quinta-feira, 18 de maio de 2017

A plutocracia se move com desenvoltura, jornalistas da Globo já defendem abertamente eleições indiretas

Cristiana Lôbo e Valdo Cruz, da GloboNews
Os jornalistas Valdo Cruz e Cristiana Lobo, discípulos de Merval Pereira na GloboNews, batem na tecla de que é preciso respeitar a Constituição e, no caso de renúncia de Michel Temer, a eleição deve ser indireta.

“Não podemos embarcar numa aventura, em soluções milagrosas”, diz Valdo.
Traduzindo: se o povo for chamado a escolher quem deve tirá-lo da crise, pode dar Lula e aí será ruim.

Ruim para quem?

O país foi atirado a uma aventura, depois que o Congresso Nacional, setores do Judiciário, veículos de comunicação como a Globo inviabilizaram o governo legitimamente eleito de Dilma Rousseff.

Para estes, Aécio Neves, ao não reconhecer a derrota para Dilma Rousseff, era a liderança perfeita.

Não se pode esquecer que, em dezembro de 2014, a taxa de desemprego era próxima de 4%, a menor da série histórica, um nível de pleno emprego.

Hoje, depois que Dilma ficou sem condições de governar e decorrido um ano de governo de Michel Temer, a taxa é de quase 14%, recorde de desemprego.

Aécio Neves foi o líder perfeito para quem apostava na crise para incinerar 54 milhões de votos, apontado como o estadista preterido pelo povo.

Agora que caiu a máscara de bom moço de Aécio e se descobriu que Temer, na verdade, age como chefe de quadrilha, o discurso foi adaptado:

“Olha, vamos prestar atenção no diz o decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Melo, e também no que está falando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é preciso respeitar a Constituição”, dizem jornalistas como Valdo.

Dizem isso porque lhes falta sinceridade. O que eles gostariam de dizer é: o povo tem que ficar fora dessa decisão.

Que democracia é esta?

Ora, sem eleições diretas e com um Congresso livre para escolher o presidente, em quem os parlamentares deveriam votar?

Os mesmos de sempre.

Os deputados escolheram Eduardo Cunha, depois Rodrigo Maia, para dirigi-los.
O Senado foi de Renan Calheiros, agora é Eunício de Oliveira.

Estes são os líderes maiores do Congresso.

Mas não será isso que acontecerá.

Nas condições políticas atuais, o Congresso pode e deve eleger um nome da sociedade civil.

E como fariam isso?

Pressionados.

Cármen Lúcia ou qualquer outro iluminado só chegaria ao Palácio do Planalto num grande conluio da plutocracia.

É mais fácil conven$er a maioria entre os 594 parlamentares do que um eleitorado de 150 milhões de pessoas.

Mais ou menos o seguinte: este é o nome que nós queremos. Votando nele, conte conosco. Não votando, serão atirados aos leões — serão todos presos.

Este Congresso – o pior (ou melhor, dependendo do ponto de vista) que o dinheiro pode comprar – está mergulhado no esgoto da corrupção aberto por delações como a da Odebrecht.

Portanto, quando os jornalistas da Globo News pedem cautela e invocam nomes como Celso de Melo para legitimar o que dizem, não estão pensando na população em geral, mas na segurança de seus patrões.

Ora, eleição direta também pode ser constitucional, porque a própria Constituição admite sua mudança, constitucionalmente.

Sem consultar o povo, só chegará ao Planalto pela via indireta quem tiver o apoio da plutocracia, que faz movimentar um parlamento refém de seus próprios crimes.

A essas forças econômicas, o presidente eleito indiretamente deverá ser cargo.
Não terminará bem.

No curso normal do parlamento, poderia se esperar Renan Calheiros ou alguém do calibre de Eduardo Cunha.

Estes têm eleitores cativos no Congresso.

Na situação atual, se não for alguém como eles, só quem tiver apoio de quem detém o poder econômico.

Em 1984, o argumento era parecido: não podemos fazer eleição direta agora porque dará Leonel Brizola.

Era este o discurso.

Um grande conchavo da elite elegeu Tancredo Neves pela via indireta – suprema ironia, avô de Andrea e Aécio Neves.

Tancredo morreu antes da posse e assumiu José Sarney.
Os gênios da plutocracia não previam isso.

Deu no que deu.

A Constituição diz que a origem do poder está no povo.
Sem ele, é golpe.

Do DCM

A unidade da coalizão golpista ruiu não há mais governança

Foto: Beto Barata/PR
​O agravamento da crise mostra que a coalizão golpista se tornou incapaz de sustentar sua própria unidade. A despeito dos muitos interesses em comum, empresários, políticos das diversas facções da direita, procuradores e juízes se engalfinham numa disputa que é sobre os limites da Lava Jato e também pelo exercício do poder.

A esperança de Michel Temer, para continuar na presidência, é que o país volte subitamente aos tempos de José Sarney ou de Fernando Henrique Cardoso - ou que se torne um grande São Paulo dos governos tucanos. Tempos e lugar em que escândalos são enterrados com desprezo absoluto pelo público, graças à cumplicidade ativa da maioria do legislativo e da quase totalidade do judiciário. Mas esse cenário não é fácil de ser produzido. Há um clima de salve-se quem puder na elite política. E Temer se viu subitamente jogado na condição a que reduziu Dilma no segundo mandato: um governo na corda bamba, portanto um governo cujas benesses, desvalorizadas pela incerteza de sua permanência, tornam-se menos capazes de comprar lealdades.

