sábado, 20 de maio de 2017

Investigadores cogitam pedir impeachment de Gilmar, Jota

Portal Jurídico informa que existe a possibilidade de pedido de impeachment de Gilmar Mendes; numa conversa interceptada pela Polícia Federal, com autorização do ministro Edson Fachin, Aécio pediu a Gilmar que atuasse na articulação política do PSDB em favor da lei que coíbe abusos de autoridade; ouça o áudio dos dois: aqui,

Portal Jurídico informa que existe a possibilidade de pedido de impeachment de Gilmar Mendes; numa conversa interceptada pela Polícia Federal, com autorização do ministro Edson Fachin, Aécio pediu a Gilmar que atuasse na articulação política do PSDB em favor da lei que coíbe abusos de autoridade; ouça o áudio dos dois. Aqui.

A ligação, interceptada pela Polícia Federal com autorização do ministro Edson Fachin, ocorreu no dia 26 de abril. Nela, Aécio pediu ao ministro Gilmar Mendes que telefonasse para o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) para que ele seguisse a orientação de voto proposta com Aécio no PLS 85/2017. A alternativa seria uma saída, segundo Aécio, para não parecer que a “bancada foi toda contrariada”.

No mesmo dia, o plenário do Senado aprovou o substitutivo do senador Roberto Requião (PMDB-PR) que estabelece as novas penalidades para crimes de abuso de autoridade nos três poderes.

Íntegra da matéria, clique aqui

Durante a conversa, o ministro concorda em ligar para Flexa que, segundo Aécio, ajudaria na condução da votação da proposta. Mendes relata ainda que já teria conversado com os senadores Antonio Anastasia (PSDB/MG) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre o assunto.

Leia o diálogo:

AÉCIO NEVES: Oi, Gilmar. Alô.

GILMAR: Oi, tudo bem?

AÉCIO NEVES: Você sabe um telefone que você poderia dar que me ajudaria na condução lá. Não sei como é a sua relação com ele, mas ponderando.. Enfim, ao final dizendo que me acompanhe lá que era importante.. Era o Flexa, viu?

GILMAR: O Flexa, tá bom. Eu falo com ele.

AÉCIO NEVES: Porque ele é o outro titular da comissão, somos três, sabe?

GILMAR: Tá bom, tá bom. Eu vou falar com ele. Eu falei… eu falei com o Anestasia e falei com o Tasso.. Tasso não é da comissão, mas o Anastasia… o Anastasia disse “Ah tô tentando.. [incompreensível].. E..

AÉCIO NEVES: Dá uma palavrinha com o Flex.. a importância disse e no final dá sinal para ele porque ele não é muito assim… de entender a profundidade da coisa.. Fala ó.. Acompanha a posição do Aécio porque eu acho que é mais sereno. Porque o que a gente pode fazer no limite? Apresenta um destaque para dar uma satisfação para a bancada e vota o texto… que vota antes. Entendeu?

GILMAR: Uhum

AÉCIO NEVES: Destaque é destaque… depois não vai ter voto. entendeu?

GILMAR: Uhum

AÉCIO NEVES: Pelo menos vota o texto e dá uma…

GILMAR: Uhum

AÉCIO NEVES: Uma satisfação para ban.. Para não parecer que a bancada foi toda ela contrariada, entendeu?

GILMAR: Uhum

AÉCIO NEVES: Se pudesse ligar pra Flexa aí e fala…

GILMAR: Eu falo pra com ele.. E falo com ele.. Eu ligo pra ele.. Eu ligo pra ele agora.

AÉCIO NEVES: [incompreensível] importante

GILMAR: Ligo para ele agora.


AÉCIO NEVES: Um abraço.

Do 247

Mas afinal, quem são os juízes envolvidos com a JBS?,

As delações de Joesley Batista produziram na nossa surrada república uma situação que beira o surrealismo. A Rede Globo, destino principal da publicidade do gigante que é a JBS, aderiu, ao lado do seu mega-anunciante, protagonismo de aliado, contra o já impopular governo Temer, filho seu.

Ferido de sua imensa impopularidade e ilegitimidade esse governo Temer ruma inevitavelmente para o abismo. Essa derrocada se dá de forma espetacular, uma rara implosão pública catastrófica, que consegue colocar em segundo plano o mergulho aos abismos do próprio Aécio Neves, senador e presidente do PSDB, partido que comandou a cassação de Dilma por pedaladas fiscais. Mas não apenas o senador mineiro ficou em segundo plano nesse cenário de guerra total que a rede Globo abriu contra Temer. Citados e  sem identificação formal, há a figura de dois juízes comprados pela JBS. Ontem Paulo Henrique Amorim perguntava quem seriam esses juízes.

Relegado à especulação, transcrevo abaixo o áudio pelo qual o sr. Joesley informa a Temer que tem dois juízes no bolso. Nele algumas esparsas informações são agregadas, contextualizando o trabalho da ou das varas onde trabalham esses juízes e dando pistas que são como um quebra-cabeças onde não conseguimos enxergar a imagem, mas...

Vamos à transcrição:

“Temer: Tem que manter isso, viu...

Joesley: Todo mês, também, eu estou segurando as pontas, estou indo. Esse processo, eu estou meio enrolado, assim, no processo assim...

Temer: [inaudível]

Joesley: Isso, isso, é, investigado. Eu não tenho ainda a denúncia. Então, aqui eu dei conta de um lado do juiz, dá uma segurada, do outro lado o juiz substituto que é um cara que ficou...

Temer: Está segurando os dois...

Joesley: É, segurando os dois. O, eu consegui um [inaudível] dentro da força tarefa que tá...

Temer: Tá lá...

Joesley: ...Também tá me dando informação. E lá que eu estou para dar conta de trocar o procurador, que está atrás de mim. Se eu der conta tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar, e tal. O lado ruim é que se vem um cara como...”

Ora, a JBS tem processos em diversas varas e ontem muitas especulações apontaram como alvo para juízes vinculados à 10a  vara de Brasília onde a JBS tem diversos processos em andamento.

Entretanto, no áudio transcrito, Joesley discorre sobre uma situação em especial, que ele sequer se dá o trabalho de citar, pois está sendo bastante bem compreendido por Michel Temer. Mas no trecho há o seguinte indício indireto sobre a que vara se refere: “Isso, isso, é, investigado. Eu não tenho ainda a denúncia. ”

Então os juízes que ele comprou cuidam de algo que está numa fase anterior à de um processo, está em fase de inquérito, e não se converteu em denúncia. Portanto ele está “segurando” dois juízes numa vara onde ele não tem processo, mas inquérito.

