Encontro neste sábado,
em Brasília, tentará equacionar divisões em palanques regionais; PMDB demanda
posto de vice em Minas e pode abrir mão de lançar Pezão no Rio. Embora o Maranhão não esteja na agenda mas o imbróglio é grande.
Senador Valdir Raupp (RO)
A cúpula do PMDB
reúne-se neste sábado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a
presidente Dilma Rousseff para tratar de palanques regionais nas eleições de
2014. O encontro acontece na Granja do Torto, em Brasília. Será a primeira vez
que um número maior de integrantes do alto comando peemedebista senta-se para
uma conversa com Lula e Dilma, além do presidente do PT, Rui Falcão, e o
ministro Aloizio Mercadante (Educação).
Se em encontros
anteriores os acordos regionais foram analisados principalmente com o
vice-presidente Michel Temer, desta vez a conversa incluirá o presidente do
PMDB, senador Valdir Raupp (RO), e os presidentes do Senado, Renan Calheiros
(AL), e da Câmara Henrique Eduardo Alves (RN).
Entre os temas em
pauta, está o pedido do PMDB para ocupar a vice na chapa do ministro Fernando
Pimentel (Desenvolvimento) na corrida eleitoral de Minas Gerais. O nome peemedebista
para o posto é o do senador Clésio Andrade.
Já Lula tentará um
acordo de paz com para o Rio de Janeiro, onde o senador Lindbergh Farias (PT)
será candidato. O ex-presidente incluiu um pedido ao comando petista no Rio
para adiar o desembarque do governo de Sérgio Cabral, agendado para este
sábado. O objetivo foi ganhar tempo para negociar com o PMDB sem um clima
pesado influenciado pela ação fluminense no momento da reunião.
A entrega dos cargos
petistas na administração peemedebista é tida como ponto chave para Lindbergh
consolidar o apoio de seu partido, o que Lula lhe garantiu em conversa por
telefone na quinta-feira.
Lula deve se aproveitar
do fato de o PMDB começar a considerar vantajoso negociar uma saída honrosa
para não ser totalmente apeado da administração fluminense, no caso de uma
eventual chegada de Lindbergh Farias (PT) ao Palácio Guanabara.
Isso porque, o comando
peemedebista pode abrir mão da candidatura de Luiz Fernando Pezão para a
disputa à sucessão de Cabral. A avaliação da liderança do PMDB é de que a queda
na popularidade do governador é irreversível e isso deve limitar o crescimento
de Pezão nas intenções de voto, como verificado em pesquisas internas
encomendadas ao Ibope.
Tensão
no Nordeste
Outros palanques ainda
sem acordos são Alagoas e Ceará. Em Alagoas, a pressão é para o PT apoiar ao
governo local o deputado federal Renan Filho. O Palácio do Planalto está
disposto a apoiar Renan pai e, caso o presidente do Senado desista, Benedito de
Lira (PP). Renan pretende buscar a reeleição para seguir no comando do Senado,
decisão que desagrada ao PT, que pretender ocupar a presidência da principal
Casa do Congresso a partir de 2015.
No Ceará, o PMDB
pretende indicar Eunício Oliveira ao governo. A executiva nacional do PT não
tem um nome próximo para apoiar, enquanto o diretório cearense pode insistir na
ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, desafeto do governador Cid Gomes
(PROS), aliado do Planalto.
O ex-ministro Ciro
Gomes (PROS) não deve disputar a sucessão do irmão. Cid não cogita apoiar
Eunício e uma mudança de posição pode custar um bom ministério para o PROS na
reforma ministerial prevista para janeiro. Na reunião deste sábado, o PMDB deve
pressionar para que o PT ceda um lugar na primeira fila do governo para os
irmãos Gomes na reforma em troca da candidatura de Eunício.
Maranhão
Embora a reunião não
tenha incluído o senador José Sarney, o encontro pode abordar também a situação
no Maranhão, onde a executiva nacional do PT estuda intervir no diretório para
manter o apoio à sucessão da governadora Roseana Sarney. A ação ocorre após o
candidato de oposição nas eleições internas do PT, Henrique Souza, derrotar o
atual presidente da legenda, Raimundo Monteiro. Souza é opositor da família
Sarney e tenta levar o partido a apoiar Flávio Dino (PCdoB).
A cúpula do PMDB
pressionará Lula e Dilma para uma solução no Maranhão, onde havia acordo para
nomear o vice-governador Washington Oliveira (PT) como conselheiro do Tribunal
de Contas do Estado (TCE), no lugar de Yêdo Lobão, primo do ministro Edison Lobão
(PMDB).
Oliveira renunciaria ao
posto de vice, abrindo espaço para o presidente da Assembleia Legislativa,
Arnaldo Melo (PMDB), assumir temporariamente o governo para a Roseana disputar
o Senado. Melo disputaria o governo contra Dino, líder nas pesquisas de
intenção de voto.
A nomeação de Oliveira
para TCE foi decidida na última quinta-feira (28), após eleição realizada na
Assembleia Legislativa – decisão que desagradou ao sindicato dos auditores do
tribunal (SINDAECEMA), que, em nota, classificou a escolha de “atraso
institucional e o coronelismo político reinante”.
A Justiça do Maranhão
suspendeu a indicação de Oliveira, após ação impetrada pelo deputado Domingos
Dutra (SDD). O juiz responsável considerou pequeno o prazo de apenas um dia
entre a inscrição oficial da candidatura de Oliveira ao TCE e sua eleição pela
Assembleia. O vice deve recorrer.
Enquanto aguarda um
posicionamento final da Justiça, Sarney deixará a negociação do apoio do PT nas
mãos do vice-presidente Michel Temer, destacado como “advogado dos interesses
do partido”, segundo um interlocutor peemedebista.
Do IG