A situação no PSDB é grave. As declarações gravadas de Aécio são as mais chocantes de toda a novela e representam a pá de cal na hipocrisia tucana. Imagino que um oportunista como João Doria terá fortes incentivos para trocar seu discurso de bom moço ("sou um soldado do partido") por um distanciamento maior - afinal, o PSDB é o partido que lançou um criminoso comum à presidência da República em 2014, não será fácil se libertar desse carma. Doria, no entanto, parece ainda verde para esse voo solo. E a natureza e a gravidade da crise, que exigem grande liderança política para superá-la, trabalham contra seu discurso planamente gerencial.

O PT foi atingido lateralmente - mas, uma vez mais, com denúncias sem provas materiais que as sustentem. Não tenho condição de avaliar qual o grau e a natureza do envolvimento do ex-ministro Guido Mantega, mas é muito implausível que, dentre todos os grandes partidos brasileiros, o PT fosse o único que não se nutrisse das verbas carnudas da JBS. Cumpre observar que Lula fica preservado e o sentido geral do depoimento de Joesley Batista reforça o que já se percebia (e que não ajuda para produzir uma condenação em Curitiba): que o ex-presidente sempre foi muito zeloso de não se envolver nos esquemas de corrupção que vicejavam à sua volta. O risco é que Lula se sinta tentado a aceitar o papel de tábua de salvação da elite política sob ameaça.

A bandeira das eleições gerais, que já começa a tomar as ruas, retira das instituições que se acumpliciaram no golpe - Congresso e Supremo - a legitimidade para encaminhar a solução da crise. Tem o mérito de enfatizar que qualquer solução deve passar pelo apoio da maioria. Sintetiza graficamente a exigência de democracia.

Ao mesmo tempo, é necessário não descuidar da luta contra o retrocesso nos direitos. Para os interesses dominantes, o nome do ocupante da presidência é o de menos. A bomba que atingiu o planalto paralisa, ao menos por enquanto, o avanço da reforma da previdência e da reforma trabalhista. Mas elas serão retomadas assim que possível. Por isso a nossa resistência não pode cochilar. A luta por eleições gerais não pode se desgarrar da luta contra o fim da aposentadoria e o fim da CLT.

Por fim, ainda que a bandeira das diretas, com o potencial que tem para angariar apoio popular, permita colocar os donos do poder na defensiva, é bom lembrar que o chamamento às urnas não é solução milagrosa. Numa situação com traços de anomia, que eleições serão essas? Quem controlará o uso do poder econômico? Quem controlará a mídia corporativa? Quem controlará a violência política? Quem controlará um tribunal eleitoral presidido por ninguém menos que Gilmar Mendes? Caso a proposta das diretas ganhe factibilidade, é importante tentar gerar salvaguardas para que elas ocorram com um mínimo de lisura.

Do GGN

Governo de Michel Temer agoniza, mas nega renúncia

"Não comprei o silêncio de ninguém, por razão singelíssima: porque exata e precisamente não temo nenhuma delação, nao preciso de cargo público nem de foro especial".

Em pronunciamento na tarde desta quinta (18), o presidente Michel Temer afirmou que não vai renunciar ao mandato em função das denúncias da Lava Jato. Temer foi gravado por dono da JBS dando aval à compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro. Vídeo aqui.

Em rede nacional, Temer admitiu que foi gravado "clandestinamente", mas afirmou que não cometeu crime nenhum. Segundo o presidente, ele tomou conhecimento dos pagamentos a Cunha na noite de 7 de março, mas encarou como uma ajuda financeira ao deputado cassado, hoje preso na Lava Jato.

"Ouvi os relatos do empresário que, por solicitação do deputado [Rocha Louras], ajudava a família do ex-parlamentar [Eduardo Cunha]. Não solicitei que isso acontecesse e só tive conhecimento desses fatos por esse empresário", disse Temer.

"Não comprei o silêncio de ninguém, por razão singelíssima: porque exata e precisamente não temo nenhuma delação, nao preciso de cargo público nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome e nunca autorizei que fosse usado indevidamente. (...) Não renunciarei. Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para esclarecimentos ao povo. Essa situação de dubiedade e dúvida não pode exigir muito tempo", acrescentou.

Temer ignorou que sua base política no Congresso começou a esfarelar nesta quinta, quando lideranças anunciaram que discutem abandonar o governo. O principal fiador de Temer, o PSDB de Aécio Neves - também atingido pela delação da JBS - pressiona para que os ministros entreguem os cargos. Imediatamente após a fala de Temer, Roberto Freira (PPS) entregou o Ministério da Cultura.

Ao rechaçar a possibilidade de denúncia, Temer pediu investigação rápida e apegou-se aos resultados da economia para dizer que estava fazendo um bom governo.

