José Reinaldo
Tavares
Ao contrário da
propaganda oficial, a inauguração de uma termoelétrica em Capinzal mostra mais
uma vez o grande distanciamento entre o governo e os reais interesses da
sociedade maranhense. Esse empreendimento do empresário Eike Batista, grande
amigo e financiador das eleições da família Sarney, nunca deveria ter sido
aceito, tal como concebido pelo empresário. Mas Batista era muito poderoso e o
governo nunca teve política nenhuma de desenvolvimento. O empresário fez o que
quis e empurrou garganta abaixo da população da capital uma termoelétrica a
carvão, altamente poluidora, em plena São Luís.
Uma
aberração ecológica.
O Maranhão tem energia
elétrica abundante. É servido pelos sistemas de Tucuruí, Chesf, incluindo Boa
Esperança, e Estreito. Não precisa de termoelétricas nem a carvão, nem a gás,
nem a óleo. O Maranhão precisa é do gás. Sabem por quê? A energia de Capinzal será
vendida para a Eletronorte e incorporada ao sistema energético nacional e então
revendida aos consumidores de outros estados pelas tarifas de mercado. Nem o
ICMS ficará aqui.
Será cobrado no estado
em que consumir a energia. E onde está o prejuízo do Maranhão? O nosso estado é
um dos poucos que não tem gás disponível para atender o consumo industrial, que
é um poderoso atrativo para trazer empresas e criar empregos aqui, pois o custo
dessa energia é mais baixo. O porto do Itaqui precisa muito de energia barata
para realmente se transformar em um poderosíssimo indutor de desenvolvimento,
como já poderia ser.
Quando fui governador,
com a ajuda fundamental da ministra Dilma Rousseff, ela reservou recursos para
trazer o gasoduto desde Pecém no Ceará até o Itaqui, passando por Teresina.
Projeto pronto, não foi executado, porque as termoelétricas já construídas
devido ao racionamento ocorrido no governo Fernando Henrique tinham por
contrato uma reserva de gás permanentemente disponível para elas, mesmo que não
estivessem funcionando naquele momento.
Como o gasoduto entre
Santos e Salvador ainda não existia, o projeto não pôde ser executado, pois só
o gás produzido no nordeste não atenderia a esse acréscimo de consumo. Hoje o
gasoduto já existe, mas o governo do Maranhão não tem o menor interesse em sua
execução. Abandonou um projeto fundamental ao nosso desenvolvimento.
Naquela ocasião,
criamos a Gasmar com o objetivo de distribuir o gás maranhense para as
indústrias, para os táxis e para o transporte coletivo. Está na Lei.
Eike Batista e o
governo do estado não deram a menor bola para a Gasmar, não passaram o gás para
ela e o poderoso empresário usou o gás como se fosse dele e, sem objeções
legais do governo, não olhou para os interesses do estado e fez o que era melhor
para ele, não para o Maranhão. Transformou em energia elétrica – que não
precisamos – para vender a preço alto para o governo federal. Um negócio de
grande lucratividade para o empresário queridinho da família.
E o Maranhão? Que se
lixe, deve pensar a governadora. Não está nem aí!
Enquanto isso, o Brasil
importa gás da Bolívia e da Argentina para as empresas em quase todo o país e
leva-o até ao nordeste, canalizado até Fortaleza. Nesse ínterim, o Maranhão
fica de fora e cada vez mais atrasado.
Na inauguração do
imbróglio, com pompa e circunstância, vão todos para lá como se estivessem
proporcionando um grande benefício ao nosso tão espoliado estado. Um acinte.
Viraram as costas para o desenvolvimento do Maranhão.
Pois bem, só para ficar
no assunto “desenvolvimento”, Ciro Gomes, que governa o Ceará indiretamente
junto com o irmão Cid, e é amigo da presidente Dilma, nem assim se deixa
enganar. Respondendo à pergunta feita em uma palestra que proferiu em São Luís
sobre a refinaria Premium do Maranhão, e consequentemente sobre a do Ceará, ele
não deixou nenhuma dúvida sobre o que pensa, ele que é muito bem informado.
Sobre isso, mais uma
vez ficou claro que a refinaria está fora da realidade da Petrobras, aliás,
nunca esteve, como falou Sérgio Gabrielle – que então presidia a estatal – na
Câmara dos Deputados. Era apenas um factoide político para eleger Roseana
Sarney como governadora do estado e, de quebra, os senadores.
Foi fundamental em uma
eleição fraudada pelo poder econômico e político, provado que está na ação de
perda de diploma interposta por mim contra Roseana Sarney. Mesmo assim, ganhou
por escassos 2000 votos, pois com a mentira da refinaria, teve mais de 40 por
cento de votos em São Luís, 7 por cento acima da sua média na capital.
Agora, com nova eleição
se aproximando, vêm de novo com o mesmo tema. Ciro, embora interessadíssimo,
não esconde a verdade. E Roseana? Essa não fala nada e, como sempre, se ausenta
da verdade. Quer na verdade é jogar o problema para Edison Lobão, ministro de
Minas e Energia.
E para concluir, onde
vamos parar com o total descontrole na mais do que sensível área da segurança?
Além da criminalidade
desenfreada, com mais de cem assassinatos a cada mês, agora os bandidos
extrapolam e atacam os policiais nos trailers que antes asseguravam proteção às
famílias, além de atacarem as delegacias. Um policial foi morto e outro
foi baleado, ônibus foram saqueados e incendiados, em uma escalada do crime sem
precedentes no estado. A governadora, protegida por quase duzentos policiais, nem
se importa. Encastelada no Palácio dos Leões, não dá uma palavra.
Será que ela está com
problemas nas cordas vocais ou é assim mesmo?
Deus nos proteja!
Blog do Ricardo Santos