sexta-feira, 3 de março de 2017

Xadrez da sinuca de bico da mídia chapa branca

Os jornais estão entrando em uma encrenca cada vez maior.

Diz-se que o jornalismo é o exercício do caráter. Especialmente no jornalismo opinativo e na linha editorial dos jornais, o caráter é ponto central. Constrói-se o caráter de cada publicação analisando seu apego aos fatos, sua generosidade ou dureza de julgamento, sua capacidade de mediação ou parcialidade gritante. E, principalmente, sua credibilidade, o respeito com que trata a informação. Houve um bom período em que mesmo os adversários mais ferrenhos do Estadão respeitavam a seriedade com que tratava os fatos.

Desde que a mídia brasileira caiu de cabeça no pós-verdade e no jornalismo de guerra, esse quadro mudou.

No Olimpo da mídia de massa, há dois tipos de jornalistas e de celebridades: os que seguem cegamente a linha criada pelos veículos; e os que já têm ou caminham para ter personalidade própria, inclusive para se contrapor aos movimentos de manada.

Nesse grupo abrigado pela mídia, pequeno, mas influente, há um mal-estar crescente em relação ao governo Temer, à parcialidade da Lava Jato e ao próprio esforço da mídia em dourar a pílula do governo com um jornalismo eminentemente chapa-branca.

Por outro lado, após perder os leitores de esquerda, a velha mídia começa a perder os de direita, que se agrupam em torno de outros veículos. E está diante de um grave problema moral e jornalístico: qual a cara dos jornais? Que tipo de pensamento eles representam? Qual é seu caráter?

A imagem que passam é dúbia. E a aproximação com Temer agravou radicalmente esse quadro:

1.     Eu sei, os jornais sabem, a torcida do Flamengo sabe que o governo Temer é eminentemente corrupto.

2.     Mesmo assim, os jornais teimam em apoiá-lo, depois de justificar o impeachment como combate à corrupção.

Como pretendem se diferenciar dos blogs e sites jornalísticos sem tradição? Publicando artigos sobre a pós-verdade e, ao mesmo tempo, continuando adeptos incondicionais do jornalismo de guerra? E, agora, perdendo qualquer veleidade de encenação de superioridade moral, apoiando uma plutocracia unanimemente reconhecida como corrupta.

Peça 2 – o jornalismo chapa-branca
A maneira como os jornais atuam, sempre de forma concatenada, é sinal indiscutível de uma articulação, como a de um cartel combinando preços.
Analisem os jornais de hoje. Todos batem em três teclas simultaneamente: a de melhoria da economia e a leitura enviesada do depoimento de Marcelo Odebrecht, e a repetição das denúncias contra o PT, todas buscando beneficiar o governo Temer.

A crise está longe de ser vencida. Persiste a crise fiscal da União e dos estados, os principais setores – como o automobilístico – amargam quedas recordes, o pior bimestre nos últimos 11 anos, o desemprego avança de forma avassaladora. E a cada dia que passa mais se escancara a natureza fundamentalmente corrupta do governo Temer.

Como gerar notícias positivas?

Valor Econômico, que já praticou um jornalismo mais objetivo, recorre a uma entrevista com Michel Temer e transforma em manchete sua “previsão”: “Temer aposta em alta do PIB acima de 3% em 2018” (https://goo.gl/tMvvs5). Fantástico! Um deputado que jamais se interessou por temas econômicos, que não tem nenhum histórico de previsões ou cenários, “aposta” em PIB acima de 3% e a aposta merece manchete principal do jornal.

Já a Folha prefere transformar a pessoa física de Temer em “gestão Temer”, e coloca na manchete principal a extraordinária informação de que a gestão vê retomada da economia e diminui corte orçamentário. E quais os indicadores? A informação de que a arrecadação continua caindo, sim, mas em ritmo mais lento. Ou seja, após 8% de queda do PINB, ainda não se chegou ao fundo do poço.

Em outros cantos, o jogo de previsões sombrias de que a saída de Temer poderia comprometer a salvação nacional, que são as reformas constitucionais empurradas goela abaixo da população – e, por isso mesmo, extremamente vulneráveis a futuros governos.

Assim, o jornalismo econômico e político na velha mídia fica dependendo de alguns raros praticantes de jornalismo efetivo, como José Paulo Kupfer, do Globo, e Vinicius Torres, da Folha. Ou ainda de analistas políticos escondidos pelo jornal, como José Roberto Toledo, do Estadão, ou, menos escondida, Maria Cristina Fernandes, do Valor e Bernardo Mello Franco, da Folha, Kennedy Alencar, da CBN. E os referenciais de sempre, como Jânio de Freitas.

