.
O juiz Alexandre Martins filho foi assassinado em 2003. Pouco antes de sua morte, disse à sua personal trainer, Júlia Eugenia Fontoura, que temia ser assassinado por Paulo Hartung. O juiz era membro de missão especial que investigava o crime organizado e apurava o envolvimento de Hartung em atos de corrupção na prefeitura de Vitória, quando foi prefeito.
O depoimento de Júlia Fontoura foi tomado no dia 24 de março de 2003. O juiz foi assassinado em frente a sua academia. Segundo ela, o juiz contou-lhe um encontro com Paulo Hartung, no qual foi-lhe oferecido uma escolta. Segundo ela, o juiz lhe teria confidenciado que temia ser morto a mando de Hartung, pois se não aceitasse tiraria a responsabilidade dele sobre o que pudesse lhe acontecer.
Segundo seu depoimento, o juiz dizia possuir dez cópias de fitas com conversas gravadas entre Paulo Hartung e o ex-governador José Inácio Ferreira – denunciado e afastado do governo por corrupção.
Pode ter sido apenas paranoia do juiz, que sabia estar mexendo em vespeiro.
No entanto, durante as investigações para apurar a morte do juiz, o governo do Estado comprou um equipamento Guardião, de escuta telefônica, o mesmo utilizado pela Polícia Federal. Em 2005 descobriu-se que o Secretário de Segurança teria autorizado o grampo nos telefones do jornal A Gazeta, de Vitória. Não se sabe o que ocorreu entre o jornal e o governador, mas acabou vingando a tese de que o “grampo” tinha sido por engano. Ora, pode-se enganar na definição do número do aparelho grampeado. Mas depois da primeira conversa gravada, se constataria o engano. E o grampo prosseguiu até ser denunciado.
O coronel Luiz Sérgio Aurich, que era chefe da Casa Militar quando o juiz foi morto, chegou a sugerir a federalização do caso com base em quatro motivos:  1) ter sido informado que o coronel da reserva da PM Walter Gomes Ferreira estava fazendo ligações do Acre para o ES; que os promotores já sabiam da transferência de Ferreira antes da decisão do juiz Alexandre; que o então secretário de segurança Rodney Miranda tinha relatado que pessoas importantes do estado estavam envolvidas no crime e, por último, o depoimento da personal trainer Júlia Eugênia, que envolvia o governador à época, Paulo Hartung, num esquema de corrupção na Prefeitura de Vitória, quando ele era prefeito da Capital”.
Não apareceram provas materiais que comprovassem a ligação de Hartung com o crime.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) intimou o governo Paulo Hartung a dar explicações sobre acusações de fraude envolvendo o projeto BRT. O consórcio contratado para gerenciar o projeto de corredores exclusivos para ônibus não cumpriu o contrato, gerando prejuízo de R$ 12 milhões para o Estado.
Em sua nota, o BNDES informou não ter sido notificado pelo governo do Estado sobre as fraudes. No mesmo momento, a Secretaria de Estado de Transportes e Obras (Setop) garantia que já tinha informado o banco sobre as fraudes.
A censura a blogues
Além do grampo no jornal A Gazeta, nas últimas eleições “Hartung conseguiu junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo a censura de matéria publicada no veículo ES e no blog do jornalista Elmar Cortes, sobre a venda de um apartamento de luxo em bairro valorizado de Vitória”, segundo o Congresso em Foco.
Foi uma transação imobiliária de 2011, que Hartung escriturou a propriedade no valor de R$ 48 mil e no mesmo dia vendeu-a por R$ 2,1 milhões. A denúncia é que a supressão de valores visava encobrir discrepâncias na declaração de bens de Hartung à Justiça Eleitoral. Segundo sua declaração, ele teria “empobrecido” R$ 300 mil entre 2006 e 2014.
A mansão escondida
Outro problema imobiliário é a mansão na qual mora Hartung – que nada fica a dever, em suntuosidade, à casa de campo de Sérgio Cabral. Segundo o Século Diário, o terreno foi comprado por Hartung e esposa em agosto de 2011 por R$ 120 mil. A construção é imponente, com alto padrão de acabamento e materiais de última geração, segundo o jornal. Fontes do mercado estimaram seu preço em mais de R$ 2 milhões.
Segundo a matéria, o Ministério Público Estadual estaria investigando a alienação de um terreno em Vila Velha do governo do Espírito Santo para uma empreiteira cliente da Econos. Segundo as investigações, o grupo adquiriu a área por R$ 1,9 milhão, cinco vezes menos que o valor de mercado praticado na época naquela região.
Conclusão
Apesar de se estar na era da informação, ainda há barreiras quase intransponíveis para se avaliar determinados personagens políticos. O caso Aécio Neves foi um deles. Mesmo o caso Eduardo Campo terminou encoberto, apesar de seu notório envolvimento do episódio dos precatórios do estado, quando governado por seu avô.
O caso Fernando Collor, quando governador de Alagoas, foi outro. Na época, a Folha foi o único jornal com coragem para desvendar seu histórico.
Agora, nenhum parece ter coragem de dissecar nenhum personagem que faça parte do seu campo político.
Paulo Hartung é um desses casos que atestam a baixa capacidade dos grupos de mídia de fazer circular informações relevantes sobre personagens públicos.
As informações acima foram obtidas pesquisando sites, blogs, inquéritos da Polícia Federal e do Tribunal de Contas, e a cobertura de A Gazeta, de Vitória.
GGN

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

William Waack: sem volta, punição é comemorada na Globo

O afastamento de William Waack do Jornal da Globo por declaração racista gravada em vídeo em circunstâncias consideradas misteriosas (alguém “de dentro” gravou) seria irreversível, segundo sitesdedicados a assuntos de televisão.
Nos bastidores da Globo, a notícia teria sido recebida com “um misto de perplexidade e de celebração”. Alguns comemorariam, pois Waack tem um histórico de arrogância.
A Globo declarou que irá conversar com Waack sobre os “próximos passos”. Para observadores da cúpula da emissora, esses “próximos passos” não incluem o retorno ao Jornal da Globo.
Sem supresas. Para boa parte dos profissionais da Globo em São Paulo, o vídeo que derrubou William Waack não foi nenhuma surpresa.
Fontes relatam que o âncora tem fama de ser arrogante e uma extensa lista de pessoas maltratadas.
Durante algum tempo, Waack estacionou seu carro em vaga de estacionamento destinada a deficientes físicos porque ela ficava mais próxima do acesso à Redação.
Reservadamente, jornalistas da Globo relatam que já ouviram de Waack afirmações machistas e racistas, mas ressalvam que não sabiam se ele estava falando sério ou não.
 Blog da Cidadania