sexta-feira, 26 de maio de 2017

A bomba foi jogada pela PM, diz jovem ferido

Foto: Reprodução
Do Metrópoles

Bomba foi jogada por PMs, diz jovem que perdeu dedos em manifestação.

O estudante catarinense Vitor Rodrigues Fregulia diz que tentou afastar artefato jogado pelos policiais. PM diz que versão não procede.

Uma das imagens mais chocantes da manifestação que terminou em quebra-quebra na Esplanada dos Ministérios na tarde dessa quarta-feira (24/5) foi a de um jovem com a mão direita dilacerada. O vídeo feito durante o protesto ganhou as redes sociais e mostra o rapaz sendo conduzido por um outro manifestante com a mão ensanguentada.

Vitor Rodrigues Fregulia, 21 anos, é quem protagoniza a cena chocante. Ele perdeu três dedos. Passou por uma cirurgia no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e segue internado, sem previsão de alta. A versão inicial é de que ele se feriu gravemente depois de jogar um rojão contra os policiais. Ao Metrópoles, o estudante nega. Diz que tentou se livrar de uma das bombas lançadas pelos PMs, quando ocorreu a explosão.

O rapaz veio de Santa Catarina com mais 35 pessoas para participar da manifestação na Esplanada. Viajaram 36 horas até chegar à capital do país. Ingrid Leitemberg é coordenadora do grupo e ficou em Brasília para acompanhar o jovem no Hospital de Base. Os outros manifestantes já voltaram para Florianópolis.

Cirurgia de reconstrução

Estudante de física do Instituto Federal de Araranguá, Vitor mora com o pai no município, que fica a 200km da capital catarinense. Segundo Ingrid, o jovem passou por uma cirurgia de reconstrução, após perder parte dos dedos indicador, anelar e polegar da mão direita.

Veja o vídeo AQUI.
Vitor está entre as 49 pessoas que ficaram feridas durante a manifestação, sendo oito policiais. Ao todo, 45 foram atendidas nos Hospital de Base e Regional da Asa  Norte (Hran). Quatro continuam internadas no HBDF.

Apesar da gravidade do ferimento na mão direita, Vitor está estável, respira sem a ajuda de aparelhos. Segundo Ingrid, o estudante está bem psicologicamente. Ela ficará com Vitor até que seja liberado do Hospital de Base.

De acordo com a Polícia Militar, a versão é “praticamente impossível”. A corporação afirma que apenas um dos dois tipos de bombas utilizadas durante a manifestação pode causar lesões. O ferimento, no entanto, seria improvável porque os artefatos explodem muito rápido, com 1,5 segundo ou 3 segundos após serem lançadas, diz a PMDF. Ainda segundo a corporação, o outro tipo de bomba usada não poderia causar dano porque não explode.

Entre os feridos, o estado mais grave é de um rapaz que levou um tiro no maxilar. De acordo com a Secretaria de Saúde, o homem, identificado apenas com as iniciais C.G.S, está sedado no Centro de Trauma do Hospital de Base, respirando com a ajuda de aparelhos, mas seu quadro é estável.

Nesta quinta, o secretário de Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal (SSP-DF), Edval de Oliveira Novaes Júnior, informou que os policiais que usaram armas de fogo durante a manifestação de quarta (24), na Esplanada dos Ministérios, foram identificados. O inquérito policial já foi instaurado.

“A regra é a utilização de armamento não letal e de uso progressivo da força. Isso foi uma exceção, não estava previsto (o uso de arma letal), e estamos apurando rigorosamente”, disse o secretário. Ele acrescentou que esses PMs serão responsabilizados.

A manifestação contra reformas e pelo impeachment do presidente Michel Temer (PMDB/SP) foi organizada por centrais sindicais e, segundo a PM, reuniu 45 mil pessoas na Esplanada. Começou pacífica, mas a situação fugiu ao controle duas horas depois.

Prédios públicos foram destruídos. O prejuízo é grande. Somente no Ministério do Planejamento, passa de R$ 300 mil. A PM tentou conter os manifestantes, sem sucesso. Temer publicou um decreto pouco depois autorizando as Forças Armadas ocuparem o DF. Diante de críticas de congressistas, recuou e revogou a medida nesta quinta.

Confira a nota da Polícia Militar na íntegra:

Na operação de ontem foram utilizados instrumentos de menor potencial ofensivo para restabelecer a ordem e a paz social. Dentre esses instrumentos existem granadas explosivas (bombas) e fumígenas (com gás lacrimogêneo ou coloridas).

Ao tentar afastar qualquer dessas granadas a possibilidade do cidadão se machucar existe pois como já dito anteriormente podem ser explosivas e nas fumígenas ocorre o processo de sublimação o qual possui alta temperatura. As granadas explosivas possuem dois tempos possíveis para explodir: 1,5 segundos ou 3 segundos após serem lançadas.


Logo, conseguir pegar tais granadas explosivas na mão para arremessá-las contra os policiais, torna-se praticamente impossível. Caso o cidadão tenha pegado na mão uma granada fumígena, não teria como ocorrer dilaceração da mão pois não há explosão esperada.

GGN

STF na iminência de rediscutir prisão em segunda instância

A polêmica decisão de que um investigado pode ser preso antes que se esgotem todas as suas chances de recursos na Justiça Brasileira pode voltar à cena das discussões. O Supremo Tribunal Federal (STF) fixou esse entendimento no ano passado, mas ainda não é consenso a todos os ministros.

Um habeas corpus analisado nesta terça-feira (23) trouxe o tema à toma novamente. A Segunda Turma do Supremo, a mesma que analisa os processos da Operação Lava Jato, uma outra interpretação foi aberta no Tribunal.

Ao se manifestar sobre o tema, o ministro Gilmar Mendes disse que o entendimento feito pelo Tribunal no ano passado era de "permitir" a prisão a partir da segunda instância, mas não a tornar obrigatória.

A controversa entre "possibilidade" e "obrigação" pode trazer o tema em nova discussão. O próprio ministro Gilmar Mendes admitiu: "Aproveito, senhores ministros, inclusive para registrar a posição que o ministro Dias Toffoli inclusive já enfatizou e nós também enfatizamos no plenário quando falamos da desnecessidade do trânsito em julgado. Nós admitimos que se permitiria a prisão a partir da decisão de segundo grau. Mas não dissemos que ela fosse obrigatória".