Peça 3 – a desinformação de quem informa
Esses contrapontos são utilizados pelos jornais não como elementos de análise, mas como exemplo restritíssimo de biodiversidade política. No fundo, a inteligência interna, a visão estratégica dos veículos é tão rasa quanto a do público que cultivam, tal o desleixo com que trabalham as notícias, tal a mesmice das análises econômicas e políticas, sem nenhum controle de qualidade, nenhuma punição aos grandes erros factuais, e nenhuma visão de futuro.

Foi esse mesmo espírito que levou, no início de 1999, as empresas jornalísticas à maior crise da história porque acreditaram em suas fontes do mercado financeiro – e, muitas delas, em seus colunistas financeiros – de que não haveria desvalorização do real.

Agora, incorrem na mesma falta de visão estratégica, no simplismo de quem não consegue analisar os múltiplos desdobramentos do quadro econômico e político e, especialmente, as resultantes da própria ação midiática.

Mesmo estando em jogo o futuro do jornalismo e deles, como empresas, são incapazes de montar um conselho diversificado, capaz de traçar cenários minimamente complexos para orientar as estratégias editoriais. Subordinam-se à cartelização, provavelmente montada dentro do fórum do Instituto Millenium, que é a melhor maneira de minimizar responsabilidades: afinal, se houver erros, será coletivo. Para quem não sabe o que fazer, não deixa de ser um consolo.

Se não houver uma correção de rumos, se terá o seguinte quadro pela frente:

1.     A velha mídia vai continuar bancando um plano econômico sem nenhuma condição de superar a crise. O plano não tem nenhum componente anticíclico. Vai apenas prolongar a recessão e aprofundar as tensões sociais e políticas.

2.     Passar o desmonte da Previdência e do fim dos direitos sociais, sem nenhuma espécie de negociação, em um quadro de ampla recessão, é jogar gasolina na fogueira.

3.     Como intermediária e avalista da Lava Jato e, agora, de Temer perante a classe média, conseguirá se desmoralizar cada vez mais perante seu público, a exemplo do que está acontecendo com seus candidatos do PSDB, nenhum deles em condição competitiva para 2018. Apesar de merecer esse fim, não é bom para o país. Será o fracasso definitivo da sociedade civil, uma das últimas formas de articulação da institucionalidade, embora profundamente corroída por anos de discursos de ódio.

Peça 4 – o desafio das delações da Odebrecht
É assim, sem nenhuma visão, que a mídia entrará agora na cobertura das delações da Odebrecht.

Já está delineada uma estratégia para impedir que a Lava Jato chegue nos seus.

1      A denúncia dos abusos cometidos no período anterior, no qual as vítimas foram Lula e o PT. O destaque dado pelo Estadão à entrevista do ex-Ministro Nelson Jobim – no qual ele desanca as ilegalidades da Lava Jato e reclama da falta de punição aos abusos mais ostensivos – com mais de um ano de atraso.

2      A parceria renovada de Jobim com Gilmar Mendes.

3      Os inquéritos internos contra os delegados da Lava Jato, pela colocação de escuta clandestina na cela de Alberto Yousseff e outros. Até agora empurrou-se com a barriga o inquérito. Bastará trata-lo com seriedade para se enquadrar os dois principais delegados da Lava Jato. Que, assim como José Serra, decidiram abdicar de seus cargos em Curitiba e buscar paragens mais amenas.

4      O jogo de postergações de inquéritos envolvendo os parceiros da mídia e da Procuradoria Geral da República (PGR).

Todos esses movimentos são carne fresca a alimentar o leão das ruas, que vem embalando os sonhos de Bolsonaro, ou os sonhos com o general Villas Boas.

Do GGN, por Nassif.

Delator da Odebrecht dá tiro no peito de Aécio

O executivo Benedicto Júnior, número dois da Odebrecht, acaba de decretar a morte política do senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB e responsável maior pelo golpe parlamentar de 2016 que arruinou a economia brasileira; em depoimento nesta tarde, BJ, como ele é conhecido, disse que Aécio lhe pediu R$ 9 milhões por fora, nas eleições de 2014.

Informa ainda Benedito Júnior, que os recursos da ordem de R$ 9 milhões solicitados por fora, foram divididos nas campanhas do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que foi o relator do golpe no Senado, e de Pimenta da Veiga, derrotado na disputa pelo governo de Minas, sendo que Dimas Toledo Fabiano Júnior, filho do notório Dimas Toledo, nomeado por Aécio em Furnas com a missão de recolher propinas; ação no TSE, que começou porque Aécio não aceitou sua derrota na disputa presidencial de 2014, agora se volta contra ele; Marcelo Odebrecht, o chefe de BJ, disse que a presidente eleita Dilma Rousseff, ao contrário de Aécio, nunca pediu dinheiro à empreiteira.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB e responsável maior pelo golpe parlamentar de 2016 que arruinou a economia brasileira, está morto politicamente.

