sexta-feira, 18 de maio de 2018

XADREZ DAS INSTITUIÇÕES QUE SE DESMANCHAM NO AR, por Luis Nassif

A homília do Papa Francisco, ontem no Vaticano, é uma catilinária contra o pacto mídia-Justiça na política.
Criam-se condições obscuras para condenar uma pessoa. Esse método é muito usado hoje também na vida civil, na vida política, quando se quer fazer um golpe de Estado".

A mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas. Depois chega a justiça, as condena e, no final, se faz um golpe de Estado”.
Essa instrumentalização do povo é também um desprezo pelo povo, porque o transforma em massa. É um elemento que se repete com frequência, desde os primeiros tempos até hoje.  O que aconteceu? Fizeram uma lavagem cerebral e mudaram as coisas. E transformaram o povo em massa, que destrói."

Papa Francisco
O papa só assistiu o início do filme. Quando descobrir o filme completo, nem exorcismo e reza brava para resolver.
O roteiro completo é o seguinte:
Passo 1 – A besta contra as instituições.
Cria-se o discurso anticorrupção e de ódio, visando destruir o adversário político. Por ser instrumento de um futuro golpe, o discurso precisa investir contra a Constituição e as prerrogativas dos poderes e impor o chamado direito penal do inimigo, visando despertar a besta que habita a alma dos movimentos de massa.
Passo 2 – A besta contra os conceitos civilizatórios.
Toda a construção democrática repousa em sistemas de freios e contrapesos, não apenas entre instituições mas intra-instituições. E essa construção é cimentada por princípios doutrinários que estão na base do processo civilizatório. Por isso, o movimento precisa desqualificar, igualmente, o conhecimento jurídico, substituindo pelas platitudes punitivistas de Luis Roberto Barroso e Deltan Dallagnol.
Passo 3 – A besta desconstrói as instâncias de apelação
Depois de provar sangue, a besta não quer voltar para a jaula. Amplia-se a busca da justiça direta, com o atropelo da Constituição e a eliminação sucessiva das instâncias de apelação, cujo clímax é a aprovação da prisão após sentença em segunda instância. Consolida-se mais ainda o direito penal do inimigo, especialmente depois que o STF acaba com o instrumento do habeas corpus.
Passo 4 – A besta rompe com a hierarquia do Sistema de Justiça
Ocorre que, no Sistema de Justiça, as instâncias de apelação são um instrumento de controle da base pela hierarquia, na parte positiva impedindo os abusos, na parte negativa se expondo a arreglos políticos.
Em um primeiro momento, a cúpula do Judiciário – em parceria com a mídia – controla o processo.  No entanto, a eliminação das instâncias leva, automaticamente, à redução do poder da hierarquia sobre a massa de juízes e procuradores.
Quando se tem uma cúpula do Judiciário dúbia, como o STF (Supremo Tribunal Federal), corporativa ou intimidada, como o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) o quadro desanda e há uma perda total de controle sobre a tropa.
A partir daí, a besta se livra das amarras e todos os abusos são permitidos. E se tem esse espetáculo dantesco do juiz de 1ª instância de Jundiaí investindo contra benefícios concedidos a ex-presidente; a juíza substituta impedindo Prêmio Nobel de visitar Lula; a perseguição implacável do juiz Sérgio Moro a Lula e a perda do pudor, indo se confraternizar com atores políticos estrangeiros beneficiados pelo golpe; juízes, procuradores e delegados alucinados invadindo universidades, tentando impedir debates.
O que se tem, no momento, é o velho Oeste. A tradição imemorial do jagunço brasileiro é incorporada pelo sistema judicial. E passam a explodir justiceiros por todos os cantos, enquanto os xerifes dormitam em algum canto da cadeia e pedem para não serem incomodados.
Mas o jogo não acabou.
Passo 5 – A besta se volta contra suas chefias
Depois da perda de foro dos políticos, o movimento se volta contra os privilégios dos Ministros e desembargadores dos tribunais superiores, e dos próprios integrantes do Ministério Público, com o movimento para retirar também deles as prerrogativas de foro. A rebelião das massas vai chegando ao ápice.
Passo 6 – o grande final
O fim da prerrogativa de foro abriu espaço para um zorra geral e irrestrita. Tornou-se um chá de ipê roxo, que se presta para todas as jogadas. Permite blindar amigos, acelerar punição aos inimigos, sem nenhuma espécie de ordenamento.
O que se tem, agora, é a balbúrdia final, expressa nos seguintes episódios picarescos.
O caso Aécio
Aécio Neves estava prestes a ser julgado pelo STF. Seus advogados sugeriam até que renunciasse ao cargo de Senador, para o caso ser remetido para a 1ª instância e ter o mesmo longo final do mensalão tucano. Aí o Ministro Alexandre Moraes remete o caso para a 1ª instância, livrando Aécio do sacrifício final.
O caso Geraldo Alckmin
O vice-procurador Geral Luciano Maia remete o processo de Geraldo Alckmin, de financiamento de empreiteiras, para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Sâo Paulo. Não viu nenhuma contrapartida do governo Alckmin, apesar das empreiteiras em questão terem conquistado todas as grandes obras do Estado.
Depois de livrar Alckmin, resolveu fechar correndo a porta, denunciando a composição dos TREs como ilegítimas.
O caso Gilmar Mendes
O algoritmo amigo do STF jogou no colo de Gilmar Mendes todo o alto tucanato apanhado pela Lava Jato: José Serra, Aloysio Nunes, Aécio Neves, Cunha Lima.
Gilmar montou uma estratégia para aparentar isenção. Tentou reduzir a pena de Lula apenas à inabilitação para as eleições. Ou seja, Lula livre, mas sem se candidatar. Com isso reforçaria a imagem do garantista isento, podendo livrar os amigos aplicando o mesmo peso.
Não deu certo. Toca, então, a distribuir HCs para livrar Paulo Preto, o cúmplice do Paulo Preto, visando blindar os chefes de Paulo Preto. Como observou a arguta Maria Cristina Fernandes, do Valor, com esse movimento Gilmar tornou-se o principal cabo eleitoral do PT, ao comprovar a seletividade do direito brasileiro.
A prerrogativa de foro dos procuradores
A brava Raquel “Janot” Dodge foi uma guerreira incansável contra a prerrogativa de foro dos políticos. A onda criada voltou-se contra o próprio MPF.
O próximo passo provavelmente seria os Airton Beneditos da vida – o inacreditável Procurador Federal dos Direitos Humanos de Goiás – denunciando como “subversiva” a própria Raquel, por requerer a revisão da Lei da Anistia. Toca a colocar o pobre Luciano Maia a discursar no STJ contra a perda dos privilégios de foro do MPF.
Ao mesmo tempo, o CNMP tenta enquadrar procuradores falastrões da Lava Jato, enquanto a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) defende o que ela chama de “direito de expressão” – o ato de um procurador, com poderes de Estado, fazer proselitismo político nas redes sociais.
Passo 7 – o fator Ernesto Geisel
Geisel enfrentou descontrole similar dos porões quando assumiu a presidência da República. A diferença é que os porões da época matavam fisicamente os adversários; os de agora limitam-se a assassinar a imagem pública e a tirar a liberdade dos inimigos. Mas ambos se tornaram poderes autônomos e anárquicos.
Tendo como estrategista militar o irmão Orlando, a estratégia de Geisel para domar a besta foi, primeiro, convalidar a matança, mas com a condição de prestar conta aos chefes.
Depois, foi gradativamente as enquadrando. Na investida final, a reação foi a sucessão de atentados, culminando com o caso Riocentro e a morte da secretária da OAB. Mas, aí, ele já tinha o controle da situação para demitir Silvio Frota e Hugo Abreu.
O quadro que se tem agora é similar, mas sem Ernesto(s) Geisel(s) no Judiciário e no Ministério Público Federal, e sem OABs, que se tornaram cúmplices do arbítrio do Judiciário.
De qualquer forma, mostra o enguiço institucional desse liberou geral.
Enquanto não for recomposto o poder do Executivo, em mãos firmes, o caos irá se ampliando.
 Do GGN