Nesta análise, segundo ele, haveria uma possibilidade de uma alternativa intermediária entre a decisão de acatar a condenação de um réu desde o despacho da segunda instância. Outros ministros, além dele, entendem que a Constituição garante ao investiga o esgotamento dos recursos, antes da pena, seja ela uma prisão ou não.

Nessa linha, Gilmar afirmou: "Hoje já há precedentes de vários colegas. Acho que de do ministro [Dias] Toffoli, também meu, do ministro Celso [de Mello]. Então, a rigor… Mas esse é o entendimento que nós externamos majoritariamente, pelo menos em plenário. Depois, inclusive, o ministro Toffoli fez um avanço que eu estou a meditar se não devo também seguir, no sentido de exigir pelo menos o exaurimento da matéria no STJ".

A tese aventada é de que o próprio Superior Tribunal de Justiça emita um posicionamento sobre a prisão a partir de condenação em segunda instância. "Nós tínhamos aquele debate sobre a defensoria pública que dizia que muda muitos julgamentos ou consegue uniformizar em sede de STJ. De modo que esse é um tema que nós temos que talvez que revisitar", disse Gilmar.

Em entrevista ao JOTA, o ministro esclareceu o seu posicionamento. Disse que ainda há "muita confusão" sobre o assunto e que levantou a revisão porque o Supremo estava "admitindo os recursos de maneira muito alongada". O intuito, lembrou, era de definir melhor sobre os alongamentos dos processos, que chegam a atingir 10 anos em tramitação.

"Mas, o que nós dissemos, que em uma decisão de segunda instância é possível já autorizar a prisão, isso que nós dissemos. Não dissemos que ela se torna obrigatória. e acho que está havendo uma ceta confusão em torno disso".

Entretanto, apesar de o Supremo emitir esse posicionamento, a medida já criou jurisprudência e permitiu que réus condenados ainda pela segunda instância já fossem presos. De acordo com Gilmar, o STF deve debater de forma mais específica as consequências do entendimento tomado no último ano.

"Eu chamei atenção para os absurdos que poderiam estar acontecendo. Nós temos uma população carcerária de quase 700 mil presos, isso excede em mais de 100% as vagas que temos e é preciso que isso seja contemplado. É claro que isso tem que ser feito com devidos ajustes, se for o caso com o próprio STJ, para que ele de a celeridade devida a esses processos", afirmou.

Leia a entrevista na íntegra concedida ao JOTA:

Jornalista: O senhor abordou nesta semana a questão da revisão da prisão em 2ª instância

Gilmar:  Eu acho que tem muita confusão em torno desse assunto. Fui eu até que suscitei inicialmente a revisão desse tema, porque eu acho que nós estávamos admitindo os recursos de maneira muito alongada, tinha aqueles casos de recursos aqui no Supremo que ficaram por dez anos… Então eu propus, vamos fazer uma revisão dessa jurisprudência e nós fomos nesse sentido.

Mas, o que nós dissemos, que em uma decisão de segunda instância é possível já autorizar a prisão, isso que nós dissemos. Não dissemos que ela se torna obrigatória. e acho que está havendo uma ceta confusão em torno disso.

Na revisão que tivemos a oportunidade de fazer eu até recebi os defensores públicos do rio de janeiro, e eles vieram com um argumento, de que no STJ eles colhem bons resultados com recursos especiais, e eles conseguem revisar questão de dosimetria, muitas vezes foi condenado ao regime fechado, consegue ir para o regime semi-aberto. Me parece que isso está ocorrendo. Ministro Toffoli trouxe essa argumentação e nós estamos fazendo essa análise, e eu me balançaria, eventualmente, na oportunidade de se colocar no plenário, de fazer uma revisão…

Jornalista: Quando esse debate deve ocorrer?

Gilmar: Temos que ver a questão… eu quis só pontuar porque estava havendo muita confusão. No meu caso, a pessoa respondia solto porque havia sido concedido HC, relaxamento de prisão, e quando foi sentenciado voltou à prisão. Eu chamei atenção para os absurdos que poderiam estar acontecendo. Nós temos uma população carcerária de quase 700 mil presos, isso excede em mais de 100% as vagas que temos e é preciso que isso seja contemplado.

É claro que isso tem que ser feito com devidos ajustes, se for o caso com o próprio STJ, para que ele de a celeridade devida a esses processos.

Jornalista: Alguns pontos ficaram nebulosos na decisão do STF?

Gilmar: Eu acho que o STF foi claro. Não sei o que está na ementa. O STF foi claro. As posições majoritárias, inclusive a minha, não havia obrigatoriedade da prisão, era possível, porque aí a pessoa recorre mas não precisa estar recorrendo em liberdade, não precisa se recolher à prisão para apelar. Se for necessário esclarecer, a gente esclarecer. O problema é que esta havendo enxurrada de casos, há recursos plausíveis e se decreta desde logo a prisão. Isso  estamos dispostos a rever. Na turma tem o voto do ministro Dias Toffoli, ministro Ricardo Lewandowski, e ministro Celso de Mello até mais radical.

Jornalista: Se isso ocorrer, seria retrocesso ou caso de reduzir para o STJ…

Gilmar: Manteria o mesmo entendimento só que colocaria mais uma instância que examina essas questões. Quem me  impressionou muito foi o grupo da defensoria que mostrou resultados estatístico muito plausíveis e estamos falando de réus pobres.

GGN

Imoralidade: ministros do STF estudam perdão a Temer caso ele deixe a presidência da República

Foto: Lula Marques/PT
É destaque na coluna da jornalista Mônica Bergamo, nesta sexta (26), que até ministros do Supremo Tribunal Federal estão estudando a possibilidade de um eventual sucessor de Michel Temer conceder indulto a ele, ou seja, uma proteção contra as investigações da Lava Jato, como saída mais rápida para a atual crise criada a reboque da delação da JBS.

Ssegundo a jornalista, "a possibilidade de o eventual sucessor de Temer conceder indulto ao peemedebista caso ele deixe a Presidência da República já é debatida em gabinetes de Brasília. Até ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) se debruçaram sobre a legislação para saber se a ideia é viável."

"A Constituição diz que compete ao presidente conceder indulto, mas geral, e não de forma dirigida a uma só pessoa. Já o artigo 188 da Lei de Execução Penal, aplicada a quem já está condenado, prevê que o indulto pode ser concedido a uma pessoa específica. De acordo com um magistrado, se vale para quem já cumpre pena, poderia ser estendida a uma pessoa que, como Temer, seria apenas investigado", explicou.