Pode ser que seja a 10a vara de Brasília, mas nesse contexto ele não parece estar preocupado com os processos em curso, mas com um inquérito novo. Pode não ser.

Há, no momento, um procurador preso oriundo de uma força tarefa, o que coincide com os áudios. Esse procurador atuava numa vara onde correm processos contra a JBS, o áudio, porém, se refere a uma investigação. Além disto, apesar do afastamento de um Senador e de um inquérito em cima de um Presidente da República, nenhum juiz foi molestado.

Ora, apesar do judiciário tender a uma espécie de autoproteção, é justo questionarmos se o procurador preso é o mesmo a que se refere Joesley ou se é outro, cuja prisão esteja relacionada a fatos não narrados nos áudios. Nesse caso, nem o juiz citado e nem o procurador teriam ainda sido alcançados pelas medidas tomadas até agora. Talvez, inclusive, a prisão de um procurador da 10a vara de Brasília seja um fator de confusão para a correta interpretação do áudio, afinal, ele não foi acompanhado de um juiz e no áudio haveria, na mesma vara, um trabalho de equipe entre o magistrado e o promotor nos favores à JBS.

Ao mesmo tempo, a voracidade com que a Rede Globo vem se lançando sobre a carcaça do governo Temer, de fato um filho seu, me parece suspeitíssima num contexto em que há uma imensa quantidade de informações não reveladas, que podem ser motivo de muita cortina de fumaça.

Santayana propõe para isso a hipótese de que seriam duas Torres por um Rei, uma busca ostensiva de legitimidade para o golpe final sobre Lula.  Mas o que de pior pode ainda ser feito contra um Lula que até aqui nada tem de comprovado contra si? A sua prisão ou condenação para inviabilizar a sua candidatura em 2018 é variável que coincide com o Estado de exceção em curso e não haveria necessidade, por arbitrária que é, de qualquer entrega de torres. O poder, por exemplo, assentado em 54 milhões de votos, foi safadamente roubado, sem dó, nem piedade.

O certo é que a essa altura o ministro Fachin e o sr. Janot já sabem a que juízes e promotor Joesley se referiu no áudio.

Com um Presidente da República investigado e a ponto de cair e um Senador, ex-candidato à presidência da república e presidente do PSDB afastado de suas funções, não é apropriado que os juízes e o promotor alvos das delações sejam poupados da identificação.

- Ministro Fachin, quem são?

Do GGN

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Como fica agora se o senador Aécio Neves defendeu Alexandre de Moraes no STF para estancar lava jato?

Além de indicar delegados para comandar os inquéritos nos quais os políticos de PMDB e PSDB estivessem envolvidos, o esquema de Aécio Neves e Michel Temer para estancar a Lava Jato, de acordo com gravações da JBS, envolve também a indicação de Alexandre de Moraes como ministro do Supremo Tribunal Federal na vaga de Teori Zavascki; o nome de Moraes é citado pelo senador tucano em uma conversa com Joesley sobre a tentativa de controlar as investigações.

Num dos trechos das gravações da JBS, divulgadas ontem pelo STF, revela o senador Aécio Neves (PSDB-MG) comentando com o empresário Joesley Batista sobre usar a Polícia Federal e o próprio STF como forma de estancar a Lava Jato.

Isso seria feito através do direcionamento dos inquéritos para delegados indicados por Aécio, o peemedebista Moreira Franco e mesmo o próprio Temer, aponta um trecho de conversa. Confira abaixo:

"O que que vai acontecer agora? Vai vim um inquérito de uma porrada de gente, caralho, eles são tão bunda mole que eles não (têm) o cara que vai distribuir os inquéritos para o delegado. Você tem lá cem, sei lá, 2.000 delegados da Polícia Federal. Você tem que escolher dez caras, né?, do Moreira, que interessa a ele vai pro João. Nem isso conseguiram terminar, eu, o Alexandre (de Moraes) e o Michel (Temer)".

Alexandre de Moraes, indicado ao STF para a vaga de Teori Zavascki, morto em acidente aéreo em 19 de janeiro de 2017, seria o responsável por barrar possíveis processos relacionados à Operação Lava Jato que chegassem à Suprema Corte envolvendo políticos do eixo PMDB-PSDB.

Moraes foi conduzido ao STF de forma relâmpago, com direito a uma "sabatina informal" realizada em barco no Lago Paranoá, em Brasília, numa reunião envolvendo políticos e empresários.

Em seguida, Aécio discute com o executivo uma forma de receber uma propina de R$ 2 milhões. O dinheiro seria usado para pagar advogados para defender Aécio das acusações na própria Operação Lava Jato. Por conta dessas revelações, Aécio foi afastado do mandato de senador pelo STF e Andréa Neves, irmã do senador e recebedora da propina, foi presa nesta quinta (18) em Belo Horizonte.

Do 247

Cinicamente só agora que o sistema Globo descobre que Michel Temer é corrupto e pede sua renúncia

Peça central do golpe parlamentar de 2016, que derrubou a presidente legítima e honesta Dilma Rousseff, a Globo descobre agora que instalou na presidência da República um dos maiores corruptos da história política do Brasil: ele mesmo, Michel Temer; feito o estrago, a Globo pede a renúncia de Temer em editorial e já trabalha para impedir que o povo brasileiro reencontre a democracia por meio de eleições diretas; leia.

Depois de um editorial em sua edição impressa desta sexta-feira 19, em que afirma haver "incontáveis motivos" para a saída de Michel Temer, o jornal O Globo publica outro texto nesta tarde, sob o título: "A renúncia do presidente".

O texto diz que "a simples decisão" de Temer de receber o empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu "de forma clandestina" "já guardaria boa dose de escândalo. Mas houve mais, muito mais". Leia a íntegra:

Editorial: A renúncia do presidente
Um presidente da República aceita receber a visita de um megaempresário alvo de cinco operações da Policia Federal que apuram o pagamento de milhões em propinas entregues a autoridades públicas, inclusive a aliados do próprio presidente. O encontro não é às claras, no Palácio do Planalto, com agenda pública. Ele se dá quase às onze horas da noite na residência do presidente, de forma clandestina. Ao sair, o empresário combina novos encontros do tipo, e se vangloria do esquema que deu certo: "Fui chegando, eles abriram. Nem perguntaram o meu nome". A simples decisão de recebê-lo já guardaria boa dose de escândalo. Mas houve mais, muito mais.

