quarta-feira, 26 de setembro de 2018

XADREZ DA RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA, POR LUIS NASSIF

A crise brasileira será solucionada pela política. Caso seja eleito presidente, Fernando Haddad contará com uma série de fatores que permitirá uma rápida recuperação da economia, sem grandes rupturas. O desafio maior será recompor as alianças com as forças democráticas de vários campos, e selar acordos de governabilidade com o STF (Supremo Tribunal Federal),
Os trunfos são os seguintes:

  • Recuperação no preço das commodities, especialmente petróleo e grãos.
  • Desvalorização cambial que se seguirá à vitória de Haddad.
  • Espaço para redução dos juros, liberando recursos para o mercado de renda variável, especialmente debêntures de infraestrutura.
  • Uma carteira de projetos de infraestrutura já licitados e negociados com o BNDES, aguardando apenas que se espante o fantasma da Lava Jato.
Vamos por partes:
Peça 1 - recuperação das commodities
Uma das grandes manipulações da mídia nos últimos anos foi associar os problemas da Petrobras apenas à corrupção e ao congelamento de tarifas do governo Dilma Rousseff. Os problemas maiores foram decorrência da queda brutal dos preços do petróleo, de mais de 100 dólares o barril para um fundo do poço.
Os tais R$ 20 bilhões que a Petrobras abateu do seu balanço referem-se exclusivamente ao ajuste para acompanhar o novo preço dos combustíveis, e não às propinas, como falsamente foi espalhado pela Lava Jato. E nunca esteve à beira da insolvência, como fez crer uma propaganda maciça de fakenews pela mídia.
Com a recuperação das cotações internacionais, os ganhos serão imediatos. Além disso, embora não se vislumbre em Haddad a disposição de denunciar os contratos já fechados para a exploração do pré-sal, é quase certo que interromperá os leilões e irá recuperar os princípios básicos da lei da partilha: voltar os componentes de conteúdo nacional, retomar as encomendas para a indústria naval e interromper os leilões de exploração.
Peça 2 – a política cambial
Sem afrontar os dogmas do sistema de metas inflacionárias, o novo presidente poderá se valer das próprias regras do mercado para flexibilizar a política monetária e cambial.
Especialistas do mercado enxergam as seguintes possibilidades.
Câmbio - Receberá o país com o câmbio desvalorizado e com as contas externas em dia. Aliás, uma das grandes heranças do lulismo foi ter aproveitado a enchente de dólares da economia mundial para zerar o passivo externo e montar uma boa base de reservas cambiais.
Fluxo cambial - A recuperação do preço das commodities injetará uma boa quantidade de divisas na economia. Será importante não permitir uma nova apreciação do real. Isso será possível em duas pontas:
Ponta 1 - a redução do diferencial de juros entre o real e o dólar.
Espera-se uma elevação na taxa de juros americana. Estima-se que poderá chegar a 3% ao ano. A estratégia brasileira consistiria em reduzir ainda mais a Selic, eliminando o diferencial de juros com os EUA.
Será possível mesmo incorporando uma miragem criada pelo mercado: a taxa de juros de equilíbrio, ou seja, a taxa de juros que seja neutra em relação à inflação e à atividade econômica.
Essa miragem foi desenvolvida por Pérsio Arida anos atrás. Estimava, então, que o Brasil jamais conseguiria conviver com taxas reais de juros de um digito apenas. Com o tempo deu um desconto para 10%, Depois, para 8%. Hoje em dia, a taxa real oscila entre 3% e 4% e a inflação continua domada.
O mercado também desenvolveu cálculos sobre o chamado PIB potencial - isto e, o crescimento possível dadas as condições da economia. Hoje em dia, há um hiato de PIB. Ou seja, o país cresce abaixo do PIB potencial. Significa que as taxas de juros deveriam estar abaixo da tal taxa de equilíbrio.
O real está colado nas moedas dos emergentes. Mas é a moeda de maior liquidez. A cada crise, é a primeira moeda a ser vendida. Passada a crise, a primeira a ser comprada.
Mesmo assim, fechando o diferencial entre juros americanos e brasileiros, se ainda assim houvesse um fluxo de dólares, ele poderia ser esterilizado com operações de swap - que tem um custo, mas não impactam a dívida líquida nacional.
Peça 3 – a política monetária
Confirmada a vitória de Fernando Haddad, o mercado tenderia a puxar as taxas de juros longas, da NTNB.
Trata-se de um título da dívida que paga IPCA mais uma taxa de juros negociada a mercado. Com a Selic elevada, as NTN-Bs se tornaram um sorvedouro da poupança privada, especialmente dos fundos de pensão, por oferecer rentabilidade maior do que a taxa atuarial necessária, sem risco algum. O patrimônio total dos fundos chega a R$ 1 trilhão. Sua meta atuarial é de IPCA + 5,5%. As NTNBs longas pagam 6,5% mais IPCA, sem risco nenhum.
Com um diretor de política monetária habilidoso, será possível montar a seguinte estratégia:

  1. Se o mercado puxa a taxa de juros para cima, há uma queda no valor do título à vista - o chamado PU (Preço Unitário). É simples entender. O preço de vencimento do papel é, digamos, 100. Se ele rende 10% ao ano, e falta um ano para o vencimento, seu PU será de 90,91 (100 / 1,10 = 90,91). Se a taxa sobre para, digamos, 15% ao ano, o valor do PU cairá para 86,96 (100 / 1,15 = 86,96). O BC pode se aproveitar desse movimento para recomprar as NTNBs e substituí-las por LTNs (Letras do Tesouro Nacional), pré-fixadas. O aumento da demanda por LTNs promoverá uma elevação no seu PU – resultando em menor custo para o BC.
  2. Com esse movimento, e com a redução das taxas de juros, os fundos de pensão terão que buscar papéis mais rentáveis. E aí, abre-se o mercado para papéis privados, os CRAs (Certificados de Recebíveis Agrícolas) e debêntures de infraestrutura.
  3. O mesmo ocorrerá com os bancos que emitem CDBs e que não terão mais as facilidades dos juros da dívida pública para se remunerar.
Haverá outro ganho indireto. Com as NTNBs, o mercado sempre apostava no caos: quando mais desarrumada a economia, mais elevadas são as taxas das NTNBs. Com os pré-fixados, passarão a ser sócios da estabilidade.
Peça 4 – retomada das obras paradas
Para completar o quadro, há uma imensidão de projetos públicos já licitados, analisados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e suspensos devido aos receios com a irracionalidade da Lava Jato e seus filhos.
Esses projetos foram completados no governo Dilma. Para cada um deles exigiu-se a constituições de SPEs (Sociedades de Propósito Específico), com o capital blindado em relação aos acionistas principais – as grandes empreiteiras.
Mas, depois dois abusos do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, com condução coercitiva de dezenas de técnicos do BNDES, criminalização de qualquer operação, houve o chamado apagão das canetas – nada se aprovava, nenhuma medida era tomada, porque tudo estava exposto à criminalização pelo MPF.
Um pacto entre o governo, o STF, a PGR, destravaria os investimentos que seriam rapidamente colocados em marcha. Vale o exemplo dos EUA. A Odebrecht recebeu uma multa bilionária da SEC (a CVM dos EUA). Imediatamente após a aplicação da multa, a própria SEC entrou em conta com os bancos norte-americanos solicitando que destravassem os financiamentos à Odebrecht, inclusive para que a multa pudesse ser honrada.
Além disso, com a taxa de juros em 6,5%, o governo poderia injetar recursos no BNDES sem impacto na dívida pública. O impacto ocorria devido ao diferencial entre as taxas do BNDES e a Selic de 14%. Com Selic próxima às taxas do BNDES, não há impacto na dívida pública.
Segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), cada R$ 1 milhão investido no setor gera, em média, 26 empregos.
Só a Linga 6 do Metrô de São Paulo exigirá R$ 15 bilhões de investimento. O PAC Mobilidade, outros R$ 32 bilhões espalhados por várias capitais.
A terceira etapa de concessão de rodovias, outros R$ 13 bilhões, divididos entre a BR 153, BR 101, BR 163, BR 050.
No setor ferroviários, apenas o Ferroanel de São Paulo exigirá outros R$ 3,5 bilhões; a Norte-Sul, mais R$ 4 bilhões. A modernização da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) outros R$ 6 bilhões. Há R$ 3,5 bilhões de projetos parados dos aeroportos.
Destravando os investimentos, só nessa retomada de obras haverá condições de gerar, por baixo, 2 milhões de empregos.
Sem contar os investimentos externos. Os chineses, por exemplo, estão aguardando os primeiros sinais de estabilidade política para voltar a investir.
Peça 5 – a PEC do gasto
A desastrada PEC do Gasto produziu um pterodátilo nas contas públicas. A alegação final era a necessidade de conter gastos para aumentar os investimentos públicos. Mas incluiu-se o investimento público na lei.
Então, se o PIB crescer, digamos, 2,5% ao ano, os investimentos públicos permanecerão congelados, sem conseguir acompanhar o PIB e, por consequência, sem conseguir melhorar a produtividade da economia.
De alguma maneira terá que ser revista.
GGN