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Parlamentares petistas reafirmam seu apoio a candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República

As bancadas do PT na Câmara e no Senado soltam nota conjunta para afirmar sua unidade em torno da defesa de candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República. Os parlamentares apontam o fato importante de que, mesmo com toda a perseguição e com a prisão, Lula ainda lidera todas as pesquisas eleitorais. E é com ele que o Brasil pode contar para um retorno à democracia, inclusão social, diálogo, soberania nacional e crescimento. Fecham com Lula por um país mais justo e solidário. 
Neste momento de crise profunda, os parlamentares entenderam ser necessário reafirmar seu apoio, que se junta ao apoio popular, para que se possa lutar pela criação de condições para superação desta turbulência. 
Leia a nota a seguir. 
NOTA DAS BANCADAS DO PT NA CÂMARA DOS DEPUTADOS E NO SENADO FEDERAL 
As Bancadas do Partido dos Trabalhadores na Câmara e no Senado afirmam sua unidade em defesa da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. Líder em todas as pesquisas eleitorais, mesmo depois de ter sido injusta e arbitrariamente condenado e preso, Lula representa a oportunidade de o Brasil reencontrar o caminho da democracia, da inclusão social, do diálogo, da soberania nacional, do crescimento econômico e da geração de empregos, garantindo a construção de um país mais justo e solidário. 
Num momento em que o país se encontra atolado numa crise econômica, política e institucional sem precedentes, o ex-presidente é o nome com amplo apoio popular capaz de criar as condições para a superação da atual turbulência e garantir melhores dias para todos os brasileiros. 
As eleições de outubro só serão democráticas se todas as forças políticas puderem participar de forma livre e justa. Não podemos fazer concessões na luta em defesa da inocência e da manutenção dos direitos políticos de Lula. 
Nesse cenário, a candidatura Lula se impõe ao partido e é a melhor alternativa à nação. 
Brasília, 17 de maio de 2018. 
Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do Partido no Senado Federal 
Paulo Pimenta (PT-RS), líder do Partido na Câmara dos Deputados. 
SENADO
Gleisi Hoffmann (PR), Fátima Bezerra (RN), Humberto Costa (PE), Jorge Viana (AC),  José Pimentel (CE), Paulo Paim (RS), Paulo Rocha (PA) e Regina Sousa (PI). 
CÂMARA
Adelmo Leão (MG), Afonso Florence (BA), Ana Perugini (SP), Andres Sanchez (SP), Angelim (AC), Arlindo Chinaglia (SP),  Assis Carvalho (PI),  Benedita da Silva (RJ),  Beto Faro (PA), Bohn Gass (RS), Caetano (BA), Carlos Zarattini (SP), Celso Pansera (RJ), Décio Lima (SC), Enio Verri (PR), Érika Kokay (DF),  Gabriel Guimarães (MG), Helder Salomão (ES), Henrique Fontana (RS), João Daniel (SE), Jorge Solla (BA), José Airton (CE), José Guimarães (CE), José Mentor (SP), Josias Gomes (BA), Leo de Brito (AC), Leonardo Monteiro (MG), Luiz Couto (PB), Luiz Sérgio (RJ), Luizianne Lins (CE), Marco Maia (RS), Marcon (RS), Margarida Salomão (MG), Maria do Rosário (RS), Miguel Corrêa (MG), Nelson Pellegrino (BA), Nilto Tatto (SP), Odair Cunha (MG), Padre João (MG), Patrus Ananias (MG), Paulão (AL), Paulo Teixeira (SP), Pedro Uczai (SC), Pepe Vargas (RS), Reginaldo Lopes (MG), Rejane Dias (PI), Rubens Otoni (GO), Ságuas Moraes (MT), Sibá Machado (AC), Valmir Assunção (BA), Valmir Prascidelli (SP), Vander Loubet (MS), Vicente Cândido (SP), Vicentinho (SP), Wadih Damous (RJ), Waldenor Pereira (BA),  Zé Carlos (MA), Zé Geraldo (PA), Zeca Dirceu (PR) e Zeca do PT (MS).
Do GGN

quarta-feira, 16 de maio de 2018

A questão da terra é uma luta constante para nós mulheres, diz agricultora familiar do Maranhão Maria da Graça