Um caso que inspira o plano ocorreu nos Estados Unidos, quando Gerald Ford assumiu a presidência no lugar de Richard Nixon e concedeu indulto ao antecessor.

"A concessão de um indulto neste momento no Brasil, porém, é considerada difícil no plano político pela resistência da opinião pública", avaliou Bergamo.

GGN

Contradição e previsibilidade na sentença de Moro sobre Cláudia Cruz, mostra o pendor do pretor de Curitiba

Se a Lava Jato não conseguiu provas de que os recursos depositados na conta de Cláudia Cruz eram mesmo fruto de esquemas na Petrobras, por que Sergio Moro absolveu a jornalista mas determinou o confisco do dinheiro?

Dois pontos chamam atenção na absolvição de Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha, pelo juiz Sergio Moro: a previsibilidade da sentença, que duvida de conhecimento e participação nos esquemas do ex-deputado; e a contradição em determinar o confisco de valores remanescentes na conta usada pela jornalista no exterior, taxando-os como "produto do crime".

Segundo Moro, Cláudia, que teve em seu poder mais de 1 milhão de dólares entre 2008 e 2015, não pôde ser condenada pelos crimes de lavagem de dinheiro (parte dos recursos sairam do esquema de corrupção na Petrobras) e evasão de divisas (a conta em seu nome não foi declarada à Receita) porque não havia provas suficientes e tampouco atestado de dolo.

Sobre provas insuficientes

Na decisão, Moro sinalizou que a Lava Jato não conseguiu provar que o dinheiro depositado na conta de Cláudia era mesmo fruto do esquema na Petrobras.

"Não obstante, até o momento, foi de fato possível rastrear somente os ativos recebidos em um acerto de corrupção [na Petrobras em favor de Cunha], envolvendo o contrato de Benin, sendo que o produto respectivo, de USD 1,5 milhão, não foi destinado, sequer em parte, à conta em nome da Kopek [que abastece o cartão de crédito de Cláudia]."

A Lava Jato só conseguiu provar que a "conta em nome da Kopek foi aberta exclusivamente para alimentar cartões de crédito, entre eles da acusada Cláudia Cruz", e que dessa conta sairam, entre janeiro de 2008 e abril de 2015, pouco mais de 1 milhão de dólares e mais 8 mil libras esterlinas em despesas. Para Moro, contudo, a propina de 1,5 milhão de Cunha não teria se misturado aos valores da conta de Cláudia.

A contradição na sentença está no fato de que, embora tenha dado o benefício da dúvida quanto à origem dos recursos depositados na conta Kopek para absolver Cláudia, na sequência, Moro determinou o confisco de 176 mil francos suíços que restaram na conta, alegando que são ilícitos.

"Por outro lado, mesmo com a absolvição, ainda devem ser confiscados os valores sequestrados na conta em nome da Köpek, de 176.670,00 francos suíços, uma vez que materialmente constituem produto de crime."

Sobre o dolo

Já a questão do dolo, ou seja, a eventual parcela de culpa de Cláudia Cruz decorrente de conhecimento dos crimes de Eduardo Cunha, havia sido antecipada por Sergio Moro como a mais "relevante" para seu julgamento. Era o caminho das pedras para a absolvição.

Em outubro de 2016, Moro deu a diretriz à defesa de Cláudia no mesmo despacho em que devolveu o passaporte da jornalista e aceitou a audiência de testemunhas no exterior

Essas testemunhas foram admitidas "a bem da ampla defesa", disse Moro, à época, mas eram dispensáveis ao processo. "(...) A questão relevante é saber se, caso os ativos tenham origem criminosa, tinha a acusada ciência disto", apontou o magistrado.

A defesa seguiu a dica à risca, levanto ao juiz testemunhas que disseram que Cláudia era apenas uma dona de casa e que quem cuidava das finanças da família era Cunha. Em seu depoimento, a jornalista reforçou esse enredo, sem perguntas do Ministério Público nem de de Moro. (Leia mais aqui)

Na sentença, Moro até deu um puxão de orelha em Cláudia, dizendo que ela deveria ter tido mais cuidado com sua vida pessoal, ou seja, desconfiado, em algum momento, que os rendimentos de Cunha como deputado federal não eram suficientes para bancar as despesas luxuosas da família em Dubai, Roma, Paris ou Miami. Mas manteve a linha de pensamento que já havia demonstrado ter antes.

"O entendimento deste Juízo é no sentido de que, para condenação por lavagem de dinheiro de cônjuges de agentes públicos corrompidos, é necessário ter uma prova muito clara de que o cônjuge tinha ciência dos crimes de corrupção ou de sua participação ativa nas condutas de ocultação e dissimulação, não sendo suficiente a prova da realização de gastos extravagantes, por mais reprováveis que eles sejam a luz de tantos crimes de corrupção", ressalvou.

Confira a íntegra da sentença AQUI.

GGN

A PF da Lava Jato na mira de operadores do PMDB


Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Polícia Federal está na ruas do Rio, São Paulo e Curitiba para cumprir mandados de prisão e condução coercitivas expedidos pelo juiz Sérgio Moro na 41ª fase da Lava Jato; os alvos são os lobistas Jorge Luz e Bruno Luz, tidos como operadores na ação que apura pagamentos de propina ao PMDB, além de outras pessoas supostamente envolvidas com eles.

Leonel Brizola, Aécio e a abominável traição dos Neves

Pedro França/Agência Senado

"A traição de Aécio foi clara: enganou boa parte do seu eleitorado e o arrastou para um Golpe que afundou o Brasil. Desacreditou o pleito, usou e abusou da mídia para incendiar o país com um falso discurso de combate à corrupção e nomeou seus aliados mais fortes para derrubar Dilma e depois compor o governo ilegítimo de Michel Temer", diz Tadeu Porto, editor-sênior do Cafezinho.

Eu era apenas um adolescente de 17 anos quando Brizola faleceu.

Naquele tempo, graças a Lula, já tinha título de eleitor e estava a um passo de amar a política, mas não tinha noção da grandeza que Leonel Brizola representava (e representa) para a política brasileira.

Claro, a dinâmica e a quantidade de informações que o século XXI nos proporciona me ajudou a ter mais contato com a história e, nesse sentido, acabei conhecendo melhor o gaúcho a ponto de admirá-lo e, volta e meia, procurar palavras dele no Youtube para assistir e aprender mais de a política, o Brasil e o combate a desigualdade (como é o caso do Roda Viva com ele na campanha de 94).