terça-feira, 25 de setembro de 2018

NINGUÉM DESAFIARÁ A DEMOCRACIA NO BRASIL, DIZ TOFFOLI

O presidente da República interino, Dias Toffoli, afirmou nesta terça-feira (25) que o Supremo Tribunal Federal (STF) cumprirá seu papel de “garantir a constituição e a lei” durante e após concluído o processo eleitoral. Ele ainda acrescentou que ninguém desafiará a democracia no Brasil.
"Tenho certeza que todos os candidatos têm clareza que o respeito às regras do jogo faz parte da possibilidade de uma vitória em um eventual segundo turno. Ninguém vai se arriscar a desafiar a democracia no Brasil. Estamos atentos a defender a democracia no Brasil”.
Toffoli deu entrevista coletiva no Palácio do Planalto, à tarde. Ao chegar ao salão leste do segundo andar, cumprimentou os jornalistas um a um antes e, em seguida, respondeu a várias perguntas. Ele disse que o presidente da República a ser eleito este ano deverá dialogar com toda a sociedade. Para Toffoli, o clima de polarização social é normal na disputa eleitoral, mas não poderá ser refletido em sua conduta como chefe do Executivo nacional.
O presidente da República em exercício, Dias Toffoli, durante entrevista coletiva, no Palácio do Planalto. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
“Aquele que for eleito terá que dialogar com todos. Não tem outra situação possível. Seja com o Congresso Nacional, seja com o poder Judiciário, seja com os sistemas de controle, seja com a sociedade organizada, com a imprensa e com a comunidade internacional”, disse. “Temos diferenças sociais, diferenças regionais e ideológicas. Seja quem for o presidente da República eleito, ele saberá ser crismado na pluralidade”, completou.
Frio na barriga
Toffoli volta ao Palácio do Planalto após ter passado por lá como subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, de 2003 a 2005. Ele afirmou que voltar, desta vez como presidente da República, lhe causa alegria, mas provoca “frio na barriga”. “É uma alegria voltar ao palácio. Fui servidor aqui e nesses dois dias como presidente em exercício só encontrei amigos. Pessoas alegres e contentes com a nossa presença. Dá um frio na barriga, não vou mentir, mas, por outro lado, há uma emoção muito grande”.
Ele ainda agradeceu ao presidente Michel Temer por permitir que ele marcasse esse período de interinidade com medidas “muito positivas”. Dentre seus atos ontem (24) e hoje, Toffoli sancionou leis de acesso à educação e ampliou a licença-paternidade de integrantes das Forças Armadas de cinco para 20 dias.
“[Gostaria de] agradecer ao presidente Michel Temer a oportunidade de marcar essa interinidade com atos muito positivos. Em defesa da mulher, da infância e da juventude; em defesa da paternidade. Tive essa grata oportunidade de ter participado deste momento de dois dias no exercício da presidência. Com toda a responsabilidade e seriedade necessárias, mas com todo o apoio, que é necessário também”.
Toffoli, que é o atual presidente do STF, fica na presidência da República interinamente até a noite de hoje (25), quando Temer retorna de Nova York, onde acompanhou as atividades da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
JB/Agência Brasil

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

IBOPE DE HOJE HADDAD VAI A 22% E GANHA NO SEGUNDO TURNO, BOLSONARO EMPACA EM 28%

Pesquisa ainda registrou a vitória de Haddad contra Bolsonaro em um segundo turno, por uma diferença de 6 ponto percentuais. O candidato da extrema direita só empata com Marina Silva, perdendo para todos os presidenciáveis em segundo turno.
A mais recente pesquisa eleitoral aproxima Fernando Haddad, candidato do PT à Presidência da República, ao até então líder isolado Jair Bolsonaro (PSL). Haddad aparece com 22% das intenções de voto e o presidenciável da extrema direita mantém 28% no IBOPE, divulgado há pouco. 
A pesquisa também mostra que, agora, Haddad ganha de Bolsonaro em um segundo turno, com 43% contra 37%, respectivamente. O candidato do PSL perde de todos os presidenciáveis questionados em segundo turno, empatando apenas com Marina Silva (Rede). 
O candidato do PT apresentou um crescimento de três pontos percentuais, em comparação à pesquisa anterior, feita a menos de uma semana atrás. Já Bolsonaro mantém a liderança com o mesmo nível de expectativa de votos do dia 18 de setembro. 
Os resultados do candidato escolhido por Lula demonstram, também, um isolamento na possibilidade de ir a segundo turno contra Jair Bolsonaro. Isso porque até então empatado com Haddad no IBOPE, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) mantém os 11%, sem crescimento. 
Assim, Fernando Haddad agora registra o dobro das intenções de voto que marca Ciro. Já o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin mantém as baixas intenções de voto, com 8%. E Marina Silva, da Rede, cai um ponto percentual para 5%.
Abaixo, os resultados da pesquisa IBOPE: 
Jair Bolsonaro (PSL): 28%
Fernando Haddad (PT): 22%
Ciro Gomes (PDT): 11%
Geraldo Alckmin (PSDB): 8%
Marina Silva (Rede): 5%
João Amoêdo (Novo): 3%
Alvaro Dias (Podemos): 2%
Henrique Meirelles (MDB): 2%
Guilherme Boulos (PSOL): 1%
Cabo Daciolo (Patriota): 0%
Vera Lúcia (PSTU): 0%
João Goulart Filho (PPL): 0%
Eymael (DC): 0%
Branco/nulos: 12%
Não sabe/não respondeu: 6% 
E os questionamentos para o segundo turno: 
Haddad 43% x 37% Bolsonaro (branco/nulo: 15%; não sabe: 4%)
Ciro 46% x 35% Bolsonaro (branco/nulo: 15%; não sabe: 4%)
Alckmin 41% x 36% Bolsonaro (branco/nulo: 20%; não sabe: 4%)
Bolsonaro 39% x 39% Marina (branco/nulo: 19%; não sabe: 4%) 
A pesquisa divulgada hoje ouviu 2.506 eleitores entre este sábado e domingo (23) e apresenta um nível de confiança de 95% da população, com margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
GGN