"Quero deixar muito claro, dizendo que o meu governo viveu nesta semana seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda na inflação, os números de retorno ao crescimento na economia e os dados de geração de empregos criaram esperança de dias melhores. O otimismo retornava e as reformas avançavam no Congresso", disse Temer.

"A revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe de volta o fantasma da crise política de proporção ainda não dimensionada. Portanto, o imenso esforço de tirar o País da crise pode se tornar inútil e não podemos jogar fora o trabalho em prol do País", avaliou.

Do GGN

Fachin do STF afasta Aécio, presidente nacional do PSDB, e líder do golpe, não é mais senador

Aécio Neves (PSDB-MG) não é mais senador; o presidente nacional do PSDB e líder do golpe que destituiu Dilma Rousseff foi afastado do cargo pelo ministro do STF Edson Fachin; o pedido de afastamento foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e acolhido por Fachin; Aécio foi gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, pedindo R$ 2 milhões em propina; longe do Senado e sem o foro privilegiado do cargo, Aécio pode ter destino semelhante ao de Eduardo Cunha e ter seu caso remetido para o juiz Sérgio Moro; com isso, a decisão por uma eventual prisão do mineiro estaria nas mãos de Moro.

O presidente nacional d PSDB, Aécio Neves (PSDB-MG), não é mais senador.

O líder do golpe que destituiu Dilma Rousseff foi afastado do cargo pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin.

O pedido de afastamento foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e acolhido por Fachin.

Aécio foi gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, pedindo R$ 2 milhões em propina.

Longe do Senado e sem o foro privilegiado do cargo, Aécio pode destino semelhante ao do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e ter seu caso remetido para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Com isso, a decisão por uma eventual prisão do mineiro estaria nas mãos de Moro.

Do 247

As pedras no Xadrez do fim do governo Temer e diretas já

A delação de Joesley Batista, da JBS - divulgada pelo Globo - é a maior bomba política da história.

Joesley entregou gravações com Michel Temer e Aécio Neves, que revelam por completo o que foi a aventura do impeachment e dos vazamentos da Lava Jato na véspera das eleições.

Não se trata mais de corrupção política, captando recursos de caixa 2 para financiamento de campanha. As gravações mostram claramente duas organizações criminosas no topo da política brasileira, uma liderada pelo presidente Michel Temer, outra pelo presidente do PSDB Aécio Neves.

Peça 1 - o caso Temer
Não houve limites para a desfaçatez de Temer. Mal empossado, levou para dentro do governo seus principais operadores pessoais: José Yunes, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR); mais Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e Moreira Franco, conhecidos pela enorme capacidade de sobrevivência aos escândalos mais variados.

As gravações mostram ele avalizando a decisão dos Batista, de pagar pelo silêncio de Cunha. E, mais ainda, indicando Loures para uma mega-propina de 20 anos de prazo.

O país ficou literalmente à mercê de uma quadrilha. Sob o comando de Temer e Padilha, montou-se o maior leilão e o maior aparelhamento da história, com parlamentares negociando emendas, colocando apaniguados em órgãos técnicos, negociando projetos de alto interesse estratégico – como o pré-sal, o satélite brasileiro, a nova lei geral de telecomunicações.

Não há salvação para Temer: os crimes ocorreram em plena vigência de seu mandato de presidente. Vai se livrar da prisão devido à idade.

No Mutirão "O caso do primeiro amigo"  (https://goo.gl/FlcCEE) juntamos as matérias levantadas a partir dos documentos enviados pelo Anonymous.

Peça 2 - o caso Aécio Neves
As denúncias contra Aécio Neves, definitivas, porque acompanhadas não apenas de gravações, mas de outras provas colhidas pela PF, como o rastreamento do dinheiro, jogam no centro da notícia o chamado helicoca, e pode abrir caminho para o levantamento das ligações do mundo político com os narcotraficantes.

O dinheiro entregue ao primo não era para o advogado de defesa, conforme alegou Aécio na conversa com Joesley. O dinheiro foi encaminhado para uma das empresas do senador Zezé Perrela (PMDB-MG), justamente o dono do helicóptero encontrado com os 500 quilos de cocaína.

Não foi o primeiro episódio relacionando Aécio com o submundo.

O aeroporto de Cláudio estava na rota do helicóptero (https://goo.gl/OmFYYc) (https://goo.gl/XIoMdd).  E seu primo, Tancredo Tolentino (o único que herdou o nome do avô), e responsável pelas chaves do aeroporto de Cláudio, foi denunciado por esquemas armados com desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais visando libertar traficantes. Cada habeas corpus saia por R$ 120 mil.

Toda a blindagem montada ao longo dos últimos anos se esboroa com as denúncias dos irmãos Batista.

Peça 3 – o incêndio
Agora, se entra em um vazio complicado.

Os vazamentos da Lava Jato, às vésperas das eleições de 2014, quase entregam o país nas mãos do mais atrevido e inescrupuloso político brasileiro, Aécio Neves. O impeachment e a posse de Michel Temer tiveram como padrinhos a mídia, a Lava Jato, o juiz Sérgio Moro – autorizando a liberação das gravações de Dilma e Lula -, o Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot – avalizando o vazamento, provavelmente por fraqueza -, o Ministro Gilmar Mendes – impedindo a posse de Lula -, os demais Ministros do STF, endossando todas as arbitrariedades. Ou seja, todos são pais do bebê de Rosemary.

