quinta-feira, 21 de abril de 2011

A COMUNIDDE SANTA CRUZ, BAIXO PARNAIBA MARANHENSE

Procuraram sobre a comunidade de Santa Cruz, município de Buriti de Inácia Vaz, Baixo Parnaiba maranhense, para o seu Loura, morador do povoado de São Raimundo, município de Brejo, e ele decantou algo singular para uma comunidade negra do Baixo Parnaíba : “Eles estão ricos”. Como quase tudo no Baixo Parnaíba maranhense, uma simples revelação colide com uma perspectiva de existência que se imortalizou entre trechos de piçarra e de areal sem que, contudo, ninguém ousasse romper com essa pretensa imortalidade a toda prova.    

Pela conversa do seu Loura, os moradores de Santa Cruz nadavam em dinheiro como só tio Patinhas sabia fazer em sua caixa-forte.  Para algumas comunidades do Baixo Parnaíba, a riqueza se traduz em cabeças de gado e cercas de arame farpado. Ele salteou um pouco o propósito do “eles estão ricos”: “Compraram gado e cercaram com arame a propriedade toda”.

Em seus relatórios, o Incra descrimina a comunidade  com quase três mil hectares de terra entre os municípios de Buriti de Inácia Vaz e Brejo, a beira do rio Parnaiba. Fica a dúvida para um pobre mortal se a comunidade de Santa Cruz é um assentamento federal ou se é uma comunidade quilombola. 

Em determinado momento da história, o Incra felicitou a comunidade com o epíteto assentamento como em muitos outros casos que condizem mais com o aspecto quilombola da questão agrária no Brasil. Aparentemente, dessa forma, evitava-se maiores problemas para comunidades que o judiciário despejaria  sem pensar duas vezes, bastando que o proprietário requeresse a reintegração de posse.

A área entre Buriti e Brejo, uma parte bacia do rio Buriti e outra parte bacia do rio Parnaíba,  enrouquece com várias comunidades tradicionais, nas quais, inúmeras refletem a questão quilombola  na região.  

Mayron Régis

O MA TEM A MENOR DENSIDADE DE CELULARES NO PAÍS, VEJA

BRASÍLIA - O Brasil terminou março com 210,5 milhões de assinantes da telefonia celular, conforme anunciado hoje pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No final de fevereiro, o País tinha 207,5 milhões de celulares, ou seja, foram adicionados cerca de 2,9 milhões de terminais ao Serviço Móvel Pessoal (SMP) somente no mês passado. Considerando o resultado acumulado do primeiro trimestre de 2011, foram 7,6 milhões de novos celulares, informa a Anatel.

A teledensidade ao final do mês passado atingiu a marca de 108,34 acessos para cada grupo de cem habitantes, ou seja, há mais de um celular para cada brasileiro. Em fevereiro, a teledensidade era de 106,91 celulares para cada grupo de cem habitantes. A distribuição, entretanto, não é homogênea, pois somente 17 unidades da Federação têm mais de um celular por habitante: DF, SP, MS, RJ, GO, RS, RO, MT, SC, PE, ES, PR, TO, RN, AP, MG e SE. O Estado com a mais baixa teledensidade ao final de março foi o Maranhão, com 65,11 terminais para cada grupo de cem pessoas.

Por área de registro, a maior teledensidade é a do código 71, de Salvador (BA), com 164,78 acessos para cada grupo de cem habitantes. No final do ranking ficou a área de registro 97, de Coari (AM), onde a teledensidade atinge somente 25,77 telefones móveis para cada cem habitantes.

Pré-pagos
Quanto à forma de pagamento, os pré-pagos representam 82,18% do total, ou seja, 173 milhões de celulares. Os pós-pagos somam 17,82% do total, ou 37,5 milhões de terminais.

Na divisão de mercado por operadoras, a liderança foi mantida pela Vivo, com 62,061 milhões de celulares, ou 29,48% do total. A Claro está em segundo lugar com 53,437 milhões de celulares, o que representa 25,39% do mercado. Em terceiro lugar está a TIM, com 52,848 milhões de celulares, ou 25,11% do mercado. A quarta posição é da Oi, com 41,442 milhões de telefones móveis, ou 19,69% do total. A Anatel cita também a CTBC, Sercomtel e Unicel que, juntas, não atingem 1% de participação.

AYR ALISKI - Agencia Estado

terça-feira, 19 de abril de 2011

VEJA O QUE ABRE E FECHA NESTE FERIADO EM SÃO LUÍS

Feriado prolongado altera os horários de atendimento de alguns dos principais serviços da cidade

O feriadão de Páscoa vai alterar a rotina em São Luís. Alguns órgãos já não estão funcionando, como a agência do Sistema Nacional do Emprego (Sine) em São Luís. O poder Judiciário para nesta quarta-feira. No entanto, os supermercados da capital maranhense interrompem suas atividades apenas na sexta-feira da Paixão. Até mesmo a principal entrada de São Luís terá funcionamento alterado nesse feriado. No domingo de páscoa, a BR-135 será interditada no sentido São Luís – Interior, durante quatro horas. Confira abaixo o que abre e fecha em São Luís.

Supermercados:

Segundo a Associação Maranhense de Supermercados (Amasp), na quinta-feira (21), feriado de Tiradentes, o funcionamento será normal, das 8h às 22h. Já na sexta-feira (22), os supermercados fecham e reabrem no sábado (23), também em horário normal: entre 8h e 22h. No domingo de Páscoa (24) o funcionamento também é normal: das 8h às 14h.

Comércio:
Pelas informações da Câmara de Dirigentes Lojistas de São Luís (CDL), o setor comercial de São Luís, principalmente a Rua Grande (maior centro de compras da capital do Estado), funcionará na quinta-feira (21) das 8h às 13h. Na sexta-feira (22), os estabelecimentos comerciais fecham as portas.