domingo, 23 de setembro de 2018

XADREZ DAS TACADAS FINAIS ANTES DO PRIMEIRO TURNO, POR LUIS NASSIF

Indício 1 – a manipulação recorrente na véspera das eleições
Na véspera das eleições de 2014, a revista Veja produziu uma matéria falsa, de capa, com supostas informações de que Lula e Dilma teriam participado dos esquemas de propinas para financiamento de campanha. Foi uma jogada articulada em que, adicionalmente à revista, foram impressas e distribuídas milhões de capas da revista.
Tratava-se claramente de um crime eleitoral. No jantar da posse de Dilma Rousseff, compartilhei uma mesa com o Procurador Geral da República Rodrigo Janot. Indaguei se não seria tomada nenhuma providência em relação ao vazamento. Dois crimes teriam sido cometidos: o suposto vazamento de uma delação mantido sob sigilo; e a manipulação da declaração.
Janot tirou o corpo, alegando que provavelmente o vazamento foi produzido pelos advogados do réu. E ai? Cometeu crime do mesmo modo. O MPF não iria apurar? O PGR mudou de assunto.
Há um histórico de manipulações midiáticas nas vésperas de cada eleição. Relembrando as mais notórias
Sequestradoras de Abilio Diniz aparecendo nas fotos com camisas do PT, enfiadas neles pela Polícia.
Armação da Lunnus, que acabou com a candidatura presidencial de Roseane Sarney, envolvendo José Serra, procurador da República, delegado da Polícia Federal e Globo.
Episódio dos aloprados nas eleições de São Paulo, envolvendo Polícia Civil, José Serra e Globo e valendo-se do mesmo cenário, de notas arrumadas em pacote servindo de fundo para a gravação.
Bolinha de papel, na encenação grotesca de José Serra, envolvendo Serra e Globo..
Operações com estardalhaço na AP 470 e na Lava Jato, sempre em fases decisivas do período eleitoral, aí mostrando a participação direta do MPF e da PF, e não mais ações isoladas, como a da Lunnus.
Portanto, tem-se um padrão claramente definido, nas eleições brasileiras, possível dentro de um ambiente de cartelização da mídia, de criação de factoides visando interferir indevidamente nas eleições.
Indício 2 – os factoides de 2018
Há dois factoides possivelmente sendo guardados para a reta final das eleições: ou do 1º turno ou do 2º turno, tal a confusão de possibilidades.
Um, é a undécima repetição da delação de Antônio Palocci, agora pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal, o mais partidarizado depois de Curitiba. O STF (Supremo Tribunal Federal) já havia começado a questionar o escândalo de delações declaratórias, sob pressão, sem a apresentação de provas.
A Lava Jato cozinhou o  “espertíssimo” Palocci em banho-maria. Fê-lo dar declarações autodesmoralizantes, seguindo o script de um brilhante roteirista curitibano – que incluiu até um “pacto de sangue” entre Emilio Odebrecht e Lula na conversa. Palocci pagou na frente e não levou. Os procuradores já tinham obtido o que queriam – manchetes jornalísticas contra o adversário político
Agora, repete-se o jogo. Palocci entrega na frente, procuradores e delegados atropelam os regimentos e divulgam para a mídia, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) aceita de forma complacente e atinge-se novamente o objetivo.
O segundo factoide é Adélio Bispo de Oliveira, o estaqueador de Bolsonaro.
Há uma série de fatores que conduzem a narrativas opostas, ambas perigosas:
Fator 1 – seu isolamento na cadeia, inclusive longe do contato com seus advogados.
Fator 2 – ainda não se saber quem banca os advogados e como apareceram no local em cima do fato.
Fator 3 – a atuação do delegado Francesquini (maior representante da ala barra-pesada da PF) pretendendo impedir entrevistas agora.
Fator 4 – a informação de que o juiz autorizou entrevista de Adélio à revista Veja na 6ª feira anterior ao dia da eleição.
Fator 5 – a primeira etapa das investigações constatou que Adélio agiu sozinho, tem problemas mentais e todos os indícios confirmam sua versão, a maneira como soube da visita de Bolsonaro a Juiz de Fora, seu aprendizado com facas em açougues etc. Em suma, nenhum indício de participação de outras pessoas. Mas, agora, anuncia-se o encerramento da primeira parte da operação e a abertura de uma segunda rodada, visando apurar a existência ou não de uma ação articulada.
A alegação do delegado Francesquini, para impedir a entrevista agora, foi a de não permitir que Adélio fale alguma coisa que prejudique Bolsonaro. Pode ser que sim.
Mas pode ser também para que não comprometa ou tire o impacto da última entrevista, onde poderia apresentar outra versão, em desenvolvimento até 6ª que vem, visando incriminar o PT e Lula. Do mesmo modo, o republicanismo exemplar das investigações da PF, até agora, pode ser apenas uma estratégia de despiste para o lance seguinte.
Em 2014, depois de intensa discussão, o Jornal Nacional não bancou a capa da Veja.
Agora, se tem a mesma revista, esvaindo em sangue, com dificuldades enormes em caixa, e com a possibilidade de interferir novamente nas eleições.
Para a última edição antes da votação do 1º turno, a revista tem dois materiais:
A delação de Antônio Palocci aos procuradores do Distrito Federal. Esse material está há algumas semanas com ela. A demorar em divulgar ou se prende a negociações com alguns dos atingidos (BTG Pactual) ou visando soltar em cima das eleições.
Na 6ª feira, a entrevista com Adélio, sabendo-se da histórica  capacidade da revista de manipular fatos.
Junto a isso, uma grande dificuldade financeira.
As saídas possíveis
No seu período de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministro Luiz Fux ameaçou as fakenews com os dardos do Olimpo. Envolveu ABIN, Polícia Federal, Ministério Público em uma equipe destinada a combater “antecipadamente” os boatos. E garantiu que eleição que fosse conquistada com notícias falsas seria anulada.
Deixemos as jactâncias de lado para analisar o que se apresenta.
Há a possibilidade concreta de um enorme fakenews espalhado pela mídia na véspera das eleições e, portanto, sem dar condições para que sejam desmentidos.
Há sinais concretos de que o principal instrumento de fakenews da última década, a revista Veja, está se preparando para abordar dois temas potencialmente explosivos.
Nos últimos dias, Ministros do STF passaram a criticar abertamente vazamentos e uso político das delações.
Para preservar um mínimo de seriedade dos tribunais superiores e dos Conselhos corporativos, duas medidas se fazem necessárias:
1ª Medida – a Procuradoria Geral da República (ah, bobagem!), digo o Conselho Nacional do Ministério Público expedir  uma notificação alertando para a proibição de divulgação de inquéritos ou delações, insistindo na possibilidade de crime funcional qualquer vazamento com implicações políticas.
2ª Medida – uma medida cautelar, impedindo a entrevista de Adélio na 6ª feira, devido ao pouco tempo antes da votação para que elas sejam checadas.
GGN