Em diálogo que revela intimidade entre os dois, o empresário quer saber como anda a relação do presidente com um ex-deputado, ex-aliado do presidente, preso há meses, acusado de se deixar corromper por milhões. Este ex-deputado, em outro inquérito, é acusado inclusive de receber propina do empresário para facilitar a vida de suas empresas no FI-FGTS da Caixa Econômica Federal. O presidente se mostra amuado, e lembra que o ex-deputado tentou fustigá-lo, ao torná-lo testemunha de defesa com perguntas que o próprio juiz vetou por acreditar que elas tinham por objetivo intimidá-lo.

Ao ouvir esse relato do presidente, o empresário procura tranquilizá-lo mostrando os préstimos que fez. Diz, abertamente, que "zerou" as "pendências" com o ex-deputado, que tinha ido "firme" contra ele na cobrança. E que ao zerar as pendências, tirou-o "da frente". Mais tarde um pouco, em outro trecho, diz que conseguiu "ficar de bem" com ele. Como o presidente reage? Com um incentivo: "Tem que manter isso, viu?"

Não é preciso grande esforço para entender o significado dessa sequência de diálogos. Afinal, que pendências, senão o pagamento de propinas ainda não pagas, pode ter o empresário com um ex-deputado preso por corrupção? Que objetivo terá tido o empresário quando afirmou que, zerando as pendências, conseguiu ficar de bem com ele, senão tranquilizar o presidente quanto ao fato de que, com aquelas providências, conseguiu mantê-lo quieto? E, por fim, que significado pode ter o incentivo do presidente ("tem que manter isso, viu"), senão uma advertência para que o empresário continue com as pendências zeradas, tirando o ex-deputado da frente e se mantendo bem com ele?

Esses diálogos falam por si e bastariam para fazer ruir a imagem de integridade moral que o presidente tem orgulho de cultivar. Mas houve mais. O empresário relata as suas agruras com a Justiça, e, abertamente, narra ao presidente alguns êxitos que suas práticas de corrupção lhe permitiram ter. Conta que tem em mãos dois juízes, que lhe facilitam a vida, e um procurador, que lhe repassa informações. Um escândalo. O que faz o presidente? Expulsa o empresário de sua casa e o denuncia as autoridades? Não. Exclama, satisfeito: "Ótimo, ótimo".
Não é tudo, porém. Em menos de 40 minutos de conversa, o empresário ainda encontra tempo para se queixar de um ex-funcionário seu, atual ministro da Fazenda. Diz, com desfaçatez, que tem enfrentado resistência no ministro da Fazenda para conseguir a troca dos mais altos funcionários do governo na área econômica: o secretário da Receita Federal, a presidente do BNDES, o presidente do Cade e o presidente da CVM. Pede, então, que seja autorizado a usar o nome do presidente quando for novamente ao ministro da Fazenda com tais pleitos. O que faz o presidente? Manda-o embora, indignado? Não, de forma alguma. O presidente autoriza: "Pode fazer".

Este jornal apoiou desde o primeiro instante o projeto reformista do presidente Michel Temer. Acreditou e acredita que, mais do que dele, o projeto é dos brasileiros, porque somente ele fará o Brasil encontrar o caminho do crescimento, fundamental para o bem estar de todos os brasileiros. As reformas são essenciais para conduzir o país para a estabilidade política, para a paz social e para o normal funcionamento de nossas instituições. Tal projeto fará o país chegar a 2018 maduro para fazer a escolha do futuro presidente do país num ambiente de normalidade política e econômica.

Mas a crença nesse projeto não pode levar ao autoengano, à cegueira, a virar as costas para a verdade. Não pode levar ao desrespeito a princípios morais e éticos. Esses diálogos expõem, com clareza cristalina, o significado do encontro clandestino do presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista. Ao abrir as portas de sua casa ao empresário, o presidente abriu também as portas para a sua derrocada. E tornou verossímeis as delações da Odebrecht, divulgadas recentemente, e as de Joesley, que vieram agora a público.

Nenhum cidadão, cônscio das obrigações da cidadania, pode deixar de reconhecer que o presidente perdeu as condições morais, éticas, políticas e administrativas para continuar governando o Brasil. Há os que pensam que o fim desse governo provocará, mais uma vez, o atraso da tão esperada estabilidade, do tão almejado crescimento econômico, da tão sonhada paz social. Mas é justamente o contrário. A realidade não é aquilo que sonhamos, mas aquilo que vivemos. Fingir que o escândalo não passa de uma inocente conversa entre amigos, iludir-se achando que é melhor tapar o nariz e ver as reformas logo aprovadas, tomar o caminho hipócrita de que nada tão fora da rotina aconteceu não é uma opção. Fazer isso, além de contribuir para a perpetuação de práticas que têm sido a desgraça do nosso país, não apressará o projeto de reformas de que o Brasil necessita desesperadamente. Será, isso sim, a razão para que ele seja mais uma vez postergado. Só um governo com condições morais e éticas pode levá-lo adiante. Quanto mais rapidamente esse novo governo estiver instalado, de acordo com o que determina a Constituição, tanto melhor.


A renúncia é uma decisão unilateral do presidente. Se desejar, não o que é melhor para si, mas para o país, esta acabará sendo a decisão que Michel Temer tomará. É o que os cidadãos de bem esperam dele. Se não o fizer, arrastará o Brasil a uma crise política ainda mais profunda que, ninguém se engane, chegará, contudo, ao mesmo resultado, seja pelo impeachment, seja por denúncia acolhida pelo Supremo Tribunal Federal. O caminho pela frente não será fácil. Mas, se há um consolo, é que a Constituição cidadã de 1988 tem o roteiro para percorrê-lo. O Brasil deve se manter integralmente fiel a ela, sem inovações ou atalhos, e enfrentar a realidade sem ilusões vãs. E, passo a passo, chegar ao futuro de bem estar que toda a nação deseja.

Com informações do 247

Temer ganhou "mensalinho", mais de R$ 3 milhões e receberia outros R$ 50 mi, delação da JBS

Foto: Reprodução

Notas fiscais, comprovantes de transferências e planilhas comprovam que Michel Temer recebeu diretamente de Joesley Batista, dono da JBS, R$ 3,540 milhões e mais um "mensalinho" de R$ 100 mil por um ano, no período de 2010, 2012, 2014 e 2015. Em 2017, o presidente da República acertou receber, por meio de seu assessor, o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), cerca de R$ 50 milhões de propina em uma negociata do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

A imprensa amanheceu dizendo que o grampo do mandatário "não leva a conclusão", que foi mera prevaricação, e Michel Temer justifica que "não acreditou nas declarações" feitas naquele encontro por Joesley Batista, dono da JBS, das quais o presidente aceitou a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e apoiou o corrompimento de um procurador e dois juízes. Além disso, o Planalto resolveu mandar a gravação a peritos, "desconfiando que foi editada". 