Maria da Graça agricultora familiar do Maranhão afirma que não basta distribuir terras, tem que dar terra de qualidade para trabalhar.
A terra é sagrada para homens e mulheres que trabalham com agricultura. Sem ela, ficam desprovidos de meios dignos de sobrevivência e acabam sendo explorados e mantidos em condições precárias, muitas vezes de miséria, por quem concentra terras - algo comum e histórico no Brasil. Uma ampla reforma agrária é urgente, e um sonho de muita gente do campo, mas um sonho distante, sem perspectiva de ser concretizado. "A concentração de terras é um mal, não só no Brasil mas em toda a América Latina", afirma Maria da Graça Amorim, agricultora familiar de Alcântara, no Maranhão, e integrante da coordenação nacional de mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contraf), nossa terceira entrevistada na série sobre mulheres, direito à terra e os impactos do agronegócio na vida das mulheres do campo.
A questão da distribuição de terras no Brasil não se resume a dar terra a quem não tem, mas também a qualidade dessa terra. "Esse é um debate: que terra nós estamos acessando? Qual a terra nós queremos para a reforma agrária? Nós queremos terra de qualidade! Terra boa, produtiva, que tenha verde, porque na verdade é disso que a gente precisa."
Maria da Graça participou da oficina que a Oxfam Brasil promoveu em São Paulo no início de maio com 15 mulheres de comunidades rurais, movimentos do campo, agriculturas, quilombolas, lideranças de povos indígenas e comunidades tradicionais, de diversas regiões do país para debater a desigualdade no campo. "Para nós, mulheres, o direito à terra é um direito sagrado. Temos uma relação muito forte com isso, porque é uma relação de troca."
A desigualdade no campo, principalmente em relação às mulheres, foi tema de nosso relatório Terrenos da Desigualdade: terra, agricultura e desigualdades no Brasil rural, lançado em 2016. Nele há dados que revelam, por exemplo, como as grandes propriedades rurais brasileiras receberam mais incentivos e tiveram mais acesso a créditos, pesquisa e assistência técnica, com objetivo de produzir para exportação ou atender à indústria agroindustrial, em detrimento da agricultura familiar.
Leia a entrevista:
Você atua em uma comunidade de agricultura familiar no Maranhão, nos conte um pouco sobre isso.
Fazemos essa militância de resistência no Nordeste, e no meu caso em Alcântara, no Maranhão, que tem um centro de lançamento espacial. Lutamos há 30 anos na região, porque a forma como essa base foi implantada gerou muitos resultados negativos para as comunidades quilombolas locais. Não somos contra a base espacial, mas contra a forma como ela foi implantada. Famílias foram realocadas sem critério, sem infraestrutura básica. Um empreendimento desse, mundial, que lança foguete para o mundo, e as comunidades naquela extrema pobreza. Isso nos dá base para ajudar também na discussão nacional da estratégia contra esse modelo geral implementado no Brasil - um modelo excludente, concentrador de terra e dos recursos naturais.
O Brasil é um país com tanta terra e, com tantos exemplos como esse de Alcântara, de apropriação das terras e de exclusão. Como é o papel das mulheres nessa luta pela terra e contra as desigualdades no campo?
Quando falamos de terra, do direito à terra, falamos de um direito sagrado para as mulheres. É a Mãe Terra, né? Nós mulheres temos uma relação muito forte, porque é uma relação de troca. A questão da terra é uma luta constante das mulheres. Para nós, a terra é sagrada e um meio.
Uma reforma agrária é urgente...
A reforma agrária é um sonho que ainda não virou realidade nesse país.  A terra hoje está concentrada nas mãos de poucas pessoas. Temos muita terra com pouca gente e muita gente com pouca terra. E uma dificuldade grande também é que, quando a gente consegue ter acesso a um pedaço de terra, por desapropriação, ela está totalmente devastada, destruída, muitas vezes o desmatamento causa erosão... Então esse também é um debate: que terra nós estamos acessando? Qual a terra nós queremos para a reforma agrária? Nós queremos terra de qualidade! Terra boa, produtiva, que tenha verde, porque na verdade é disso que a gente precisa.
Do GGN

O SISTEMA DE JUSTIÇA, TRIBUNAIS, STF e OABs, por Wadih Damous deputado federal

Em entrevista ao Jornal GGN, o deputado Wadih Damous analisa o Partido do Judiciário e o Estado de Exceção no país.
Mostra como ocorrem os abusos da juíza de instrução, impedindo a entrada de parlamentares na cela de Lula e impedindo o próprio Damous de atuar como advogado de Lula. E o circuito da exceção é completo, mostrando a urdidura da operação lava jato. Os casos devem ser julgados dentro do processo. O tribunal responsável por rever as decisões do primeiro grau é a 8ª Turma preventa, com os três desembargadores alinhados totalmente com a lava jato. No Superior Tribunal de Justiça, o paranaense Felix Fischer e, no Supremo Tribunal Federal, o paranaense Edson Fachin.
Damous analisa também os sistemas de sorteio do Supremo, no qual todas as ações contra o PT caem com Ministros claramente antipetistas e todas as ações contra tucanos, com Ministros tucanos. Se a Ministra Carmen Lúcia praticasse a transparência, diz Damous, deveria explicar como é esse sistema de distribuição.
Damous diz que a Constituição, ao conferir poderes sem precedentes ao Judiciário e ao Ministério Público, olhava para trás, para a ditadura que acabava, e Não para frente.
O Ministério Público brasileiro é o mais poderoso do mundo, tem prerrogativas que a própria advocacia não tem. Nos julgamentos penais o promotor senta ao lado do juiz, é parte da lei e do processo penal.
Quando encontra uma turma que namora com o fascismo, como esse pessoal do Paraná, diz Damous, acontece o que estamos vendo. Suas críticas se estendem aos presidentes e conselheiros atuais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Diz ele que a OAB está em débito com a sociedade brasileira, a começar do apoio ao golpe.
A OAB integra o sistema de justiça brasileiro pelo lado negativo, diz ele, reforçando essa atuação fora de lei, por omissão ou, como no caso do impeachment, todo sistema do OAB, com uma exceção, apoiando o golpe.
Em relação ao STF, a Constituinte pretendia torna-lo eminentemente uma corte constitucional, mas manteve-se a mesclagem histórica, de espécie de 4ª instância. Mas o problema maior foram os últimos governos, especialmente da Dilma, que nomearam pessimamente os Ministros, com um republicanismo trágico.
Fora isso, ministros que tinham trajetória de defesa de direitos e garantias fundamentais, como Luis Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin, tornaram-se os arautos do populismo midiático-jurídico que resvala no fascismo.
Fala também do direito do PT de indicar o candidato, na qualidade de maior e mais estruturado partido de esquerda. E analisa as dificuldades do campo da direita de não conseguir viabilizar um candidato.
Do GGN

terça-feira, 15 de maio de 2018

SEIS LÍDERES MUNDIAIS cobram LULA LIVRE que “Lula possa se SUBMETER AO SUFRÁGIO DO POVO brasileiro”

