segunda-feira, 29 de maio de 2017

As pedras no xadrez da revisão do projeto dos campeões nacionais

Peça 1 – o modelo dos campeões nacionais

O estrago promovido pela Lava Jato na economia obrigará a uma revisão dos conceitos de desenvolvimentismo – e não apenas no Brasil.

Em todos os países que assumiram protagonismo global, o grande instrumento de expansão do poder nacional foram as grandes empresas nacionais como agentes do poder externo do país.

Com o avanço da cooperação internacional, entre autoridades judiciárias dos diversos países, esse modelo entrou em xeque.

Peça 2 – a versão moralista do chutando a própria escada

Ao longo dos séculos, a expansão das empresas multinacionais se deu com corrupção e suborno, no financiamento político dos governos aliados dos países de origem e na conquista de mercados externos. Desse modelo se regalaram as empresas alemãs pós-guerra, como a Siemens, as grandes petroleiras e empreiteiras norte-americanas, os fabricantes de armas. E tudo com ampla complacência dos países de origem.

A partir do início do século 21, o combate à corrupção transacional de outros países tornou-se a principal arma geopolítica comercial norte-americana é. Trata-se de uma estratégia na qual se envolvem as corporações de Estado – FBI, NSA e CIA -, ONGs privadas, Departamento de Justiça. E, especialmente, o poder do Império.

A ação geopolítica norte-americana sempre atuou em duas frentes: as instituições de Estado e as parcerias (ONGs) privadas, um hard power da intervenção militar e um soft power das ações humanitárias. Em vez do discurso do ódio, do anticomunismo, propostas humanitárias, de defesa de princípios civilizatórios, meio ambiente, direitos das populações indígenas, combate à escravidão e outras formas de dumping social, combatendo vícios inerentes ao modelo de expansão das multinacionais das primeiras fases.

Com a ampliação da cooperação internacional, os avanços da espionagem eletrônica, o mapeamento dos fluxos financeiros em paraísos fiscais, as alianças com Ministérios Públicos e. Judiciário nacionais conferiram um poder matador ao país que possuía o poder imperial, os Estados Unidos.

Peça 3 – as tramoias do capital financeiro e do industrial

A maneira como o capital financeiro se apropria de fatias cada vez maiores do orçamento público é institucionalizada e impessoal. Desenvolve teorias pretensamente científicas para justificar os juros e abrir espaço para as diversas apropriações de recursos públicos. Mesmo as tramoias – vazamento de informações sobre leilões de títulos públicos e sobre decisões do Banco Central – não ficam ao alcance do público, seja pela sofisticação, seja pela cumplicidade da mídia.

Já as políticas industriais – aquelas que efetivamente têm reflexos no emprego, crescimento e poder das Nações -  são necessariamente seletivas. Os instrumentos utilizados são tarifas protecionistas, financiamento público, medidas tributárias. Basta o procurador juntar qualquer medida de política industrial com qualquer financiamento de campanha – independentemente da cronologia – para conseguir criminalizar governantes e políticas públicas.

É aí que se baseia a estratégia da ofensiva do capital financeiro sobre as propostas de políticas nacionais autônomas.

Peça 4 – as formas de intervenção externa

Há três formas básicas de intervenção externa – nem todas ilegítimas.

No plano institucional, a parceria dos EUA com o Ministério Público Federal e a Justiça, que arrebentou com alguns dos setores mais relevantes da economia brasileira, como o da engenharia nacional, liquidou com as pretensões brasileiras na África e América Latina e criminalizou políticas conhecidas de Estado -–como financiamentos às exportações de serviços.
A segunda maneira – subjacente à primeira – são as pressões norte-americanas sobre empresas brasileiras apanhadas em malfeitos no exterior, submetendo-as a intervenções diretas de olheiros norte-americanos. É o caso da Embraer, com um interventor fiscalizando de dentro da empresa, com acesso a todas as ações estratégicas da companhia.

A terceira parte são as ONGs do setor privado ligadas a direitos humanos, meio ambiente e outros temas humanitários, pretendendo submeter todos os atos de políticas públicas ao escrutínio internacional. É o caso da ONG Conectas que defende que todo o financiamento do BNDES seja submetido à analise internacional de avaliação de impactos sociais e ambientais.

Peça 5 – os agentes internacionais

Nem se pense em condenar o combate à corrupção e a defesa de bandeiras sociais e ambientais como ações ilegítimas. São bandeiras civilizatórias, necessárias para o aprimoramento social, cultural do país. Reconhecer efeitos antinacionais de suas ações não tira sua legitimidade. Significaria considerar incompatível projetos de país com respeito a avanços sociais e ambientais.

A própria Conectas têm se colocado de forma incisiva contra a selvageria das reformas institucionais, contra a violência da PM nas manifestações populares, contra os massacres de maio de 2006.