Mas os autos da delação de Joesley são mais conclusivos do que o próprio grampo. No anexo 9 do acordo com a Procuradoria-Geral da República, o empresário mostra planilhas e notas fiscais para comprovar que ele pagou propina a Michel Temer em 2010, 2012, 2014 e 2015. O próprio título do anexo se chama "Fatos diretamente corroborados por elementos especiais de prova - Michel Temer". Acompanhe a seguir o detalhamento de cada um dos repasses de propinas a Temer:

O primeiro pedido, em 2010, ano em que o empresário conheceu o então candidato a vice-presidente de Dilma Rousseff, Batista atendeu "a um primeiro pedido de Temer", concordando em "pagar 3 milhões de reais em propinas, sendo 1 milhão através de doação oficia, e 2 milhões para a empresa Pública Comunicações".

Para essa transação, o empresário do frigorífico apresentou duas notas fiscais numeradas 149 e 155, que foram entregues à PGR.

Naquele mesmo ano, nos meses de agosto e setembro de 2010, Temer pediu e Joesley pagou 240 mil reais à empresa Ilha Produções. Três notas fiscais de números 63, 64 e 65 foram apresentadas.

Já no outro ano, em 2011, após a saída de Wagner Rossi do Ministério da Agricultura, que era ponte entre o empresário e o então vice-presidente, Temer pediu mensalinho de R$ 100 mil e mais R$ 20 mil a Milton Ortolan, então secretário-executivo da pasta, e Joesley consentiu. Segundo o delator, o pagamento foi feito "dissimuladamente por cerca de um ano".

Em 2012, Temer pediu mais R$ 3 milhões para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB. Os pagamentos, segundo Joesley, foram feitos por meio de caixa dois e todas as notas fiscais e planilhas foram anexadas aos autos para os procuradores.

O empresário da JBS disse que, após esse episódio ficou claro que "o então Vice-Presidente [Michel Temer] operava, além de Wagner Rossi, em aliança com Geddel Vieira Lima, Moreira Franco e Eduardo Cunha, entre outros".

Ainda narrou que em pleno processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Temer o procurou "convidando-o para uma reunião" em seu escritório jurídico nos Jardins, em São Paulo, e pediu uma propina de R$ 300 mil para pagar despesas de marketing político pela internet, pouco antes de assumir a Presidência com a queda de Dilma. O repasse teria ocorrido por meio do marqueteiro de Temer, Elsinho Mouco.

Já com Temer na Presidência, ainda neste ano de 2017, em um outro encontro, desta vez com o deputado afastado e assessor de Michel Temer, Joesley Batista acertou o pagamento de 5% ao governo sobre o lucro da operação de uma usina termoelétrica em Cuiabá. A negociata renderia a Michel Temer cerca de R$ 50 milhões.

A propina acertada era como contrapartida para o presidência autorizar a pressão sobre o  Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para "afastar o monopólio da Petrobras do fornecimento de gás para termoelétrica do Grupo J&F". Loures teria ligado para o presidente interino do Cade, diante de Joesley, pedindo a intervenção. 

O empresário dono da JBS então "prometeu, caso a liminar fosse concedida, 'abrir planilha', creditando em favor de Temer 5% desse lucro" e "Rodrigo [Rocha Loures] aceitou", disse no acordo de delação. 

Abaixo, a íntegra do Anexo 9 "Fatos diretamente corroborados por elementos especiais de prova - Michel Temer":
Do GGN

O Rescaldo de um terremoto Político, por Luís Nassif

O ponto central do terremoto político é entender, na verdade, para onde a Rede Globo pretende ir, e o pescoço de Lula e Dilma deve ser a contrapartida dos grupos de mídias para endossar os crimes praticados pelo presidente e o senador Aécio Neves. 
Para entender as últimas horas da política brasileira, tornando o jogo político ainda mais complexo, vamos tentar compreender por que Michel Temer e Aécio Neves foram pegos. Em primeiro lugar se trata de uma iniciativa do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, levando o protagonismo político a sair dos movimentos minúsculos da Lava Jato, com os seus coordenadores querendo encontrar escândalos a partir de miudezas retiradas das delações declaratórias. 

Com isso, Janot conseguiu fazer as investigações políticas passarem para um jogo mais pesado. Houve uma armação em cima de Temer e Aécio, obviamente, ou seja, Joesley foi convencido a armar esse grampo pelo Procurador-Geral da República. 

O que leva Janot a esse movimento? Ele está em final de mandato, haviam todos os sinais de que Michel Temer não conduziria para a liderança da Procuradoria Geral alguém do seu grupo, isso porque o sistema de lista tríplice está ameaçado, e a Lava Jato entrando num descenso por conta dessa visão burocrática de apenas pegar um delator e recolher suas falas nos processos, ainda que sem provas. Essa iniciativa de Janot confere-lhe agora um protagonismo que ele não tinha até então. 

Foi uma operação bem-feita, tem o modelo daquelas que, em geral, a Polícia Federal e o Ministério Público armam para cima de traficantes. O delegado Protógenes Queiroz usou dessa mesma estratégia contra os representantes do banqueiro Daniel Dantas, na Operação Satiagraha, inclusive usando cobertura da Globo. 

Janot então, pega Aécio Neves, rompendo uma parceria mineira antiga, conferindo-lhe um grande grau de credibilidade e, amanhã, quando for o segundo tempo do jogo, certamente virá em cima de Lula e Dilma. 

Porém, mais importante é entender o que levou a rede Globo a endossar a tese do crime de Aécio. No primeiro dia ela foi apanhada de surpresa, com seus repórteres balbuciantes enquanto transmitiam as notícias, num alinhamento militar. Lembro o Nelson Rodrigues, lá atrás, quando estava começando a carreira de jornalista, e estava no Jornal da Tarde, e ele falava 'o único jornal que tem controle total sobre os seus jornalistas é o Globo'. E, de fato é uma ordem unida, pensada por um estrategista competente que é o Ali Kamel. 

Mas o que leva a Globo a endossar totalmente a tese dos crimes de Aécio e Temer? Tem a contrapartida que é você liquidar, principalmente, Lula e, nem tanto, Dilma, que está muito mais habilitada a algo como uma candidatura de deputada, embora ela tenha se tornado um símbolo político muito relevante pelo seu heroísmo no pós-impeachment e durante a campanha do impeachment. Então a destruição de Lula é a contrapartida. 

Por outro lado, com relação à estratégia de Janot, ele já vinha carregando muitas críticas sobre o modelo de trabalhos mal feitos por seu grupo, por exemplo, e que vinha desde Teori Zavasck, ex-relator do processo da Lava Jato no STF, morto em um acidente em janeiro. Com essa operação controlada ele recupera o protagonismo e coloca o grupo paranaense na sua verdadeira dimensão pequena e com um juiz extremamente parcial e cercado de holofotes.

