A
imensa multidão que se reúne na Plaza de Mayo e em frente à Casa
Rosada, o palácio presidencial argentino têm tanto significado que seus ecos
estão chegando até as grandes cidades brasileiras.
Não
porque Bolsonaro tenha relação com o chocante atentado contra a vice-presidenta
Cristina Kirchner, é claro – embora a sua atrasada e debochada reação (“mandei
uma notinha, lamento”) seja uma mal disfarçada satisfação com o ato abjeto –
mas porque a cena exibida ao mundo é o retrato do grau de violência que a
doentia militância de extrema-direita está chegando por toda a parte.
Não
há quem deixe de ver que também aqui (e até ainda mais) formou-se também o
caldo de insânia de onde brotam personagens como o brasileiro-argentino que pretendia
explodir a cabeça de uma mulher “inimiga”.
Está
se tornando agudo um sentimento de repugnância à crosta de desqualificados que
vai sobrenadando por este caldo e que transborda,a toda hora em palavras e atos
violentos e, até mesmo, num atentado em que se ia balear a cabeça de uma mulher
à queima-roupa.
A
frase de Bolsonaro de que “já estão tentando colocar na minha conta” lembra a
brincadeira infantil do “foi quem estiver com a mão amarela” que os meninos
diziam quando havia algum odor desagradável e o mais idiota mostra a mão para
dizer “não fui eu”.
Não
foi, mas foi o ódio que gente assim, aqui e lá entre os hermanos, semearam
no convívio.
A
diferença é que os argentinos estão demonstrando nas ruas que isso desperta o
repúdio da sociedade, que não quer viver num clima em que as diferenças
políticas sejam resolvidas a bala (“vamos fuzilar a petralhada”).
Um
clima que ameaça, aqui, transformar o Dia da Pátria, semana que vem, no Dia do
Medo.
Tijolaço.
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