Além disso, tenho um ex-assessor do Brizola como ídolo – ídolo e exemplo, me inspiro nele para escrever – o jornalista e blogueiro Fernando Brito, do Tijolaço, que, justiça seja feita, escreveu um dos textos mais importantes da história do Brasil (sem eufemismo), o direito de resposta que Brizola ganhou no Jornal Nacional, no dia 15 de Março de 1994, lido por Cid Moreira.

Foi Através de Brito, também, que conheci uma frase de Brizola  que, nesses tempos de golpe, não vai cansar de aparecer nas análises diárias de conjuntura:

“A política ama a traição e abomina o traidor”.

Não tem oração que possa descrever melhor o que se passa com o ex-governador mineiro, Aécio Neves, que, nas condições atuais, se encontra mais abandonado que chocolate Caribe na caixa de bombons sortidos da Garoto.

Quando leio informações de que Aécio inutiliza seus dias oscilando entre a ingestão de álcool e o derrame de lágrimas, não consigo deixar de visualizar o quão solitário está o senador mineiro, nesse cenário que devasta, a vida e a história de sua família.

Jogado às traças por apoiadores que se dizem decepcionados, amigos que deletam fotos por vergonha e pela irmã Andréa que o quer na cadeia, Aécio é a melhor materialização da frase brizolista, se tornando o símbolo máximo de abominação que a história recente desse país proporcionou a um enganador.

Nem mesmo Cunha foi tão abandonado, diga-se de passagem. Afinal, existem figuras como o deputado Carlos Marun – presidente da comissão da Reforma da Previdência – que continuam defendendo o ex-deputado mesmo depois de sua prisão.

A traição de Aécio foi clara: enganou boa parte do seu eleitorado e o arrastou para um Golpe que afundou o Brasil. Desacreditou o pleito, usou e abusou da mídia para incendiar o país com um falso discurso de combate à corrupção e nomeou seus aliados mais fortes para derrubar Dilma e depois compor o governo ilegítimo de Michel Temer.

Como um bom farsante, daqui a um tempo não muito longínquo, Aécio, engolido pela trama que criou, entrará para a história representando uma das figuras políticas mais folclóricas que o país já viu: o abominável traidor dos neves.

Brizola não poderia ter mais razão.

247

O xadrez da volta do maior estadista, o senhor Crise


Peça 1 – a última cartada de Temer

A tentativa de colocar na cena o fator militar foi o último blefe de Michel Temer. A reação imediata de um oficial legalista, o respeitado general Villas Boas Correa, de parlamentares, de porta-vozes responsáveis da sociedade civil, abortou a tentativa de aprofundamento da crise política, impedindo o Brasil se reeditar o Panamá de Rafael Noriega.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

"Diálogo Lula x FHC seria a saída para a crise", Flávio Dino

Uma das vozes mais sensatas da política brasileira, o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, aponta uma saída para o impasse nacional; "O único caminho que enxergo para a política é um acordo PT-PSDB, Lula e Fernando Henrique numa mesa. Neste momento de muita precarização da política, uma conversa direta seria um fato altamente positivo, uma mensagem importante de busca de recomposição da institucionalidade", disse ele, em entrevista à BBC. 

Flávio Dino diz ainda que Lula é quem mais teria condições de promover uma repactuação do País, mas afirma que ele pode vir a ser impedido de disputar as próximas eleições presidenciais, porque o Brasil estaria vivendo tempos de exceção; "A gente não vive condições normais, a Justiça se politizou, se partidarizou muito", diz ele.

Uma das vozes mais sensatas da política brasileira, o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, aponta uma saída para o impasse brasileiro: o afastamento de Michel Temer e um diálogo PT-PSDB em busca de uma solução institucional, com pausa nas reformas trabalhista e previdenciária, até que o Brasil tenha um governo legitimado pelo voto.

"O único caminho que enxergo para a política é um acordo PT-PSDB, Lula e Fernando Henrique numa mesa. Neste momento de muita precarização da política, uma conversa direta seria um fato altamente positivo, uma mensagem importante de busca de recomposição da institucionalidade", disse ele, em entrevista à BBC.

Embora defenda diretas-já, Dino considera esse cenário pouco provável. "Só haverá eleição direta havendo mobilização popular nessa direção. E esse é um ponto de interrogação muito mais do que qualquer juridiquês. Se não houver mobilização popular, é muito difícil o Congresso ou o TSE ir para esse caminho, porque se choca com o desejo meio que universal da classe política, da elite, de um certo nível de estabilidade. A classe social dominante não quer eleição direta agora."

Ele afirma ainda que Michel Temer se isolou completamente ao convocar as Forças Armadas. "Acho que o efeito principal foi ampliar o isolamento do Temer, o fragilizou, sobretudo pela medida equivocada de convocar o Exército. Quando você vai para o extremo, é lógico que você constrói isolamento, até pelo modo como foi anunciado, muito atabalhoado, dizendo que foi pedido pelo Rodrigo Maia, mas não foi."

Na entrevista, Dino fez ainda uma defesa do ex-presidente Lula e afirmou que ele é quem mais tem legitimidade para conduzir a repactuação do País. "De todas as grande lideranças nacionais, é quem tem maior legitimidade para tentar reconduzir uma repactuação do país. Lula não é bom só para a esquerda, é bom para todo mundo que acredita na democracia política. 

Ele pode, ao fazer um governo de diálogo como fez no passado, conduzir um caminho que não seja de confrontação, que ao meu ver foi o grande erro do Michel. O Michel veio adotar uma agenda de mais confronto e, portanto, de mais isolamento social. Qual é o problema dele? As denúncias, a gravação, claro, e ter só 4% de aprovação. Você já pega um país dividido, polarizado, e vai para um caminho de venezualização, de radicalização. Deu no que deu."

O risco, afirma Dino, é Lula vir a ser impedido de disputar as próximas eleições por razões judiciais. "Em condições normais não haveria tempo nem em 2018, mas a gente não vive condições normais. De fato a Justiça se politizou, se partidarizou muito, me refiro ao sistema de Justiça como um todo, abrangendo polícia, Ministério Público. Então, é muito difícil fazer análise política sem levar em conta esse ingrediente."

247/MA

Preso filho de operador de propina de Sarney

Os desdobramentos da Operação Lava-Jato envolvendo o operador de propinas de José Sarney na Ferrovia Norte-Sul, o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha, chegou ao seu filho, Jader Ferreira das Neves; o Ministério Público Federal e a Polícia Federal expediram mandato de prisão preventiva em investigação focada no recebimento de propina nas obras da Norte-Sul.