Sua morte acaba de ser decretada por Benedicto Júnior, número dois da Odebrecht.

Em depoimento nesta tarde, BJ, como ele é conhecido, disse que Aécio lhe pediu R$ 9 milhões por fora, nas eleições de 2014.

Os recursos foram divididos nas campanhas do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que foi o relator do golpe no Senado, de Pimenta da Veiga, derrotado na disputa pelo governo de Minas, e Dimas Toledo Fabiano Júnior, filho do notório Dimas Toledo, nomeado por Aécio em Furnas com a missão de recolher propinas.

A ação no TSE, que começou porque Aécio não aceitou sua derrota na disputa presidencial de 2014, agora se volta contra ele. Segundo BJ, uma parte do dinheiro foi também para Paulo Vasconcelos, marqueteiro pessoal de Aécio.

Nesta quinta-feira, o TSE também cobrou explicações de Aécio sobre os pagamentos via caixa dois recebidos da Andrade Gutierrez. Na quarta-feira de Cinzas, o procurador-geral Rodrigo Janot pediu que ele seja ouvido pelos desvios de Furnas.

Marcelo Odebrecht, o chefe de BJ, disse que Dilma, ao contrário de Aécio, nunca pediu dinheiro à empreiteira (leia aqui).

Com informações 247.

quinta-feira, 2 de março de 2017

PSDB joga na lama Supremo, MPF, PGR e Polícia Federal


Estamos aguardando pronunciamentos de membros dessas instituições (STF, MPF, PGR, Policia Federal), pois a sociedade acredita que existe algo além da banda podre.

Na PF, o delegado Armando Coelho Neto tem sido um expoente contra o golpe.

O juiz Siro Darlan perdeu a Coordenação de uma Vara da Infância porque rejeitou e criticou o auxílio educação. Entretanto auferiu, credito, a sua dignidade!

A mídia, principalmente a Globo, tem sido o alicerce do golpe e protetora-mor dos tucanos.

Além de golpista, nossa mídia é corrupta, está na lista do Swissleaks, com contas no HSBC para lavagem de dinheiro.

Isso envolve empresas de comunicação, como Globo, Band, Folha, Grupo RBS, Rede Massa do “Ratinho”, Editora Abril, responsável pela revista Veja, entre outros.

O HSBC teve que vender seus bancos no Brasil e com esses corruptos nada aconteceu!

A partir daí, começamos a entender a blindagem da Lava Jato, chefiada pelo Juiz Sérgio Moro, aos tucanos.

Enganando o povo dizendo que querem acabar com a corrupção, na verdade, tudo faz parte de um complô para a entrega de nossas riquezas, principalmente o petróleo, aos americanos.

Complô esse formado pelo PSDB e mídia, com o conluio gritante de parte de nossas instituições.

Moro foi premiado pela Globo que, no governo de FHC, fez campanha pela privatização da Petrobrás. Moro é exaltado pelas principais revistas estadunidenses, Time e Fortune.
Moro convocou os procuradores americanos para investigar a Petrobrás; e ainda mandou os corruptos da empresa, presos, testemunhar contra a Petrobrás em tribunais estadunidenses, em detrimento do Brasil.

A Globo, que chamou os petroleiros de marajás e comparou a Petrobrás a um paquiderme, no governo de FHC, agora a Globo, em editorial, de dezembro de 2015 diz que: O Pré-sal pode ser patrimônio inútil.

Isso para desmoralizar nossas riquezas para facilitar sua entrega.

A Lava Jato, mesmo com todas as evidências da participação do governo de FHC na corrupção na Petrobrás, finge que não vê esse período.

Como também não investiga a gestão do tucano Pedro Parente na Petrobrás, apesar da realização da maior queima de ativos de petróleo do mundo, como a venda do campo de Carcará do pré-sal, sem licitação e a preço de um refrigerante o barril.

Indignado, como petroleiro, entrei com denúncia formal no MPF contra a omissão da Lava Jato na gestão de Pedro parente na Petrobrás.

Isso em novembro de 2016. E o MPF, além de não acatar a denúncia, ainda veio me atacando.

Isso porque, em dezembro do mesmo ano, o MPF me intimou, a pedido do juiz Sérgio Moro, alegando que eu teria praticado crime contra a honra do servidor público, no caso, do Moro.

E o bota-fora de bens públicos continua!