BR-135:
Por causa do feriadão, ela será fechada em dois períodos entre o km 23 e km 45, no sentido São Luís interior do Estado, no domingo de Páscoa (24). O objetivo é evitar congestionamentos na volta para casa. No sentido contrário, a BR-135 funcionará em mão única em direção à capital maranhense. A alteração no trânsito ocorrerá das 13h às 15h e entre às 16h e 18h. Nos demais horários, a BR terá tráfego normal.

Saúde:

Funcionam os serviços de urgência e de emergência das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do governo do Estado e dos Socorrões I e II durante todo o feriado. As Unidades Mistas funcionarão apenas para casos de emergência.

Educação:

Não haverá aulas na quinta (21) e na sexta-feira (22) nos colégios estaduais e municipais. A reabertura das escolas da rede pública ocorre na próxima segunda-feira, dia 25 de abril.

Poder Judicário:

Por meio do ato da presidência número 12/2010, o Tribunal de Justiça (TJ) do Maranhão não terá expediente já a partir desta quarta-feira (20), considerado ponto facultativo. Na quinta (21) e sexta-feira (22) também não haverá expediente. Durante o feriadão, funcionará apenas o Plantão Judiciário. A Justiça volta a funcionar normalmente na segunda-feira, dia 25 de abril.

Repartições públicas:
Secretarias de governo e do município fecham as portas na quinta (21) e sexta-feira (22) desta semana e retornam ao normal na segunda-feira à tarde.

Trabalho:
As agências do Sistema Nacional do Emprego (Sine) de São Luís e de mais 12 cidades maranhenses já estão fechadas deste esta segunda-feira (18). A Secretaria de Estado de Trabalho e Economia Solidária (Setres) aproveitará o feriadão para fazer adequações técnicas de implantação de um novo sistema de gestão de vagas de emprego. As atividades voltam ao normal dia 25 de abril.

Shoppings:
Os shoppings Tropical e Monumental fecham as portas na quinta-feira (21) e sexta-feira (22) voltando a abrir normalmente às 9h de sábado (22). No Tropical funcionará apenas a praça de alimentação durante estes dois dias, mas apenas até às 15h. No Rio Anil Shopping, os serviços de praça de alimentação funcionarão na quinta (21) e sexta-feira (22) das 12h às 22h e as salas de cinema entre 12h e 22h20. AS lojas funcionarão em horário especial na quinta e ficarão fechadas na sexta-feira. Sábado e domingo o shopping terá funcionamento normal.

Wilson Lima, iG Maranhão

segunda-feira, 18 de abril de 2011

MA CONTINUA NO TOPO DO CHEQUE SEM FUNDOS

Em março, 1,87 milhão de cheques - 2,13% do total - foram devolvidos, um índice superior aos de fevereiro  e janeiro

SÃO PAULO - O porcentual de cheques devolvidos no Brasil subiu pela terceira vez no ano, de acordo com pesquisa divulgada hoje pela Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito. Em março, 1,87 milhão de cheques (2,13% do total) foram devolvidos, um índice superior aos de fevereiro (1,83%) e janeiro (1,70%).

Apesar dos avanços mensais verificados, o primeiro trimestre de 2011 registrou o menor número de cheques devolvidos para o período nos últimos seis anos. De janeiro a março, houve 1,89% de devoluções de cheques. Em 2005, no mesmo período, esse porcentual havia sido de 1,74%, informou a Serasa Experian.

Na avaliação dos economistas da entidade, a alta na inadimplência dos cheques em março é provocada, em parte, por efeitos sazonais. O orçamento familiar é pressionado no mês por despesas com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), com o material escolar e com as férias e o carnaval.

A entidade também cita o efeito de fatores conjunturais sobre a inadimplência, como o aumento da inflação, que reduz o poder aquisitivo do consumidor, além do aperto monetário, que encarece o crédito.

Regiões
Os Estados com menor índice de cheques devolvidos em março foram São Paulo (1,45%), Rio de Janeiro (1,56%) e Paraná (1,62%). Os três estão abaixo da média do País, que ficou em 1,89%. Já os Estados com pior índice foram Roraima (10,88%), Maranhão (9,22%) e Acre (7,41%). Além disso, a Região Sudeste teve o menor porcentual (1,55%), enquanto a Região Norte registrou o maior índice de cheques sem fundo (4,03%).

Circe Bonatelli, da Agência Estado

RELATOR DE CASSAÇÃO DE ROSEANA PRESIDIU FUNDAÇÃO JOSÉ SARNEY

José Carlos Sousa e Silva foi nomeado pela Justiça Eleitoral do Estado para avaliar ação contra governadora do Maranhão. Isto parece piada, mas não é estamos no Brasil, mais precisamente no MARANHÃO.

Ex-presidente da Fundação José Sarney, José Carlos Sousa e Silva será o relator da ação impetrada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) que pede a cassação de Roseana Sarney (PMDB). Na ação, o MPF acusa a pemedebista de ter beneficiado politicamente da implantação de um programa habitacional chamado “Viva Casa”.

José Carlos Sousa e Silva é membro substituto do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA) desde novembro de 2007 e, no ano passado, foi um dos principais defensores da não aplicabilidade da lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010. A indicação dele para a relatoria do processo ocorreu por meio de sorteio do TRE-MA.

Silva foi presidente da Fundação José Sarney até o início de 2009, ano das revelações feitas pelo jornal O Estado de S. Paulo de que a entidade teria desviado recursos da ordem de R$ 1,3 milhões fruto de convênios com a Petrobras. Procurado pela reportagem do iG, Silva não comentou a sua indicação para a relatoria do processo de cassação de Roseana Sarney. Disse apenas que a escolha do seu nome para dar parecer sobre o processo contra a pemedebista “era uma competência do TRE-MA”.