Mesmo o MPF tem uma área de defesa de direitos sociais e direitos difusos com grande contribuição às causas sociais. Entre os procuradores, há alguns de bom nível de lado a lado, os liberais e os que enxergam o Estado de forma mais complexa. Mas a resultante, a inteligência corporativa é próxima de zero.

A cara do MPF não é Marcelo Miller – o liberal que largou o MPF – nem Eugênio Aragão – o progressista que está prestes a se aposentar. É Rodrigo Janot, ex-presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), o atual José Robalinho Cavalcanti, o antecessor, Antônio Camanho, especializados em cultivar a classe como qualquer populista e montar jogadas com o poder como especialistas em máquinas públicas.
Dado o quadro atual, há um conjunto de lições a se tirar para as próximas décadas.

Peça 6 - As vulnerabilidades do presidencialismo brasileiro

Tem-se, de um lado, um presidencialismo fraco perante o sistema político-partidário. A única alavanca de poder é o crescimento econômico. Quando deixa de existir, expõe o governante à ditadura da maioria. Daí a necessidade da reforma política.

A quadrilha de Temer-Padilha assumiu posição preponderante nos governos FHC, Lula e Dilma após grandes terremotos políticos.

Mas o grande agente oportunista, valendo-se do enfraquecimento do governo, foi a mídia nativa. O poder arbitrário da Lava Jato decorre do apoio que recebeu dos grandes grupos de mídia – que, agora, se rebelam contra ele. Os penalistas do MPF compõem uma boiada sempre o touro guia da mídia. Basta a mídia sugerir qual tema que podem entrar – e garantir holofotes -, para a boiada caminhar na direção apontada.

O mesmo vale para o Supremo Tribunal Federal, no qual Ministros como Luís Roberto Barroso, Luiz Edson Fachin e Carmen Lúcia, dão cada passo tomando a mídia – especialmente a Globo – como referência.

No médio prazo, independentemente do próximo presidente eleito, a reconstrução do país passará por uma ampla redefinição do papel do MPF e da PF, pelo esforço de dotar a estrutura de um mínimo de noção sobre projetos de país, interesse e soberania nacional, para que o combate à corrupção não repita a máquina desgovernada da Lava Jato.

Mas o ponto fulcral é a cartelização da mídia.

Peça 7 - O furo dos campeões nacionais

Todos esses fatos obrigam a uma reavaliação radical do modelo de campeões nacionais.

A lógica econômica dos grupos internacionalizados é abandonar o país de origem e se fixarem no mundo. Foi assim na Argentina dos anos 80. Passou a ser assim no Brasil pós anos 90.

Tanto a Ambev quanto a JBS cresceram graças ao mercado interno, à capacidade de influenciar os órgãos públicos e se alavancar com os financiamentos do BNDES. Adquirida dimensão continental, pulam fora do barco. A Ambev se tornou uma multinacional belga e a JBS há tempos ambiciona a naturalidade norte-americana.

A ideia de Luciano Coutinho – ex-presidente do BNDES – de que os “campeões nacionais” seriam os condutores do desenvolvimento é tão equivocada quanto a da turma de FHC, de que bastaria fortalecer os grandes bancos de investimento que o desenvolvimento viria como consequência.

Ambos – tanto o mercado quanto os campeões nacionais – são relevantes desde que subordinados a uma lógica de país.

Em nome dessa bandeira, o BNDES apoiou setores de baixíssimo nível tecnológico, como o dos frigoríficos, conferiu um poder de cartel para os grandes frigoríficos, em detrimento dos produtores para que a JBS se tornasse uma empresa norte-americana, com papel-chave no fornecimento de proteína para os grandes países competidores dos EUA, China e Rússia.
Na mesma época, negou à Opticom – empresa brasileira na área de ótica, altamente tecnológica – apoio para adquirir um concorrente norte-americano, cujo preço ficara altamente atrativo com a crise de 2008 e que lhe permitiria abrir o mercado norte-americano. Sinal de que também o banco precisa colocar seu enorme acervo de cérebros e de conhecimento setorial para discutir seu papel nas próximas décadas. E não será com o simpaticíssimo Paulo Rabello de Castro que ocorrerá esse aggiornamento do BNDES.

De qualquer modo, a literatura desenvolvimentista terá que incorporar outros temas em suas bandeiras:

1  Mais do que nunca, a competitividade interna dependerá da criação de um ambiente sistemicamente competitivo, voltando-se a valorizar as políticas científico-tecnológicas, as parcerias entre grandes e pequenas empresas, o trabalho das Fundações de Amparo à Pesquisa aliados ao Sebrae, a atração de laboratórios de multinacionais para o país, conforme ocorreu na primeira fase do pré-sal.

2  São empresas estratégicas aquelas cujas atividades dependam intrinsicamente dos fatores internos – como a indústria do petróleo, antes do desmonte da Lava Jato e de Pedro Parente, a indústria da saúde, e as indústrias de bem-estar em geral.