Ao mesmo tempo, Aécio era blindado de todas as formas por Rodrigo Janot e Gilmar Mendes, desafetos, mas aliados no trabalho de procrastinar as denúncias contra ele.

A delação dos irmãos Batista desmonta todo o castelo erigido em torno do golpe.

Haverá muita especulação sobre as razões de O Globo – e o Jornal Nacional – terem dado tanto destaque à denúncia. Não se pense em teorias conspiratórias. A notícia viria de qualquer maneira à tona. E, se divulgada por outro meio, deixaria em maus lençóis a própria Globo, principal madrinha de Temer e do golpe. Tiveram pouco tempo para decidir, conforme se viu nos improvisos do JN.

Provavelmente o fato das investigações terem sido tocadas a partir de Brasília, impediu a blindagem de Aécio pela PF de Minas e pela força tarefa de Curitiba. Recorde-se que o próprio juiz Sérgio Moro impediu Eduardo Cunha de encaminhar perguntas incômodas a Temer. Foi necessário um juiz de Brasília para encaminhar as perguntas.

Em todo caso, foram as ameaças de Cunha – e provavelmente o escândalo da Carne Fraca – que precipitaram a delação.

Nesse episódio, PF e PGR mostraram como deve ser a verdadeira delação premiada, tornando o delator agente direto no levantamento de provas, na chamada ação controlada. PF e PGR atuaram em conjunto, documentando cada passo, rastreando o dinheiro e, aparentemente, juntando provas definitivas para desmantelar as duas organizações, em vez do rosário de irrelevâncias das delações tatibitates de Curitiba.

O ponto central é que, pela bomba apresentada – gravações com Temer e Aécio – nem as muralhas de Itaipu poderiam conter a enchente.

Peça 4 – e agora?
Não há a menor possibilidade da permanência do governo Temer. Definitivamente acabou, assim como acabaram as tentativas de reformas articuladas no Congresso.

A grande incógnita é o que virá pela frente. A delação pegou a todos de surpresa, não dando tempo de articular uma saída. Até vazar a delação, o que se tinha era um julgamento de cartas marcadas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) condenando Dilma e livrando Temer.

As alternativas pela frente são:

1.     A renúncia de Temer e o presidente da Câmara Rodrigo Maia assumindo interinamente a presidência. Mas haverá resistência do Congresso. E como fica? Aparentemente não haverá resistência no Congresso.

2.     Se Temer não renunciar rapidamente, o caminho mais razoável será a inelegibilidade de Temer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

3.      Não há a menor possibilidade de prolongar o interinato de Rodrigo Maia. Maia é a síntese de Temer com seu sogro Moreira Franco e seu pai César Maia.

4.     Tentativa de emplacar uma eleição indireta. Nesse caso, o nome de maior aceitação poderia ser o ex-Ministro Nelson Jobim, aliado dos tucanos mas que, nos últimos tempos, buscou aproximação com setores ligados a Lula.

5.     Não existe possibilidade da presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Carmen Lúcia assumir a presidência. Não tem estrutura emocional nem traquejo para administrar os terremotos que virão pela frente até a terra se acomodar novamente.

6.     A única maneira de recompor a legitimidade do sistema político seriam eleições diretas em todos os níveis. Hoje à noite já começaram as manifestações por eleições diretas. Mas como convencer o sistema a convocar eleições sem inabilitar Lula? Por outro lado, como conseguir um mínimo de pacificação sem se valer do potencial de negociação de Lula? Finalmente, o que é o sistema, depois da implosão política de hoje?


Fosse um país minimamente civilizado, a esta altura as principais lideranças estariam amarrando um pacto em torno de pontos mínimos de consenso, permitindo que os grupos políticos se comportassem como náufragos em um barco salva-vidas, cuidando de não brigarem para o barco não virar.

Do GGN

O fim do governo Temer e as alternativas possíveis, Luís Nassif

Confira na íntegra, aqui no Vídeo:
O fim escandaloso e melancólico de um governo central, fruto de um golpe parlamentar, que colocou no poder uma QUADRILHA. Golpe esse, perpetrado, avalizado por uma elite inescrupulosa tendente a movimentos direitistas, com apoio decisivo das instituições de cúpula do Estado brasileiro.

Do GGN

Propina solicitada por Aécio foi parar na empresa de dono do helicóptero da cocaína, Gustavo Perrella

Além de ter atingido em cheio o governo Michel Temer, ao revelar que o presidente deu aval à compra de silêncio de Eduardo Cunha, a proposta de delação da JBS caiu como uma bomba em cima da cabeça do senador Aécio Neves (PSDB).

Reportagem de Lauro Jardim, em O Globo desta quarta (17), revelou que a Lava Jato tem provas de que o tucano pediu R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, com a desculpa de que precisava pagar seus advogados. Mas, na verdade, a Polícia Federal sabe que parte do dinheiro foi parar na empresa de Gustavo Perrella, filho do senador Zezé Perrela (PMDB-MG), o mesmo que se envolveu no episódio do helicóptero de cocaína.