Agora se começa uma discussão se a gravação, da conversa de Joesley com o Temer, não tem essa veracidade e o Temer agora reagindo, certamente orientado pelo ministro Gilmar Mendes. Entra ainda, o ministro Celso de Mello, fazendo um manifesto em favor da Constituição, legalidade e em prol do presidente, reforçando sua parcialidade em relação ao jogo político. Por que ele não fez a defesa da Constituição no período anterior, durante o julgamento de Dilma no Congresso? É essa parcialidade que desmoraliza o Supremo. 

Irmã de Aécio, Andréia Neves

Para a rede Globo jogar o Aécio ao mar não foi difícil, ele já estava naquilo que o mercado fala de 'realizar um prejuízo', ou seja, não tem mais esperança de recuperar o que eu investi naquela ação, então eu vendo pelo preço que vier. A pena é pela irmã, a jornalista Andrea Neves. Tem muitas críticas em relação à ela, sobre interferências nos jornais, mas ela é uma grande estrategista política. A grande vocação política da família Neves é ela, e não Aécio. 

Eu tive alguns contatos com ela, por volta de 2013. Nós pretendíamos, no GGN, fazer uma disputa entre propostas de governo, em áreas públicas. Durou pouco porque Andrea tinha que sair catando especialistas pois o PSDB deixou de ser um centro de pensamentos sistematizados.

Ela é uma figura singular, inclusive, quando teve o atentado do RioCentro [1981], Andrea foi a primeira pessoa que chegou ao local, no fusca onde a bomba explodiu no colo dos militares. O único problema era a maneira como protegia o irmão. Ela seria uma grande vocação política se não fosse esse patriarcado mineiro de achar que tem que ser homem o representante da família.

Sobre a forma como ela foi conduzida à prisão, me fez lembrar do sentimento de linchamento induzido na sociedade, que traz a tona o que de pior existe na natureza humana. Não sei o que há de mais animalesco, se o corrupto ou o linchador. Teve todo um show midiático de xingamentos, exposição da foto dela na delegacia, o processo comum de humilhação que vai em cima de todo o réu da Lava Jato. Não tiro com isso a sua culpa. Ela é a grande articuladora de Aécio. 

A gravidade das conversas entre Temer e Joesley

Outro ponto importante dos recentes acontecimentos políticos é a tentativa de minimizar as conversas do Joesley com Temer. Muita coisa realmente é prosa entre conhecidos, mas tem coisas sérias, de suborno a um procurador, a maneira como o empresário foi em cima de dois magistrados, o presidente ouvindo isso e segurando a informação. E, mais que isso, quando Temer indica esse Loures para ser o intermediário de Joesley e, segundo os dados - isso tem que ser apurado -, ele teria a comprovação de que o sujeito fez uma proposta de suborno, falando em nome de Temer. Isso não pode ser minimizado.

O que devemos separar nos próximos momentos, quando vier o rojão em cima de Lula e Dilma é: o que existe de provas? A prova é documental? São gravações? E o que existe de prova testemunhal? A questão é que, certamente, deve haver algo grave para a Globo ter endossado, inclusive hoje, pensadamente a campanha contra Temer, que foi jogado ao mar, efetivamente. 

Futuro das eleições - PSDB - Temer

Há muitas dúvidas, algumas delas tiramos hoje com o jurista Martonio Barreto Lima, da Universidade de Fortaleza, que ajudou a entender quem poderão ser os candidatos se ocorrer uma eleição direta. O PSDB é um partido sem rumo, quando começa o tiroteio, uma parte quer se retirar do governo, outra parte, como Aloísio Nunes, resolve ficar. Gilmar tenta minimizar o estrago. Assim, o PSDB se torna pior que Cristóvão Buarque, parlamentar que se tornou o rei do Twitter, onde colocou hoje o seguinte: O Temer disse que a imprensa está conspirando contra ele. Eu não acho que seja verdade. 

Veja também: O que acontece caso Temer renuncie? Aqui.

Não é achar se é verdade. Esse tipo de posiconamento se trata em uma tentativa do político de se equilibrar em dois pontos. Apostar no Temer hoje é um suicídio político, ele se tornou o sujeito mais detestado do país, e o PSDB não percebe. 

Fala-se muito dos coronéis nordestinos, Sarney, Renan, mas eles têm muito mais visão de país e dos procedimentos que tem que ser tomados que Temer. Ele deve ter construído sua imagem positiva em cima do Manual Constitucionalista que publicou e, segundo quem leu é uma coisa muito superficial, junto com seu jeito empolado de falar. Talvez também pelo círculo de amigos que se envolveu, de homens mais cultos. Mas a sua dimensão política é sofrível. É inacreditável como o PT apostou em uma mediocridade dessa como vice-presidente. Depois de tudo isso eu até duvido que ele tenha sido o articulador do Golpe, ele foi a reboque do sócio dele, Eduardo Cunha. 

Todo esse cenário mostra, de fundo, a falta de grandeza dos grupos que dirigem o país, cada qual pensando em seu próprio espaço. O preço do subdesenvolvimento é exatamente isso, a incapacidade de se ter homens públicos, entre as gerações mais novas, que coloquem os interesses do país acima dos interesses de grupo.

Do GGN

Votos do golpe foram pagos com propina, diz Joesley Batista

Em delação premiada, o empresário Joesley Batista afirma ter pago R$ 5 milhões a três deputados que votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff; revelação comprova desvio de finalidade no impeachment, como tem sido apontado desde o início pelo ex-ministro José Eduardo Cardozo; delação da JBS também aponta propina de R$ 15 milhões a Michel Temer; e agora: o STF terá coragem de anular o golpe dos corruptos contra a presidente Dilma?

O empresário Joesley Batista revelou, em delação premiada à Procuradoria Geral da República, ter pago R$ 5 milhões a três deputados federais que votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff em abril de 2016.

A revelação comprova desvio de finalidade no impeachment, como tem sido apontado desde o início pelo ex-ministro José Eduardo Cardozo, que defendeu Dilma no processo.

A delação da JBS aponta ainda o repasse de propina no valor de R$ 15 milhões a Michel Temer e a compra do votos de deputados também na eleição de Eduardo Cunha à presidência da Câmara, em 2015, com R$ 30 milhões.

Em declaração ao 247 nesta quinta-feira 18, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) declarou que o áudio de Joesley com Temer revelando a compra do silêncio de Eduardo Cunha comprovava que o impeachment de Dilma também havia sido comprado.