O Ministério Público Eleitoral pediu a cassação do mandato da governadora Roseana Sarney afirmando que, tal qual Cássio Cunha Lima (PSDB), governador da Paraíba em 2006, a filha do senador José Sarney foi beneficiada por um programa assistencial em ano eleitoral. No caso de Roseana, o “Viva Casa”, que tinha o objetivo de construir casas populares e entregar “kits construção” contendo areia, cimento, barro, entre outros itens. Em 2010, conforme a acusação do MPF, o “Viva Casa” abriu créditos da ordem de R$ 62,8 milhões.

No entendimento do MPF, a instituição do programa habitacional foi irregular porque ele precisaria de lei específica a ser aprovada na Assembléia Legislativa do Estado (AL-MA) e antes de ano eleitoral. Oficialmente o programa foi criado em novembro de 2009, mas o procurador Régis Richael Primo da Silva argumenta que as primeiras ações do “Viva Casa” começaram em março de 2010.
 
Wilson Lima, iG Maranhão

domingo, 17 de abril de 2011

IMPERATRIZ-MA FAZ CONCURSO

A Prefeitura de Imperatriz (MA) abriu processo seletivo para 238 vagas temporárias de níveis fundamental, médio e superior. As vagas são para suprir os serviços de Proteção Social Básica e Especial, CIESI, Segurança Alimentar e Nutricional, Casa Brasil, Equoterapia, Órgão Gestor da Assistência Social e Casa dos Conselhos. Os salários variam de R$ 545 a R$ 1.350 (veja aqui o edital).

Os cargos de nível fundamental são de cuidador social, instrutor de bordado em fita, instrutor de depilação e maquiagem, instrutor de manicura e pedicura, instrutor de cabeleireiro, instrutor de rede em fio, instrutor de panificação, instrutor em ornamentação de sandálias, instrutor de vagonite, instrutor de bijuterias, instrutor de biscuit, eletricista, equitador e tratador.

Os cargos de nível médio são de educador social, supervisor de pólo, orientador de atividades lúdicas, supervisor de processo, instrutor de basquete, instrutor de oficina de trabalhos manuais (artes), instrutor de oficina de teatro, de capoeira, de serigrafia, de dança, de música, de corte e costura e de pintura, instrutora de braile, instrutor de libras, entrevistador domiciliar, instrutor de percussionista, instrutor de violinista, de pianista, de sanfoneiro, de voleibol, de handebol, de futebol, recreadores socioculturais e operador de caixa.

Os cargos de nível superior são de assistente social, nutricionista, pedagogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, educador físico, técnico em laboratório de ciências, técnico em sala de leitura, professor de telecentro- informática, orientador social, educador social, instrutor de natação, assistente de programas e projetos musicais e supervisão de ações.

As inscrições podem ser realizadas nos dias 18, 19 e 20 de abril, das 8h às 17h, na Casa Brasil, localizada na Rua Godofredo Viana, s/nº, Centro de Imperatriz (MA).
O processo seletivo terá análise de títulos e entrevista.

O contrato terá duração de 1 ano e pode ser prorrogado por igual período.

Com informações do 180 graus

ARMAS, O DISCURSO DOS OPORTUNISTAS DE PLANTÃO

O que se deve saber

Gostaria de  sugerir aos senhores distintos   parlamentares  que torraram R$ 1 milhão com um ponto que ninguém vái usar,  que façam um plebiscito  perguntado à sociedade brasileira se uma determinada família do Estado do Maranhão, que  locupletou-se  a vida toda, deveria deixar a cena política de uma vez por todas.
Antonio Roberto Vianna Santos antoniocaulauro@hotmail.com
Tramandai (RS)

Demagogia no plebiscito

Parabéns ao Jornal O Estado pela oportuna, esclarecedora e sintética NOTA (Notas informações A/3, 15/04/11) que desmascara o oportunismo político do Senador José Sarney e dos líderes dos partidos governistas diante da calamidade na Escola de Realengo. No momento em que a Presidente esforça-se para equilibrar as despesas, vem esses demagogos propugnar por um desnecessário repeteco de Plebiscito com uma despesa aproximada  de mais de R$ 200 milhões. O foco da questão está na “proibição total e absoluta da venda de armas de fogo e munição no País “. Ora, uma coisa é LIMITAR o exercício de um Direito, outra coisa bem diferente é SUPRIMIR  este Direito totalmente. É uma insanidade mental desarmar as vítimas para estimular os assassinos pela retirada do elemento dissuasão
José Ávila da Rocha  peseguranca@yahoo.com.br
São Paulo

A comoção e o oportunismo

O oportunistunismo do senador José Sarney, tirando uma casquinha na comoção nacional, devido a tragédia do colégio em Realengo, reacendeu o nefasto projeto do desarmamento e pleita um novo referendo popular. Sob o curtissimo ponto de vista, entende que a proibição do comércio de armas legais resolverá o problema da violência no Brasil. Quando a cerne do problemas e bem maior que isto. Pessoas de bem, assim como eu me incluo, não têem arma em casa, nem pretendem  comprar quaisquer tipo de arma. Pessoas do bem, respeitáveis, inteligentes, zelam pela vida. Bandidos não adquirem armas por via legais, razão pela qual sou contra o desarmamento, em especial nos moldes que propõem. Têem que se estabelecer normas legais e fiscalizar as nossas fronteiras, nossas instituições fraudulentas, muitas destas armas sao fornecidas por quem de direito, teria que coibir e combater. São compradas com a forma que abastece o crime e drogas pesadas, tais como: a maconha, a cocaína e o crack que entram em toneladas no Brasil ilegalmente. Obviamente, que o problema da violência em nosso país não restringe somente na arma legal, bemo como as drogas, mas sim em série de circunstâncias, inclusive, as leis frouxas, que beneficia bandidos, inclua-se os políticos na mesma proporção. Tem haver reforma duras nas leis penais, reformas políticas, combate a corrupção, cadeia para igualmente para bandidos pobres e ricos, fim da prisão especiel, todos os criminosos serão iguais e terão o mesmo tipo de tratamento prisional, inclusive políticos, juízes, advogados etc.... Fim do apadrinhamento, nepotismo e das benesses e favorecimentos. Queremos um país igualitário, justo, com homens honrados, cívicos de decentes.