Uma das provas contra Aécio é a gravação que a JBS entregou à Procuradoria Geral da República. O diálogo com o tucano ocorreu em março, em um hotel em São Paulo. Nele, Joesley concorda com o pedido dos R$ 2 milhões e pergunta ao senador quem será enviado para retirar o dinheiro. Aécio responde: "Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho."

A Polícia Federal gravou o primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, carregando uma mala com R$ 500 mil. Outras três retiradas foram feitas. "Fred, como é conhecido, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014. Tocava a área de logística", apontou O Globo.

Fred, segundo a Lava Jato, entregou as malas para Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zeze Perrella (PMDB-MG).

O assessor fez três viagens a Belo Horizonte, sempre seguido pela PF, e "negociou para que os recursos fossem parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella."

Gustavo Perrella é o dono do helicóptero apreendido em uma cidade mineira com quase meia tonelada de pasta base de cocaína, em 2013. O caso acabou com todos os envolvidos inocentados.


Do GGN

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Aécio: tem que ser um que a gente mate antes de fazer delação

Gravações feitas pelos donos da JBS Friboi revelam pedido de propina de R$ 2 milhões por parte de Aécio Neves; o mais estarrecedor do áudio, no entanto, é a sugestão do presidente do PSDB para matar o recebedor da propina antes que haja uma delação; "Tem que ser um que a gente mate antes de fazer delação", disse o tucano; depois, Aécio diz: "Vai ser o Fred, com um cara seu [Joesley]. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho"; Fred, a quem Aécio se refere, é Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador e ex-diretor da Cemig, que acabou recebendo o dinheiro, em uma cena filmada pela Polícia Federal.

Gravações feitas por Joesley e Wesley Batista, donos do frigorífico JBS Friboi, revelam que Michel Temer deu aval para o pagamento de propina para Eduardo Cunha - uma forma de comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados. Os empresários também gravaram o senador Aécio Neves - o parlamentar tucano pediu R$ 2 milhões em propina.

No entanto, o aspecto mais assustador das gravações é uma fala de Aécio. Segundo matéria do jornal O Globo, Aécio faz uma exigência sobre a pessoa recebedora da propina: "Tem que ser um que a gente mate antes de fazer delação". O dinheiro seria usado para pagar a defesa do senador mineiro justamente nos processos da Lava Jato nos quais ele é implicado.

Aécio diz: "Vai ser o Fred, com um cara seu [Joesley]. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho". O Fred a quem Aécio se refere é Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Neves e ex-diretor da Cemig - Medeiros foi um dos coordenadores da campanha do tucano a presidente em 2014.

Do 247

Procurador do MPF Dallagnol já foi denunciado por usar condução coercitiva e constranger testemunha

Hoje procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol foi acusado de "constrangimento de testemunha a não permanecer calada, inclusive cogitando de prisão em flagrante"
  
Coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR), o procurador Deltan Dallagnol já foi denunciado à Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal por ter violado o direito ao silêncio de uma testemunha, além de tê-la obrigado a depor por meio de condução coercitiva. A Corregedoria reconheceu os atos praticados por Dallagnol, mas arquivou a ação movida pelos advogados da servidora investigada.

Dallagnol não deixou por menos e, em 2006, entrou com uma ação criminal contra os advogados Alessandro Silvério e Bruno Augusto Gonçalves Vianna, alegando ser vítima de "denúncia caluniosa".

Uma década depois, Silvério, Vianna e Dallagnol voltaram a se encontrar em polos opostos, em função da Operação Lava Jato. A dupla de advogados integra a banca de defensores de Antonio Palocci, na ação em que o ex-ministro é acusado de receber propina da Odebrecht. (nº 5054932-88.2016.4.04.7000) Recentemente, Palocci anunciou que trocou o time comandado pelo escritório de Roberto Batochio pelo de Adriano Bretas - criminalista mais íntimo da força-tarefa quando o assunto é delação premiada.

Silvério e Vianna também atuaram em outra ação da Lava Jato, a de executivos da Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, julgados pelo juiz Sergio Moro. (nº 5045575-84.2016.4.04.7000)

Uma reportagem assinada por Adriana Aguiar, do Conjur, em 2006, relata o episódio em que a defesa de Silvério e Vianna, feita pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, solicitou ao TRF-1 o trancamento da ação penal movida por Dallagnol contra dos advogados.

Além da condução coercitiva e violação ao direito ao silêncio da testemunha, está na raiz dessa história a negativa de Dallagnol em dar acesso às provas da investigação.

O resumo é o seguinte:

- Dallagnol instaurou um "procedimento investigatório criminal" com a finalidade de apurar irregularidades no pagamento de servidores da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná.

- Em junho de 2005, Dallagnol notificou a servidora Antônia Kaluzny que ela deveria comparecer ao Ministério Público para depor como testemunha.

- Na data, a defesa pediu acesso à investigação, para evitar que a cliente pudesse ser incriminada enquanto depunha como testemunha. Dallagnol negou alegando que o caso era sigiloso. A servidora não colaborou com a investigação.

- Dallagnol, então, solicitou a condução coercitiva à Polícia Federal. Depois, notificou a defesa da testemunha por telefone, apenas. Disse que se ela quisesse evitar a cena, deveria se reportar ao MP até dois dias antes da condução.