A prisão apressada do presidente Lula, incansável arquiteto da redução das desigualdades no Brasil, defensor dos pobres de seu país, só pode despertar nossa emoção.
O impeachment de Dilma Rousseff, eleita democraticamente por seu povo e cuja integridade nunca foi questionada, já era uma preocupação séria.
A luta legítima e necessária contra a corrupção não pode justificar uma operação que questiona os princípios da democracia e o direito dos povos de eleger os seus governantes.
Nós solenemente solicitamos que o presidente Lula possa se submeter livremente ao sufrágio do povo brasileiro.
François HOLLANDE, ex presidente da República francesa;
Massimo D’ALEMA, ex presidente do Conselho de ministros da República italiana;
Elio DI RUPO, ex Primeiro-ministro da Bélgica
Enrico LETTA, ex presidente do Conselho de ministros da República italiana
Romano PRODI, ex presidente do Conselho de ministros da República italiana
José Luis RODRIGUEZ ZAPATERO, ex presidente do Governo da Espanha

Do GGN

MORO INVENTA A DELAÇÃO sem acordo para AJUDAR QUEM ACUSA PETISTAS, aponta Kennedy Alencar

O jornalista Kennedy Alencar divulgou comentário em seu blog, junto à rádio CBN, na noite desta segunda (14), avaliando que o juiz Sergio Moro "faz, na prática, uma espécie de acordo delação do B em Curitiba."
Em outras palavras, o jornalista apontou que Moro inventou a modalidade delação sem acordo, na qual ele beneficia, como bem entender, os réus que ajudaram a implicar petista em seus processos, mas que ainda não assinaram nenhum termo com o Ministério Público Federal.
É o caso do "empreiteiro Leo Pinheiro e ex-diretor da Petrobras Renato Duque", que "receberam penas bem leves ao serem condenados hoje. Ambos ganharam prêmios por colaborarem com a Justiça", mas não têm acordo com o MPF ainda. No processo em tela, eles ajudaram a condenar um ex-tesoureiro do PT a 9 anos e 10 meses de prisão, enquanto receberam a pena de cerca de 2 anos em regime aberto ou semiaberto.
Veja mais aqui.
Do GGN

segunda-feira, 14 de maio de 2018

REDE LULA LIVRE DE RÁDIO ESTREIA NESTA SEGUNDA, direto de Curitiba pela Rádio Brasil de Fato

A Rádio Brasil de Fato, em parceria com emissoras de todo o país, inicia nesta segunda-feira (14) a Rede Lula Livre, direto da vigília e do acampamento montados em Curitiba (PR), a poucos metros da Superintendência da Polícia Federal, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso. A Rede está sendo produzida pelo Brasil de Fato, com apoio da Frente Brasil Popular.
A Rede Lula Livre fará transmissão de um programa ao vivo, das 9h45 às 10h, de segunda a sexta-feira; e também contará com um boletim diário gravado de 5 minutos para veiculação nas emissoras parceiras ao longo do dia.
O programa ao vivo trará a atividade diária "Bom dia, Lula" direto da vigília, além de notícias e entrevistas envolvendo as mobilizações em defesa da liberdade de Lula. Com 15 minutos de duração, a Rede Lula Livre receberá artistas, líderes políticos e integrantes de movimentos populares que frequentam o acampamento na capital paranaense. O ouvinte também saberá em poucos minutos as novidades do principal espaço de resistência e de denúncia à prisão política do ex-presidente.
Retransmissão
Qualquer emissora de rádio, site ou blog poderá retransmitir a Rede Lula Livre. Para o cadastro, é solicitado mandar uma mensagem para o Whastapp +55 11 94503-4203 informando que quer participar da Rede Lula Livre. A mensagem deve conter nome da emissora, frequência, cidade e estado. Por meio desse cadastro serão enviados os alertas de Rede e conteúdos disponíveis para veiculação.
Para retransmitir o programa ao vivo, das 9h45 às 10h, de segunda a sexta-feira, basta conectar o player da emissora, disponível diretamente na capa do site (link acima).
A Rádio Brasil de Fato começou oficialmente com programação diária em 1º de maio, comemorado o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. No mesmo dia também foi realizada a primeira experiência da Rede Lula Livre de rádio, uma iniciativa que envolveu o Brasil de Fato, a Rádio Brasil Atual (98,9 FM de São Paulo), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Rede da Legalidade, a Rede Democracia e a Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc).
Parte dos conteúdos da programação especial de cobertura do 1º de maio foi traduzida para o espanhol para ser veiculada nas emissoras da Rede Lula Livre de outros países da América Latina.