Raimundo Felix da Silva rfelixdasilva@yahoo.com.br
Niterói (RJ)

sábado, 16 de abril de 2011

O MARANHÃO DE LUTO *

É como se os corvos de Edgar Allan Poe cruzassem os céus cinzentos pela borrasca impiedosa que se abate sobre São Luís. Chove lama, chove escuridão e há desânimo nos rostos, como se fôssemos incompletos pelo pesar de descobrir que não somos senhores de nossos destinos.

Um povo inferior, incapaz, a ponto de não ter direito sequer de escolher seus governantes, porque os corvos, espalhando sobre o teto de nossas consciências ‘sombras desiguais’, decidem por nós o que vamos ser e o que podemos querer.

É a ameaça. A ameaça que esteve aqui por dois anos e quatro meses, a se concretizar e garantir uma madrugada eterna, sem a luz da lua, sem promessas de alvorada. O frio a doer nos ossos, a democracia feita em postas, a vontade de um povo arrancada a fórceps para que eles, os corvos, continuem a impor sua longa noite nos umbrais do Maranhão. Como quis Edgar Allan Poe “Noite, noite e nada mais”.

Sim, de repente o mundo ficou escuro e a esperança descoarada pela presença interminável dos corvos a nos fazer pequenos, diminutos, desprotegidos, sem forças, aves e bichos à nossa volta e os corvos a repetirem: “Nunca mais”. Como lutar contra o poder desses abutres, a sede desses vampiros, esse animal súbito, dono do Maranhão, a nos olhar sanguinolento pronunciando sempre e sempre “Nunca mais”?

Os olhos fatais do escuro animal, macho ou fêmea, a reforçar nosso luto e a convencer-nos de que a vontade de meia dúzia de ministros e políticos pode mais que nossos corações. E a única reação será poética? “Profeta, profeta, demônio ou ave preta”, corvo amaldiçoado, nunca diga “Nunca mais”.

São duas tempestades, de água e morte se abatendo sobre a gente e as trevas crescendo, sombras enormes vergando São Luís de lado a lado, deixando um cheiro terrível de vingança, de carniça, de ódio derramando em forma de lei. Aves de mau agouro, uma dor de irmãos siameses apartados, assim como descreveu Augusto dos Anjos, a aumentar nossa descrença na catedral jurídica deste país. Porque um julgamento sem instâncias, a ofender o duplo grau de jurisdição, trará os corvos de volta ao poder. E nós todos maranhenses sob a tutela desses vultos perversos que nutrem essa agonia intensa de viver sem liberdade.

Literalmente, as asas lutulentas, negrejadas, os olhares de fogo informam que alguma coisa morreu aqui e o que sobrou ainda está a morrer. Um povo, um Estado inteiro lançado ao luto com todos seus valores éticos perdidos. Um povo em estado de choque, presa de raiva e hostilidades, sobrecarregado de ansiedade e fadiga, porque forçado a renunciar à própria dignidade, porque divorciado de sua inestimável cidadania. E os corvos a gargalhar e a soltar foguetes como que no cio diante de nossa tragédia, zombando da nossa cólera, da insuficiência de membros que reajam à ignomínia de suas presenças.

O Maranhão, solitário e sem futuro, em estado vegetativo, aceita silencioso o coma a que foi induzido pelas artimanhas deploráveis armadas num Tribunal dito Eleitoral e superior.

*Editorial do Jornal Pequeno publicado na edição de 17 de abril de 2009

Do Blog do Manoel Santos/JP

HÁ DOIS ANOS JACKSON LAGO FOI RETIRADO DO GOVERNO

Esta data ficou marcada na história política do Maranhão. Foi naquela noite tristemente memorável que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) oficializou a farsa costurada pelo velho dinossauro da política do Maranhão, culminando com a cassação do mandato do então governador Jackson Lago (PDT) e de seu vice, Luiz Carlos Porto (PPS).

Com a decisão, Roseana (PMDB), segunda colocada na eleição de 2006, assumiu no lugar de Jackson Lago.

Os ministros do TSE rejeitaram os recursos apresentados pela defesa do então governador contra a decisão da Corte, com a acusação forjada nos porões da perseguição dos Sarney, com o nome de abuso de poder político nas eleições de 2006.

Os ministros também rejeitaram um recurso em que João Melo Bentivi, candidato do Prona ao cargo de governador do Maranhão nas eleições de 2006, reclamava tomar posse no lugar de Roseana. Bentivi questionava o fato de a legenda não ter sido incluída no processo como parte interessada na ação. O relator dos recursos, ministro Eros Grau, afirmou que os recursos eram improcedentes.