3  Não dá mais para minimizar os problemas sociais, ambientais e de corrupção corporativa. O país tem que se antecipar às novas pressões internacionais e definir códigos severos de respeito aos direitos fundamentais. Mas há a necessidade de aprofundar os estudos acerca das estratégias geopolíticas dos países desenvolvidos. E envolver nesses estudos o Ministério Público e o Judiciário.

4  É preciso que os Ministros sérios do Supremo se debrucem sobre a questão da soberania jurisdicional brasileira.  

Do GGN

domingo, 28 de maio de 2017

Novo ministro da Justiça de Temer pode demitir chefe da PF para barrar de vez a lava jato, como disse Jucá em grampo

Investigado por corrupção, organização criminosa e obstrução judicial, Michel Temer fez, neste domingo, um movimento arriscado: nomeou Torquato Jardim para o Ministério da Justiça, com a missão de ampliar o controle sobre a Polícia Federal; segundo o colunista Gerson Camarotti, da GloboNews, o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, poderá ser demitido; rejeitado por 95% da população.

Temer é alvo de 14 pedidos de impeachment – um deles apresentado pela Ordem dos Advogados do Brasil– e transformou o Palácio do Planalto num bunker, para tentar se manter no cargo; se cair, Temer perderá o foro privilegiado e poderá ser investigado pelos crimes apontados nas delações da JBS e da Odebrecht; em seu governo, as verbas para a Lava Jato foram reduzidas em 30% e um dos objetivos do golpe, como revelou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), era "estancar a sangria"

Michel Temer realizou neste domingo um movimento arriscado e que ao mesmo tempo mostra como está pressionado no cargo. Na tarde de hoje, o peemedebista tirou Osmar Serraglio do Ministério da Justiça e colocou no lugar Torquato Jardim no lugar. Serraglio assumirá a pasta da Transparência. O objetivo de Temer com a substituição é fazer com que o governo tenha mais poder sobre a Polícia Federal, conseguindo assim mais influência sobre as investigações da Operação Lava Jato.

O colunista Gerson Camarotti, da GloboNews, afirmou que o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, pode ser retirado do posto e os investigadores da Lava Jato já demonstram preocupação com a mexida de Temer. Serraglio era considerado um ministro passivo, com pouca capacidade de interferir na PF. Torquato assume para exercer justamente esse papel.

No governo de Michel Temer, as verbas para a Lava Jato caíram 30% e o peemedebista segue firme na estratégia de fazer tudo para permanecer no poder, mesmo sendo rejeitado pela maioria da população brasileira e investigado por corrupção, organização criminosa e obstrução judicial.

Ao trocar os ministros e escancarar o plano de interferência na Polícia Federal, Temer só corrobora a famosa frase disparada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) e registrada em gravação; que o objetivo do golpe era "estancar a sangria".

247

Artistas da globo em ato no Rio pedem Diretas Já e Fora Temer

Artistas da Globo também participaram em grande número do ato pelas Diretas Já na praia de Copacabana, neste domingo, no Rio De Janeiro. Atores como Daniel Oliveira, Wagner Moura, Antonio Pitanaga, Sophie Charlotte, Gregório Duvivier estiveram no ato e pediram Fora Temer.

Desde as 10h, a movimentação na altura da rua Siqueira Campos foi aumentando gradativamente. Diversas centrais sindicais e grupos de esquerda ligados ao movimento "Fora Temer" erguiam bandeiras e cartazes.

Deputados de partidos como PSB, PSOL, Rede e PT podiam ser vistos, anonimamente ou subindo no carro do som. Artistas também participavam do ato, como Daniel de Oliveira, Sophie Charlotte e Renato Góes.

Às 13h, começou a tocar o Cordão do Bola Preta, tradicional bloco de carnaval do Rio. Algumas versões eram parodiadas, incluindo na letra "Fora Temer" ou "Diretas Já".

De acordo com Ana Ribeiro, da Frente Brasil Popular, uma das organizadoras do ato, a estimativa de público é de 50 mil ao longo do dia. A Polícia Militar não divulga um número oficial de público.

247

Igrejas Evangélicas divulgam manifesto por Diretas Já

Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito defende que crise institucional foi acelerada com impeachment de Dilma. 
Paulo Pinto/Agência PT

A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito organizou um manifestou pelas Diretas Já. No texto, o movimento declara que o impeachment da "Presidenta Dilma Rousseff" intensificou a crise de institucionalidade no país, chamando a atenção que a neutralidade e o silêncio "não são opções para as pessoas que têm fé, em especial quando a vida dos pobres é agredida", acrescentando a responsabilidade de setor na sociedade na defesa da "distribuição de renda, taxação de grandes fortunas, com estado de bem estar social que respeite a separação entre religião e estado".