Para o deputado, o impeachment foi comprado em três fases: no período eleitoral, quando Cunha, com Temer, comprou uma bancada com dinheiro da Odebrecht; no momento da eleição de Cunha à presidência da Câmara e no momento da votação do impeachment efetivamente.

Nesta sexta, após a denúncia efetiva sobre a compra de votos, o parlamentar cobrou um posicionamento do STF. "O Supremo tem que se posicionar sobre a anulação do impeachment", declarou.

Do 247

P F grampeou Michel Temer e Gilmar Mendes

Mesmo que indiretamente, Michel Temer e o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes foram grampeados pela Polícia Federal, em investigação que tinha os telefones do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) interceptados; numa conversa com Aécio, Gilmar atua como articulador do PSDB no Congresso; o senador tucano pede para que o ministro telefone para o senador Flexa Ribeiro e recomende que o parlamentar siga a orientação do voto proposto por Aécio no projeto sobre abuso de autoridade; a conversa de Temer foi com o deputado Rocha Loures, flagrado recebendo R$ 500 mil da JBS para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso.

A Polícia Federal interceptou conversas de Michel Temer e do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, segundo relatório da Operação Patmos, deflagrada nesta quinta-feira 18 e que teve como um dos alvos o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Numa conversa ocorrida entre Aécio e Gilmar Mendes em abril, o senador tucano "pediu ao ministro [Mendes] para que telefonasse para o senador Flexa Ribeiro. Neste diálogo, o senador investigado [Aécio] pede que o magistrado converse com Flexa Ribeiro para que este siga a orientação de voto proposta por Aécio", aponta reportagem da Folha.

Segundo o relatório da PF, os dois se referiam ao projeto sobre abuso de autoridade, em tramitação no Congresso Nacional e relatoria do senador Roberto Requião (PMDB-PR).

Há também uma conversa entre Temer e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), flagrado recebendo R$ 500 mil da JBS, em uma mala, para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso. No diálogo, Temer fala sobre uma expectativa que o deputado tinha a respeito de novas regras para o setor de portos.

Aécio e Loures eram quem tinham seus telefones interceptados pela PF.

Do 247

Michel Temer usou propina para financiar o golpe, diz delator

Um dos trechos do depoimento de Joesley Batista revela que Michel Temer pediu e recebeu propina durante o período que antecedeu o golpe contra a presidente Dilma Rousseff; segundo Joesley, Temer o convidou para uma reunião em seu escritório político, já no curso do processo de impeachment, e lhe pediu ajuda financeira para despesas de marketing político; o valor acertado foi de R$ 300 mil e, segundo Joesley, foi entregue ao marqueteiro Elsinho Mouco, que há muitos anos atua para Temer e para o PMDB; segundo o dono da JBS, a quantia foi entregue em espécie em sua casa; procurado, o marqueteiro de Temer ainda não pronunciou.

O golpe contra a democracia brasileira, liderado pelo senador afastado Aécio Neves e pelo ex-deputado Eduardo Cunha, em benefício de Michel Temer, foi alimentado por pagamentos de propina, segundo a delação de Joesley Batista.
Um dos trechos do depoimento do dono da JBS revela que Temer pediu e recebeu propina durante o período que antecedeu o golpe contra a presidente legítima Dilma Rousseff.

Segundo Joesley, Temer o convidou para uma reunião em seu escritório político, já no curso do processo de impeachment, e lhe pediu ajuda financeira para despesas de marketing político.

O valor acertado foi de R$ 300 mil e, segundo Joesley, foi entregue ao marqueteiro Elsinho Mouco, que há muitos anos atua para Temer e para o PMDB.

Segundo o dono da JBS, a quantia foi entregue em espécie em sua casa.
Procurado, o marqueteiro de Temer ainda não pronunciou.

Abaixo, o trecho do depoimento de Joesley: 
Do 247

Temer e Aécio deram o golpe para estancar a lava jato, Janot

Em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma claramente que Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) agiram "em articulação" para impedir o avanço da Lava Jato; "Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", afirma Janot; no pedido para investigar Temer e Aécio, a procuradoria afirma que o senador teria "organizado uma forma de impedir que as investigações [da Lava Jato] avançassem por meio da indicação de delegados que conduziriam os inquéritos, direcionando as distribuições".

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) agiram "em articulação" para impedir o avanço da lava jato.

"Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", afirma Janot.

Declaração bombástica consta na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin que determinou a abertura de inquérito para investigar Temer, Aécio e o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que está relacionado ao acordo de delação de executivos da JBS.

Janot diz que a atitude dos dois configura "possível prática do crime de obstrução à Justiça". No pedido para investigar Temer e Aécio, a procuradoria afirma que o senador teria "organizado uma forma de impedir que as investigações [da Lava Jato] avançassem por meio da indicação de delegados que conduziriam os inquéritos, direcionando as distribuições."

Do GGN

Desmontando a tentativa da Folha de São Paulo de livrar o golpista Michel Temer do impeachment

Mais do que amenizar as acusações contra Temer, Folha simplesmente omitiu todo o trecho da conversa que dá à oposição o 3º motivo para o impeachment, caso o suposto aval à compra de silêncio de Cunha e prevaricação não bastem: o presidente abriu a porteira do governo para a JBS entrar e fazer as modificações necessárias aos interesses da empresa. Tudo através do blindado ministro Henrique Meirelles

Jornal GGN - O jornal Folha de S. Paulo decidiu ocasionalmente abandonar o modus operandi que vinha praticando em relação à Lava Jato nos últimos três anos e comprar a versão do acusado em detrimento das provas e delações divulgadas pelo Ministério Público Federal.

A edição desta sexta (19) prima pela presunção de inocência de Michel Temer num momento em que a cabeça do peemedebista é rifada pela Globo, autor do furo que pode provocar um novo impeachment.

Mas o benefício da dúvida a Temer é dado ao custo da omissão de parte substancial da conversa gravada por Joesley Batista, da JBS. O material foi divulgado na noite de ontem pelo Supremo Tribunal Federal e, no mesmo dia, Folha apressou-se em declarar o conteúdo "inconclusivo".

Para ter certeza que o leitor entendeu que Temer não pode ser acusado de dar anuência a pagamento de propina a Eduardo Cunha na prisão, como afirma a Lava Jato, Folha escreveu três vezes a mesma manchete, dentro da mesma edição. Capa e páginas 4 e 10 trazem a informação, de que não ficou claro, dada a péssima qualidade do áudio, que Temer sabia que o "acerto em dinheiro" dado entre a JBS e Cunha era propina para o ex-deputado ficar calado. Na versão do presidente, era uma "ajuda humanitária". Ajuda mensal e dada após cobrança insistente de Cunha, diga-se.

