quarta-feira, 2 de março de 2016

Presos sete envolvidos na vingança de Kaleu Torres morto em Buriti/MA

Presos sendo apresentados à imprensa em Teresina

Os seis suspeitos do sequestro e morte de dois presos da Delegacia de Buriti do Maranhão, que foram encontrados em Miguel Alves, foram apresentados em coletiva na Delegacia Geral da Polícia Civil em Teresina nesta terça-feira(01). As vítimas eram suspeitas de matar o empresário Kaleu Torres e teriam sido assassinadas supostamente por familiares do empresário.

Foram cumpridos mandados de prisão contra: a professora Claudiane Lopes do Nascimento Pereira; o instrutor de academia José Iranilton Silva; sua esposa, a professora Sandra Vaz da Silva; o lavrador Eder Jerônimo Vaz, que eram amigos de infância de Kaleu; e também o irmão de Kaleu, o granjeiro Vítor Pontes Fortes Torres e seu padrasto, o autônomo Marcones Plínio Araújo.

A viúva do empresário, Fernanda Costa Pereira, também foi presa, mas por decreto da Justiça do maranhão, por isso ela já está sendo recambiada para o presídio de Pedrinhas em São Luís-MA.
  
"Ela tem uma motivação, já que era o marido dela, e tem um elo. O veículo do empresário é que foi utilizado no sequestro dos dois suspeitos da morte dele. Ela é que tinha a posse desse veículo e teria cedido ao cunhado, irmão de Kaleu", declarou o gerente de policiamento do interior do Piauí, Willame Moares.

Vítor, Eder e Claudiane e uma quarta pessoa do sexo masculino ainda não identificada seriam os autores do “arrebatamento”. Imagens das câmeras de segurança de estabelecimentos da cidade de Buriti registraram a presença de dois veículos encontrados com os suspeitos.

Josemar Rocha, delegado regional de Buriti, destacou que para ter acesso à cidade, é preciso atravessar um trecho de água por meio de uma balsa. Nela, ficaram registradas as presenças da caminhonete e das motos usadas pelos criminosos.

Na delegacia, Claudiana teria simulado a intenção de registrar um boletim de ocorrência. Nesse momento, Vítor, Eder e um outro homem renderam o carcereiro da delegacia e levaram os suspeitos do homicídio do empresário.

"Vamos investigar todos os crimes praticados por eles na delegacia. Eles vão responder pelo roubo, já que levaram celulares e algemas da delegacia, sequestraram os presos e ainda vão responder por associação criminosa, já que mais de três pessoas estão envolvidas no caso", informou.

O homicídio qualificado, praticado no Piauí, ficará a cargo da polícia piauiense.

FAMILIARES NEGAM PARTICIPAÇÃO

 Irmão e padrasto de Kaleu Torres (foto)

Vítor Vieira Fortes Torres, que é irmão de Kaleu Torres, disse que tem três filhos e era que era trabalhador. Ele nega que tenha envolvimento no crime e diz que também é vítima. “Não sei de nada, só que meu irmão está morto. Com certeza (estou sendo injustiçado) porque sou vítima nessa história. Meu está morto e eu vou ser preso?”, questiona. Vitor afirma que estava em casa no dia do crime contra os presos da delegacia. 
Ele afirma ainda que sua família está sendo ameaçada. “Estamos tudo com medo. Toda hora estão ameaçando a gente, que vão matar minha família todinha. Estamos amedrontados”, declarou sem revelar de onde partem essas ameaças.
   
O padrasto também negou a participação no duplo homicídio. Segundo ele, os últimos dias não saiu de perto da esposa, mãe de Kaleu, que está grávida de 9 meses e que tem perdido líquido. “Minha esposa está nos dias de ganhar menino. Todos na rua que moro sabem que estava em casa nessa data (morte dos presos), sou comerciante e vivo do trabalho para casa. A minha esposa teve perda de líquido e fiquei sete dias no hospital com ela. Tenho certeza de que não tenho nada a ver com isso, porque confiamos na Justiça de Deus”, ressalta Marcondes Araújo. 
   
OUTROS PRESOS
De acordo com José Iranilton, ninguém foi informado dos motivos das prisões. “Eu nem sei porque estou aqui. A minha mulher [Sandra] também não foi informada de nada. Ninguém sabe de coisa nenhuma”. 

Somente Sandra, dentre os presos, demonstra nervosismo com a prisão. Ela permanece a maior parte do tempo de cabeça baixa e já chorou bastante. 

O advogado Nazareno Thé, já conversou com seu cliente, Eder Jerônimo, e falou ao portal que ainda vai se inteirar do caso. “Eu acabei de chegar à Delegacia e sequer sei quais as acusações. Vou começar agora a acompanhar”, disse o advogado.

