Hoje
completa 181 anos a Guerra da Balaiada, chamada ainda Guerra dos
Bem-te-vis, foi a mais longa e numerosa revolta popular ocorrida no Maranhão entre
os anos de 1838 e 1841, com início
em 13 de dezembro de 1838. Os primeiros indícios da revolta ecoaram de um
lugarejo chamado Manga do Iguará, também conhecido simplesmente Manga, na
região do Maranhão oriental.
A
revolta foi liderada por homens pobres, mestiços e também escravos, devido ao
sentimento de opressão que sentiam em relação aos prefeitos, cargo criado por
uma administração conservadora do presidente da província Camargo.
De
um lado, grandes proprietários de terra e de escravos, autoridades
provinciais e comerciantes; do outro, os balaios (vaqueiros,
artesãos, lavradores, escravos, mestiços, mulatos, sertanejos, índios e
negros), sem direito à cidadania e nem ao acesso à propriedade da terra,
buscando o fim de novas arbitrariedades instituídas pelas oligarquias regionais
que haviam subido ao poder após a proclamação da independência, além do fim
de recrutamentos violentos.
Como
em diversas revoltas camponesas, é comum dizerem não haver uma motivação
revolucionária de questionamento do sistema político, conclusão equívoca e
resultado de 150 anos de negação da legitimidade do movimento, além de ter
sido considerada pela ordem monárquica uma anomalia e uma manifestação da
barbárie contra a civilização.
ANTECEDENTES
Apesar
de uma implementação tardia, a economia escravista de plantation caracterizou-se
no Maranhão pelo desenvolvimento e crescimento da importância de uma economia
camponesa de forma diferenciada e autônoma, principalmente
se comparada a outras regiões do Brasil onde também predominaram as
grandes lavouras escravistas.
A
economia camponesa assumia, então, uma função complementar à economia
de plantation, criando assim um antagonismo entre os dois setores, gerando
a base do conflito entre os autodenominados caboclos e os fazendeiros
escravistas, e por fim, preparando o território para a eclosão
da Balaiada.
O
Maranhão era regido por dois partidos: os liberais (chamados de bem-te-vis,
por causa do seu jornal, chamado O Bem-te-vi) e os conservadores
(cabanos, por analogia com os cabanos do Pará, Pernambuco e Alagoas).
A
articulação defasada entre o sertão maranhense e o litoral criou uma separação
antagônica e consequentemente importante para a revolta, acentuando conflitos
entre as camadas sociais no sertão e o poder provincial.
A REVOLTA DOS BALAIOS
Considerada
uma das maiores insurreições populares da época Brasil-Império, a Balaiada
chegou a mobilizar ao menos 12.000 homens ao longo de seus quatro anos de
duração.
A
revolta tomou o nome de Balaiada pois Balaio era o apelido
de um de seus principais líderes, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira.
Ele era um fabricante de balaios, e fora vítima da violência policial, que havia violentado uma de
suas filhas, sem que houvesse punição nenhuma.
A
principal causa da revolta foi a detenção do irmão do vaqueiro Raimundo
Gomes, o Cara Preta, acusado pelo sub-prefeito da Vila da
Manga (atual Nina Rodrigues), José Egito, um cabano. No
dia 13 de dezembro de 1838, Raimundo Gomes, com
nove outros homens, invadiu o edifício da cadeia pública da povoação e
libertou-o, reforçando seu grupo com os prisioneiros soltos e vinte e dois
soldados encarregados da segurança policial da Vila.
Raimundo
Gomes conseguiu o apoio de Lívio Pedro Moura, Mulungueta, e Manuel Francisco dos Anjos Ferreira,
também conhecido como Manuel Balaio, o que deu nome ao movimento.