O importante é que a blindagem vergonhosa de nossas instituições aos tucanos chegou às ruas, no carnaval, e virou marchinhas. Conheça algumas delas:




Com informações do Vi o Mundo, por Emanuel Cancella, coordenação do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e autor do livro “A outra face de Sérgio Moro”

quarta-feira, 1 de março de 2017

Xadrez da delação do fim do mundo em uma 4a feira cinza

Peça 1 – a dupla conspiração

O leitor Marcos Antônio trouxe uma das melhores narrativas para explicar o quadro político atual (https://goo.gl/4PESgu). Tomo emprestado a tese principal.

A fragilidade política de Dilma Rousseff, o avanço da crise econômica e o pré-ensaio bem-sucedido da AP 470 despertaram dois movimentos simultâneos de desestabilização política do governo Dilma.

O primeiro, uma frente composta pelo PSDB, Lava Jato, Poder Judiciário e mídia, visando o impeachment da chapa Dilma-Temer, o terceiro turno inaugurado no mesmo dia da divulgação dos resultados das eleições de 2014. Os personagens centrais dessa estratégia foram Gilmar Mendes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e a Lava Jato acelerando as delações.

A tentativa de Gilmar acabou frustrada pela reação despertada e pelo fato do governador de São Paulo Geraldo Alckmin ter incorrido na mesma situação de Dilma: impugnar sua chapa significaria impugnar também a vitória de Alckmin.

Com isso, a primeira frente acabou sendo atropelada pela segunda, planejada antecipadamente por Eduardo Cunha e pela camarilha de Temer. A ideia do grupo foi montar uma superbancada na Câmara, valendo-se da influência que passou a exercer sobre a Petrobras, depois que a AP470 quase derrubou o governo Lula.

O grupo de Temer sempre se valeu da estratégia da chantagem. No episódio da compra de votos, por exemplo, chantageou Fernando Henrique Cardoso para conseguir cargos-chaves no governo tucano.
Quando a AP 470 colocou o governo Lula na berlinda, nova rodada de chantagem conferiu ao PMDB cargos-chaves no governo e, em especial, na Petrobras.
Com a explosão de obras do período, montou uma supercaixinha que lhe deu condição de ambicionar agora não mais Ministérios, mas o centro do poder, tornando o governo refém da Câmara.

A expectativa de perda de mandato de Eduardo Cunha, o desgaste de Dilma, com uma sucessão inédita de erros, fez Cunha avançar o sinal, paralisar o governo com pautas-bombas e abrir o processo do impeachment.

Montou-se um acordo meia boca com o PSDB, em torno da tal Ponte para o Futuro, a promessa de revogação da Constituição de 1988.  Temer faria o trabalho sujo do desmonte da Constituição e abriria espaço para o PSDB em alguns ministérios.

A partir daí a camarilha saiu do segundo plano e passou a controlar o país, sem nenhuma estratégia anticíclica para enfrentar a crise, nenhuma ideia criativa, nenhum conceito de Nação.

Assumiram com apenas dois mandatos: o desmonte do Estado nacional e, como prêmio, o maior assalto da história aos cofres públicos.

Com a estrada pavimentada, o PT destruído, sua obra anterior reduzida a pó, o PSDB poderia se aventurar em 2018, mesmo sem dispor de programas e de projetos de país, confiando em uma economia em recuperação.

Os principais passos desse balé da conspiração:

1.     A maior parte da corrupção da Petrobras estava sob o comando do PMDB. A Lava Jato tratou de esconder o lobista-mor, ligado ao PMDB, restringir as investigações ao período do PT e investir pesadamente sobre Lula, a fim de não atrapalhar a tomada do poder pelo PMDB.

2.     Já o Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot simulou jogar com o governo Dilma até fins de 2014. Quando sentiu que os ventos mudaram, pulou de mala e cuia para o barco da conspiração.

3.     O Supremo Tribunal Federal convalidou o golpe, especialmente após Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin terem abdicado de seu papel de defensores da Constituição.

4.     O chega prá-la no PMDB consistiu na derrubada de Eduardo Cunha e, gradativamente, de cada membro da camarilha de Temer. Trabalho facilitado, aliás, pela extensa capivara de cada um. O próximo a cair será Moreira Franco.

Peça 2 – o assalto generalizado à República

O quadro que veio a seguir é dantesco.

No mais alto cargo, um presidente impopular, sem o menor carisma, negocista, com uma carreira política pavimentada pelo fisiologismo e por suspeitas reiteradas de corrupção.

No Congresso e nas estatais, tem-se o maior assalto à luz do dia da história da República:

1.     A privatização do satélite brasileiro.

2.     A entrega das concessões públicas às empresas de telecomunicações e radiodifusão.

3.     A anulação das reservas indígenas.

4.     A autorização para a venda de terras a estrangeiros que, se consumada, sancionará o maior processo de lavagem de dinheiro da história.