- Como a notificação por telefone não dispensa a formalidade do papel, a defesa informou à Procuradoria da República da ocorrência com Dallagnol. Não foi suficiente para evitar a condução coercitiva. O procurador da Lava Jato, por sua vez, explicou que não intimou formalmente porque já havia feito isso na primeira vez em que a testemunha se negou a depor. A defesa, contudo, lembrou que, por lei, não apenas a servidora pública, mas também seu superior deve ser notificado nessa situação. Fatos que não ocorreram.

- Segundo Velloso, os advogados orientaram a servidora a permanecer em silêncio, como é de direto, já que a defesa não tinha conhecimento das provas que instruiam a investigação.

- Contudo, a orientação "não pôde ser seguida, eis que o Procurador da República [Dallagnol] advertiu-a 'de que estará sujeita às sanções legais do crime de falso testemunho, inclusive as decorrentes da situação flagrancial'." 
  
Na peça em que pede o trancamento da ação movida por Dallagnol, Velloso apontou que a Corregedoria do MPF, quando analisou o caso, "admitiu como verdadeiros os fatos narrados pelos representantes, limitando-se, tão-somente, a discordar da qualificação jurídica a eles dados pela representação. Em outras palavras: teve os fatos como efetivamente ocorridos mas considerou-os atípicos."

A matéria completa está disponível aqui.

Do GGN

Michel Temer é pego pedindo para manter "mesada" ao ex-deputado Eduardo Cunha, para evitar delação

Sócios da JBS entregaram ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, na noite desta quarta (17), provas de que o presidente Michel Temer (PMDB) pediu para a empresa "manter" uma "mesada" a Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba (PR). O objeto é evitar que Cunha faça uma delação premiada. As informações foram reveladas pelo jornalista Lauro Jardim, de O Globo. Os empresário querem fechar um acordo de cooperação.

Segundo o jornalista, o empresário Joesley Batista gravou a conversa com Temer, que ocorreu pessoalmente, na noite de 7 de março deste ano. Jardim escreveu que há trechos "explosivos".

"Num deles, o dono da JBS relatou a Temer que estava dando mesada a Eduardo Cunha e Lúcio Funaro para que ambos, tidos como conhecedores de segredos de dezenas de casos escabrosos, não abrissem o bico. Temer mostrou-se satisfeito com o que ouviu. Neste momento, diminuiu um pouco o tom de voz, mas deu o seu aval: 'Tem que manter isso, viu?'", respondeu Temer.

"(...) Joesley afirmou que não foi Temer quem determinou que a mesada fosse dada. Mas que o presidente tinha pleno conhecimento da operação cala-boca", acrescentou o jornalista.

Em outro momento, Joesley quis discutir questões da J&F, dona da JBS. O presidente teria destacado o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB) para "resolver o assunto". O parlamentar foi filmado pela Polícia Federal transportando uma mala com R$ 500 mil.

A operação da Lava Jato foi totalmente combinada entre os pretensos delatores e a polícia, informou o Jornal Nacional. Isso significa que os recursos distribuídos pela JBS como propina estavam sendo monitorados por chip, além de ter o controle do número das cédulas.

Aécio Neves também caiu em grampo da JBS. O senador do PSDB aparece em uma conversa, também com Joesley, pedindo R$ 2 milhões para pagar sua defesa.

GGN

As pedras no xadrez da lava lato em família, Luís Nassif

Peça 1 – as caixas pretas do Judiciário
Mais independente e sutil dos Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), assim que explodiu a disputa entre o Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot e o Ministro Gilmar Mendes, sobre conflitos de interesse – de parentes em escritórios de advocacia com grandes causas no STF e na PGR – o Ministro Marco Aurélio de Mello declarou-se impedido de julgar qualquer processo em que atuasse o escritório de Sérgio Bermudes. Alegou que tinha uma sobrinha que lá trabalhava.

Foi um tapa com luva de pelica nas práticas históricas das altas cortes, de parentes de Ministros, desembargadores, Ministros do Tribunal de Contas e outros advogarem nos tribunais em que atuam seus padrinhos.

Hoje em dia, há duas caixas pretas rondando o Judiciário. Uma, das ações em família; outra, das palestras de cachês desconhecidos.

Uma terceira caixa preta surge com a Lava Jato.

Os maiores escritórios de advocacia do Rio e São Paulo, antes especializados nas áreas comercial, administrativa e de contratos, passaram a aceitar advogados criminalistas como sócios, para atender à enorme demanda provocada pela Operação Lava Jato.

São honorários milionários. Segundo advogados paulistas, conseguir uma causa de delação premiada de algum cliente mais poderoso pode render até R$ 15 milhões de honorários.

Peça 2 – o poder da Lava Jato
A instituição da delação premiada na Lava Jato, conferiu um poder extraordinário a juízes e procuradores envolvidos com a operação. Depende deles – exclusivamente deles – a liberdade ou a prisão dos réus. E como a decisão de aceitar ou não é eminentemente subjetiva, eles se tornam senhores absolutos do destino dos réus que caem em suas mãos.

Essa submissão dos réus gerou dois fenômenos distintos.