 Juquinha é velho aliado e considerado um dos laranjas de José Sarney. De acordo com as delações de executivos da Odebrecht, o grupo do ex-presidente foi beneficiário de recebimento de propina da obra da Ferrovia-Norte Sul, realizada pela empreiteira; pessoas ligadas ao peemedebista teriam recebido cerca de 1% sobre o contrato.

Os desdobramentos da Operação Lava-Jato envolvendo o operador de propinas de José Sarney na Ferrovia Norte-Sul, o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha, chegou ao seu filho, Jader Ferreira das Neves. Nesta quinta-feira, 25, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal expediram mandato de prisão preventiva em investigação focada no recebimento de propina nas obras da Norte-Sul.

Juquinha é velho aliado e considerado um dos laranjas de José Sarney. De acordo com as delações de executivos da Odebrecht, o grupo do ex-presidente foi beneficiário de recebimento de propina da obra da Ferrovia-Norte Sul, realizada pela empreiteira. Pessoas ligadas ao oligarca teriam recebido cerca de 1% sobre o contrato. Outros 3% foram destinados ao grupo político do ex-deputado e ex-ministro dos Transportes Valdemar da Costa Neto, sob liderança de Juquinha.

O próprio Juquinha confessou, quando foi preso pela primeira vez em 2012, à Polícia Federal que o então senador Sarney o bancava junto ao ministro dos Transportes. Em diálogo gravado no dia 20 de outubro de 2011, Juquinha diz a um assessor da Valec ter recebido a informação de que não haveria mudanças no ministério pois “estão com medo de afrontar o chefão”, apontado pela PF como Sarney. “O povo não quer afrontar nosso amigo”, disse.

As ligações umbilicais entre Juquinha e Sarney em casos envolvendo a propina paga nas obras da Ferrovia Norte-Sul, que ultrapassam a casa dos bilhões em mais de 30 anos, deixam o oligarca temeroso a cada operação da Polícia Federal.
Cada vez mais a Lava-Jato se aproxima de Sarney

247/MA

O ataque a Reinaldo Azevedo mostra justiça-espetáculo que se propaga no Brasil a parti da lava jato

O colunista Reinaldo Azevedo é o mais novo exemplo de injustiça contra jornais e jornalistas, situação típica de um quadro de avanço de um estado de exceção.

Se for para falar de casos nacionais, vamos lembrar de Edu Guimarães, alvo de uma condução  coercitiva escandalosa na Lava Jato.

Se for para ficar em Minas Gerais, a perseguição a inúmeros profissionais de imprensa que ousavam criticar desmandos do outrora todo-poderoso Aécio Neves constitui um fato tão banal que deixou de ser notícia.

Já no período chamado de interinato, Michel Temer consumou uma intervenção em grande estilo na EBC. Destituiu um presidente com mandato legal de quatro anos, ponto de partida para o esvaziamento de um jornalismo que fazia o contraponto ao pensamento único. Entre outras coisas, nunca deixou de denunciar os preparativos de um golpe de Estado em curso.

A perseguição a jornalistas tornou-se possível no interior de uma paisagem mais ampla no Brasil desses tempos, quando se assiste à caçada  a Luiz Inácio Lula da Silva e já se viu a prisão absurda José Genoíno, um dos mais decentes parlamentares da geração que produziu a Constituição de 1988. Claramente injustiçado, condenado a penas duras, sem relação com qualquer denúncia que tenha sido comprovada, a situação de José Dirceu encontra-se no mesmo quadro.

A injustiça contra Reinaldo Azevedo consistiu em divulgar trechos de uma conversa com Andrea Neves, irmã e personagem importante do grupo político de Aécio. Um diálogo profissional e pessoal, típico das relações entre um jornalista e sua fonte.

A divulgação de conversas privadas, sem relação com qualquer fato jurídico sob investigação, faz parte de uma velha técnica stalinista de desmoralização de personalidades públicas que incomodam aparelhos de poder.

Foi descrita de forma genial pelo tcheco Milan Kundera em A Insustentável Leveza do Ser. Kundera mostra por que a construção de uma ditadura imposta pelos tanques do Pacto de Varsóvia -- responsáveis pelo esmagamento do projeto  democrático da Primavera de Praga -- tinha necessidade de humilhar e desmoralizar personalidades ligadas ao governo deposto. Era uma forma  de tentar destruir a memória da população.

No Brasil de nossos tempos, Marisa Letícia foi alvo de uma operação particularmente cruel na operação Lava Jato. Em abril de 2016, Sérgio Moro autorizou a divulgação de diálogos da mulher de Lula com um de seus filhos, numa conjuntura em que a desmoralização sem limites da figura do presidente era essencial para impedir sua posse como ministro-chefe da Casa Civil de Dilma.

É mais que provável que Reinaldo Azevedo tenha sido gravado por acidente. Havia uma escuta sobre as conversas de Andrea Neves, que captou centenas de diálogos --pelo menos um deles com Reinaldo Azevedo. É evidente que outras conversas, com palavras e argumentos típicos de quem não imagina estar sendo gravado, também foram grampeadas. Talvez estejam por aí, para serem vazados em outra oportunidade, ainda que o ministro Edson Facchin, do STF, tenha tomado medidas para reforçar o sigilo dos áudios relativos a JBS.

A pergunta é saber quem tomou a decisão de publicar a conversa, em vez de simplesmente destruir o material, como determina o regimento da Polícia Federal.

A tradição nacional manda culpar os guardas da esquina e pedir desculpas sempre que vítimas mais graúdas são atingidas, gerando  uma reação inesperada que a tentativa de denúncia num  escândalo em si.

Num caso obviamente político, que só pode ser produzido por quem possui estatura para agir nesse patamar, no qual as  decisões podem trazer louros ou pedradas, não custa lembrar o lugar de Reinaldo Azevedo na conjuntura de 2017.

Conservador até a medula, produz textos e comentários que fazem uma  crítica feroz -- a meu ver inteiramente errada e superficial -- aos governos Lula-Dilma e às políticas progressistas em geral. 

Ao mesmo tempo, não deixa de denunciar -- e isso se tornou cada vez mais claro com o passar do tempo -- os abusos e desvios que ameaçam o Estado Democrático de Direito. Não é uma crítica nova mas Reinaldo demonstra conhecimento de causa ao empregar argumentos que são um ponto fora de curva num ambiente político polarizado.  