5.     A legalização do jogo.

6.     A entrega do pré-sal às operadoras estrangeiras, sem nenhuma exigência de contrapartida.

7.     As sucessivas tentativas de importação de alimentos, reeditando alguns golpes históricos da Nova República.

8.     A venda de ativos da Petrobras na bacia das almas.

9.     O fim do conteúdo nacional nos projetos de construção das plataformas marítimas.

Essa esbórnia foi entregue de bandeja pela Lava Jato para a pior organização política da República, em nome do combate à corrupção.

Peça 3 – o desmonte do país

O desmonte está se dando nas seguintes frentes:

O projeto geopolítico

No dia 22 de fevereiro último, o Washington Post – jornal com estreitas ligações com fontes da CIA – produziu um artigo revelador (https://goo.gl/K2Hsov): “Como um escândalo que começou no Brasil está perturbando outros países da América Latina”.

A reportagem lembra o Brasil como estrela em ascensão quando conseguiu o direito de sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. E que a Odebrecht se tornou um símbolo do crescimento da importância brasileira no mundo, da mesma forma que a Coca-Cola para os Estados Unidos e a Toyota para o Japão.

Constata o jornal que a Odebrecht se tornou peça central do soft power brasileiro. E – aí não é o jornal afirmando - valendo-se dos mesmos expedientes da Siemens alemã, da IBM norte-americana, da Dassault francesa. Em todos os casos, puniram-se dirigentes, mas preservaram-se as empresas, vistas como ativos nacionais.

A reportagem admite que a corrupção não surgiu no governo Lula, nem com a Odebrecht, mas que ela foi a única a ser pega. E mostra como a Lava Jato, com a ajuda do Poder Judiciário desses países, está ajudando a limpar a área de todos os governos de esquerda no continente.

No Brasil, o desmonte atinge todos os segmentos, dos estaleiros à indústria de defesa e toda rede de fornecedores, com a redução da obrigatoriedade do conteúdo nacional nas plataformas.

Agora, se prepara o golpe final contra as empreiteiras brasileiras, com a cooperação firmada com os Ministérios Públicos de mercados conquistados por elas e a tentativa do TCU (Tribunal de Contas da União) de proibir novos contratos com elas. Um órgão assessor do Congresso se tornou peça-chave na destruição de ativos nacionais.
Não apenas isso.

O desmanche social

E aqui se entra nos desdobramentos não previstos pelo golpe.

A estratégia de desmonte do Estado aprofundou brutalmente a crise fiscal e a crise social.

A cada dia aumentam o desemprego, as tensões sociais, a insegurança nas grandes metrópoles, a crise fiscal da União e dos estados.

Há um brutal endividamento nas empresas. As que mais cresceram no período anterior são as mais endividadas. O sistema bancário montou operações de resgate estendendo os prazos dos financiamentos. Mas sem perspectivas de melhora da economia, caminha-se para uma crise sistêmica.

Por qualquer ângulo que se analise, será impossível a manutenção da política econômica atual e do próprio governo Temer.

A ideologização primária

Hoje em dia uma ideologização pesada domina os debates, tanto à direita quanto à esquerda, dificultando enormemente a busca de consensos. A ideia de construção nacional, pactos de produção, de inovação, afirmação de políticas sociais, equilíbrio entre o papel do Estado e do setor privado, todos os meios tons que deveriam servir de base para políticas de desenvolvimento cederam lugar a uma radicalização profundamente simplificadora.

Rapidamente, o pacote Meirelles torna-se inviável. E não aparece uma alternativa no lugar. Não levará muito tempo para que a agenda neoliberal seja substituída por uma liderança forte – de esquerda ou direita, civil ou militar – repetindo o roteiro norte-americano e britânico. Não mais um centro-esquerda relativamente racional.

Ou seja, o pêndulo com movimentos próximos do centro, mais à direita com o PSDB, mais à esquerda com o PT, mas sem abrir mão dos princípios democráticos, em breve será substituído por alguma saída autocrática.

Aí entram em cena as delações da Odebrecht, como um dos momentos de corte.

Peça 4 – as delações da Odebrecht e o MPF

Considere-se inicialmente o papel do Ministério Público Federal no golpe. Sabia-se desde o início da extensa capivara dos líderes do PMDB no Congresso; sabia-se de Temer, Cunha, Geddel, Padilha, Moreira Franco, como se sabia de Aécio, Serra, Alckmin, tanto quanto de Dirceu, Pallocci. Se sabia que o impeachment jogaria o país nas mãos do pior agrupamento que a política brasileira gestou desde a redemocratização.