Sem Lula, país não se vê representado, mostra pesquisa CNT

Foto: Ricardo Stuckert
Mesmo preso e sem conseguir se mobilizar em debates, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceria as eleições presidenciais de 2018, com 32,4% dos votos, o dobro do que somou Jair Bolsonaro (16,7%) e seguido por Marina Silva (7,6%). Os dados são do CNT/MDA. 
A pesquisa mostra ainda que, sem Lula, uma grande parte da população não se verá representada, somando 45,7% entre os que votarão branco ou nulo e aqueles que estão indecisos. 
Mas o MDA também levantou as opções de pequena, mas decisiva, parcela do outro extremo de posições políticas. Sem Lula, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) iria para o segundo turno com 18,3% das intenções de voto com Marina Silva (Rede), que aparece com 11,2%, ou com Ciro Gomes (PDT), que está em 9%. 
Marina e Ciro, segundo a pesquisa, aparecem em empate pela margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. E disputando em segundo turno, Ciro perderia de Bolsonaro por uma diferença de 4 pontos percentuais. Já Marina Silva empataria, ela e o deputado com 27,2% das intenções de voto.
A CNT também levantou a hipótese de uma disputa com Haddad no lugar de Lula. Neste caso, o ex-prefeito aparece em quinto lugar, com 2,3% das intenções, atrás de Bolsonaro, Marina, Ciro, Alckmin (5,3%) e Alvaro Dias (3%). 
Abaixo, os números: 
Cenário com Lula, Temer e Meirelles  
Lula (PT) –32,4% 
Jair Bolsonaro (PSL) – 16,7% 
Marina Silva (Rede) – 7,6% 
Ciro Gomes (PDT) – 5,4% 
Geraldo Alckmin (PSDB) – 4,0% 
Alvaro Dias (Podemos) – 2,5% 
Fernando Collor (PTC) – 0,9% 
Michel Temer (MDB) – 0,9% 
Guilherme Boulos (Psol) – 0,5% 
Manuela D´Ávila (PCdoB) – 0,5% 
João Amoedo (Novo) – 0,4% 
Flávio Rocha (PRB) – 0,4% 
Henrique Meirelles (MDB) – 0,3% 
Rodrigo Maia (DEM) – 0,2% 
Paulo Rabello de Castro (PSC) – 0,1% 
Branco/Nulo – 18,0% 
Indeciso – 8,7% 
Cenário sem Lula, Barbosa e Temer   
Jair Bolsonaro (PSL) – 18,3% 
Marina Silva (Rede) – 11,2% 
Ciro Gomes (PDT) – 9,0% 
Geraldo Alckmin (PSDB) – 5,3% 
Alvaro Dias (Podemos) – 3,0% 
Fernando Haddad (PT) – 2,3% 
Fernando Collor (PTC) – 1,4%
Manuela D´Ávila (PCdoB) – 0,9% 
Guilherme Boulos (Psol) – 0,6% 
João Amoêdo (Novo) – 0,6% 
Henrique Meirelles (MDB) – 0,5% 
Flávio Rocha (PRB) – 0,4% 
Rodrigo Maia (DEM) – 0,4% 
Paulo Rabello de Castro (PSC) – 0,1% 
Branco/Nulo – 29,6%
Indecisos - 16,1% 
Cenários de 2º turno: 
Lula (PT) 44,9% x 19,6% Geraldo Alckmin (PSDB)
Lula (PT) 45,7% x 25,9% Jair Bolsonaro (PSL)
Lula (PT) 47,1% x 13,3% Henrique Meirelles (MDB)
Lula (PT) 44,4% x 21,0% Marina Silva (Rede)
Lula (PT) 49,0% x 8,3% Michel Temer (MDB) 
Jair Bolsonaro (PSL) 27,2% x 27,2% Marina Silva (Rede)
Jair Bolsonaro (PSL) 28,2% x 24,2% Ciro Gomes (PDT)
Jair Bolsonaro (PSL) 27,8% x 20,2% Geraldo Alckmin (PSDB)
Jair Bolsonaro (PSL) 31,5% x 14,0% Fernando Haddad (PT)
Jair Bolsonaro (PSL) 30,8% x 11,7% Henrique Meirelles (MDB)
Jair Bolsonaro (PSL) 34,7% x 5,3% Michel Temer (MDB) 
Ciro Gomes (PDT) 25,7% x 9,0% Henrique Meirelles (MDB)
Ciro Gomes (PDT) 30,4% x 5,6% Michel Temer (MDB)
Ciro Gomes (PDT) 20,9% x 20,4% Geraldo Alckmin (PSDB) 
Geraldo Alckmin (PSDB) 25,0% x 10,0% Fernando Haddad (PT)
Marina Silva (Rede) 26,6% x 18,9% Geraldo Alckmin (PSDB) 
Do GGN

SER OU NÃO SER – o preço da convicção, LULA LIVRE é a DESISTÊNCIA DO PLEITO, Por Eugênio Aragão

Certa feita uma amiga diplomata foi deslocada a serviço a Kinshasa, na época capital da República do Zaire, governado por Mobutu Sese Seko.
Na fila do passaporte, pôde observar uma cena digna de uma peça de teatro de Eugène Ionesco. Um senhor bem apessoado exibiu o passaporte ao funcionário da imigração. Este, após examiná-lo superficialmente, advertiu: “Senhor, lamento, mas está sem visto!” O dono do passaporte retrucou: “Como não? Claro que tenho visto! Olhe só…”
E tentou lhe tomar o documento para mostrar que tinha o tal visto de entrada. O funcionário, num gesto brusco, impediu o senhor de ver o passaporte. “Não! O senhor está sem visto!” E começava uma discussão sobre existir ou não existir o visto.
Quem assistia à cena logo via que tinha algo de errado, tamanha a convicção de cada um em defender seu ponto de vista, até que o funcionário deu a entender, com seus dedos em pinça numa página do passaporte, que ia rasgá-la.
Para prevenir o descalabro, outro imigrante, mais atrás na fila, certamente com maior experiência na cultura local, gritou: “coloque 100 dólares no passaporte!” Sem pestanejar, o dono do documento tirou o dinheiro da carteira e pediu ao funcionário para retornar-lhe o passaporte. Este, com um sorriso gentil, atendeu-lhe o pedido e o devolveu intacto.
O senhor enfatiotado encartou a nota no passaporte e voltou a exibi-lo ao funcionário que prontamente exclamou, olhando nos olhos do estrangeiro: “Oh… não reparei. Claro! O senhor tem visto!” E, embolsado o dinheiro e carimbado o passaporte, desejou-lhe: “Bem-vindo! Tenha uma boa estada no Zaire!”
Por que conto isto? Porque a situação do Presidente Lula na cadeia da Superintendência Regional da Polícia Federal em Curitiba é muito parecida com a do desavisado viajante no aeroporto de Kinshasa.
Todos sabem-no inocente, mas os representantes do Estado fingem que é culpado, como se à espera de algo. Sabem perfeitamente que não houve crime algum relacionado ao tal triplex do Guarujá, mas, à semelhança do funcionário congolês aguardando o encarte dos 100 dólares no passaporte, aguardam que Lula diga não ser candidato, para exclamarem: “Não reparamos! Claro! Não houve crime nenhum!” E prontamente lhe desejarão tudo de bom na liberdade reconquistada, como se não houvesse nada de mais. Business as usual.
A liberdade de Lula está precificada. O golpe tem sua lógica que se expressa na expectativa do ganho. Para atingir seus objetivos, golpistas – representantes da justiça de classe sem vontade de retornar à experiência da inclusão social em massa – insistem convictos que nada mais pode ser feito para livrar Lula do cativeiro.
Não vem ao caso se ele é culpado ou não. O que importa é que foi acusado e, depois de formal instrução, foi condenado, com a sentença confirmada e agravada na segunda instância por unanimidade. Isso por si basta para encostá-lo na parede e submetê-lo a uma verdadeira escolha de Sofia: ou deixa de ser candidato (danem-se as massas excluídas), ou fica preso com coonestação das escancaradas lambanças do primeiro e do segundo grau de jurisdição.
Tal qual o funcionário congolês, nossos juízes superiores e supremos sabem – está na cara – que Moro e os três sobrinhos do Pato Donald no TRF da 4ª Região (assim denominados por Luís Nassif) fizeram um processo que mais parece escárnio, caricatura de justiça, do que regular persecução penal. Não o negam nos cochichos entre si e alguns até o expressam com indignação, mesmo sem dar nome aos bois… Moro está hoje muito longe dos aplausos da unanimidade da direita política e judicial!
Há exceções à silenciosa e conspirativa crítica. Há outros magistrados que, ao julgarem o habeas corpus impetrado pela defesa de Lula, disseram com todas as letras que prendê-lo agora seria gritante violação do princípio de presunção de inocência.
Deixaram claro que tornar definitivo o efeito punitivo de uma decisão de segundo grau, mesmo com pendência de recursos, seria fechar os olhos para “eventuais” ilegalidades praticadas contra o réu e ainda sujeitas à revisão jurisdicional. Gritaram. Espernearam. Acusaram a trapaça de se pautar o habeas corpus antes de se definir, em julgamento abstrato, a extensão da presunção de não-culpabilidade. Mas perderam por 6 a 5.
Depois, calaram. Constataram o golpe, reconheceram a “estratégia” e nada mais pretendem fazer. Sim, o funcionário da imigração congolesa barrou um estrangeiro com visto no passaporte com a alegação da falta do visto. E daí? No fundo, parece, todos esperam pelo encarte da nota de 100 dólares no passaporte. E se Lula não a encartar – fazer o quê? – não entrará no Zaire! A opção é dele. Se topar o jogo, tudo ficará bem!
Na semana passada o STF rejeitou com unanimidade em julgamento virtual uma reclamação contra a pressa do TRF4 em recolher Lula ao cárcere, em clara transgressão dos limites do permissível na chamada execução provisória da pena.
Dos cinco magistrados partícipes da sessão eletrônica, quatro haviam se posicionado, antes, pela concessão da ordem ao ex-presidente por entenderem que adiantar a pena violaria flagrantemente o art. 5°, inciso LVII da Constituição. Foram então muito fortes em seus argumentos, denotando certeza sobre o absurdo que se praticava contra o réu-paciente.
A certeza se converteu em resignação. A convicção ficou para a integridade corporativa. Mesmo conscientes do injusto que se praticava contra Lula, a parceria com os colegas da imigração congolesa lhes pareceu mais importante do que a defesa da constituição e da liberdade de um inocente.
Em nome de um tal princípio de colegialidade – a cordialidade entre os agentes imigratórios – jogaram para o alto suas certezas e preferiram a convicção de que Lula, enquanto for candidato, continuará presumidamente culpado. O preço está posto.
E estão errados? Afinal, parte da esquerda, que se diz pragmática, “pé no chão”, já parece estar jogando a toalha, ao achar que largar Lula à sua própria sorte e fazer conchavo com outros pretendentes à presidência, mesmo que longe de terem o compromisso do réu injustiçado com a democracia e os excluídos, é mais vantajoso para permitir que o espetáculo circense de nossa política continue…
“Não deixarão mesmo que ele se candidate…” E essa esquerda se resigna como os magistrados com suas certezas. O preço é, de fato, a candidatura de Lula, e há quem queira pagá-lo. O prêmio será poder entrar no Zaire de Mobutu Sese Seko – na selva.
Na perplexidade do momento, pergunto-me: Afinal, é isso mesmo que a esquerda resignada deseja? É possível ser de esquerda e querer entrar no Zaire de Mobutu? Ou, em termos menos polarizadores: é possível ser democrata e querer entrar no Zaire de Mobutu?
Podem democratas resignar-se? Podem democratas coonestar a condenação de Lula? Será que os democratas querem entrar cada vez mais na selva? Será que eles querem mesmo a lei da selva, cujo guardião hoje é o STF?
Se e quando souberem responder, senhores de “pés no chão”, avisem a este nefelibatas.
Do DCM

