Não é nenhuma novidade
a derrota do grupo Sarney neste primeiro turno das eleições em São Luís. Os
três primeiros colocados são exatamente aqueles que de nenhuma forma se alinham
ao seu modelo político adotado no Estado. Aliás, no grupo Sarney heranças políticas,
tem sempre alguém elegendo filhos e netos, parentes e aderentes.
Sarney é senador, tem
um filho deputado federal e é também pai de Roseana, governadora, que por sua
vez tem um genro deputado estadual. A desembargadora Nelma Sarney tem um genro
deputado estadual, inúmeros prefeitos e ex-prefeitos da base do governo têm
filhos e/ou esposas, tios e tias eleitos à Assembleia, Câmaras, Prefeituras e
por aí vai. Assim, as gerações se sucedem no poder obedecendo a uma intrincada
linha de sucessão que não mede mais graus de parentesco.
Para coroamento desse
regime, os parentes que não detêm mandatos ocupam os principais cargos do
Maranhão, nas esferas estadual e federal. Neste fulminante condomínio político,
incluem-se até filhos adotivos, todos a serviço do império dos Sarney.
Vítima principal, o
povo de São Luís há muito sonha com uma alternância de poder. E isso demonstra
em votos e atitudes. Foi visível a decepção, a onda de malogro e desapontamento
que se espalhou quando, em 2010, a cidade tomou conhecimento de que Flávio Dino
havia perdido a chance de disputar o segundo turno da eleição. Roseana se
reelegeu. O grupo Sarney continuou a controlar os cofres e o destino do
Maranhão.
Desestimulada,
entretanto, Roseana não fez o melhor governo da sua vida, como anunciou. São
Luís perdeu a segurança, perdeu a refinaria, ficou sem água potável, sem
aeroporto, sem esgoto tratado e desaconselhável como destino turístico. Para
disputar a eleição de 2012 na capital, os Sarney teriam que enfrentar um
prefeito que espalhava obras por toda cidade e mais um candidato indicado por
Flávio Dino, nome à frente, disparado em qualquer pesquisa, para qualquer cargo
que viesse a concorrer. Recolheram-se todos os principais nomes, ninguém quis
arriscar uma derrota humilhante. Sobrou para o PT que, apoiado pelo grupo
Sarney, acabou em quarto lugar.
Castelo e Flávio Dino,
embora adversários entre si, são os representantes principais da oposição feita
ao grupo que manda há quase cinco décadas no Maranhão. E o resultado da eleição
em São Luís, até agora, se tomadas as proporções de seu reflexo no estado,
ameaçam o poder político e, por extensão, o ideológico e o econômico da família
Sarney.
(Editorial do JP)