O grupo segue afirmando no texto de que é preciso tomar medidas urgentes para revogar o congelamento do investimento social por vinte anos, a terceirização da mão de obra e evitar as reformas trabalhista e da aposentadoria, nos moldes propostos pelo governo Temer.

"Não é possível aceitá-las, porque foram impostas de forma autoritária e sem discussão com a sociedade. Reafirmamos que o nosso papel é estar ao lado das pessoas que serão diretamente afetadas por essas medidas que ferem a dignidade humana".

O movimento também reitera que as provas divulgadas no dia 17 de maio apontado que Temer acertou a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, para não denunciá-lo para a justiça "demonstram a falta de autoridade política, ética e moral de um governo que não foi eleito para a condução das saídas" das crises econômica, social e ambiental enfrentadas no país.

Veja o manifesto na íntegra:
Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito defende que crise institucional foi acelerada com impeachment de Dilma.

O silêncio, a neutralidade e a ausência de reflexão não são opções para as pessoas que têm fé, em especial quando a vida dos pobres é agredida. A gravidade do momento por que passa o Brasil exige seriedade e serenidade para que a sociedade brasileira resgate a dignidade da política. Esta é um caminho legítimo para o exercício da cidadania e da participação por luta e afirmação de direitos. A prática da política do cotidiano, que problematiza as relações de poder e as desigualdades, é um caminho seguro para recuperarmos a ética na política. Não são possíveis as manipulações e distorções para atender interesses das oligarquias e do capital financeiro. Política não é corrupção. Política não é traição. Política é falar sobre a vida, é participação.

Há tempos criou-se no Brasil uma crise de institucionalidade. O impeachment da Presidenta Dilma Roussef intensificou esse quadro. É urgente recuperar a função e a relevância das instituições. Elas não devem ser subordinadas aos interesses do lucro e do poder. As instituições públicas devem garantir políticas que atendam o direito à terra, o acesso universal à saúde e à educação, aposentadoria digna e garantias trabalhistas. Portanto compreendemos que precisam ser imediatamente revogadas as propostas de reformas constitucionais: de congelamento do investimento social por vinte anos; de terceirização total da mão de obra; de reforma trabalhista, que prevê que trabalhadores e trabalhadoras negociem direto com os patrões sem a presença dos sindicatos, expondo quem trabalha a todo tipo de assédio; do fim da aposentadoria. Não é possível aceitá-las, porque foram impostas de forma autoritária e sem discussão com a sociedade. Reafirmamos que o nosso papel é estar ao lado das pessoas que serão diretamente afetadas por essas medidas que ferem a dignidade humana.

As provas tornadas públicas no dia 17 de maio de 2017 não são delações; elas demonstram a falta de autoridade política, ética e moral de um governo que não foi eleito para a condução das saídas para a crise que vivemos – econômica, social e ambiental.

Todos e todas somos chamadas a assumir responsabilidades. É momento de empenho, promoção de reflexões e participação em toda parte, em todas as instituições e grupos de gente de fé, para alcançarmos um rumo democrático - com distribuição de renda, taxação de grandes fortunas, com estado de bem estar social que respeite a separação entre religião e estado.

Para isso, anunciamos a todas e todos que aqui assinamos o compromisso com:

• Eleições Direitas Já em 2017, e que sejam Eleições Gerais para evitar arranjos que excluam a maioria do povo dos rumos da Nação e para reinstituir as bases legítimas da nossa Democracia;

• A tarefa explícita de qualquer novo dirigente eleito de submeter a referendo popular todas as reformas feitas e de impedir as que estiverem em curso, que ocorreram sem ampla participação da sociedade e sem legitimidade;

• A exigência de empenho político público de qualquer governante eleito com eleições, em 2018, para uma Assembleia Nacional Constituinte autônoma do Congresso Nacional, de modo a que possamos repactuar nosso presente e futuro, principalmente reformando as estruturas políticas de representação no País;

• O empenho contra todos e todas parlamentares eleitos em nome da fé, que compuseram de forma fundamentalista e capitalista a base política de aliados do governo ilegítimo para a condução de tantas atrocidades contra o povo.

Pela Dignidade! Pela Reforma do Sistema Político! Pela Democracia!

#PelaFéMeComprometo #DiretasJá

Se você também concorda conosco na pauta acima e quer Diretas Já, clique aqui e assine.


GGN

007: o espião que não gostava do neoliberalismo

Na estrutura profunda deste filme que suavizou a estética da Guerra Fria vemos um conflito entre público e privado.

The Spy Who Loved Me (1977) é sem dúvida o melhor filme de 007 com Roger Moore. Com locações na Áustria, Egito, Sardenha e outros países, o filme tem belas cenas de ação em terra, no ar e no mar, apresentando uma curiosa cooperação entre James Bond e a agente soviética XXX. O vilão do filme é  Stromberg, um bilionário que financiou o desenvolvimento de um equipamento que lhe permite rastrear e destruir submarinos da Inglaterra e da URSS.