domingo, 13 de maio de 2018

Abolição da escravidão foi votada pela elite evitando a reforma agrária, diz o historiador Luiz Alencastro

    Foto: THE NEW YORK PUBLIC
Escravos trabalham em uma plantação de café no Brasil.  LIBRARY

Em 13 de maio de 1888, há 130 anos, o Senado do Império do Brasil aprovava uma das leis mais importantes da história brasileira, a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão. Não era apenas a liberdade que estava em jogo, diz o historiador Luiz Felipe de Alencastro, um dos maiores pesquisadores da escravidão no Brasil. Outro tema na mesa era a reforma agrária.
O debate sobre a repartição das terras nacionais havia sido proposto pelo abolicionista André Rebouças, engenheiro negro de grande prestígio. Sua ideia era criar um imposto sobre fazendas improdutivas e distribuir as terras para ex-escravos. O político Joaquim Nabuco, também abolicionista, apoiou a ideia. Já fazendeiros, republicanos e mesmo abolicionistas mais moderados ficaram em polvorosa.
“A maior parte do movimento republicano fechou com os latifundiários para não mexer na propriedade rural”, diz Alencastro. Foi aí que veio a aprovação da Lei Áurea, sem nenhuma compensação ou alternativa para os libertos se inserirem no novo Brasil livre. “No final, a ideia de reforma agrária capotou”.
(…)
Alencastro é hoje professor da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. É também professor emérito da universidade de Paris Sorbonne, onde lecionou por 14 anos, e autor do livro “O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul”.
(…)
Do GGN

Autocrítica e valorização dos ACERTOS dos Governos do PT em 2 ANOS DE GOLPE, por Alexandre Tambelli