Esse primeiro esforço da Folha em livrar Temer é derrubado quando lemos o próprio jornal, que cita uma segunda gravação (essa não publicizada), de Joesley com Rodrigo Rocha Loures, deputado indicado por Temer para cuidar dos interesses da JBS junto ao governo e filmado pela Polícia Federal carregando uma mala de dinheiro. Nessa gravação, segundo Folha, Joesley aparece dizendo ao parlamentar: "Eu disse pra Michel, desde quando Eduardo foi preso e ele [Funaro], quem está segurando as pontas sou eu". Loures concorda: "Cuidando deles lá". Temer disse algo no mesmo sentido: "Tem que manter isso aí, viu?". 

Para Folha, o único possível crime cometido por Temer foi o de prevarização. Isso porque o presidente ouviu relatos de Joesley sobre a compra de procuradores e, quem sabe, até de juízes, para desacelerar investigações do Ministério Público contra a JBS, e respondeu: "Ótimo, ótimo." Claro que o jornal não relatou esse trecho da conversa com tal contundência. Disse que Temer ouviu relatos que dão conta de obstrução de Justiça, de maneira genérica, e nada fez. 

O 3º MOTIVO PARA IMPEACHMENT
Mais do que amenizar as acusações contra Temer, Folha simplesmente omitiu todo o teor explosivo do trecho da conversa que dá à oposição o 3º motivo para o impeachment, caso o suposto aval à compra de silêncio de Cunha e prevaricação não bastem: o presidente abriu a porteira do governo para a JBS entrar e fazer as modificações necessárias aos interesses da empresa. No Cade, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na Fazenda, na Receita Federal. Tudo através do blindado ministro Henrique Meirelles, o adorado do deus mercado.
O leitor que não puder conferir a conversa que cita a pressão por uma mudança de postura de "Henrique" (o GGN ouviu o aúdio e registrou os principais pontos aqui), deve apenas abrir outro jornal da grande mídia e conferir a diferença de tratamento.

O Globo, autor do furo que pode acabar com Temer, publicou que Joesley foi autorizado "a ser firme com Meirelles." No áudio, um dos trechos mais claros são os relatos de que o ministro da Fazenda vinha sendo cobrado por mudanças em órgãos onde a JBS acumula problemas. Joesley queria um "alinhamento" com Temer, para que Meirelles parasse de dar respostas evasivas e executasse as cobranças.

"É só isso que eu queria, ter esse alinhamento. Para ele perceber que nós temos... Mas quando eu digo ir mais firme no Henrique, é isso... esse alinhamento que eu queria ter...", disse. Temer respondeu: "Tá bom, pode fazer."

A outra gravação, de Rocha Lourdes com Joesley, O Globo igualmente tratou como "outro exemplo de sintonia entre Temer e Joesley".

Ao deputado, Joesley relatou interesse em ter "posições-chave" no Cade, CVM, Receita, Banco Central e Procuradoria da Fazenda. "Eu só preciso é resolver meus problemas, não é que eu gostaria que fosse João ou Pedro [o indicado]..."

Imediatamente, Loures fez uma série de telefonemas na frente de Joesley para provar que podia ajudá-lo. O deputado foi filmado pela PF, depois, recebendo uma mala com R$ 500 mil da JBS. O jornal dos Marinho tem as imagens, mas a Folha decidiu ignorar esse fato e também omitiu da reportagem.

Se a lógica da grande mídia e Lava Jato for aplicada ao caso, Temer está para Lourdes e JBS assim como Lula está para os ex-diretores da Petrobras e as empreiteiras Odebrecht e OAS.  
DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Quem seguiu os passos de Folha foi o Estadão, com um editorial igualmente fora da curva em relação à Lava Jato.

Nesta sexta (19), o diário tratou os vazamentos contra Temer como uma "arma política" - situação nunca aplicada a Lula ou Dilma Rousseff, por exemplo. Também disse que Temer ficou refém da demora do STF em liberar os áudios, prevalecendo a "versão do acusador" e provocando reação "estapafúrdia" no Congresso, dos que clamam por impeachment sem pensar na estabilidade do País. Preocupação que também não se teve com Dilma. Por fim, e depois de chamar a gravação de "clandestina", Estadão considerou o material inconclusivo, ignorando que Temer já é alvo de um inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal por causa dessas evidências.

Não se sabe o que fez a cobertura da Folha (e em menor grau, a do Estadão) tirar o pé do acelerador quando a Globo parece patrocinar o impeachment de Temer. O que se sabe é que o benefício da dúvida é concedido menos de 24 horas depois do presidente mandar suspender R$ 200 milhões em publicidade.

Do GGN

A conversa grampeada de Michel Temer, na íntegra

O mandato. "[Eduardo Cunha] cobrou, eu acelerei o passo e tirei da frente", disse Joesley a Temer sobre a propina, que concordou: "Tem que manter isso"

Jornal GGN - O Supremo Tribunal Federal (STF) retirou o sigilo do grampo entre o presidente Michel Temer e o dono do frigorífico JBS, Joesley Batista. Na conversa, Temer afirma que "se não tivesse apoio do Congresso, estava ferrado" e dizia estar seguro do término de seu mandato: "cabe recurso no TSE [Tribunal Superior Eleitoral, onde tramita o processo de cassação da chapa Dilma e Temer] e Supremo, aí já terminou o mandato."

Também no diálogo, o mandatário mostrou-se nitidamente preocupado com as perguntas enviadas pelo ex-deputado Eduardo Cunha a ele, no processo da Operação Lava Jato que incrimina o ex-presidente da Câmara. "O Eduardo resolveu me fustigar, Moro indeferiu 21 perguntas dele", afirmou.

Após ser informado sobre o pagamento da mesada ao ex-deputado, Michel Temer diz claramente: "Tem que manter isso". Joesley disse que estava "de bem" com Cunha, que fez "o máximo dentro do possível" e que zerou "qualquer pendência daqui para ali". "Ele [Cunha] foi firme, veio, cobrou, eu acelerei o passo e tirei da frente", descreveu assim o empresário sobre o repasse ao parlamentar para a compra de seu silêncio.

Ainda na conversa, Joesley Batista diz que faz pedidos a Henrique Meirelles - que foi seu executivo - e ele diz que não pode, por causa de Michel Temer. Joesley propõe a Temer, então, um alinhamento para demover Meirelles. "Trabalhei com Meirelles quatro anos, se eu for mais firme, acho que ele corresponde. Eu queria ter alguma sintonia contigo [Temer] para quando eu falar com o Meirelles", disse.