O que está em jogo não é pouco. Ou a prisão, ou a possibilidade de ser libertado e ainda usufruir de parte da riqueza amealhada com a corrupção. Alberto Yousseff, a arma sacada por Sérgio Moro, conseguiu a liberdade e ainda a possibilidade de receber comissões sobre quantias que ajudar a recuperar.

Depois que a Odebrecht quebrou a cara, quando seus advogados resolveram enfrentar a Lava Jato, houve mudança total no comportamento dos advogados de réus candidatos à delação. Advogados altivos, passaram a aceitar todas as imposições da força-tarefa e do juiz e ainda avalizar o jogo de cena, negando qualquer imposição no conteúdo das delações.

Ora, todo delator já sabe, de antemão, o que os procuradores – e o juiz – desejam: informações que ajudem nas ações contra Lula. Aliás, não apenas eles mas a torcida do Corinthians e do Flamengo. E do Atlético Paranaense, é claro.

A partir daí entra-se na caixa preta. Até que ponto a contratação de advogados ligados às autoridades da Lava Jato se deve à sua competência, à tentativa de agradar a autoridade (agrado que pode ser correspondido ou não) ou barganha?

Trata-se de uma situação controversa, que merece uma segunda pergunta: até que ponto é lícito a um advogado aceitar uma proposta de uma empresa cujo destino está nas mãos de seu padrinho político?

Caso 1 – a filha de Janot
Filha do PGR Rodrigo Janot, Letícia Ladeira Monteiro de Barros é uma jovem advogada de cerca de 27 anos, especializada em direito econômico, que trabalha em um escritório de advocacia que conseguiu três contas relevantes: Petrobrás, OAS e Brasken.

Ela atua basicamente no CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico). Apesar de Janot não ter nenhuma relação direta com o CADE, as três empresas estão em suas mãos. No caso da OAS e da Brasken, dependem dele para a aceitação da oferta de delação premiada de seus executivos, assim como dos acordos de leniência agilizados, para impedir a sua quebra.

O Estadão publicou que “atualmente, a OAS negocia acordo de delação de seus executivos com o Ministério Público Federal. A negociação foi suspensa no ano passado, por decisão de Janot, depois do vazamento de supostas informações que fizeram parte das conversas entre executivos da empresa e o MPF”.

Conforme o GGN mostrou na ocasião, eram fúteis os motivos invocados para a suspensão das negociações: suposto vazamento de informações irrelevantes para a Veja, em um universo em que não passa dia sem que um documento seja vazado.

Em sua defesa, Janot afirmou que as delações são propostas pelos executivos à PGR, não o contrário. Além disso, ele não atua contra a “pessoa jurídica” das empresas. Faltou falar que cabe à PGR dizer se aceita ou não. E quem decide pela “pessoa jurídica” são as pessoas físicas que dependem dele para aspirar a libertação.

Caso 2- Marlus Arns – Rosângela Moro
Conforme o GGN já vem mostrando há anos, as Federações das APAEs (Associação de Pais e Alunos dos Excepcionais) se trasformaram em um enorme sorvedouro de recursos públicos sendo parcamente fiscalizadas.
No caso da Federação da APAE do Paraná, há um conjunto de episódios mal-cheirosos:

1.     Quando Secretário de Educação do Paraná, o ex-senador Flávio Arns – liderança maior da APAE – destinou R$ 450 milhões às APAEs do Estado, para poderem competir com a rede pública federal, que passou a atender crianças com deficiência.

2.     Na outra ponta, seu sobrinho Marlus Arns tornou-se o principal advogado das ações das APAEs no estado.

3.     Sua contraparte na Federação é a diretor jurídica Rosângela Moro, esposa do juiz Sérgio Moro. Ela é tão envolvida com as APAEs que palestrou na ONU em evento sobre educação inclusiva – sendo que a ala das APAEs que ela representa se constitui no maior obstáculo à educação inclusiva, para não abrir mão dos recursos públicos.

Marlus é um advogado encrencado, denunciado por problemas com as empresas estatais paranaenses. De repente, tornou-se o principal advogado das delações da Lava Jato.

Foi responsável pelas negociações dos empreiteiros da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, Eduardo Leite e Paulo Augusto Santos, além do empresário João Bernardi Filho. Arns também atuou na defesa de Ivan Vernon, ex-assessor de Pedro Corrêa (PP), assim como de Valério Neves, ligado ao ex-senador Gim Argello (PTB-DF), e do ex-assessor de José Janene (PP - morto em 2010), João Cláudio Genu. Também representa Renato Duque deste agosto de 2015. Recentemente, Duque rompeu o silêncio e pediu para falar com Moro sobre a Petrobras. Ele acusou Lula de mandar destruir provas. Outros clientes ilustres de Arns são o deputado cassado Eduardo Cunha e sua esposa, Cláudia Cruz.

É possível que os honorários de Marlus passem dos R$ 50 milhões.
A relação da família Arns com Moro e a equipe da Lava Jato se estende: o irmão de Marlus, Henrique Arns de Oliveira, é diretor-geral do Centro de Estudos Jurídicos Luiz Carlos, que teve como professores no módulo de Direito Penal Econômico o procurador Deltan Dallagnol e Sérgio Moro.