Autocrítica e valorização dos acertos conjuntamente merecem espaço no debate sobre o Governo dos trabalhadores e o Golpe de Estado e as eleições de outubro, Golpe que completou 2 anos ontem, criam anticorpos futuros, quando da retomada do Poder, para se evitar novas rupturas democráticas e encontrar equilíbrio nas ações governamentais, afinal, tivemos erros, e acertos importantes na Era petista com o Presidente Lula e com a Presidenta Dilma e não se deve crer que tudo precisará ser diferente para se ter um bom/ótimo novo Governo dos trabalhadores.
A autocrítica é um instrumento coletivo, importante no aprimoramento das nossas ações e ela é parceira de qualquer caminhada na busca de minimizar erros futuros em uma retomada do Governo Federal pela esquerda ou pela centro-esquerda, pela classe trabalhadora.
Autocrítica não se confunde com ações oportunistas que querem ocupar o espaço político do PT utilizando da máxima de que o Governo do PT não teve nada de esquerda, que dizem o manjado: - traiu a classe trabalhadora, que só apontam erros nas suas administrações no Governo Federal, que vivem dentro de um moralismo barato da honestidade a toda prova, do entendimento que não se deveria ter feito conciliação com as classes dominantes nem alianças políticas com a direita, ainda, autocrítica não se confunde com a falsa tese que todos os problemas de hoje em relação à Justiça, à sociedade e ao Governo Temer são culpa, herança do PT, pegando o partido para Cristo, e assim por diante.
Porém, autocrítica se confunde com a possibilidade de reflexão de algumas práticas governamentais e partidárias + de militantes da centro-esquerda, Governo da classe trabalhadora que não renderam resultados práticos.
Temos que retomar o Poder no futuro tinindo nas ideias novas e nas ações consequentes com conhecimento do passado próximo, impedindo, assim, novas ações que possam novamente interromper o ordenamento democrático, por motivo de a direita política existente em nosso país não conseguir vencer uma Eleição no voto. 
ERROS E ACERTOS.
1) Erros.
Devemos estudar os erros, sim!
Vejamos os principais a serem observados e minimizados/sanados no futuro:
Observar que fomos um tanto descuidados com as bases sociais periféricas e de pequenas cidades, nosso público eleitor, no que tange a levar a eles Educação Política, informação precisa de seus direitos novos via novos programas sociais e educacionais criados na Era petista, para que eles os usufruíssem na sua totalidade, para que eles os defendessem e tivessem a clareza de que quem os criou foi o Governo dos trabalhadores.
Observar ainda que nos institucionalizamos por demais e acreditamos em um Projeto de Poder que se fechou em demasia na lógica do trabalho prioritário no Executivo e Legislativo e não na junção deste trabalho com o trabalho de formiguinha diário nas periferias e pequenos centros urbanos, junto da classe trabalhadora e dos pobres, para conscientiza-los, uni-los e serem eles forças mais expressivas de transformação social, em manifestações gigantescas, e tornando um crescente o tamanho da sociedade organizada com sindicatos mais fortes, universidades públicas mais próximas da população, com movimentos sociais/identitários interferindo com mais resultados positivos em políticas públicas sociais, nos direitos civis e nos direitos humanos e com partidos políticos de esquerda arraigados em suas bases sociais.
Observar que pouco criamos canais de comunicação direta com a população, talvez, um jornal impresso diário e nacionalizado, uma TV Brasil capaz de produzir uma audiência significativa, o que acarretou uma interferência em demasia negativa da Globo & velha mídia na compreensão efetiva e defesa pelos brasileiros do Governo dos trabalhadores.
Observar, também, que fomos um tanto republicanos demais nas escolhas dos postos chaves do Judiciário e da PF, em muitos momentos nossos adversários ocuparam cargos de chefia no Judiciário como é o cargo de PGR e de Delegado-Chefe da PF, etc., indivíduos que ajudaram na nossa derrubada, sem contar a dificuldade inicial de compreensão das intenções da Lava-Jato, muito longe de ser uma Operação séria de combate à corrupção e, sim, Operação de entrega do Pré-Sal às grandes petroleiras (as 6 irmãs), de destruição da Engenharia Nacional e parte importante no processo político do Golpe da derrubada de Dilma e que não foram combatidas suas medidas antinacionais, arbitrárias e golpistas a tempo. 
E assim por diante; todos instrumentos seguros para o impedimento de tentativas golpistas, caso a direita política tentasse sair da legalidade democrática do respeito ao voto popular e à Constituição, o que ocorreu em 2016.
Estudar os erros não é autoflagelação nem esquecimento dos inúmeros acertos, é utilizar de um processo dialético, onde ao mesmo tempo em que se faz o balanço dos erros se equilibra a balança com a valorização dos acertos e se aponta as vitórias, que foram muitas e bem mais presentes que os erros nas administrações petistas. E a balança certamente penderá para o lado positivo dos acertos.
Jogar só no lado das maravilhas ou jogar só no lado dos erros é primário e inócuo. 
2) Acertos.
Lembremos, então, dos inúmeros acertos em qualidade e quantidade de beneficiados também.
Quantas políticas públicas na área social, quantos acertos na área econômica, na Geopolítica que praticamos com eficiência, não é verdade? Lembremos de ações governamentais, dos programas criados/ampliados, das leis aprovadas no Congresso, uma parte apenas das ações, programas e leis para ilustrar nossos acertos, com seus números e com resultados práticos significativos, atingindo milhões e milhões de brasileiros:
Tiramos 40 milhões de pessoas da extrema-pobreza em 13 anos de Governo, é uma vitória extraordinária, saímos do Mapa da Fome da ONU, criamos o Bolsa Família que abrangeu com Dilma mais de 14 milhões de famílias beneficiadas. 36 milhões de brasileiros ascenderam até a classe média, diminuímos a taxa de mortalidade infantil pela metade.
Criamos mais de 21 milhões de empregos com carteira assinada e 23 leis novas ligadas a direitos trabalhistas, tivemos medidas efetivas no combate ao trabalho escravo. O salário mínimo em dólares equivaleu a 3 vezes os tempos de FHC. Ao término do Governo Lula em 2010 o número de pessoas com conta bancária chegou aos 115 milhões, diante de 70 milhões em 2002.
Controlamos a inflação por 12 anos seguidos, com inflação anual média de 5,8% até 2014.
Os gastos anuais com Educação quadruplicaram, criamos várias universidades, campus e escolas técnicas e dobramos o número de universitários, PROUNI ofereceu 1,2 milhões de bolsas, o Ciência Sem Fronteiras beneficiou mais de 100 mil estudantes.
Levamos luz (quase 16 milhões de novos beneficiados com o Programa Luz Para Todos) e água para quase todos os rincões do país (mais de 1 milhão de cisternas no Nordeste).
Triplicamos o número de venda de passagens aéreas e mais do que dobramos a fabricação de automóveis.
Fizemos da Política externa brasileira, com o comando de Celso Amorim uma Política externa soberana e respeitada mundialmente.
Triplicamos as exportações.