Os revoltosos, após destruírem e saquearem
fazendas e vilas do sertão maranhense por onde passaram, investiram contra a
Vila de Caxias, que, sob a liderança civil de João Paulo Dias e do
capitão militar Ricardo Leão Sabino, conseguiu resistir,
inclusive com o apoio de mulheres, durante quarenta
e seis dias sob o cerco do bando de Raimundo Gomes.
Quando
não havia mais como defender a vila, o Capitão Sabino simulou haver aderido à
revolta, mas disparou um canhão, causando pânico entre os balaios, resultando
na evacuação da vila. Esta vitória animou o partido dos Bem-te-vi, que
enviou emissários à capital São Luís, pedindo a rendição ao presidente do Maranhão.
Os balaios, porém, eram desorganizados, sem
unidade de comando, e perderam um de seus líderes, o Balaio, que foi atingido
por um projétil atirado de seu próprio bando e morreu de gangrena.
A
importância da revolta reside, por um lado, em seu pioneirismo, tamanho e
grandeza, que envolvem seu impacto na formação do campesinato maranhense, se
fixando como parte importante da história de resistência da população
camponesa. Por outro lado, a Balaiada, como diversas outras revoltas da época
da Regência, teve seu caráter multiclassista,
contando com uma liderança popular desde o princípio, unindo fazendeiros,
vaqueiros e escravos, compondo um exemplo atípico de aliança.
A REPRESSÃO
A
região do Baixo Sertão, onde está localizada a cidade de Caxias, também foi atingida pela Balaiada. Saindo
de Caxias, através do rio Itapecuru,
os rebeldes atingiram o baixo Munim, ocupando a vila de Icatu, na baía de São José, em frente à ilha de São Luís,
criando assim uma grande ameaça ao governo da capital.
Para
combater a situação, a Regência enviou ao Maranhão, como Presidente e
Comandante das Armas da Província o coronel Luís Alves de Lima e Silva, que tinha
experiência militar por ter lutado na Guerra de Independência e
na Guerra da Cisplatina, de 1825 a 1828. Ele
recebeu o comando de todas as tropas em operação no Maranhão, Piauí e Ceará, e
assumiu o comando em 7 de fevereiro de 1840.
Lima
e Silva criou a Divisão Pacificadora, dividindo em três colunas, comandadas
por Sérgio de Oliveira, que ocupou as comarcas de
Caxias e Pastos Bons, João Thomaz Henrique, que
atuou em Vargem Grande e Brejo, e Souza Pinto Magalhães,
que ocupou a Vila de Icatu e as margens do rio Mearim.
A
estratégia dos revoltosos era de guerrilha rural, atacando só os pontos fracos
da defesa do governo; a resposta estratégica foi manter suficientemente
guarnecidas todas as vilas e cidades importantes para os revoltosos. Destes
pontos fixos, Lima e Silva combateu a Balaiada, usando muitas vezes o cerco
contra grupos de rebeldes.
Os
balaios ainda tiveram o apoio de três mil escravos, que fugiram das fazendas,
se aquilombaram e depois ficaram sob a liderança do negro Cosme Bento das Chagas.
BATALHA FINAL
Não
sem esforço, o Coronel derrota Raimundo Gomes, o qual, cercado e isolado, se
rende e entrega a Vila de Caxias às tropas oficiais. É o inicio do fim.
Em
1840, o recém coroado imperador Dom Pedro II, resolve anistiar os rebeldes que
se entregarem. Imediatamente, mais de 2.500 balaios se rendem.
Com
isso, Luís Alves de Lima e Silva esmaga definitivamente aqueles que continuavam
lutando em 1841. Neste mesmo ano, Cosme
Bento é capturado e enforcado. Por sua vez, o vaqueiro Raimundo Gomes é expulso da província e morre no caminho para São
Paulo.
Ao
retornar vitorioso à capital, o Coronel Luís Alves de Lima e Silva recebeu o
título de Barão de Caxias, por ter sufocado esta revolta social.
Fonte: Wikipédia & outros.
Fonte: Wikipédia & outros.