Em seus direitos como jornalista, Reinaldo Azevedo deve ser defendido sem poréns nem todavias. Sua postura diante de direitos e garantias faz dele um adversário a ser respeitado.

Deve ser combatido e derrotado no plano das ideias e da luta política -- e não por medidas de intimidação.

(Não custa lembrar que seria um combate com "paridade de armas" se a mídia não fosse um latifúndio de grandes famílias alinhadas com suas próprias conveniências e interesses, o que permitiria celebrar em bases concretas a inesquecível frase de Voltaire: "Discordo inteiramente do que dizeis, mas defenderei até a morte seu direito de fazê-lo").   

O debate sobre o lugar dos jornalistas na conjuntura atual está longe de resolvido, contudo. 

Há muito tempo nós sabemos da importância da  mídia e de seus profissionais para a justiça-espetáculo. É um dos fatores essenciais.

Os leitores deste espaço recordam que, no texto clássico sobre a Operação Mãos Limpas, inspiradora da Lava Jato, Sérgio Moro fala da importância de conquistar a simpatia dos meios de comunicação, indispensável para deslegitimar personalidades que podem ser alvo de denúncias de corrupção. A razão é simples:  frequentemente, os alvos são lideranças reconhecidas pela população e é preciso que a mídia ajude a quebrar o apoio de que desfrutam.

Avaliando as várias etapas da Mãos Limpas, que incluíam vazamentos através de jornais e revistas classificadas como "simpatizantes", o juiz sublinha: "a deslegitimação, ao mesmo tempo em que tornava possível a ação judicial, era por ela alimentada."

O que se descreve, aqui, não é o jornalismo como um meio de apuração, acumulo de conhecimento e crítica social, capaz de expressar livremente os vários pontos de vista de uma sociedade. O que se enxerga é uma  força instrumental, um braço auxiliar de ações judiciais -- desprovido de crítica, de distanciamento.

Num artigo publicado hoje pela Folha de S. Paulo, o PGR Rodrigo Janot dedica quatro parágrafos para falar sobre o tema.

Sem dar nomes, Janot rebate críticas de um "editorialista"  de um "importante veículo de imprensa" para fazer a defesa do acordo de delação premiada com Joesley Batista e o grupo JBS. Não vou discutir os argumentos de Janot.

O simples fato do Procurador-Geral da República dar-se ao trabalho de formular uma resposta de próprio punho é revelador da importância que atribui ao apoio da mídia.

A reação dos mesmos veículos é um sinal de que os tempos de adesão automática parecem estar chegando ao fim.

No dia anterior, o  editorial "Sem Rumo", o Estado de S. Paulo bateu com força.

"São um insulto, aos brasileiros de bem e um escárnio da Justiça, os termos da colaboração premiada assinada entre o senhor Joesley Batista e a Procuradoria Geral da República."

Numa crítica direta, personalizada, o editorial afirma: "há mais do que indícios de que o sr. Janot já não sabe aonde se situa o norte firme da lei e da Constituição."

Na mesma edição da Folha de S. Paulo que publicou o artigo de Janot na página 3, saiu, na página 2, um editorial ( "Acordo açodado") que classifica a divulgação dos diálogos de Reinaldo Azevedo como "violação ao princípio constitucional". Numa avaliação mais abrangente sobre o acordo com a JBS,  o texto também afirma, a título de conclusão: "Conseguiu-se assim ampliar o sentimento de que as autoridades cedem as tentações do arbítrio, da onipotência e da precipitação."


É obrigatório recordar que, ao aproximar-se do PSDB de Aécio Neves e José Serra, do PMDB de Michel Temer e das reformas de Henrique Meirelles, as investigações deram uma grande contribuição para o despertar dos princípios democráticos e garantias que ficaram longamente adormecidos quando o alvo a ser atingido era o PT de Lula. Não há nem pode haver dúvida a respeito.   

247

Imprensa e lava jato montaram farsa com agendas da Petrobras, contra o ex-presidente Lula

Em dia em que Lava Jato e imprensa dizem que Lula estava em reunião privada com executivos da Petrobras, o então presidente e comitiva eram recebidos em Riad, na Arábia Saudita. 
(Foto: Ricardo Stuckert)


Órgãos de mídia deram destaque sem qualquer checagem a informação falsa da equipe do procurador Deltan Dallagnol sobre reuniões de que participou Lula quando era presidente da República.

Em dia em que Lava Jato e imprensa dizem que Lula estava em reunião privada com executivos da Petrobras, o então presidente e comitiva eram recebidos em Riad, na Arábia Saudita (Foto: Ricardo Stuckert).

Em conluio com procuradores da Lava Jato em Curitiba, a Rede Globo, a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo produziram semana passada mais uma farsa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agendas de ex-diretores da Petrobras, anexadas pelos procuradores à ação sobre o tríplex do Guarujá, foram manipuladas pela imprensa de forma a apontar uma falsa contradição no depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro.

A juntada de “documentos” sobre supostas “reuniões” de Lula com a diretoria da Petrobras não foi fruto da descoberta de algum segredo em um trabalho de investigação sério, mas uma tentativa tosca de reescrever a história e criminalizar atos como viagens oficiais ao exterior, reuniões interministeriais e cerimônias da Presidência acompanhadas pela imprensa.

Uma irresponsabilidade que atenta contra o papel institucional do Ministério Público em uma democracia. Parece que para a equipe de Deltan Dallagnol, o crime de Lula foi ter sido presidente da República. E a mesma imprensa que acompanhou e divulgou essas agendas durante os dois mandatos de Lula, agora dá manchetes sem checar nem mesmo seus próprios arquivos.

A fraude começou a ser montada em 15 de maio, cinco dias depois do depoimento de Lula. Naquela data, os procuradores anexaram 78 documentos aos autos, sem explicitar o propósito. Destes, 27 são cópias de agendas de ex-diretores, registrando “reuniões”, “almoços” e “jantares” com Lula. As cópias das agendas foram entregues pela Petrobrás aos acusadores de Lula, mas não à sua defesa.

Na manchete de 17 de maio, a Folha afirmou: “Lava Jato contraria com documentos fala de Lula a Moro”. Segundo o jornal, as agendas mostrariam que Lula não teve apenas duas reuniões com a diretoria da Petrobrás em seu governo, como ele havia declarado a Moro, mas, pelo menos, 23. O Estadão destacou “reuniões de Lula” com três ex-diretores condenados na Lava Jato. O Jornal Nacional juntou as duas coisas, elevou para 28 as supostas “reuniões” e citou o Ministério Público como fonte de suas ilações, numa reportagem de três minutos.

