Só em 2021, Cerrado perdeu 8,5 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa, segundo Inep.
Agropecuária
foi responsável por 98,8% do desmatamento no Cerrado em 2021 - Toninho
Tavares/Agência Brasília.
Ontem (12)
foi o Dia Nacional do Cerrado, bioma que abriga nascentes de oito das 12 bacias
hidrográficas do país e é considerado a savana mais biodiversa do mundo. Ainda
assim, há poucos motivos para comemorar: ele tem sido foco constante de
queimadas, derrubadas de árvores e do avanço da fronteira agrícola.
De
acordo com estudos do Mapbiomas, as atividades do setor agropecuário foram
responsáveis por 98,8% do desmatamento no Cerrado entre 1995 e 2020. O bioma
concentra 30% de toda área desmatada no Brasil.
Um
levantamento de pesquisadores brasileiros publicado na revista Global Change
Biology concluiu que esta perda da vegetação nativa resultou em um
aquecimento médio da temperatura de até 3,5ºC em algumas partes do
Cerrado, nos últimos 15 anos.
"A
destruição da fauna e da flora do Cerrado também significa a destruição
das pessoas. O Dia do Nacional do Cerrado é um dia de conscientização, luta e
esperança", diz Pedro Ivo da Associação Alternativa Terrazul.
A
falta de políticas públicas que preservam o bioma tem ameaçado não só a fauna e
flora como também os povos tradicionais, que dependem do ecossistema para
manterem seu modo de vida. Na última sexta-feira (9) , o presidente Jair
Bolsonaro (PL) sancionou o projeto de lei que reduz em cerca de 40% o
tamanho da Floresta Nacional de Brasília, criada em 1999 para
proteger uma extensão importante da savana, além das nascentes que fluem para o
principal manancial de abastecimento de água da capital brasileira, a represa
do Descoberto.
Bolsonaro
coleciona diversos outros ataques ao bioma, incluindo flexibilizações de
normas ambientais, incentivo ao avanço da agropecuária e ataques a populações
tradicionais. Aliado ao agronegócio, o atual presidente não colocou em
prática o Código Florestal brasileiro e cortou R$ 35 milhões do orçamento do
Ministério do Meio Ambiente para 2022.
O
resultado das ações pode ser traduzido em números: entre 2021 e 2021, 8,5 mil
quilômetros quadrados de vegetação nativa do Cerrado foram devastados,
o equivalente a seis vezes a cidade de São Paulo. Os dados são
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
"Com
esse governo não teremos solução para o Cerrado. Quero, no futuro próximo,
comemorar o Cerrado preservado e vivo", conclui Ivo.
BdeF.
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