As relações entre os dois agentes ficam tensas quando XXX descobre que 007 matou o amante dela na Áustria. Todavia, o charme de James Bond salva a vida do espião inglês depois que ele e sua companheira soviética conseguem destruir a arma secreta e a base submarina de Stromberg.

Na estrutura profunda deste filme que suavizou a estética da Guerra Fria vemos um conflito entre público e privado. O bilionário Stromberg, que age com absoluta liberdade como se não fosse obrigado a respeitar a autoridade de nenhum Estado, consegue desafiar o poder de duas potências obrigando-as a agir deixando de lado suas diferenças ideológicas, economicas e militares.

Quando The Spy Who Loved Me foi lançado em 1977 as idéias neoliberais começaram a ganhar força nos EUA e na Inglaterra. Elas se tornaram hegemonicas após Margaret H. Thatcher ser nomeada Primeira Ministra da Inglaterra (1979) e Ronald Reagan vencer a eleição presidencial nos EUA (1981). Desde então, o neoliberalismo segue sendo a força ideológica mais importante nos EUA, na Europa, Japão e Coréia do Sul.

A promessa de abundância para todos não foi realizada. O neoliberalismo afundou dezenas de milhões de norte-americanos e europeus na miséria para produzir bilionários que tem capacidade econômica para destruir economias nacionais inteiras. A fome voltou a ser um problema na Europa e nos EUA. Na fase atual, apoiados pelos Economic Hit Men dos EUA eles estão destruindo os direitos trabalhistas, previdenciários e sociais dos cidadãos de países vulneráveis como Brasil.

Em The Spy Who Loved Me o inglês 007 e a soviética XXX derrotam o neoliberal Stromberg. Na vida real os Strombergs criados pelo neoliberalismo agem com absoluta liberdade e nenhum agente estatal parece capaz de destruí-los. Um bom filme de um tempo em que preservar a natureza pública e inclusiva do Estado ainda podia ser alimentada inclusive nos países capitalistas.

Apreciem o filme AQUI.

Do GGN, Fábio de Oliveira Ribeiro

América Latina: a região com a maior desigualdade, Frei Betto

Foto: Banco Mundial

Nossa América Latina

A América Latina, com 605 milhões de habitantes, é hoje a região de maior desigualdade no mundo. Em 2014, os ganhos per capita dos 10% mais ricos eram 14 vezes superiores aos de 40% da população mais pobre. Esse índice de desigualdade subia para 17 vezes no Brasil, Colômbia e Guatemala, e 24 vezes em Honduras.

Nenhum outro continente foi tão oprimido quanto o americano. Na Ásia predominam os olhos puxados. Na África, a população negra. Aqui escasseia quem possua traços indígenas. Já no primeiro século da colonização se calcula que 70 milhões de índios foram massacrados pelos colonizadores europeus.

Graças aos governos democráticos populares instalados no continente a partir de 1998, desde 2003 mais de 72 milhões de latino-americanos deixaram a pobreza, segundo dados da Oxfam. Isso ocorreu devido ao aumento do salário mínimo e dos gastos públicos em políticas sociais (agora reduzidos, no Brasil, pelo governo Temer), e o aprimoramento da educação fundamental.

No entanto, o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) calcula que, desde 2014, 1,7 milhão de latino-americanos voltaram à pobreza. E no final de 2016 se somaram a este contingente mais 1,5 milhão de pessoas, como vem ocorrendo no Brasil com seus 14 milhões de desempregados.

Esse reempobrecimento do continente decorre não apenas de fatores econômicos, como o fim do boom das commodities, mas também de redução das políticas sociais, em especial nos países afetados por golpes parlamentares, como Honduras, Paraguai e Brasil, e agora governados por presidentes neoliberais, como Argentina e México. Há que considerar ainda as catástrofes ambientais, como as recentes chuvas torrenciais na região andina e a seca que ora castiga o Nordeste brasileiro.

Em matéria de educação, o Brasil ainda não atingiu o patamar médio dos países latino-americanos. Aqui os alunos do ensino médio permanecem na escola cerca de quatro horas por dia. A média continental é de seis horas.

A América Latina não encontrou ainda  seu modelo de desenvolvimento sustentável. Todos os países continuam na dependência de suas exportações, ou seja, sujeitos aos interesses das nações metropolitanas e às oscilações do mercado.

Segundo a Cepal, 29,2% da população latino-americana vive, hoje, na pobreza, o que equivale a 172 milhões de pessoas. Em 2014 eram 28,2. A pobreza se expande, sobretudo, em Honduras, México e Venezuela.