Com informações do Blog de Manoel Santos Neto

sexta-feira, 15 de abril de 2011

AS APARÊNCIAS DAS MONOCULTURAS ENGANAM

Comparadas com as comunidades tradicionais do Baixo Parnaiba maranhense, as monoculturas de soja e de eucalipto se embranquecem e se rejuvenescem com a certificação de alguma empresa de consultoria ambiental. As aparências enganam como se soube recentemente tanto em Mangabeirinha, município de Urbano Santos, como na sede do município de Buriti de Inácia Vaz.

Por conta de um texto do começo de 2010, a empresa Suzano Papel e Celulose portou cascos e cascos de cerveja para distribuir para a comunidade de Mangabeirinha no mês de dezembro como uma forma de comemorar não sei o quê, se bem que a equipe de assistentes sociais de uma só tacada verbal fundeara em solo de Mangabeirinha um campo agrícola. Só não afiançara a data remota de quando esse campo agrícola deslancharia e como não afiançara ficou o dito pelo não dito e o campo se esterilizou como tantas outras promessas da Suzano. Os moradores de Mangabeirinha enforcaram outras posturas dos funcionários das terceirizadas da Suzano que tempos atrás pediram para os filhos do seu Crispim trabalharem na empresa, contudo os demitiram quando eles se recusaram a manusear os venenos que seriam dispersos pelos plantios de eucalipto.

Depois da matéria veiculada pelo globo rural em janeiro de 2011, na qual se encalacrava a monocultura do eucalipto nos diversos males que ela provoca nas comunidades tradicionais do Baixo Parnaiba maranhense, a Suzano fez por “bem” exigir da comunidade de Santana, município de Urbano Santos, o celibato verbal caso um jornalista porventura se achegasse na comunidade.

Em Buriti de Inácia Vaz, um plantador de soja queria tomar mais de trezentos hectares da comunidade de Brejinho e para tanto implantou um cupincha seu na comunidade para exercitar intrigas. A comunidade resistiu com a ajuda do SINTRAF de Buriti e hoje a coisa se pacificou.

Mayron Régis

CHUVA VOLTA A FAZER NOVOS ESTRAGOS NO MA

Em São Luis, muros caíram, telhados de escolas desabaram e pessoas foram arrastadas

As fortes chuvas que castigaram o Maranhão nos últimos dias trouxeram uma série de estragos em algumas cidades no Estado. Na quarta-feira, a única estrada de acesso à cidade de Centro Novo, município a 208 quilômetros de São Luís, foi cortada e os aproximadamente de 6,7 mil moradores estão isolados. Na capital, uma forte chuva ocorrida na noite de quinta-feira, deixou ruas alagadas, derrubou telhados de prédios e muros residenciais.

O problema em Centro Novo é com a MA-306. A rodovia liga o município à BR-316 e teve seu tráfego interrompido na altura do igarapé Barreiro, a aproximadamente 10 quilômetros da sede do município. Assim, os moradores de Centro Novo somente podem transpor o trecho por meio de embarcações ou a pé. Veículos motorizados não passam pelo local. A Secretaria de Infra-Estrutura do Maranhão (Sinfra) disse que já enviou uma equipe à região para fazer a recuperação emergencial da rodovia.

Em São Luís, as principais avenidas da capital ficaram alagadas com as chuvas de quinta-feira. Um casal foi levado em uma enxurrada no bairro Anil, mas passa bem. Um posto de gasolina no bairro Angelim ficou completamente alagado com as águas e o proprietário do posto, revoltado, fechou o trânsito por dez minutos na avenida Jerônimo de Albuquerque, nas proximidades do posto, como forma de protesto na manhã desta sexta-feira.

O hospital Socorrão II e o Terminal de Ônibus da Integração do Bairro Cohab, também ficaram inundados. Os equipamentos do Socorrão II foram deslocados às pressas para as áreas mais altas do hospital.

Ainda no bairro Angelim, a estrutura de uma quadra poliesportiva de uma escola cedeu. Uma parte muro de parte do Colégio Militar, no bairro Vila Palmeira e do Centro de Saúde Dr.Genésio Rêgo, na Alemanha, também caíram por causa das fortes chuvas. Muros residenciais também desmoronaram em bairros como Turu e Vila Nova. Segundo informações da Defesa Civil Municipal de São Luís, somente nas quatro horas de chuva, foram feitas 22 solicitações de atendimentos emergências na capital maranhense: três por desmoronamentos.

Wilson Lima, iG Maranhão

quinta-feira, 14 de abril de 2011

MPF PEDE CASSAÇÃO DE ROSEANA, CONFIRA AQUI

O Ministério Público Eleitoral pediu a cassação dos mandatos da governadora Roseana Sarney e de seu vice, Washington Oliveira, devido ao uso de convênios assistencialistas  vedados no período eleitoral.

Através de do programa Viva Casa, o governo Roseana assinou mais de 60 milhões de reais, somente em créditos suplementares, em convênios em 2010, o que no entender do MP caracteriza-se em conduta vedada por lei.

O Viva Casa tinha por objetivo a construção de moradias, bem como aprimorar as condições de habitação da população da zona urbana e rural, com a distribuição de kits construção, com areia, barro, cimento, etc.

O Ministério Público entendeu que o programa não atendeu a nenhum pré-requisito exigido por lei para a sua aplicação em ano eleitoral. Ele “foi instituído à revelia do procedimento escorreito de consignação na Lei Orçamentária Anual e da necessária edição da lei específica que lhe definisse o objeto e os critérios objetivos de concessão dos benefícios”, diz o procurador regional eleitoral, Régis Richael Primo da Silva.

O Viva Casa foi instituído por meio de mero ato administrativo, e que embora seja de 2009, o MP diz que há provas que ele teve início somente a partir de março de 2010, e sem a devida previsão orçamentária.