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

LUIS ROBERTO BARROSO, O CAMALEÃO QUE TRAVOU, POR LUIS NASSIF


O estilo camaleão sempre foi uma tecnologia dos políticos, especialmente em períodos de grandes transformações. Confira a destreza de José Sarney ou Antônio Carlos Magalhães, baluartes do regime militar, tornando-se democratas desde criancinha no alvorecer da Nova República. 
Não é exercício banal. Exige conhecimento histórico, discernimento, intuição, senso de oportunidade e coragem. Senão, vira pó. 
À medida em que o Judiciário vai se articulando como partido político, esse estilo passa a ser assimilado por alguns de seus próceres, que passam a se comportar como coronéis da Constituição, administrando seu latifúndio de acordo com os ventos do momento. 
Nenhum caso é mais significativo do que do Ministro Luis Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal). Toda sua carreira dependeu do Estado, do curso de direito na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), ao cargo de procurador do Estado do Rio de Janeiro, que acumulou com uma banca de advocacia bem sucedida.
Em um tempo em que as teses humanistas estavam em voga, fez um belo investimento em sua imagem, atuando pro bono (sem honorários) em casos de grande repercussão no STF. É só conferir seu perfil na Wikipedia para se ter uma ideia do alto retorno de imagem que obteve. 
Tornou-se conhecido por seu trabalho acadêmico voltado ao direito público, bem como por sua atuação como advogado em casos de grande repercussão perante o STF, taiscomo a defesa da pesquisa com células tronco embrionárias e da união entre pessoas do mesmo sexo. Além de exercer a advocacia desde 1981, foi também procurador do Estado do Rio de Janeiro desde 1985 até sua indicação para o cargo de ministro do STF pela presidente Dilma Rousseff em 2013. 
Quando os ventos mudaram em direção à direita, depois de alguns suspiros de respeito à Constituição, Barroso deu início à sua rumba. 
No início, foi meio light, cavalgando a bandeira do empreendedorismo. Em qualquer voto, tratava de incluir um parágrafo atribuindo os malfeitos ao Estado e a salvação ao empreendedorismo. Mesmo que o caso analisado não tivesse a menor relação com o tema. 
Aí, se deu conta de que a grande corneta era a Lava Jato. Tratou de deixar as firulas econômicas de lado e transformar-se em um anjo vingador, lançando dardos retóricos contra os ímpios, e transformando a ação penal em instrumento de “refundação” do país. 
Mas não dava para mudar de feijoada para comida vegana sem uma boa nota de rodapé. E Barroso decidiu se transformar em pensador social. Foi encantador acompanhar esse desfraldar sociológico de Barroso, seu deslumbramento quando descobriu a palavra “empoderamento” e quando passou a recitar lugares-comuns capturados nas orelhas das brasilianas. 
Descreveu o jeitinho brasileiro, descobriu a malandragem das empregadas domésticas, saudou seu colega Joaquim Barbosa, o negro que deu certo. E indignou-se, indignou-se, indignou-se repetidamente, reiteradamente, com a corrupção vigente. A cada brado de indignação, despertava rugidos dos pitbulls do MP, do Judiciário, da Polícia Federal e da malta, os brutos que habitam a alma do povo em qualquer tempo da história, e saem às ruas espalhando destruição assim que se rompem as amarras institucionais do país. E Barroso prosseguia no seu trabalho de desconstrução das instituições, tirando um parafuso da porta, quebrando o cadeado, tirando as algemas legais das bestas. 
Seu apogeu foi quando descobriu o termo “refundação”. Ninguém segurou mais. Refundava o Brasil em cada palestra, em cada entrevista na Globonews. 
Ele, advogado de grandes corporações, parecerista em defesa do amianto, com um escritório que oferecia serviços tipo textos de anteprojetos para serem apresentados naquele lupanar chamado Congresso Nacional pelos lobistas bancados por seus clientes, indignou-se como uma donzela pudica em uma sauna masculina. 
Mas assim como os políticos dos partidos, os políticos do Judiciário não podem ficar só no discurso negativo. Há a necessidade de um final feliz, um prá frente Brasil. Barroso desenvolveu, então, o mote da bonança depois da tempestade. O quadro atual é feio, mas é prenúncio de um futuro radioso. Pois, como disse Norberto Nobbio, quando o passado morreu e o futuro ainda não nasceu o cenário fica momentaneamente ruim. 
Não havia nenhuma indicação de melhora, pelo contrário. A cada dia, piorando. A coisa tá ficando feia, Ministro. Pois é, quanto mais feia, mais radioso o futuro que nos espera. E a besta ganhando o formato de um capitão da reserva... 
Aí ele emendava com votos de fé no Brasil. Afinal, foi um país que venceu a hiperinflação e conseguiu reduzir a miséria pode tudo. Nem adiantava pontuar que todos os instrumentos de combate à miséria estão sendo eliminados pelo governo que ele ajudou a colocar no poder e por uma lei do teto, que ele ajudou a legalizar. E o país voltou a conviver com manchas de fome crônica. 
Até que chega o fator Bolsonaro. Ou seja, depois da tempestade, anuncia-se um terremoto de proporções ciclópicas. A cada dia que passa, a cada aumento da ameaça Bolsonaro, mais nítido fica sendo o papel de Barroso, de estimulador do discurso de ódio e de desacato a princípios básicos de direito. Até os mais lerdos já conseguem entender relações claras de causalidade entre o discurso de legitimação do Estado de Exceção, de Barroso, e o caos político que o país passou a enfrentar. 
Como é que o nobre Barroso vai dar o salto tríplice, agora? 
Na posse de Dias Toffoli na presidência do Supremo, via-se um Barroso, claramente derrubado, repetindo pela enésima vez o discurso anticorrupção. O escultor ficou prisioneiro da escultura que modelou para si. Dorian Gray finalmente conseguiu se enxergar no espelho. 
Não mais o bravo constitucionalista defensor das grandes causas – imagem que Barroso construiu para si, com a habilidade de um marqueteiro. Mas apenas o boquirroto envelhecido, temendo o momento decisivo, em que irá parar na frente do Alvorada balbuciando slogans incompreensíveis, até que Bolsonaro mande um guarda tirar aquele chato dali. 
No segundo turno haverá muita gente torcendo pela derrota do bolsonarismo. Nenhuma com o fervor de Barroso, em pânico com o bebê de Rosemary que ele, Barroso, colocou no mundo.
GGN