A farsa desmorona quando se compara o que está escrito nas agendas da Petrobras e o que Lula realmente fez nas datas indicadas. Por exemplo: das 27 agendas, três se referem a recepções oferecidas por chefes de Estado a Lula e sua comitiva, em viagens internacionais: uma pelo presidente da China Hu Jintao, outra pelo rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz, e outra pela presidenta do Chile, Michelle Bachelet.

Pelo menos 14 agendas referem-se à participação de ex-diretores em cerimônias públicas nas quais Lula estava presente, em inaugurações, visitas a instalações da Petrobras ou em reuniões interministeriais, como as do Conselho Nacional de Política Energética. Não se tratam, portanto, de reuniões com a diretoria da Petrobras, muito menos de agendas com diretores específicos. E tudo realizado com cobertura da mídia.

Para verificar a veracidade das agendas (o que no jornalismo se chama checagem), basta conferir as datas mencionadas com a agenda de viagens nacionais e internacionais do ex-presidente Lula, que está disponível no site da Presidência da República. 

As agendas da Petrobras mencionam duas supostas reuniões do delator Paulo Roberto Costa em Brasília, que não podem ser confirmadas porque o atual governo retirou do site da Presidência as agendas diárias de Lula. Mas o próprio delator afirmou, em dois depoimentos ao juiz Sergio Moro, um deles feito ontem (24), que nunca teve reuniões individuais com o ex-presidente Lula. Confira:
  
Paulo Roberto da Costa fez essa declaração como testemunha, ou seja, com a obrigação de falar a verdade. Ele já havia dito o mesmo em depoimento anterior, mas a imprensa ignorou este fato para sustentar a farsa das agendas.

Não há dúvida de que as agendas foram plantadas no processo para desqualificar o depoimento de Lula em 10 de maio, o que nem mesmo seus maiores adversários conseguiram fazer. Uma imprensa imparcial ao menos teria checado os fatos antes de publicá-los sob o viés dos detratores de Lula. E não precisaria se esforçar tanto, pois muitos desses eventos foram noticiados pelos próprios jornais, como está registrado neste documento.

Lula foi o presidente brasileiro que mais visitou as diversas instalações da Petrobras em todo o País, em eventos públicos relacionados à empresa, que viveu forte valorização durante o seu mandato. Mais de 60 dessas visitas foram registradas pela imprensa. Quanto às reuniões com a diretoria, conforme declarou no depoimento, foram mesmo raríssimas. E Lula citou duas: uma para discutir o plano estratégico da empresa e outra para decidir o cancelamento de leilões para exploração de petróleo em áreas do pré-sal, quando ele foi descoberto, em 2008.


Os dados no link abaixo mostram a verdade sobre as agendas da Petrobras, revelam o golpe baixo dos procuradores de Curitiba e denunciam a indigência e parcialidade de um jornalismo que se comporta como papagaio da Lava Jato para difamar Lula.

GGN

Moro absolve Cláudia Cruz na lava jato, lá não quis saber de Temer quem sabe não absolverá Eduardo Cunha

Juiz Sérgio Moro absolveu nesta quinta-feira, 25, a jornalista Cláudia Cruz, mulher do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) dos crimes de lavagem de dinheiro e de evasão fraudulenta de divisas, no âmbito da operação Lava Jato; segundo Moro, faltou 'prova suficiente de que (Cláudia Cruz) agiu com dolo' ao manter conta na Suíça com mais de US$ 1 milhão, dinheiro supostamente oriundo de propina recebida pelo marido.

 "Absolvo Cláudia Cordeiro Cruz da imputação do crime de lavagem de dinheiro e de evasão fraudulenta de divisas por falta de prova suficiente de que agiu com dolo", sentenciou; segundo o Ministério Público Federal, Cláudia Cruz era a única controladora da conta em nome da offshore Köpek, na Suíça, pela qual pagou despesas de cartão de crédito no exterior em montante superior a US$ 1 milhão num prazo de sete anos.

Contrariando as expectativas, o juiz Sérgio Moro absolveu nesta quinta-feira, 25, a jornalista Cláudia Cruz, mulher do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) dos crimes de lavagem de dinheiro e de evasão fraudulenta de divisas, no âmbito da operação Lava Jato.

Segundo Moro, faltou 'prova suficiente de que (Cláudia Cruz) agiu com dolo' ao manter conta na Suíça com mais de US$ 1 milhão, dinheiro supostamente oriundo de propina recebida pelo marido. "Absolvo Cláudia Cordeiro Cruz da imputação do crime de lavagem de dinheiro e de evasão fraudulenta de divisas por falta de prova suficiente de que agiu com dolo", assinalou Moro.

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, Cláudia Cruz era a única controladora da conta em nome da offshore Köpek, na Suíça, por meio da qual pagou despesas de cartão de crédito no exterior em montante superior a US$ 1 milhão num prazo de sete anos (2008 a 2014)'.

O Ministério Público Federal apontou que o valor de US$ 1 milhão gasto por Cláudia é 'totalmente incompatível com os salários e o patrimônio lícito de seu marido'. Quase a totalidade do dinheiro depositado na Köpek (99,7%) teve origem nas contas Triumph SP (US$ 1.050.000,00), Netherton (US$ 165 mil) e Orion SP (US$ 60 mil), todas pertencentes a Eduardo Cunha.

Na mesma ação, também eram réus Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da Área Internacional da estatal petrolífera, pelo crime de corrupção passiva; João Augusto Rezende Henriques, operador que representava os interesses do PMDB no esquema, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas; e Idalecio Oliveira, empresário português proprietário da CBH (Companie Beninoise des Hydrocarbures Sarl), pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Leia a íntegra da sentença: AQUI.

247

Mais uma farsa da lava jato em conluio com a mídia, Lula

O Instituto Lula denuncia "conluio" entre procuradores da Lava Jato e Rede Globo, Folha de S. Paulo O Estado de S. Paulo na produção de "mais uma farsa contra o ex-presidente"; "Agendas de ex-diretores da Petrobras, anexadas pelos procuradores à ação sobre o tríplex do Guarujá, foram manipuladas pela imprensa de forma a apontar uma falsa contradição no depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro", diz a assessoria.