Régis Richael Primo da Silva lembra que o TSE durante o julgamento que resultou na cassação do mandato do ex-governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, foi reconhecida a necessidade de previsão orçamentária no exercício anterior e lei própria instituindo o programa social.

“No caso do ex-governador da Paraíba, o mandatário foi cassado por ter distribuído cerca de R$ 3,5 milhões com fins supostamente assistencialistas. Já no programa Viva Casa, apenas no ano eleitoral de 2010, foram abertos créditos suplementares, mais de R$ 60 milhões para a construção de casas e para a distribuição de materiais de construção – diga-se novamente, sem nenhum critério de aferição da renda do beneficiário”, observa o procurador.

Parecer – Além de pedir a cassação de Roseana Sarney, o MP também deu parecer favorável em outro processo que tramita no TRE que também pede a cassação da governadora e seu vice, como também dos senadores Edison Lobão e João Alberto, por utilizarem a UEMA para fazer campanha política.

Esta ação nasceu a partir de uma representação do ex-deputado Aderson Lago, autor da denúncia que chegou a ser exibida no horário eleitoral durantes das eleições passadas.
Neste caso, o MP não acatou ao argumento da defesa de que a rua utilizada, apesar de inserta na propriedade da UEMA, é via pública de uso compartilhado com a comunidade e que por isso não se enquadraria em conduta vedada como prevê a lei, que impede a utilização de bem público em ato de campanha.

Régis Richael Primo da Silva, se utiliza de depoimento do reitor da UEMA e de parecer técnico da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte para definir a área utilizada para concentrar os participantes de uma carreata, como área da universidade estadual, o que colocou por terra argumentos utilizados pelo grupo Sarney durante as eleições de que o local não pertencia a UEMA.

Os advogados de defesa, no entanto tentaram argumentar que embora pertencente à UEMA a sua destinação é de uso comum, sem restrições de acesso, e de uso compartilhado com a comunidade, o que permitiria a realização da carreata.

Régis Richael Primo da Silva, no entanto, diz que muito mais que simplesmente utilizar o espaço para o trânsito dos veículos participantes da carreata,  ele serviu para concentrar o pessoal de campanha, em movimentação típica de comitê político.

Segundo o blog do Luís Pablo, que foi o primeiro a noticiar o parecer o MP, ainda no final da tarde de quarta-feira, o relator do processo será o advogado José Carlos Sousa e Silva, que vem a ser o ex-presidente da Fundação José Sarney.

Raimundo Garrone.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

MPF PRESSIONA GESTOR NO PI POR NÃO ATENDIMENTO AO MA

Pedro Leopoldino,

O Ministério Público Federal no Piauí expediu ontem o Ofício nº 113/2011- PR/PI-GAB/TR solicitando esclarecimentos do presidente da Fundação Municipal de Saúde em Teresina, Pedro Leopoldino, sobre a suspensão do atendimento de alta e média complexidades a pacientes vindos do Maranhão na rede pública municipal de saúde. O documento é assinado pelo procurador da República Tranvanvan Feitosa, que achou mais fácil pressionar o gestor teresinense do que procurar descobrir aonde os gestores maranhenses enfiaram o dinheiro da saúde enviado pelo Governo Federal.

A medida foi provocada por notícias publicadas nos veículos de comunicação sobre o fato da Fundação Municipal de Saúde suspender o atendimento aos pacientes do SUS vindos do Maranhão. No ofício, o procurador enfatiza o princípio do acesso universal ao Sistema Único de Saúde (SUS) e a relevância do tema, solicitando resposta em 72 (setenta e duas) horas. Ainda segundo o MPF, Tranvanvan Feitosa pretende reunir informar para subsidiar a Ação Civil Pública nº 2008.40.00.002529-9 em tramitação na Justiça Federal.

Pedro Leopoldino afirmou não ter recebido ainda a documentação, mas ressaltou estar disposto a prestar todos os esclarecimentos. “O que estamos fazendo consta em documento assinado pelo secretário adjunto de saúde do Maranhão, senhor José Márcio Leite; está bem claro: o atendimento deve ser feito a pacientes referenciados e os atendimentos de pacientes com demandas espontâneas devem ser contrarreferenciados”, explicou o presidente da FMS.

O documento a que Pedro Leopoldino se refere é termo de reunião realizada na Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – Advocacia Geral da União em que representantes do Ministério da Saúde, Secretaria Estadual do Piauí e Secretaria Estadual do Maranhão firmam pacto para regulamentar o atendimento de pacientes vindos do Maranhão para Teresina.

“Os procedimentos eletivos de alta complexidade não contemplados no elenco do CNRAC e os de média complexidade não financiados pelo FAEC serão motivo de um encontro de contas na Câmara de Compensação Maranhão/Piauí para posterior ressarcimento, desde que o paciente seja encaminhado pelo município de origem. Pacientes eletivos de demandas espontâneas deverão ser contrarreferenciados para o município de origem”, determina o acordo. “Estou fazendo só o que diz o documento assinado pelo próprio Estado do Maranhão”, reafirmou o presidente da FMS.

O gestor argumenta ainda que Marcos Rezende, representante do Ministério da Saúde que também assinou o documento, não autorizou o pagamento referente aos atendimentos feitos entre abril de 2010 e março de 2011 em função da ausência de assinatura do Secretário Estadual de Saúde do Maranhão – apesar da assinatura de seu representante, o secretário adjunto.