A América Latina não terá futuro enquanto não alcançar justiça fiscal, ou seja, o imposto progressivo (quem ganha mais, paga mais), a redução da corrupção e o aumento dos gastos em políticas sociais.

No Brasil, o retrocesso nos índices sociais aumentará com a provável aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, que cortam substancialmente direitos sociais conquistados nas últimas sete décadas. No governo Temer, o orçamento da Funai (Fundação Nacional do Índio) sofreu redução de 23%, e o das secretarias voltadas às questões étnicas e aos direitos humanos, 56,3%. Isso explica os recentes conflitos envolvendo sem terras e indígenas na Amazônia brasileira.


Do GGN, por Frei Betto, escritor, autor de “Ofício de escrever”, que a editora Rocco enviou esta semana às livrarias.

Ideologia e fortuna, narrativa de Sérgio Saraiva

O velho jornalista, quando menino, sonhou servir a igreja do Cristo. No seminário, ensinaram-lhe latim, mas cobraram-lhe o cumprimento de três votos: obediência, castidade e pobreza.

Feito rapaz, percebeu só ter forças e vontade para atender a um desses três votos. Conservou para si o latim e abandonou o seminário.

Seguindo a vocação dos que têm latim, mas não têm dinheiro, tornou-se jornalista.

O voto de castidade abandonou na primeira oportunidade que surgiu, o de pobreza cumpriu por contingência, não por obrigação moral. Abandonaria-o assim que oportunidade surgisse; e ela surgiu. O de obediência manteve por toda a vida.

Logo, obediente à sua consciência, opôs-se à Ditadura de 64. Foi preso e teve sua família sujeitada a sérios constrangimentos. Outros colegas seus foram mortos a pauladas antes de terem o cadáver abandonado pendurado pelo pescoço.

A estadia na prisão e suas atribulações, no entanto, lhe reforçou os votos de obediência. Dali para frente, obedeceria sempre ao poderoso de plantão.

A sorte no amor e na política é vária. E eis que, finda a ditadura, os antigos prisioneiros tornaram-se os mandatários do país – democraticamente eleitos.

Apressou-se a apresentar-se a eles – eram seus companheiros de lutas - e a lembrar-lhes todos os seus sofrimentos. Fazia jus a uma reparação. Pleiteou e obteve vultuosa indenização do Estado Democrático pelos crimes da Ditadura– tornou-se um milionário.

Mandou à merda os antigos companheiros que lhe lembraram que a luta era ideologia, não investimento, e embolsou o dinheiro. “Às favas os pruridos da consciência”. Não fora ele quem criara essa frase, mas fez dela suas palavras.

Agora rico, foi viver entre os ricos. Proprietário de bela morada em frente a lagos e mares da melhor cidade da América do Sul.

A sorte no amor e na política é vária. E eis que um novo golpe se implanta no país e os antigos companheiros voltam à prisão. Mas, agora, o velho jornalista, além de velho, já era puta-velha. Mudou de lado, sempre fiel aos seus votos depravados de obediência, tratou de ficar bem com os novos donos do poder. Aprendera: manda quem pode, obedece quem tem juízo. 

Passou a acusar os antigos companheiros que haviam lhe proporcionado fortuna de serem eles venais. De terem se vendido e recebido em troca castelos feitos de litros de tinta e muito bafo quente. 

Aos que lhe afirmavam que tal construção ilusória nada mais era que uma mentira, retorquia que não; que era, antes, uma verdade ainda não provada. Mas plenamente aceita como verdadeira, já que, a mentira que agrada o poderoso, verdade é.

E assim, vez por outra, o velho jornalista publica textos em que reafirma sua autoridade em julgar aos outros, pois ainda que ainda que pecador seja, pecou apenas pela carne; sua integridade moral conserva-se tão virginal quanto era o menino recém entrado no seminário.

Por malandro que é, o velho jornalista não revela a ninguém um segredo íntimo de tal pureza: sua moral foi abençoada com um hímen complacente.

OBS.: Oficina de Concertos Gerais e Poesia: na arquibancada para a qualquer momento ver emergir o monstro da Lagoa.

GGN

Fernando Horta: A História, a Violência e como se fabricam narrativas do ponto de vista conservador

 Foto Marcelo Casal Jr/Ag Brasil

Quer gostemos ou não a violência é parte integrante da nossa sociedade e está na formação de cada um de nós. Não é possível “viver num mundo sem violência”. Na prática, ao tentar proibir alguém de vivenciar a violência já se está sendo violento. Restrição é violência. Qualquer uma. Se havia um ponto que os liberais dos séculos XVII sabiam perfeitamente bem é exatamente a impossibilidade de se afastar a violência de qualquer arranjo social. Thomas Hobbes ainda ia mais longe, afirmava que dada a máxima liberdade, dela resultaria a máxima violência. O famoso “Estado de Natureza” o “todos contra todos” era exatamente isto. Seres entregues à sua máxima liberdade que seriam incapazes de conviver em função da máxima violência.