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

BOLSONARO É AMEAÇA A DEMOCRACIA E AMÉRICA LATINA, DIZ THE ECONOMIST

"Os brasileiros não devem ser enganados: além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro tem uma admiração preocupante pela ditadura", alerta revista britânica para riscos do candidato da extrema direita.
"Hoje em dia os brasileiros devem se perguntar se, como a divindade no filme, Deus saiu de férias", escreveu a revista britânica "The Economist", no artigo "Jair Bolsonaro, a mais recente ameaça da América Latina", publicado nesta quinta-feira (20). 
A reconhecida revista não só apresentou o candidato da extrema direita como ameaça em editorial, como também estampou na capa da edição desta semana, com uma fotografia do presidenciável nas cores do Brasil, com a manchete: "A última ameaça da América Latina: BOLSONARO PRESIDENTE". 
No texto, a publicação faz menção ao filme "Deus é brasileiro", ao valorizar as riquezas naturais, a música e a beleza do país, que agora tem tudo a perder. "O Sr. Bolsonaro seria uma adição particularmente desagradável ao clube de populistas no mundo. Se ele vencesse, poderia colocar em risco a própria sobrevivência da democracia no maior país da América Latina", pontua. 
A reportagem lembra que os grandes índices de intenções de voto a Bolsonaro se devem às justificativas de uma economia fracassada, com alto nível de desemprego, a corrupção do colarinho branco, o descrédito da classe política deflagrado pela Operação Lava Jato, um Congresso que torna a corrupção de Michel Temer impune, etc. 
"Até então, ele era um congressista de sete mandatos pelo estado do Rio de Janeiro, reconhecido de longa data por ser grosseiramente ofensivo. Bolsonaro disse que não iria estuprar uma congressista porque ela era 'muito feia'; que preferiria um filho morto a um gay; que os quilombolas que vivem em assentamentos são gordos e preguiçosos", enumerou. 
"Mas, de repente, essa disposição de 'quebrar tabus' está sendo interpretada como uma prova de que ele é diferente dos padrões políticos da capital, Brasília", concluiu The Economist: "E, assim, para os brasileiros desesperados por se livrarem de políticos corruptos e traficantes de drogas assassinos, o Sr. Bolsonaro se apresenta como um xerife sensato." 
Sobre o recente ataque a Bolsonaro durante um comício, a revista afirma que "só o tornou mais popular e o protegeu de uma crítica mais minuciosa pela mídia e por seus adversários". 
Mas a edição pede cuidado, ao se lembrar do que diz a própria história da América Latina. "Os brasileiros não devem ser enganados: além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro tem uma admiração preocupante pela ditadura". 
Um dos exemplos citados é o caso da ditadura no Chile de Augusto Pinochet (1973-1990), que misturou políticas autoritárias com a economia liberal do "Chicago Boys". "Eles ajudaram a estabelecer o terreno para a prosperidade relativa de hoje no Chile, mas a um custo humano e social terrível", relembrou. 
Por fim, o editoral sugere que os brasileiros não devam se deixar levar por Bolsonaro, cujo lema poderia chegar a ser "eles torturaram, mas agiram". "A América Latina conhece todos os tipos de homens fortes, a maioria deles terríveis". 
E os riscos são grandes, considerando que "a democracia do Brasil ainda é jovem" e que "até mesmo um flerte com autoritarismo é preocupante". 
"Em vez de cair nas promessas vãs de um político perigoso, na esperança de que ele possa resolver todos os seus problemas, os brasileiros devem perceber que a tarefa de curar sua democracia e reformar sua economia não será fácil, nem rápida. Algum progresso foi feito - como a proibição de doações corporativas a partidos e o congelamento de gastos federais. Muito mais reformas são necessárias. O senhor Bolsonaro não é o homem que o fornece", finaliza.
GGN