 Com informações do Portalhoje

terça-feira, 12 de abril de 2011

O PROJETO "AS CARRANCAS DO SENHOR ONÉSIO", EM BURITI DE INÁCIA VAZ/MA

Acaso se apostasse no que redundará o projeto “As Carrancas do senhor Onésio” para o município de Buriti de Inácia Vaz e para o Baixo Parnaíba maranhense como um todo em que ponto do projeto a aposta flecharia? Uma parte dos apostadores, certamente, apostaria no fracasso do projeto tendo em vista outros projetos ou quimeras de projetos  que se danaram por obra e graça de um ou mais políticos. Outra parte, certamente, apostaria que o projeto é uma forma de se apiedar com as comunidades que padecem dos efeitos deletérios da fronteira agrícola, mas nada que atormente muito o seu dia a dia. Uma mínima parte apostaria em afogar as mágoas dos outros com mudas de bacuri, de juçara e de buriti às margens do rio Preto, bacia do rio Munim, Baixo Parnaiba maranhense, antes que os desmatamentos das Chapadas assoreiem por completo o leito do rio. Esses plantios de soja, nas Chapadas de Buriti de Inácia Vaz, comportam mágoas que os moradores, simplesmente, evitam na hora do pega pra capar.
Cerrado no Baixo Parnaíba (arquivo Fórum Carajás)
Quem vendeu a sua posse de terra para os gaúchos, tão bem vendido, que a maior parte da comunidade foi pega de surpresa com o correntão espatifando a mata nativa da  Chapada? O André, plantador de soja nas Carrancas e nas proximidades, propôs para o Vicente de Paula, que detém 180 hectares na Chapada, a troca de sua posse por pingos de propriedade, do tipo aqui vai 18 hectares, ali vai mais 18 e por ai vai. O Vicente balançou com a proposta, contudo, na reunião preparatória do projeto “As Carrancas do Senhor Onésio”, no dia nove de abril de 2011, o próprio desembarcou do regatear  do André e embarcou com quase toda a família no projeto.

Na tarde do mesmo dia Vicente responderia ao representante do André com uma negativa para o regateio. O que argamassou a decisão do Vicente de suspender as tratativas foi a comparação da época em que resolvera morar naquela parte da Chapada, quando tudo era mais difícil, para aquele momento em que produzia de tudo um pouco. No seu intimo, talvez o Vicente acariciasse velhas incertezas quanto a posse dos 180 hectares. Ele protocolou junto ao Iterma um pedido de regularização fundiária e nenhuma equipe vistoriou a sua área. Quanta diferença quando o pedido surge de um agricultor familiar em vez de um plantador de soja ou de eucalipto, não é mesmo?

Por: Mayron Régis (Fórum Carajás)
http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com/

PARA ANALISTAS, OLIGARQUIAS SÃO SINAL DE ATRASO

O elevado número de parlamentares com parentes na política revela o quanto o poder se concentra, cada vez mais, nas mãos de poucas famílias e o quanto o país, apesar do crescimento econômico, ainda precisa avançar na consolidação da democracia. A avaliação é feita por dois cientistas políticos e um historiador ouvidos pelo Congresso em Foco. Os três professores afirmam ver com preocupação o fato de 328 dos 649 congressistas brasileiros combinarem laços políticos e familiares, como revelou levantamento exclusivo feito por este site. Segundo eles, esse controle pode ser mais visível no Legislativo, mas também se reproduz no Executivo, no Judiciário e até no Ministério Público.

Para o cientista político Ricardo Costa de Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o poderio das famílias políticas é crescente, impede a circulação de poder, favorece grupos que combinam poder político e econômico e está associado ao encarecimento das campanhas e ao controle dos partidos por núcleos familiares.

“Há uma oligarquização da política. A política cada vez mais passa a ser um negócio de família no Brasil. Passa, muitas vezes, de pai para filho. As eleições estão cada vez mais caras, você tem de ter como condições de elegibilidade estrutura de dinheiro e estrutura familiar política. Isso é um fenômeno também de reprodução do poder político”, considera.
Redes de favores

O atual sistema eleitoral, o modelo de financiamento de campanha e a estrutura das legendas favorecem a perpetuação das famílias na política, de acordo com o professor. “A política é feita através de redes de favores, práticas como clientelismo e patronagem. É exatamente aí que as famílias têm muitas vantagens. Uma família com uma organização consegue ao mesmo tempo estar inserida no campo político, ter capital e contatos políticos. Por isso, cada vez é maior o número de jovens parlamentares filhos, netos e parentes de políticos. A cada legislatura vai aumentando a proporção de políticos que têm conexão de parentescos”, explica.

Na atual legislatura, apenas oito dos 40 deputados com menos de 35 anos não vêm de família com tradição política. “Só se elege quem é profissional, quem tem muito dinheiro, quem tem muita estrutura. Quem é amador, político novo, só com suas ideias, não consegue se eleger de primeira. Para se eleger, você tem de ter dinheiro e estrutura política, e quem tem mais dinheiro e estrutura política são famílias que já estão no poder político. Um jovem de 20, 30 anos, só se elege se for de uma família política, com raras exceções. Os próprios partidos passam a ser controlados por famílias”, afirma o professor da UFPR.

Democracia pela metade
 
O cientista político Moisés Augusto Gonçalves, da PUC-MG, diz que o controle político por famílias prejudica a ascensão de setores organizados da sociedade civil. “Sobretudo no interior, há uma dependência de boa parte da população em relação a essas famílias. O poder econômico nesses lugares passa como um trator. A situação é muito grave. Tem de distinguir o discurso de democracia e sua garantia efetiva. No plano legal, avançamos, mas na realidade efetiva e ocupação, estamos muito atrasados”, considera o professor.

Para o professor da PUC-MG, o poderio político familiar mostra o quanto ainda falta para a democracia brasileira se concretizar. Na avaliação dele, o atual modelo político-eleitoral é excludente e tende a conservar as elites no poder. Isso ocorre, em parte, porque as rupturas políticas no Brasil sempre foram resultado de acordos feitos por cima, deixando sempre a maior parte da sociedade fora das decisões, segundo Moisés.