Caso 3 - os Castor de Mattos
O escritório do advogado Rodrigo Castor de Mattos, irmão do procurador da Lava Jato Diogo Castor de Mattos, participou, ainda que informalmente, da delação premiada do marqueteiro João Santana e sua esposa Mônica Moura.

O GGN mostrou que o estagiário Felipe Pedrotti Cadori, que foi a um cartório de Curitiba registrar, em julho de 2016, uma conta de Gmail atribuída à Dilma Rousseff, trabalha, atualmente, no escritório Delivar de Mattos Advogados Associados.


Procurada, a Lava Jato em Curitiba afirmou que o procurador Diogo não participou da delação dos marqueteiros e que o escritório de seu irmão pediu procuração para representar o casal recentemente (o ofício foi enviado a Moro em abril de 2017), quando o acordo de colaboração já estava encerrado.

Mas o registro em cartório feito pelo estagiário, cerca de um ano atrás, prova a atuação informal e por baixo dos panos, já que quem assina a delação dos marqueteiros são os advogados Alessi Brandão e Juliano Campelo Prestes.

Rodrigo Castor de Mattos também representou o advogado de Alberto Youssef, Carlos Alberto Pereira da Costa, que, em 2014, confirmou elo entre o doleiro com o mensalão e petrolão.

A empresa de Carlos Alberto, a CSA Project Finance Consultoria, foi usada por Youssef para lavar dinheiro de José Janene, admitiu a Moro.
O depoimento de Carlos Alberto Pereira da Costa, que presenciou o entra e sai de políticos no escritório de Youssef, afundou de vez Luiz Argolo na Lava Jato. Também implicou Paulo Roberto Costa e empresas como a Engevix e Mendes Junior.


Procurada pelo Conjur, que questionou o laço familiar entre procurador e advogado do réu, a força-tarefa de Curitiba sustentou que “o advogado Rodrigo Castor de Mattos foi defensor do réu Carlos Alberto Pereira da Costa até 7/10/2014. Posteriormente, quando já era assistido pela Defensoria Pública da União, o réu celebrou acordo de colaboração com o Ministério Público Federal em 27/4/2016, sendo homologado em audiência na data de 6/6/2016.”


Mas há reportagens sobre as revelações feitas pelo delator ao juiz Moro e à Polícia Federal desde 2014. No processo sobre a Labogen, por exemplo, Youssef ficou em silêncio diante de Moro, orientado pelo defensor Antônio Figueiredo Basto, enquanto Carlos Alberto Pereira da Costa decidiu, segundo Rodrigo de Mattos, fazer uma “colaboração espontânea”.


Caso 4 – Saab - Miller
 Membro da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Marcelo Miller abandonou a carreira e se mudou para o prestigioso escritório Trech, Rossi e Watanabe que atua na defesa da SAAB-Scania no caso da licitação F-X da FAB (compra de caças). Detalhe: no MPF, Miller foi o principal procurador no processo sobre a FX. Antes disso, Miller atuou na Operação Norbert – que identificou contas da família de Aécio Neves em Liechtenstein.”


Miller disse estar afastado da Lava Jato, colaborando apenas eventualmente, desde o segundo semestre de 2016. “O procurador da República deve se dedicar à área de compliance, que trabalha na prevenção de práticas criminosas dentro de empresas. Procurado, ele não quis comentar a saída da instituição”, publicou o Estadão.

Peça 3 – os ensinamentos de Montesquieu
Todo aquele que detém poder tende a dele abusar, até que encontre um limite.

São três os princípios, cada um correspondendo a um governo: o da monarquia é a honra; o da república é a virtude; e o do despotismo é o medo.

Só pode existir liberdade quando não há abuso do poder. 

O que parece indicar que o poder judiciário sendo essencialmente o intérprete das leis deve ter tão pouca iniciativa e personalidade quanto possível (o juiz é apenas a boca que pronuncia as sentenças da lei, sem moderar sua força ou rigor). Não é o poder de pessoas, é o poder das leis, “teme-se a magistratura e não os magistrados”.

O que o interessa é a rivalidade entre as classes. Esta competição social é a condição do regime moderado porque as diversas classes são capazes de se equilibrar.

Do Procurador da República Ercias Rodrigues de Souza, em encontro da Associação Nacional dos Procuradores da República para discutir “Direito e Democracia”

A democracia moderna não é, simplesmente, representativa, ela é, acima de tudo, participativa. Além de se contar com os fiscais constitucionais, a própria sociedade organizada em conselhos e associações deve exercer, diuturnamente, o controle do exercício do poder de seus representados políticos.

Exatamente neste ponto é preciso voltarmos ao Ministério Público: por não sermos menos democráticos do que o parlamento e, também, por não sermos menos republicanos, deve seguir-se a conclusão de que também devemos contas aos titulares do poder. O certo é que o fato de tomarmos nossas atribuições diretamente do Texto Constitucional, por meio de habilitação em concurso público extremamente dificultoso, não implica sermos detentores de um poder de outra natureza, afinal, todo o poder emana do povo, como sabiamente o diz nossa Constituição, logo em seu começo. Confira o vídeo aqui.

Do GGN