"A juntada de 'documentos' sobre supostas 'reuniões' de Lula com a diretoria da Petrobras não foi fruto da descoberta de algum segredo em um trabalho de investigação sério, mas uma tentativa tosca de reescrever a história e criminalizar atos como viagens oficiais ao exterior, reuniões interministeriais e cerimônias da Presidência acompanhadas pela imprensa", diz a nota; "Parece que para a equipe de Deltan Dallagnol, o crime de Lula foi ter sido presidente da República".

O Instituto Lula divulgou uma nota em que denuncia "conluio" entre procuradores da Lava Jato e Rede Globo, Folha de S. Paulo O Estado de S. Paulo na produção de "mais uma farsa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva".

"Agendas de ex-diretores da Petrobras, anexadas pelos procuradores à ação sobre o tríplex do Guarujá, foram manipuladas pela imprensa de forma a apontar uma falsa contradição no depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro", diz a assessoria.

NOTA À IMPRENSA
Lava Jato e imprensa montaram farsa com agendas da Petrobras

São Paulo, 25 de maio de 2017,

Em conluio com procuradores da Lava Jato em Curitiba, a Rede Globo, a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo produziram semana passada mais uma farsa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agendas de ex-diretores da Petrobras, anexadas pelos procuradores à ação sobre o tríplex do Guarujá, foram manipuladas pela imprensa de forma a apontar uma falsa contradição no depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro.

A juntada de “documentos” sobre supostas “reuniões” de Lula com a diretoria da Petrobras não foi fruto da descoberta de algum segredo em um trabalho de investigação sério, mas uma tentativa tosca de reescrever a história e criminalizar atos como viagens oficiais ao exterior, reuniões interministeriais e cerimônias da Presidência acompanhadas pela imprensa.

Uma irresponsabilidade que atenta contra o papel institucional do Ministério Público em uma democracia. Parece que para a equipe de Deltan Dallagnol, o crime de Lula foi ter sido presidente da República. E a mesma imprensa que acompanhou e divulgou essas agendas durante os dois mandatos de Lula, agora dá manchetes sem checar nem mesmo seus próprios arquivos.

A fraude começou a ser montada em 15 de maio, cinco dias depois do depoimento de Lula. Naquela data, os procuradores anexaram 78 documentos aos autos, sem explicitar o propósito. 27 destes documentos são cópias de agendas de ex-diretores, registrando “reuniões”, “almoços” e “jantares” com Lula. As cópias de agendas foram entregues pela Petrobrás aos acusadores de Lula, mas não a sua defesa.

Na manchete de 17 de maio, a Folha afirmou: “Lava Jato contraria com documentos fala de Lula a Moro”. Segundo o jornal, as agendas mostrariam que Lula não teve apenas duas reuniões com a diretoria da Petrobrás em seu governo, como ele havia declarado a Moro, mas pelo menos 23. O Estadão destacou “reuniões de Lula” com três ex-diretores condenados na Lava Jato. O Jornal Nacional juntou as duas coisas, elevou para 28 as supostas “reuniões” e citou o Ministério Público como fonte de suas ilações, numa reportagem de três minutos.

A farsa desmorona quando se compara o que está escrito nas agendas da Petrobrás e o que Lula realmente fez nas datas indicadas. Por exemplo: das 27 agendas, três se referem a recepções oferecidas por chefes de Estado a Lula e sua comitiva, em viagens internacionais: uma pelo presidente da China Hu Jintao, outra pelo rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz, e outra pela presidenta do Chile, Michelle Bachelet.

Pelo menos 14 agendas referem-se à participação de ex-diretores em cerimônias públicas nas quais Lula estava presente, em inaugurações, visitas a instalações da Petrobrás ou em reuniões interministeriais, como as do Conselho Nacional de Política Energética. Não se tratam, portanto, de reuniões com a diretoria da Petrobrás, muito menos de agendas com diretores específicos. E tudo realizado com cobertura da mídia.

Para verificar a veracidade das agendas (o que no jornalismo se chama checagem), basta conferir as datas mencionadas com a agenda de viagens nacionais e internacionais do ex-presidente Lula, que está disponível no site da Presidência da República.

As agendas da Petrobras mencionam duas supostas reuniões do delator Paulo Roberto Costa em Brasília, que não podem ser confirmadas porque o atual governo retirou do site da Presidência as agendas diárias de Lula. Mas o próprio delator afirmou, em dois depoimentos ao juiz Sergio Moro, um deles feito ontem (24), que nunca teve reuniões individuais com o ex-presidente Lula. Confira aqui.

Paulo Roberto da Costa fez essa declaração como testemunha, ou seja, com a obrigação de falar a verdade. Ele já havia dito o mesmo em depoimento anterior, mas a imprensa ignorou este fato para sustentar a farsa das agendas.

Não há dúvida de que as agendas foram plantadas no processo para desqualificar o depoimento de Lula em 10 de maio, o que nem mesmo seus maiores adversários conseguiram fazer. Uma imprensa imparcial ao menos teria checado os fatos antes de publicá-los sob o viés dos detratores de Lula. E não precisaria se esforçar tanto, pois boa parte dessas agendas foram noticiadas pelos próprios jornais, como está registrado neste documento.

Lula foi o presidente brasileiro que mais visitou as diversas instalações da Petrobrás em todo o País, em eventos públicos relacionados à empresa, que viveu forte valorização durante o seu mandato. Mais de 60 dessas visitas foram registradas pela imprensa. Quanto às reuniões com a diretoria, conforme declarou no depoimento, foram mesmo raríssimas. E Lula citou duas: uma para discutir o plano estratégico da empresa e outra para decidir o cancelamento de leilões para exploração de petróleo em áreas do pré-sal, quando ele foi descoberto, em 2008.

Os dados a seguir mostram a verdade sobre as agendas da Petrobrás, revelam o golpe baixo dos procuradores de Curitiba e denunciam a indigência e parcialidade de jornalistas que se comportam como papagaios da Lava Jato para difamar Lula.
Veja aqui o documento.

247

Temer é um governante tirano, acuado, vacilante, covarde e, por isso, perigoso. Por Kiko Nogueira


“Eu não vou renunciar. Se quiserem, me derrubem”, disse Temer em um de seus patéticos pronunciamentos depois da gravação com Joesley.

Foi feita sua vontade — e ele reagiu como o covarde que é.

Temer admitiu na quarta que foi ele, e não o presidente da Câmara Rodrigo Maia, quem convocou as Forças Armadas para a “garantia da lei e da ordem” em Brasília até o próximo dia 31.