“Nossa democracia é incipiente, embrionária, não consolidada e com verniz liberal. Há apenas um verniz liberal. Isso denota dificuldade de implantar uma democracia autêntica, onde haja alternância de poder no Legislativo”, diz. “É algo extremamente preocupante e revelador. Aquela ideia de democracia enquanto espaço aberto para a ocupação de poderes acaba sendo limitado à ocupação por uma pequena parcela da sociedade”, acrescenta.

“Neocoronel”

O historiador José Octávio de Arruda Mello, professor aposentado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), afirma que a concentração de poder nas mãos de poucas famílias revela que o país ainda não conseguiu se livrar dos resquícios do velho coronelismo. “Não tem mais o bico de pena, do voto de cabresto, mas tem o sistema de aliança, que é mais fluido. As alianças vão desde a base até em cima. É urbano. O coronel tradicional tinha cartucheira atravessada no peito. O neocoronel é um homem de cidade. São bacharéis, pessoas ilustradas, mas que sabem onde está o peso da máquina, onde está a força do poder. Eles costumam penetrar nas universidades. É um coronelismo ilustrado, mas é um coronelismo”, considera.

O “coronel ilustrado”, segundo o professor, exerce seu poder não mais pela terra, como seus ancestrais, mas por meio da burocracia. A dependência em relação a essas famílias é mais comum, na avaliação dele, em estados mais pobres. “As famílias rateiam o poder, colocando seus representantes nas posições decisórias. Elas estão também no Judiciário. É o estamento, a comunidade de poder que não se renova. No Legislativo, isso é mais visível”, diz o professor da UFPB.

Tudo dominado


O professor da Universidade Federal do Paraná Ricardo Costa de Oliveira também vê essa “contaminação” dos poderes pelas famílias. Mas ele ressalta, porém, que esse controle não é exclusividade das regiões mais pobres do país. "O Paraná, mesmo com a imagem de que é um estado moderno, de migração, tem famílias políticas e conexões de parentescos muito antigas. Então, o Paraná não é diferente do Maranhão, de Alagoas e outros estados", afirma.

Autor do livro a Teia do Nepotismo, que descreve e analisa a contratação de parentes nas instituições públicas por parte de políticos no Paraná, ele avalia que as estruturas públicas estão sendo, cada vez mais, ocupadas por famílias. “No Brasil, para entender o Tribunal da Contas, têm que entendê-lo pela dimensão do parentesco. Em qualquer estado do Brasil, tribunal de contas só é entendido pelas suas conexões de parentesco e poder político familiar”, diz. “A estrutura do Ministério Público é também ‘colonizada’ por famílias. Cartórios, a mesma coisa. A gente vê que é um fenômeno pelo qual a classe dominante se organiza no Brasil e empiricamente você realiza aquilo que chamo de cartografia do poder político pelas estruturas de parentesco”, observa.

Além de dificultar a renovação, a “familiarização” na política brasileira acarreta outros problemas, como a busca crescente de privilégios por parte dos detentores de mandato, segundo o professor da UFPR. “Há um controle arcaico do sistema político, com parlamentares querendo cada vez mais vantagens coorporativas, cada vez mais ampliar seu orçamento, vislumbrando o benefício da reeleição. Querem mais verbas indenizatórias, mais recursos para si, para assessores. Isso faz do poder Legislativo mais inchado, menos eficiente e mais propenso à corrupção”, analisa Ricardo.

Político profissional

Para Moisés Augusto, da PUC-MG, a política no Brasil tem sido abraçada cada vez mais como uma profissão, e não como uma atividade. “Há uma indistinção entre o público e o privado. A política se torna um meio de perpetuação do poder em que o bem público cede a interesses particulares. Não é apenas a esfera da representação da política que se torna meio de sobrevivência. Se torna um meio de defesa de interesses familiares e privados. As pessoas também são representantes de interesses familiares. Não há ruptura entre o imperialismo e o estado democrático de direito. É uma linha de continuidade”, afirma.

“A esfera política é uma extensão da usina, da fábrica, da fazenda, do banco. Morei muito tempo no Nordeste. Era muito comum ouvir discurso político em que o sujeito dizia: ‘Vou administrar a cidade como se fosse minha fazenda’. Ou algo do tipo: ‘Como sou uma boa dona-de-casa e sei gerir a economia doméstica, serei uma ótima prefeita’. Esse discurso também existe no Sudeste, mas ele fica no pano de fundo. Mas para quem tem um olhar mais reflexivo, ele está presente”, observa Moisés Augusto.

Para Ricardo Costa, da UFPR, é preciso institucionalizar a política e cortar vantagens e benefícios decorrentes do mandato usufruídos por parlamentares e outras autoridades. Só assim, avalia ele, seria possível inibir o interesse de famílias por tantos cargos públicos. "Precisamos ter um poder Legislativo sem vantagens e privilégios para o parlamentar. Na Suécia, por exemplo, o parlamentar não tem assessores, carro, verba indenizatória. Com isso, ele vale pelo que ele é, em termos de ideias e propostas. No Brasil, o parlamentar vale pelo dinheiro que ele consegue capturar e distribuir", diz.

Esta é a última reportagem de uma série iniciada no último dia 4 pelo Congresso em Foco que pretendeu mostrar como a política vem se tornando, cada vez mais, um “negócio de família” no Brasil, as razões e as implicações desse modelo. As matérias se basearam em levantamento exclusivo feito pelo site sobre os elos de parentesco entre os 649 congressistas que assumiram mandato este ano, entre titulares, licenciados e suplentes em exercício.

Edson Sardinha e Renata Camargo

(Congresso em Foco)