O álibi mais generoso para a ação golpista e antinacional do MPF é o da ignorância, um grupo de procuradores desinformados, sem conhecimento mínimo sobre economia, geopolítica, interesse nacional, acreditando que a Lava Jato tinha chegado ao cerne da corrupção brasileira, com os tríplex, pedalinhos e quetais. Ou acreditando que comeria os políticos pelas bordas, primeiro o PT, depois o PMDB. Mas poupando sempre o PSDB.

Aliás, não dá para esperar essa visão política mais sofisticada do MPF quando nem a presidência da República nem o seu Ministro da Justiça demonstravam a menor sensibilidade para esses temas.

O Brasil está sendo literalmente destruído por um processo amplo de ignorância coletiva.

Era tão hipócrita o discurso anti-corrupção que, para apear do poder uma presidente honesta – jogando no lixo os votos majoritariamente dos mais pobres – tiveram que apelar para a história das pedaladas.

No final do governo Dilma, firmou-se um pacto tácito entre os conspiradores. Para manter as aparência de luta contra a corrupção e de isenção das investigações, seria sacrificado pelo menos um cacique de cada partido. Do PMDB, preferencialmente Cunha e Renan Calheiros; do PSDB, Aécio.

O fator Rodrigo Janot embolou um pouco o meio campo.

Peça 5 - Fator Rodrigo Janot

Para investigar o conterrâneo Aécio, a estratégia adotada por Janot tem sido a da postergação das investigações.

A informação de que Janot solicitou ao Ministro Gilmar Mendes prorrogação do inquérito aberto para investigar as ligações de Aécio com a Lista de Furnas, é a comprovação cabal de sua estratégia de postergação permanente dos inquéritos.

Tome-se o caso da Lista de Furnas.

Nas primeiras delações de Alberto Yousseff, apareceram as menções às propinas recebidas por Aécio através do diretor Dimas Toledo. Desde 2010, dormiam na gaveta da PGR as peças do inquérito aberto para investigar as contas de Aécio em Liechtenstein.

Em 29 de fevereiro de 2016 – um ano atrás! – foi homologada a delação do ex-senador Delcídio do Amaral.


DELCIDIO DO AMARAL teve conhecimento de um grande esquema de corrupção que ocorria em Furnas, operado por DIMAS TOLEDO. Tal esquema já foi mencionado, "en passant", anteriormente por ALBERTO YOUSSEF, tendo se referido à participação de AÉCIO NEVES no esquema.

DELCIDIO DO AMARAL confirma que esta referencia ao Senador Mineiro tem fundamento. A corroboração de que YOUSSEF tinha conhecimento do esquema, e o fato de que ele mencionou a pessoa de DIMAS TOLEDO, experiente e competente profissional do setor elétrico.

DIMAS TOLEDO era o operador do esquema de corrupção em Furnas pela PSDB. O esquema de Furnas atendia vários interesses espúrios do PP, do PSDB e depois de 2002, do próprio PT.

DELCIDIO DO AMARAL, em viagem a Campinas com o presidente LULA, foi perguntado pela Ex-Presidente sobre a atuação de DIMAS: "DELCÍDIO, quem é esse cara?" DELCIDIO respondeu: "É um profissional do setor elétrico. Por que o senhor me pergunta isso?" LULA respondeu: "É porque o Janene veio me pedir pela permanência dele, depois o AÉCIO e até o PT, que era contra, já virou a favor da permanência dele. Deve estar roubando muito!"

DELCIDIO sabe que DIMAS TOLEDO sempre teve informações relevantes de vários governos estaduais e federais, vez que era Diretor de Engenharia de FURNAS, tanto que o então Ministro JOSE DIRCEU afirmou: "Se colocarem o Dimas como ascensorista de Fumas, ele manda no presidente".

Dimas não era mais um operador: era o centro de uma extensa rede de corrupção, como se fosse a soma de Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff. Qualquer investigação minimamente profissional e isenta daria prioridade total a investiga-lo pois, a partir dele, se mapearia toda a estrutura de corrupção em torno de Furnas.

Hoje em dia, são decretadas prisões preventivas às pencas, sob o argumento de que, solto, o suspeito poderia esconder provas. Dimas está solto há anos, tendo sido incomodado pouquíssimas vezes.


1.     Assim como o inquérito da helicoca, o da Lista de Furnas parou no TRF2 – o Tribunal Regional Federal da 2a Região, com sede no Rio de Janeiro.
2.     O inquérito quebrou o sigilo de Dimas Toledo, mas o TRF1 manteve os dados em sigilo.

3.     O máximo que se avançou foi em uma acareação entre um delator, Fernando Antônio Horneaux de Mora e Dimas, na qual o delator acusou e Dimas se defendeu. E nada mais foi apurado.