Muitas pessoas estão preocupadas com a fúria e o “vandalismo” dos protestos. A violência é condição de existência humana. Não há existência sem experiência, como sujeito e objeto, de alguma forma de violência. Qualquer verbo de ação humana que você possa pensar envolve violência em alguma dimensão. Educar é violento. Libertar é violento. Integrar é violento. Sentir é violento. O que ocorre de fato, é que muitas pessoas têm uma visão errada do que é violência, pensam que violência é algo que produz dor ou pelo menos algum desconforto. Ledo engano.

Pode-se dizer que a História é, em grande medida, o estudo das formas de violência que os homens aprenderam a infligir e suportar uns dos outros, ao longo do tempo. E devo dizer que somos muito bons em criar formas de violentar nossos semelhantes e, em seguida, naturalizá-las. Fazer parecer que é tudo “normal”, que é “assim mesmo” e até que “sempre tenha sido assim”. A ideologia pode fazer a sempre-presente violência ser finalmente percebida ou passar completamente incólume.

Imaginar que protestos, com alguma eficácia política, podem ser totalmente pacíficos é imaginar que os detentores do poder o obtiveram de forma consensual, o usam de forma benevolente e são altruístas o suficiente para cederem seus espaços quando convidados. Como isto nunca existiu, também não existe protesto sem violência. Nunca. Gandhi, que você provavelmente pensou, preferia infligir a si mesmo violência e com isto mostrar resiliência para tocar simbolicamente o outro. Este é o princípio das greves de fome, das auto-imolações e foram das Marchas do Sal, por exemplo. Mulheres palestinas saíram, entre 2005-2007, a caminharem com velas nas mãos e crianças de até seis anos no colo, após os toques de recolher de Israel. E só quem nunca leu nada sobre as sociedades e o conflito no Oriente Médio achou este um protesto “pacífico”.

O que impressionou na última semana, no Brasil, foi a quantidade de profissionais da área de humanas rápidos no gatilho a deslegitimarem os protestos por causa da “violência”. Ora, se violência é uma constante nos seres e nas sociedades, o que faz você apontar umas e não enxergar outras? Por que alguns são legítimos para se sentirem violentados e outros não merecem sequer ser ouvidos? A resposta é simples: ideologia. Só através da ideologia que você é capaz de acreditar que uma pedra jogada num símbolo de poder é “mais violento” do que a retirada da aposentadoria de milhões de pessoas por um governo não-democrático. Só através da ideologia você pode justificar o contrassenso de acreditar que o roubo a um celular é um ato “insuportável” ao passo que a chacina de jovens de periferia é ... “boa coisa não deveriam ser” como se lê nos cantos fétidos da rede mundial de computadores.

Só pode deslegitimar um movimento de protesto se moralmente você julga que a causa de manifestar é ínfima se comparado ao dano produzido pelo manifesto. Eu acho que milhões de trabalhadores perderem seus direitos à aposentadoria, perderem seus direitos a um final de vida com alguma dignidade vale incomparavelmente mais do que toda a cidade de Brasília (e não apenas uma vidraça). Portanto, quando você reconhece algumas atitudes como violentas e outras “normais” esta distinção fala sobre a SUA personalidade, sobre seus valores e sua ideologia.

Impressiona o conservadorismo de alguns especialistas da área de humanas que, de posse da errada visão sobre liberdade, violência e direitos acreditam que a violência “deslegitima” a agenda de protestos. Apenas os protestos parecem sofrer esta lógica. O governo legitima-se com violência, por todos os lados. O sistema capitalista se naturaliza pela violência, parecendo “normal”. As velhas ordens se cristalizam por causa da violência, seja comportamental, cultural ou social ... mas protestos? Não! Protestos devem ser pacíficos ou não são legítimos. A narrativa conservadora é a primeira a negar legitimidade aos que sofrem e emprestar toda aos que defendem a “ordem”. O “novo” deve pedir licença para ter seu espaço. Os que sofrem devem reclamar com educação para serem ouvidos.

Alguém falou em Revolução Francesa esta semana, ligando aos protestos. Aqui vai um pouquinho do Robespierre falando ao parlamento:

“E ousamos falar de República! Invocamos formas porque não temos princípios; gabamo-nos de delicadeza porque nos falta energia; exibimos uma falsa humanidade porque o sentimento de humanidade verdadeiro nos é estranho; reverenciamos a sombra de um rei porque não sabemos respeitar o povo; somos ternos com os opressores porque somos sem entranhas para com os oprimidos” 3/12/1792.