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

XADREZ DO INÍCIO DO GRANDE PACTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA, POR LUIS NASSIF

Peça 1 – as ameaças à democracia
Antes de começar o nosso Xadrez de hoje, sugiro uma releitura no artigo “Xadrez do papel de Lula no mundo”. Ele faz um apanhado das ameaças atuais à democracia liberal na Europa, América Latina e Brasil.
Hoje em dia há uma luta mundial contra a democracia liberal, refletida na campanha indiscriminada contra a classe política e na judicialização da política, com o poder sendo empalmado por corporações que não foram eleitas pelo povo.
São expoentes dessa campanha, por razões diversas, mas com objetivos comuns, os seguintes setores (para facilitar a explicação, vamos personalizar essas forças)
Na base, movimentos tipo MBL e seguidores de Bolsonaro.
No sistema jurídico, os Ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin, um boquirroto, outro discreto, mas ambos as maiores ameaças à democracia, como avalistas dos esbirros dos radicais da base e dos avanços do estado de exceção.
Com o general Mourão, vice Bolsonaro, entra em cena a corporação militar.
No quadro midiático, a Rede Globo.
O fator militar
No Painel Globonews da última semana, o general-de-brigada da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva trouxe subsídios importantes para se entender esse jogo e os movimentos dos quartéis.
É uma repetição do que ocorre com o estamento jurídico, ambos estruturas hierarquizadas.
A base das Forças Armadas, “formada por gente mais humilde”, é Bolsonaro, diz o general. No topo, o pensamento dominante é do general Mourão, um repetidor de slogans econômicos da Globonews.
Com diferenças pontuais, ocorre o mesmo no Judiciário. Na base – Lava Jato, procuradores e juízes de 1ª instância – a influência maior é o MBL e Bolsonaro. Na cúpula, compartilha-se do mesmo sentimento anti-política – e, portanto, anti-democracia liberal – do Estado Maior das Forças Armadas, e a mesma presunção de se tornar condutores do país.
Com exceção de temas morais, os dois grupos têm a mesma visão sobre o chamado interesse nacional, defendendo o desmonte do Estado – respeitando obviamente os privilégios das respectivas corporações -, a abertura indiscriminada da economia, a plena liberdade dos capitais, a criminalização de toda atividade política, a defesa da força do Estado contra os recalcitrantes, a subordinação cega ao mercado, demonstrando uma ignorância líquida fantástica sobre o conceito de interesse nacional, ainda mais em duas instituições fundamentais para o funcionamento do Estado.
É importante anotar dois movimentos retratados pelos jornalistas de Brasilia. O primeiro, do general Mourão policiando as tolices de Bolsonaro. O segundo, de fontes militares policiando as impropriedades do general Mourão. Dia desses, o próprio general Villas Bôas, comandante das FFAAs, divulgou em seu Twitter um artigo que discorria sobre as estratégias dos militares para se aproximarem da opinião pública. São sinais nítidos de construção interna de um discurso político que transcende o papel das Forças Armadas.
Fornecendo a base de mobilização da opinião pública e de construção do cimento ideológico, a onipresente Rede Globo e seus diversos braços midiáticos.
Peça 2 – o tigre que provou carne fresca
Para se chegar ao estagio atual do estado de exceção, não se imagine um movimento coordenado, centralizado, com alto comando e estratégias previamente definidas.
Há um fato inicial que deflagra o processo e alguns agentes indutores – como foi o caso da colaboração da Lava Jato com o DHS dos Estados Unidos. Mas a base foi o antipetismo e os movimentos de rua estimulados pela Globo.
Depois, o movimento ganha uma dinâmica própria e vai se amoldando a cada nova conformação de força, à medida em que ganha musculatura e se populariza junto à opinião pública. Do combate à corrupção política, ingressou-se no estado de exceção com a  repressão violenta aos movimentos de rua, a perseguição a movimentos sociais, invasões de universidades,  e outros centros de pensamento crítico, criminalização de jovens manifestantes, perseguição por parte de juizes, procuradores e delegados a quem ousasse questionar seus poderes. Tudo sob o estímulo irresponsável de Ministros do STF.
E aí, consolida-se uma das leis máximas da política: as moléculas tendem a ser atraídas pelos corpos que possuem maior massa crítica. Deixaram a onda crescer até se transformar em tsunami. E ela foi atraindo para seu centro de gravidade os chamados agentes oportunistas: no STF, Luis Roberto Barroso, Carmen Lúcia e Luiz Edson Fachin; na Procuradoria Geral da República Rodrigo Janot e, depois, Raquel Dodge.
Era questão de tempo para que a nova conformação engolisse os formuladores originais, a classe política aliada da mídia e do Judiciário.
Peça 3 – caindo à ficha
Há muitos e muitos anos fala-se na aliança entre PSDB e PT visando preservar a política dos avanços dos inimigos da democracia. Sempre esbarrou na resistência das respectivas lideranças.
A mais influente liderança do PSDB, Ministro Gilmar Mendes, do STF, foi um dos principais agentes da radicalização, ao tentar impugnar a reeleição de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral, criminalizar meras incorreções administrativas na prestação de contas da campanha, e denunciar, como lavagem de dinheiro, até vaquinhas da militância para pagar multas de lideres condenados.
Mas, com sua inegável competência, e noção do poder de Estado, foi o primeiro a perceber o tamanho do maremoto que se avizinhava, quando se liberou geral para os abusos de juizes, procuradores e delegados. No Supremo, ele, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello se tornaram os vigilantes da democracia e do respeito às leis.
Agora, a ficha caiu também para outra liderança histórica do PSDB, Tasso Jereissatti. Para o jornalismo político da velha mídia, todos os atos são explicados por diferenças pessoais – no caso, com Alckmin -, revanche, inveja e coisa e tal. O grito de Tasso foi mais que isso: foi uma autocrítica que abriu espaço para uma próxima aliança contra a besta.
FHC, que sempre foi conduzido, será o próximo a chamar o partido à razão.
Peça 4 – a estratégia Lula-Haddad
É esse o pano de fundo para a estratégia que vem sendo desenhada  por Fernando Haddad – certamente planejada por Lula.
Os jornais, com a incrível capacidade de acreditar nos mitos que criam, anunciam que Haddad está fazendo um movimento em direção ao centro. Ora, a própria indicação de Haddad a vice de Lula, meses atrás, já era parte desse movimento.
Já havia plena consciência que, sem um arco ampliado de alianças, o PT não conseguiria sair do gueto a que foi jogado pelo golpe.
Desde seus tempos de Prefeitura, Haddad cultivou relação civilizada com setores políticos fora do espectro fisiológico. Chegou a ganhar inimizades dos setores mais radicais do PT, ao não brandir slogans petistas tradicionais contra FHC, Geraldo Alckmin e outros tucanos moderados. Sempre respeitou Ciro Gomes, e foi por ele respeitado.
Embora sem a contundência de Ciro, manteve uma fidelidade férrea aos princípios que abraçou, de racionalização, modernização sem ruptura da gestão pública e do jogo político. O que não o impediu, em plena Globo, de apontar dois fatores essenciais de modernização do país: o fim do cartel da mídia e do cartel dos bancos.
O risco Bolsonaro poderá acelerar o pacto político-partidário e conferir musculatura a um provável governo Haddad. Nelson Barbosa está avançando em Contatos com o meio empresarial. Um governo de coalisão ajudaria enormemente o novo governo a enfrentar o maior desafio político desde a redemocratização: a reconstrução institucional, implodida pelo golpe..
No STF, a eleição de Dias Toffoli para a presidência abre uma janela de oportunidade, depois da vergonhosa gestão de Carmen Lúcia. Os primeiros movimentos de Toffoli, propondo-se a pacificar a casa e a se aproximar dos demais poderes, indicam tomada de consciência sobre a gravidade do momento atual.
Ontem, a investida do Ministro Ricardo Lewandowski, criticando a anemia dos órgãos de controle do Ministério Público e da magistratura, e defendendo a lei contra abuso de autoridade, foi mais uma demonstração que o legalismo está se revigorando no Supremo.
Há uma enorme luta pela frente. Mas, agora, se tem um roteiro claro e lógico a ser seguido. 
GGN

CORPORAÇÕES QUE AGEM COMO "PODERES AUTÔNOMOS (MPF/MPs/PF/TCs/CGU)" DEVEM SER "ESQUADRADAS", DIZ LEWANDOWSKI

O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski defendeu, durante um evento promovido pelo Conjur, a aprovação de uma "boa lei de abuso de autoridade" para "enquadrar" instituições que cresceram sem "nenhum controle" nos últimos anos, chegando inclusive e entrar em confronto com os 3 poderes da República.
Lewandowski pediu "mais 5 minutos" à organização do evento para falar sobre o assunto mesmo sem ter sido questionado previamente. O ministro começou informando que tem feito estudos e estruturado um livro sobre a "autonomização das corporações", e explicou que tem relação com o empoderamento de setores do Ministério Público, Polícia Federal, tribunais de contas e órgãos de controle, entre outras instituições com membros que têm agido além de sua "esfera de competência".
Para o ministro, há "corporações que quase se transformaram em poderes autônomos." Ele citou o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público - órgãos que deveriam investigar e punir os abusos de seus membros - para exemplificar as corporações que cresceram de maneira desenfreada e sem nenhum contrapeso.
Na visão do magistrado, ambos, CNJ e CNMP, são órgãos que prestam "serviços importantes", mas "às vezes alguns desserviços". 
Mas é a "autonomização das corporações que não têm controle nenhum" que deve "ser devidamente enquadrada", defendeu.
Segundo ele, a solução é mais fácil do que parece. "Nesse ponto, eu concordo com alguns observadores da cena politica, e acho que uma boa lei de abuso de autoridade resolveria essa questão sem emenda à Constituição", propôs, arrancando manifestações de apoio.
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terça-feira, 18 de setembro de 2018