Um ano após a homologação da delação de Delcídio, Janot solicita mais 60 dias de prorrogação do inquérito para que a PF traga os seguintes documentos:

·      Juntada de cópia do relatório final elaborado pelo TCU sobre o "Mensalão de Furnas", sobre possíveis irregularidades em contratos celebrados por DIMAS FABIANO TOLEDO, enquanto Diretor de Engenharia de FURNAS, conforme solicitado pela autoridade policial no Ofício 0200/217 de fl. 481);

·      Juntada de cópia do relatório final elaborado pela Controladoria Geral da União sobre o "Mensalào de Furnas", conforme solicitado pela autoridade policial no Ofício 0201/2017 de fl. 482;

·      Juntada de autos que tramitaram perante a 3a Vara Criminal da Comarca do Rio de Janeiro, no qual houve quebra de sigilo bancário de DIMAS FABIANO TOLEDO, conforme solicitado no Ofício 0202/2017 de fl. 487;

·      Oitiva de SILVIO PEREIRA (fl. 456); Oitiva de JOSÉ DIRCEU (fl. 455); Oitiva do colaborador DELCIDIO DO AMARAL GOMEZ; g) Oitiva do investigado.

Daqui a 60 dias, tudo pode ocorrer: uma nova solicitação de prorrogação de prazo, alguma medida de Gilmar visando paralisar o inquérito, a alegação de que nada foi encontrado capaz de corroborar as acusações.

Peça 6 – o barril de pólvora

Com a divulgação da delação da Odebrecht monta-se o quadro, com a mais completa desmoralização do poder civil brasileiro desde os idos de 1964.

A delação é o estopim em cima do seguinte barril de pólvora:

1.     Economia sem sinais de reativação. A necessidade de criar fatos faz a mídia comemorar possibilidade de crescimento do PIB de 1% no próximo ano, depois de queda de 8%. Ou saudar a entrada de investimentos externos, que estão vindo exclusivamente atrás de empresas em dificuldades, sendo vendidas na bacia das almas, como se fosse sinal de recuperação. Quem opera no mundo real, como a Fnac, está tirando o time do país.

2.     Desmoralização do discurso da austeridade, a ideia de que com mais arrocho se terá a volta do crescimento.

3.     A corrupção do grupo de Temer eliminando qualquer tentativa de legitimidade do Executivo, ao mesmo tempo em que se tenta colocar goela abaixo do país a reforma da Previdência. Os papéis distribuídos pelo Anonymous mostram estreitas relações de negócio entre Temer, José Yunes e Sandro Mabel (https://goo.gl/95WjSw). Tanto Mabel quanto Yunes foram nomeados assessores especiais por Temer, na sua cota pessoal. Yunes foi acusado de intermediar propinas para o PMDB, com o conhecimento de Temer (https://goo.gl/yjf8PF). Mabel é conhecido por intenso trabalho de lobby no Congresso (https://goo.gl/4aCwz2).

4.     Avanço avassalador do crime organizado nas principais regiões do país, movimento ampliado pelo fato da economia formal ser incapaz de gerar empregos.

5.     Aumento da criminalidade e da insegurança, devido à crise fiscal dos estados, desaparelhando as polícias, e ao aumento do desemprego. Em grande parte dos estados, as PMs abriram mão de suas responsabilidades em relação ao crime organizado para se tornarem polícias políticas. O caos do Espírito Santo expôs as vísceras de um modelo fiscal inviável.
6.     Desmanche da imagem do Brasil internacionalmente, como futura média potência. O arranjo político legado pela Lava Jato tornou o Brasil, aos olhos da opinião pública mundial esclarecida, uma republiqueta similar às piores republiquetas africanas (https://goo.gl/I1Y40t). Obviamente, em nome da grande causa de combate à corrupção. O artigo do Le Monde analisa o significado da indicação de Alexandre de Morais para o Supremo.

Temer não resistirá. O PSDB não resistirá. O PT está fora do jogo.
O que sobrará após as delações da Odebrecht? O que a Globo, o Supremo, o mercado, o PGR terão a oferecer para evitar o caos, como contrapartida à sua responsabilidade nesse desmanche do país?

Do GGN, por Nassif


A lava lato não quis saber sobre acusação de lobista contra Aécio e Furnas, veja

Moro nem sequer perguntou ao lobista sobre Furnas e investigadora da Lava Jato chegou a cortar o depoimento que acusava o senador tucano.

O juiz Sérgio Moro tinha um foco claro no depoimento do lobista Fernando Moura: saber o envolvimento do ex-ministro José Dirceu no esquema de corrupção da Petrobras. Sem querer e de forma meramente exemplificada, o delator citou como ocorria a divisão de propina na hidrelétrica de Furnas, em Minas Gerais, com a indicação por Aécio Neves (PSDB-MG) de Dimas Toledo para comandar a estatal mineira.