Levamos o Brasil ao quase quinto lugar nas economias mundiais com o PIB crescendo mais de 4 vezes em 13 anos, depois de FHC nos rebaixar para o décimo quarto lugar.
Tivemos a coragem de se aproximar dos BRICS por uma Nova Ordem Mundial não-unipolar e se aproximar dos países da América latina e da África.
Descobrimos o Pré-Sal, a maior reserva de petróleo descoberta nos últimos 30 anos, e colocamos ele a produzir poucos anos depois e revitalizamos a Indústria Naval., criamos o PAC, que realizou inúmeras obras de complexidade na área de engenharia Brasil afora com investimentos que chegam a quase 2 trilhões de reais.
Criamos o Mais Médicos que atende mais de 60 milhões brasileiros carentes de saúde básica.
Criamos o Brasil Sorridente, o maior programa de saúde bucal do mundo.
Criamos o maior programa habitacional de nossa história, o Minha Casa, Minha Vida, que atingiu mais de 4 milhões de casas contratadas/construídas em 7 anos (de 2009 até 2016) beneficiando mais de 10 milhões de brasileiros.
Valorizamos sobremaneira a Agricultura Familiar via Pronaf que cresceu em investimentos nos governos petistas 400% em relação ao Governo FHC, dobramos a safra agrícola.
Fizemos mais de 70 conferências nacionais no Governo Lula, nas áreas de Saúde, Educação, Comunicação, etc.
Aprovamos a Lei Maria da Penha.
Aparelhamos as Forças Armadas e revitalizamos a Indústria da Defesa.
Aprovamos diferentes leis de combate à corrupção, fortalecemos o Judiciário criando centenas de varas da Justiça Federal, criamos um Portal de Transparência do Governo elogiado internacionalmente, investigamos a fundo o funcionalismo público, exonerando, geralmente por atos de corrupção 4.481 pessoas entre 2003 e 2013.
Tornamos a PF funcional e com equipamentos e quadros e capaz de realizar inúmeras operações.
Acumulamos reservas internacionais na casa dos 380 bilhões de dólares, diante de FHC que nos deixou reservas de 37 bilhões de dólares.
E assim por diante.
O que precisamos é deste equilíbrio de análise, a que esconde erros é primária, como, igualmente é, a que só aponta erros, esta, em muitos casos, rancorosa e personalista.
Temos 2 anos de Golpe e uma Eleição em outubro que precisamos garantir a vitória nas ruas e na batalha por #LulaLivre e #LulaCandidato, certo? Faltam 5 meses.
Devemos aprender com nossas imperfeições e erros, construir caminhos para acertos cada vez maiores das esquerdas, hoje, representada com maior força pelo PT. Não se está, numa autocrítica equilibrada culpando o PT, rebaixando o partido nem sendo aproveitador, querendo ocupar um tal “espólio” do golpeado, porque este é muito forte e competente e sabe superar as adversidades com seus mais de 20% de brasileiros que se consideram petistas e com seus 50% de apoio, ao menos, nos votos válidos em pesquisas à nova candidatura de seu líder máximo: Lula.
O PT foi golpeado do Poder, bem sabemos, porém, não quer dizer que não tenha cometido alguns erros para que o Golpe fosse efetivado.
Se sairmos da estrada da mão-única, onde se trafega somente pela crítica a quem deu o Golpe, e com uma reflexão cuidadosa dos nossos caminhos percorridos, caminhos que não impediram dos golpistas roubarem o Poder, quando retomarmos, espero que em janeiro de 2019, estaremos mais fortes e conscientes das ações práticas a serem implementadas e abertos aos desvios necessários, se alguma de nossas premissas e ações não estiverem dando o resultado prático, tanto no crescimento socioeconômico como no impedimento de novas ações jurídico-legislativas visando golpear nossa vitória no voto.
Penso ser saudável toda autocrítica, sem medo, quando honesta e voltada para a construção segura da realidade prática de transformação social com Justiça Social e desenvolvimento soberano do Brasil; é valiosa ferramenta para minimizar os erros e amplificar os acertos, precisaremos dela se a vitória vier em outubro para assumir calejados em 1 de janeiro de 2019. É ação paralela à campanha e balizadora até das propostas a serem apresentadas no programa de Governo do PT e de outras candidaturas de esquerda. 
Certamente, não é a autocrítica tola a que merecerá valor, a que não observa a realidade para produzi-la e que acredita que não há dificuldades enormes para as esquerdas no mundo atual da concentração radical do Capital, do ultra neoliberalismo mundializado, da presença mídias oligopólicas e a serviço do 1%, se tanto, do topo da pirâmide social e da política   imperialista de recolonização da América Latina, mas, também, não é mais a falta de autocrítica uma ação saudável, hoje,  já passados 2 anos do Golpe. 
Como diz o ditado: nem tanto ao céu nem tanto ao mar!
União das esquerdas em tempos de caos e adversidades é necessário e urgente, porém, não se pode crer que união seja silêncio, seja abandono de diferenças, de autocrítica, de reflexões aprofundadas dos governos petistas com a responsabilidade de saber quem é o verdadeiro adversário político, econômico e social, que claramente não é o PT.
Apontemos para o futuro sabedor do passado. Tenhamos um memorial/glossário de informações sobre como os golpistas e os Golpes sobrevivem e agem, para consultas, reavivamento instantâneo na memória e barramento no seu início de uma outra tentativa de Golpe num Futuro, pós-retomada da Democracia e do Poder por uma esquerda ou centro-esquerda e/ou defensores dos interesses nacionais e políticos e administradores não colonizados.  
E tenhamos a compreensão de que a governabilidade segura se dá no casamento das ações Institucionais no Executivo e Legislativo com a busca de levar a informação das ações governamentais à população com eficácia e junto da informação mobilizar e valorizar a militância na formação socioeducacional continuada e diária da população trabalhadora e dos pobres nos bairros onde eles residem, preferencialmente.
A população precisa se tornar uma base social popular e trabalhadora de apoio, base social de pressão parlamentar ao conservadorismo possível e voz ativa nos rumos do Governo de esquerda/centro-esquerda, base social capaz de mobilização para defende-lo nas ruas***, em caso de tentarem novos retrocessos sociais, econômicos, dos direitos humanos e civis, das causas identitárias, retrocessos no nosso desenvolvimento e na nossa garantia de Soberania no concerto das nações, etc., em suma, se tentarem um novo Golpe; pontuando que precisaremos de um tempo significativo de administração de esquerda ou centro-esquerda e progressista + defensora dos interesses nacionais para arrumar a casa, quase destruída pelas mãos de Temer, Meirelles, Moreira Franco, Moro e a Lava-Jato, STF, Pedro Parente, tucanos, etc. em 2 anos de Golpe e este tempo necessário precisa ser compreendido pelo eleitorado e compartilhada as medidas adotadas via comunicação eficaz com a população. 
*** Base social que vai além da nossa militância clássica pré e pós-impeachment: acadêmicos/intelectuais, estudantes universitários, movimentos sociais, sindicalistas, artistas e militantes e simpatizantes da esquerda partidária. É o povo trabalhador não-organizado, o povo pobre que precisamos colocar, junto da gente, nas ruas.  
Do GGN