HADDAD CRESCE ATÉ EM PESQUISA GLOBAL, TEM 19% NO IBOPE E BOLSONARO 28%

Em apenas 7 dias, o candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, aumentou 11 pontos percentuais na pesquisa IBOPE, ficando em segundo lugar nas intenções de voto, totalizando 19%. A liderança segue para Jair Bolsonaro (PSL), com 28% das intenções. 
A pesquisa IBOPE, divulgada há pouco, indica que Fernando Haddad irá a segundo turno contra Bolsonaro e aumenta a distância do candidato Ciro Gomes (PDT), que registra agora 11% das intenções. 
Em seguida, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tem 7% das intenções, empatado tecnicamente com Marina Silva, da Rede, que tem 6%. 
A evolução de Fernando Haddad, de 11 pontos percentuais desde a última pesquisa, realizada há uma semana, ocorre paralelamente ao crescimento dos eleitores de Bolsonaro, que também obteve um aumento de 2 pontos percentuais. 
Já Ciro Gomes manteve os mesmos 11% das intenções, sem oscilação. Alckmin e Marina obtiveram uma queda: o tucano caiu de 9% para 7% e Marina de 9% para 6%. 
Por outro lado, a margem de erro da pesquisa IBOPE é de 2 pontos, para mais ou para menos, e ainda há um considerável número de eleitores que dizem votar em branco ou nulo, representando 14%, e que não sabem ou não responderam, que são 7%. 
A rejeição aos candidatos também foi questionada pela pesquisa IBOPE, e Bolsonaro lidera com 42% de rejeição dos eleitores brasileiros. Em segundo lugar, o candidato do PT aparece com 29%, Marina Silva com 26%, Alckmin com 20% e Ciro Gomes com 19%. 
Abaixo, os resultados das intenções de voto à Presidência da República: 
Jair Bolsonaro (PSL): 28%
Fernando Haddad (PT): 19%
Ciro Gomes (PDT): 11%
Geraldo Alckmin (PSDB): 7%
Marina Silva (Rede): 6%
Alvaro Dias (Podemos): 2%
João Amoêdo (Novo): 2%
Henrique Meirelles (MDB): 2%
Cabo Daciolo (Patriota): 1%
Vera Lúcia (PSTU): 0%
Guilherme Boulos (PSOL): 0%
João Goulart Filho (PPL): 0%
Eymael (DC): 0%
Branco/nulos: 14%
Não sabe/não respondeu: 7% 
Os níveis de rejeição: 
Bolsonaro: 42%
Haddad: 29%
Marina: 26%
Alckmin: 20%
Ciro: 19%
Meirelles: 12%
Cabo Daciolo: 11%
Eymael: 11%
Boulos: 10%
Alvaro Dias: 10%
Vera: 9%
Amoêdo: 9%
João Goulart Filho: 8%
Poderia votar em todos: 2%
Não sabe/não respondeu: 9% 
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XADREZ DO PAPEL DE LULA NO MUNDO, POR LUIS NASSIF