Dessa forma, o caso de corrupção envolvendo a hidrelétrica foi retomado após quase 12 anos, desde as primeiras acusações. Na Lava Jato, a investigação estava paralisada na delação do ex-senador Delcídio do Amaral e, posteriormente, confirmada pelo ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado.

Agora, com visível desinteresse do juiz Sergio Moro, que em mais de 30 minutos de depoimento não questionou uma única vez sobre o esquema de corrupção que repassava propina ao PSDB, Fernando Moura retoma o episódio. Também ao acaso, quando uma procuradora da República, questiona ao lobista sobre o envolvimento de Dirceu e, de forma exemplificada, o delator cita Aécio.

 Foi realizada uma acareação pelos procuradores da República no caso da Lava Jato na Justiça do Paraná. Na audiência, o ex-diretor de Engenharia de Furnas, Dimas Toledo, ouviu a acusação do delator e lobista Fernando Moura que, em 2003, ele teria garantido dois terços da propina arrecadada ao PT e um terço ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

No relato, Fernando Moura disse que o então ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, contou que o tucano Aécio Neves solicitou a permanência de Dimas Toledo na estatal de energia de Minas. O lobista foi quem informou Dimas sobre a sua permanência.

À plateia de investigadores, Moura disse que o acerto da indicação tucana, mais especificamente do senador, na estatal foi uma forma de retribuir o apoio do PSDB ao recém empossado governo do PT.

 A confirmação surgiu espontaneamente por Fernando Moura. Em mais de 30 minutos, todos os questionamentos do juiz Sérgio Moro a Moura eram relacionados à indicação de Renato Duque para a diretoria da Petrobras e os benefícios recebidos pelo PT nacional e estadual, de São Paulo e o "grupo político de José Dirceu", com os contratos da estatal.

O magistrado do Paraná concluiu a suas perguntas sem questionar sobre o PSDB ou a indicação de Aécio Neves na estatal mineira de Furnas. Foi quando o juiz federal passou a palavra a uma procuradora da República é que o tema surgiu, despropositalmente.

"O senhor mencionou que o senhor saiu do Brasil, quando foi para os Estados Unidos, porque podia estourar o esquema da Petrobras e o Silvio e o Dirceu estavam envolvidos. Eu queria que o senhor detalhasse a participação do senhor José Dirceu", perguntou a procuradora.

"Vou explicar", respondeu Fernando Moura. "Vou ser um pouco prolixo. Quando acabou a eleição de 2002, que ganhamos a eleição, foi feito uma reunião para a definição de, mais ou menos, umas cinco diretorias de estatais para poder ajudar a nível de campanha posteriormente", inciou.

"Então foi conversado sobre Petrobras, sobre Correios, Caixa Econômica Federal, Furnas, Banco do Brasil. Desde que todas as pessoas que fossem indicadas, elas teriam que estar com 20 anos de casa, ser funcionário da casa, para poder receber essa indicação, isso foi conversado antes, em novembro de 2002. Aí, nessa relação, foi indicado o nome do Renato Duque para a Petrobras, foi indicado o nome do senhor Eduardo Medeiros para os Correios, a princípio eu levei para o senhor José Dirceu o nome do Dimas Toledo para que continuasse na Diretoria de Furnas", exemplificou o delator.
A partir daí, novamente sem que nenhum investigador da Lava Jato questionasse ou o juiz federal Sérgio Moro, Fernando Moura se estendeu no caso específico da estatal mineira de Furnas.

"Ele [Dirceu] usou até uma expressão comigo: 'o Dimas não, porque o Dimas se entrar em Furnas e colocar ele de porteiro, ele vai mandar em Furnas, é uma pessoa que já está há muito tempo, 34 anos, é uma indicação que sempre foi do Aécio [Neves]'", contou.

"Passado um mês e meio, ele [Dirceu] me chamou e perguntou: qual a sua relação com Dimas Toledo. Eu disse que estive com ele três vezes, achei ele competente, um profissional. 'Porque esse foi o único cargo que o Aécio [Neves] pediu para o Lula, então você vai conversar com o Dimas e diga para ele que a gente vai apoiar a indicação dele'", teria dito Dirceu a Moura.

"Eu fui conversar com o Dimas, que na oportunidade me colocou da mesma forma que coloquei o caso da Petrobras, em Furnas era igual. Ele [Toledo] falou: 'vocês não precisam nem aparecer aqui, vocês vão ficar um terço para São Paulo, um terço nacional e um terço para Aécio'", narrou.

E a procuradora interrompeu: "tá, mas a pergunta que eu fiz para o senhor foi diferente. Eu quero saber qual é a participação do senhor José Dirceu no esquema da Petrobras".

Do GGN, por Patricia Faermann.