"Se ele jogar para cima de você, eu posso bancar e dizer [que já entrou em acordo com Temer]? Se não, não, qualquer coisa eu falo com ele". "Só esse alinhamento mesmo que eu queria ter", completou Joesley, satisfeito.

Batista dedicou boa parte da conversa para criticar a Operação Lava Jato, desde os instrumentos de investigação, como o próprio acordo de delação premiada: "delação o que é? É [considerada] uma verdade, não precisa provar nada", afirmou.

Posteriormente, comentou sobre o acordo fechado pelos irmãos Wesley e Joesley com a força-tarefa, para devolver R$ 1,51 bilhão em seguro-garantia ou em títulos públicos federais, que foi o calculo atualizado sobre os R$ 590 milhões aportados pelos fundos de pensão Funcef, da Caixa Econômica, e Petros, da Petrobras. "Recorri ao procurador, dei um seguro garantia de 1 bilhão e meio e, pronto, resolveu o meu problema [sobre o congelamento de suas contas e da retirada de seu passaporte]".


Ouça a íntegra da gravação da conversa entre o empresário Joesley Batista e Michel Temer, a partir dos cinco minutos: veja aqui.

Do GGN

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Irmã de Aécio, Andréa Neves está presa em ala isolada

Divulgadas fotos de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB), com uniforme de presidiária; ela foi presa nesta quinta-feira, 18, pela Polícia Federal, acusada de intermediar o encontro entre Aécio e Joesley Batista no início deste ano, ocasião em que o tucano foi gravado solicitando uma ajuda de R$ 2 milhões ao empresário para custear sua defesa em processos da Lava-Jato; mineira tinha uma passagem comprada para Londres na noite desta quinta-feira, segundo investigadores.

Andrea Neves, irmã de Aécio Neves, já se encontra no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte. A irmã de Aécio foi presa na manhã desta quinta-feira em sua casa, em um condomínio na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Polícia Federal ainda não divulgou as razões do pedido de prisão.

Segundo Lauro Jardim, colunista do jornal O Globo, Andrea intermediou um encontro entre Aécio e Joesley Batista no início deste ano, ocasião em que o tucano foi gravado solicitando uma ajuda de R$ 2 milhões ao empresário para custear sua defesa em processos da Lava-Jato. A mineira tinha uma passagem comprada para Londres na noite desta quinta-feira, segundo investigadores.

Para garantir integridade física, Andrea Neves está presa em ala isolada (Agência Brasil).

A Secretaria de Administração Prisional de Minas Gerais (Seap) informou na tarde de hoje (18) que Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), está presa em uma ala separada do pavilhão principal do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte. A decisão foi tomada com base na Lei de Execução Penal, que permite o isolamento do detento quando houver riscos à sua integridade física.

"Essa separação se dá em razão do tipo de crime, das condições em que se deu a prisão e da repercussão do caso", informou em nota a Seap. Andrea está em uma cela individual com cama, vaso sanitário e chuveiro. Como qualquer outro preso, ela terá alimentações diárias, banho de sol, assistências médica e psicossocial, além do direito de receber visitas conforme as regras do sistema penitenciário.

Andrea deu entrada na unidade prisional às 14h40. Ela foi presa preventivamente por determinação do ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava Jato na Corte.

Segundo reportagem do jornal O Globo, Aécio foi citado pelo empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, em depoimento de delação premiada homologada pelo STF. O delator contou aos procuradores que Aécio lhe pediu R$ 2 milhões para pagar despesas com sua defesa na Operação Lava Jato. Andrea Neves seria participante da transação.

Fachin negou o pedido de prisão preventiva de Aécio, mas determinou o afastamento dele do mandato. Também foram presos Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, e Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG). Segundo o jornal O Globo, a Polícia Federal identificou que os recursos pedidos por Aécio ao dono da JBS foram depositados na conta de uma empresa de Zezé Perrella.

Do 247

A mídia é uma das principais culpadas pelo Temergate

Foto: Estadão
Quem acompanha a política brasileira nos últimos anos, certamente não ficou surpreso com os fatos revelados sobre o Governo Temer – quem não sabia do esquema do Aécio? – mas se surpreendeu com o fato da mídia os ter divulgado.
  
Afinal, não é difícil imaginar que o presidente do PSDB e o ex-presidente do PMDB fossem capazes de fazer o que e aparentemente fizeram, por diversos fatores:

1) Temer é Cunha e Cunha é Temer, e o ex-presidente da câmara agiu como um verdadeiro mafioso em seu processo de cassação (Fausto Pinato que o diga); 2) Eduardo chantegeou abertamente Michel em perguntas que Sérgio Moro barrou (só chatagea nesse nível quem tem algum trunfo); 3) Aécio tinha relações altamente duvidosas com sua primo “tesoureiro” (como bem recordou Brito mais cedo); 4) Neves foi capaz, não só de perseguir jornalistas mineiros para se blindar, mas também perseguir e torturar Marcos Carone para não atrapalhar suas pretenções eleitorais. Por fim, claro, ambos encabeçaram um Golpe cujo objetivo era “estancar sangria” da Lava-Jato e inventar pedaladas para tomar o poder de uma presidenta democraticamente eleita.

É de se estranhar, portanto, que mesmo com tanta evidência indireta Michel e Aécio detinham tanto poder (a ponto de comandar reformas estruturais mesmo com baixa popularidade), e precisou de provas tão objetivas para escancarar o que já era facilmente abstraído.

Tal fenômeno só teve respaldo por um ponto: a mídia sempre esteve ao lado do governo Temer. Assim, considerá-la como cúmplice das ações ilícitas do alto escalão da base aliada não é nada mais do que justo.

Imaginem só um político que construiu um aeroporto de uso particular, com dinheiro público, na fazenda da família e cuja chave fica em posse de um tio. Pensem, agora, num helicóptero em nome de outro político pego com meia tonelada de pasta base de cocaína. Considerem, também, um presidnete que conduz um achaque a luz do dia para aprovar reformas altamente impopulares, com perdões de dívidas e consessões totalmente fora da realidade fiscal do país.

Sabemos bem que todos esses fatos, gravíssimos, não foram sequer investigados, quiçá esmiuçados, como pedalinhos, um sítio ralé e um triplex. E nessas horas, onde atitudes controversas tiveram total liberdade para acontecer sem as devidas explicações, não há outro sentimento a não ser a dúvida sobre o papel da mídia tradicional em todo essa sujeira que, agora, objetivamente foi colocada as claras.


Talvez a risada de Catanhêde com Temer, ilustrada acima, ajude a resolver esse questionamento: algo do tipo “Tamo junto, presidente!”.

Do Cafezinho