Peça 1 – civilização contra barbárie
Nas últimas semanas, quatro ex-primeiros ministros europeus vieram ao Brasil em consideração a Lula, e para discutir a crise das democracias liberais. Foram eles Martin Schultz, da Alemanha, Dominique de Villepin, da França, Massimo D’Alema, da Itália, e José Luiz Zapatero, da Espanha, além de Pierre Salé, ex-diretor geral da Anistia Internacional.
Em qualquer país civilizado, haveria cobertura maciça, pela oportunidade única de levar para a opinião pública, sem intermediários, as informações e opiniões de figuras-chave da política mundial.
Presente ao encontro, o linguista norte-americano Noam Chomsky já tinha decifrado esse fenômeno da invisibilidade no seu próprio país. Pessoas com acesso a educação de elite, são treinadas para discernir o que não deve ser dito.
Os grupos de mídia ignoraram as seguintes conclusões dos europeus:
1. A grande disputa mundial se dá entre o multilateralismo e a globalização selvagem que trouxe, como contrapartida, a xenofobia e o individualismo extremado, com o avanço dos partidos radicais e a desmoralização da democracia liberal.
2. O futuro da democracia mundial está sendo travado no Brasil. Se vencer o estado de exceção, se o Judiciário se impuser sobre a política, caindo a democracia no Brasil cairá na América Latina, África e outros países.
3. Depois da morte de Mandela, Lula se tornou o símbolo universal da luta civilizatória. Ele está para a democracia assim como Mandela esteve para a discriminação racial.
Peça 2 – os pontos centrais da disputa
Vamos entender um pouco melhor essa guerra mundial, que é o melhor caminho para explicar a irracionalidade que tomou conta do Brasil.
O pós-guerra consagrou uma nova etapa do capitalismo, tratado como a Era de Ouro. Fortaleceram-se os laços de solidariedade mundial, através das novas instituições criadas e de um conjunto de acordos multilaterais, consagrando direitos humanos e sociais, induzindo o desenvolvimento dos estados de bem-estar social e outros avanços que permitiram a fase de maior expansão e inclusão da história do capitalismo.
Nos anos 70, a expansão do capitalismo financeiro provocou a primeira ruptura, com o fim da paridade ouro-dólar conferindo uma liberdade ampla ao capital financeiro, nos mesmos moldes do que ocorreu no final do século 19 e início do século 20, período que preceu a 1a Guerra.
Produziu bolhas sequenciais, das bolhas bancárias do Japão, nos anos 80, às bolhas cambiais dos anos 90, a Nasdaq nos anos 2.000 até explodir na grande crise de 2008. Mas, até então, havia um razoável controle do ultraliberalismo sobre a política, graças à cooptação de intelectuais, basicamente economistas, acenando com a prosperidade geral, em um ponto qualquer do futuro, se houvesse sacrifícios dos trabalhadores/consumidores no presente.
Era o falso iluminismo, supondo que o avanço da tecnologia resolveria todas os problemas mundiais. trazendo a prosperidade eterna.
Foi uma ideologia tão poderosa, que até mesmo a socialdemocracia europeia sucumbiu a esse discurso, abrindo mão de conquistas sociais e aceitando a livre movimentação de capitais.
Quando veio a crise de 2008, o castelo de cartas veio abaixo. Constatou-se, então, a extraordinária concentração de renda no período, entre nações e internamente entre faixas sociais.
Os exageros das medidas em benefício do grande capital, o falso discurso da meritocracia, como justificativa para o desmonte do Estado social, tudo isso levou ao quadro atual em que o próprio capitalismo liberal se vê ameaçado.
Vamos a um pequeno apanhado de sinais de alertas emitidos ontem pelo The Economist, a bíblia do capitalismo:
O LIBERALISMO fez o mundo moderno, mas o mundo moderno está se voltando contra ele. A Europa e a América estão no meio de uma rebelião popular contra as elites liberais, que são vistas como egoístas e incapazes ou incapazes de resolver os problemas das pessoas comuns. (...) Os governos liberais ficaram tão envolvidos em preservar o status quo que esqueceram o que é o radicalismo. Lembre-se de como, em sua campanha para se tornar presidente da América, Hillary Clinton escondeu sua falta de grandes ideias por trás de uma nevasca de pequenas opiniões. (...) A meritocracia liberal de hoje se incomoda com essa definição inclusiva de liberdade. A classe dominante vive em uma bolha. Eles vão para as mesmas faculdades, casam-se, vivem nas mesmas ruas e trabalham nos mesmos escritórios. A maioria das pessoas deve se contentar com a crescente prosperidade material. No entanto, em meio à estagnação da produtividade e à austeridade fiscal que se seguiu à crise financeira de 2008, até mesmo essa promessa foi muitas vezes quebrada. (...) É o momento de uma reinvenção liberal. Os liberais precisam gastar menos tempo rejeitando seus críticos como tolos e fanáticos e consertando o que está errado.
Peça 3 – os ataques ao multilateralismo
Não apenas a globalização financeira promoveu essa esbórnia.
Em sua palestra, o ex-primeiro ministro francês, Dominique de Villepin, sintetizou os demais fatores de instabilidade global.
O primeiro, o desequilíbrio geopolítico, com a maior potência - Estados Unidos - em queda e uma nova potência - a China - em ascensão. Os EUA vem reagindo a essa perda relativa de protagonismo, e o que parece ser a brincadeira de um homem, Donald Trump, na verdade é um jogo muito mais profundo, que vai continuar após Trump. É um combate total, com riscos militares, tecnológicos, tarifas comerciais etc.
Julgavam que a democracia liberal ganharia em toda parte.
Agora, diante do impasse da história, os EUA e a administração Trump estão imaginando que o caos será favorável aos EUA. Por isso atacam a regulação, as instituições, os tratados internacionais, as instituições internacionais que garantiram a paz internacional nas últimas décadas.
O segundo fator é a ideia de grupos sociais podem mandar em outros, dependendo dos recursos financeiros ou da cor da pele, ou de sua institucionalidade, com a judicialização da política.
O terceiro fator de desequilíbrio foram as redes sociais promovendo enorme balbúrdia de opiniões e informações.
Peça 4 – o fator Lula no mundo
Com a crise de 2008, o neoliberalismo morreu, o pensamento tecnocrático fracassou, mas a política não tinha o que colocar no lugar.
Foi nesse contexto que surge o fenômeno Lula. Surfando nas ondas da crise global, Lula atuou em duas frentes. Internamente, comandando a resistência contra os efeitos da crise internacional. Externamente – graças a Celso Amorim – assumindo a liderança das negociações no âmbito do G20 e do BRICs.
O Brasil se tornou um case mundial por várias razões. No plano internacional, por mostrar a viabilidade de novos centros de influência, fora do binômio Estados Unidos-União Europeia.
Em relação às políticas públicas, iluminou a socialdemocracia europeia. Como observou o italiano D’Alema, Lula surgiu trazendo ideias claras sobre os objetivos da política, que é de se aproximar do eleitor comum, colocar o cidadão como centro das políticas.  Isso em um momento em que a socialdemocracia se debatia com a total falta de rumos, ante a multiplicidade de diagnósticos e propostas que se seguiram à grande crise. De outro, mostrando como se poderia inovar nas políticas sociais, nas formas de participação popular e, especialmente, no feito inédito de tirar 40 milhões de pessoas da linha de pobreza.
Volte um pouco no texto e releia o que o The Economist relaciona como pontos centrais da crise do capitalismo liberal.
Lula se tornou o grande símbolo das virtudes do poder político humanizado, contra o poder financeiro, aliado às tecnocracias locais – peste que está assolando a maior parte das democracias.
Peça 5 – a guerra mundial no Brasil
Os desdobramentos da crise internacional, os novos fatores de influência, produziram um rearranjo das forças políticas e econômicas, cujos atores podem ser melhores qualificados analisando-se os pontos centrais da disputa:
1. O desmonte maior ainda dos estados nacionais, através da desregulação selvagem.
2. O combate ao multilateralismo.
3. A xenofobia e o preconceito.
4. A judicialização da política, com o controle da política por corporações públicas não eleitas.
Como deixou bem claro o editorial do The Economist, não se trata de uma disputa capitalismo vs  socialismo, mas de civilização vs barbárie.
São atores diversos que participam dessa frente obscurantista, dos movimentos de ultradireita, aos defensores do estado de exceção, através do cooptação do Judiciário e da judicialização da política.
No Brasil, três tipos de personagens despontam na brigada do obscurantismo.
Do lado da truculência mais tosca, Raul Bolsonaro, MBL e afins. No plano Jurídico, enaltecendo o estado de exceção e desmoralizando os acordos internacionais, o Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso. Lava Jato e afins são tarefeiros, agentes oportunistas que procuram ocupar vazios de poder. Mas a bênção irresponsável vem do Supremo e, nele, do corneteiro mor, Barroso, profeta maior do obscurantismo. Na frente da mídia, as Organizações Globo.
Analisando-se o cenário internacional, fica mais fácil entender o tiroteio cerrado da Globo contra todos os candidatos a presidente, inclusive os antigos aliados, acentuando a demonização da política e defendendo incondicionalmente os abusos da Lava Jato. Em parte, por suas vulnerabilidades na parte penal, tanto em questões fiscais como nos casos envolvendo a CBF. Mais ainda, por ter tomado partido nessa luta global de instaurar a ditadura das corporações, falsamente legitimada pelo ativismo do Judiciário.
Aliás, foi inesquecível a expressão de Pierre Sané, o ex-diretor geral da Anistia Internacional, comentando a discussão brasileira sobre a obediência ou não aos tratados internacionais, especialmente ao Comitê de Direitos Humanos da ONU que, segundo Barroso, seria um organismo menor, sem representatividade.
Como não teria representatividade? indagou Sané. Seus membros foram indicados pelos países que assinaram o acordo, todos são especialistas internacionais de alta reputação, indicados pelos membros integrantes do acordo. Todos os países-membros se comprometeram a acatar suas decisões. E assinaram os acordos soberanamente, sem nenhuma espécie de imposição. Como dizem, agora, que o acordo não deve ser obedecido?
Mas quem é Sané, perto de um editorial de O Globo, fundado em um voto de Barroso?
“A longa sessão do julgamento também serviu para, pelo voto do ministro-relator, Luís Roberto Barroso, ser detalhada a patranha da tal defesa “da ONU” do reconhecimento da candidatura do ex-presidente.Como ficou registrado no voto de Barroso, não houve qualquer pronunciamento “da ONU”, mas de um órgão administrativo da instituição, chamado Comitê de Direitos Humanos”.
Nem Luiz Edson Fachin ousou colocar em tal situação de risco sua reputação jurídica, explicando tecnicamente a obrigatoriedade da vinculação das decisões internas às decisões do Comitê da ONU.
Peça 6 – a mensagem dos políticos
Na palestra exemplar de Villepin, o chamamento à grande guerra entre a civilização e a barbárie:
“Precisamos de um mundo que volte a se mover por regras (valores). Hoje em dia existem teorias muito eficazes, o ultraliberalismo, que quer transmitir a sensação de que tudo vai se resolver eliminando todas as regulações.
Há a sensação de que a tecnologia irá resolver tudo. Não irá. Quem irá resolver é a política.As regulações sofreram muito. O primeiro golpe foi a subordinação a uma visão tecnológica da regulação. Nossos amigos alemães pensaram que tudo na Europa sairia bem com austeridade para todos. E os gregos pagaram muito caro.A regra da ortodoxia não é suficiente porque por trás das regras há pessoas que têm fome e problemas e não podem ser atendidas como como visão fria das regras.Outro problema é que as ideias vão se proliferando até o ponto de não serem compreendidas. É o caso dos alemães impondo políticas de austeridade de alto custo social.O povo precisa de dois, três objetivos claros para que o caminho seja bem compreendido e os avanços possam ser medidos.No combate entre regimes autoritários e democráticos, a capacidade de convencimento dos autoritários parece maior em muitos países.Daí a relevância de Lula.A vida comum democrática precisa de uma base, e a base é a ordem, e a ordem é a regra compartilhada a serviço de todos. É também necessário um objetivo. É a capacidade de colocar novamente a história em movimento, colocando a política a serviço do povo.Isso pode dar nova esperança ao Brasil. Sou muito otimista de que Brasil possa se levantar de novo com essa esperança.Vocês tiveram nos últimos anos, na missão do presidente Lula, de mudar as coisas neste país. E ele deu uma lição importante para cada um de nós. O que precisamos, como europeus e cidadãos do mundo, por isso obrigado por trabalharem por um futuro que possamos compartilhar todos, uns pelos outros, uma nova esperança compartilhada.
 GGN