Advogado Nazareno Thé com um dos presos

Apesar de negarem a participação, o delegado Paulo Nogueira, que comanda as investigações no Piauí, disse que os suspeitos não se preocuparam em esconder evidências.

“Não havia por parte deles muita preocupação por serem descobertos. Primeiro pelo espaço de tempo entre a morte do Kaleu e a morte dos presos, depois pela via de acesso entre as duas cidades, os veículos que utilizaram também eram conhecidos de todos na cidade. O local onde os corpos dos presos foram desovados é próximo da fazenda dos pais de Kaleu. Não é que todos tenham participado de todos os momentos e que seja apenas esses. É provável que chegamos a outros, mas ainda estamos investigando”, declarou. 

ENTENDA O CASO
As vítimas foram identificadas como Sabino Neto Cardoso dos Santos e Leonardo Vieira Silva, conhecido como "Cafuringa", que estavam presos na delegacia, e foram sequestrados da delegacia por um casal que fingiu querer registrar um boletim de ocorrência. Eles foram encontrados mortos em uma lagoa no município de Miguel Alves.

A polícia investiga se foi crime de vingança, feita pela família, que estaria supostamente fazendo justiça com as próprias mãos.

O laudo da morte dos presos constatou que foi um dos mais bárbaros assassinatos da história do Piauí. Eles foram torturados ainda vivos, com os olhos furados, tiveram orelhas, pés, mãos  e braços decepados e até as vísceras retiradas antes de morrerem.

O crime foi desvendado numa operação conjunta entre as polícias do Piauí e Maranhão. 


DELEGADO DIZ QUE CRIME FOI UM DOS MAIS CRUÉIS DO PI; FORAM 12 HORAS DE TORTURA

Delegado Willame Moraes

Sabino Neto Cardoso dos Santos e Leonardo Vieira Silva, conhecido como "Cafuringa", foram torturados durante cerca de 12 horas na cidade de Miguel Alves (110 Km de Teresina), em 14 de fevereiro deste ano. O delegado Willame Moraes, gerente de policiamento do interior do Piauí, declarou nesta terça-feira (1º) que este foi um dos crimes mais crueis que já viu em sua carreira e que os dois ficaram vivos durante 12 horas. 
"Poucas vezes na minha carreira como delegado eu vi algo assim. Eles foram tratados de forma muito cruel. Os dois tiveram seus olhos perfurados, as orelhas arrancadas, mãos e pés decepados e foram eviscerados [tiveram as vísceras retiradas]. Tudo isso em vida", declarou.

O delegado Josemar Rocha, titular de Buriti (MA), de onde a dupla foi sequestrada, comentou que mais pessoas, além dos seis presos no Piauí, podem ter participado da sessão de tortura.

"Eles irão responder pelo homicídio triplamente qualificado, foi um caso de emprego de extremo sofrimento a essas duas pessoas. Além dos presos, nas nossas investigações acreditamos que há mais pessoas que participaram desse homicídio. Vamos apurar isso e novas prisões ainda devem acontecer. Muitas diligências que ainda serão feitas estão sob segredo de Justiça", declarou o delegado do Maranhão.

O delegado Willame declarou que a polícia recebeu informações da existência de áudios do momento da tortura. "Contudo, nada foi confirmado ainda. Soubemos que esses arquivos estão circulando pelas redes sociais, mas isso ainda não chegou até nós".

Os suspeitos de envolvimento no crime são a professora Claudiane Lopes do Nascimento Pereira; o instrutor de academia José Iranilton Silva; sua esposa, a professora Sandra Vaz da Silva; o lavrador Eder Jerônimo Vaz; o granjeiro Vítor Pontes Fortes Torres e seu padrasto, o autônomo Marcones Plínio Araújo. Eles serão conduzidos à Penitenciária Feminina e à Casa de Custódia de Teresina.

Sandra foi presa por receptação, em flagrante, porque estava com a moto usada no crime, que é roubada. 
Vítor é irmão e os demais são amigos de infância de Kaleu Torres, empresário morto em Buriti (MA), no dia 9 de fevereiro deste ano. Sabino e Leonardo seriam os autores do homicídio. A viúva do empresário, Fernanda Costa Pereira, também foi presa, mas por decreto da Justiça do Maranhão, ela cumprirá pena no presídio de Pedrinhas em São Luís (MA). Ela teria fornecido um dos veículos usados no crime.

Os presos foram apresentados hoje (1º) durante coletiva de imprensa na Delegacia Geral de Polícia Civil do Piauí. 

Cidade Verde

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