Do GGN

Para o historiador José Murilo de Carvalho: o Brasil não soube assimilar entrada do povo na vida política

Para o cientista político e historiador José Murilo de Carvalho, presidentes eleitos no País têm sido normalmente vulneráveis desde 1930; a instabilidade, segundo ele, decorre da incapacidade dos governantes de lidar com a ascensão do povo como ator relevante e portador de demandas novas num país marcado pela desigualdade; "Passados 87 anos de 1930, ainda estamos lutando com o problema de construir uma democracia inclusiva, capaz de sustentar governos representativos que possam combinar estabilidade institucional com implementação de políticas públicas voltadas para as necessidades da maioria dos representados", afirma.
                                  
Os presidentes eleitos no Brasil têm sido normalmente vulneráveis desde 1930. Essa instabilidade decorre da incapacidade dos governantes de lidar com a ascensão do povo como ator relevante e portador de demandas novas num país marcado pela desigualdade, avalia o cientista político e historiador José Murilo de Carvalho.


Confira abaixo alguns trechos do texto:

"A crise atual, em sua dimensão política, foi deslanchada pela substituição do chefe de Estado sem a intervenção de eleições. Não que se trate de novidade entre nós. Desde 1930, por dentro da Constituição ou à revelia dela, tem sido frequente esse tipo de substituição.

Uma simples estatística demonstra a mudança havida depois de 1930, ano a partir do qual a vulnerabilidade da Presidência em eleições diretas virou o feijão com arroz de nossa política.

Nesse período de 87 anos, somente cinco presidentes eleitos pelo voto popular, excluídos os vices, completaram seus mandatos: Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), Juscelino Kubitschek (1956-1961), Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2014).

O que mais chama a atenção, embutido na própria Revolução de 1930, é a entrada do povo na vida política, deixando de ser o bestializado de Aristides Lobo (em 1889, a respeito da Proclamação da República, o jornalista escreveu: "O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava").

A Primeira República não tinha povo. Nela, apenas 5% da população votava; a participação popular se dava à margem do sistema representativo, em revoltas urbanas, como a da Vacina, messiânicas, como as de Canudos e do Contestado, ou greves operárias nas grandes cidades.

 Hoje, não há um povo eleitoral, há vários povos.

Há o povão das políticas sociais, sobretudo do Bolsa Família, que não se manifesta enquanto essas políticas são mantidas. Há o povo muito aguerrido formado por operários e setores da classe média, organizado em sindicatos e associações. Há o povo que foi à rua em 2013, de comportamento errático, composto de setores da classe média. E há o povo das redes sociais, de impacto crescente na política, mas ainda de difícil avaliação.

A diversificação da sociedade, a democratização da política e a fragmentação dos partidos estão na base da crise atual."

Do 247

Sérgio Moro é rechaçado por procuradores municipais de todo país, não querem o pretor palestrado para eles

José Cruz/Agência Brasil

Manifesto de procuradores municipais contra Sérgio Moro

A diretoria da Associação Nacional de Procuradores Municipais (ANPM) convidou o juiz federal Sérgio Moro para a conferência de abertura do XIV Congresso Brasileiro de Procuradores Municipais, que será realizado entre os dias 21 e 24 de novembro em Curitiba. 

A decisão dividiu os membros da entidade, que representa os procuradores municipais de todo o país, levando a criação de um manifesto onde alertam que Moro, "constantemente, constrange o exercício da advocacia e impõe arbitrariamente obstáculos ao direito de defesa".

Na declaração, reproduzida em primeira mão pelo GGN, o grupo aponta que o convite causa preocupação entre procuradores de norte a sul do país porque inúmeras condutas do juiz curitibano "desprezam garantias constitucionais e prerrogativas de advogados", acrescentando que a escolha da ANPM "demonstraria grave insensibilidade com seus afiliados, já que a abertura de um congresso de advogados deve ser conduzida por quem demonstre apreço pela profissão".

Leia o manifesto na íntegra:

Manifesto de procuradores municipais contra Sérgio Moro:

A Associação Nacional de Procuradores Municipais – ANPM passa no momento por uma intensa controvérsia. Isso porque o juiz federal Sérgio Moro foi convidado para a conferência de abertura do XIV congresso anual da entidade, a ser realizado em novembro deste ano. O convite desperta preocupação em inúmeros procuradores de norte a sul do país. Afinal, inúmeras condutas do juiz Moro desprezam garantias constitucionais e prerrogativas de advogados. Os críticos à iniciativa alertam que o referido magistrado, constantemente, constrange o exercício da advocacia e impõe arbitrariamente obstáculos ao direito de defesa. A escolha da ANPM, portanto, demonstraria grave insensibilidade com seus afiliados, já que a abertura de um congresso de advogados deve ser conduzida por quem demonstre apreço pela profissão, e não o contrário. Depois de provocada por uma carta subscrita por quase cem associados, a diretoria da ANPM assumiu o compromisso de emitir uma resposta sobre a questão na terça-feira, dia 30 de maio. Ficamos no aguardo.

GGN