sexta-feira, 12 de maio de 2017

"O senhor que grampeou o Youssef, poderia saber mais de corrupção que eu", disse ex-presidente Lula

Moro quis saber se Lula não se sentia responsável pela corrupção na Petrobras. Juiz também deu indícios de que a participação do ex-presidente - que admitiu reunião com Renato Duque para falar de propina - era vital para o esquema.

No quarto vídeo do depoimento de Lula a Sergio Moro, o ex-presidente foi questionado pelo juiz se sabia da existênca do esquema de corrupção na Petrobras durante sua passagem pelo governo. Lula respondeu que não tinha conhecimento e nem responsabilidade pelas ações dos ex-diretores que corromperam a estatal. E disparou contra Moro: "Todos nós só ficamos sabendo quando foi pega no grampo a conversa de Alberto Youssef com Paulo Roberto. (...) O senhor que soltou o Youssef e mandou grampear. O senhor poderia saber mais do que eu."

O embate começou quando Lula disse que nenhuma autoridade, institutição ou mesmo a imprensa havia levantado indícios do petrolão à época dos acontecimento. Entre 6'37'' - 7'06'':

Lula: Entenda, doutor Moro, que coisa engraçada. Todos os diretores que indiquei passaram pelo crivo do GSI [gabinete que avaliava as indicações de partidos], foram indicados, não houve um voto contra do Conselho de Administração, nenhuma denúncia de qualquer trabalhador, nenhuma denúncia da Policia Federal, nenhuma denúncia do Ministério Público, nenhuma denúncia da imprensa. E isso aconteceu em 2003 e 2004. Como não posso grampear ninguém e não tinha Youssef na minha vida, eu não tinha como saber.
Mais à frente, o assunto voltou à tona, e Moro até perguntou se Lula não achava que era responsável, ainda que indiretamente, pela corrupção na Petrobras. Entre 25'30'' e 26'50'':

Moro: O senhor ex-presidente tendo nomeado ou dado a palavra final para indicação ao Conselho de Administração da Petrobras de Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Nestor Cerveró, Jorge Zelada, o senhor não tinha conhecimento dos crimes por eles praticados ou desse esquema?

Lula: Não, nem eu, nem o senhor, nem o Ministério Público, nem a Petrobras, nem a imprensa, nem a Polícia Federal. Todos nós só ficamos sabendo quando foi pego no grampo a conversa de Alberto Youssef com Paulo Roberto.

Moro: Eu indago porque foi o senhor que indiciou o nome deles ao Conselho de AdM da Petrobras, é uma situação diferente da minha, que não tenho nada a ver com isso, eu nunca participei dessas negociações.

Lula: O senhor que soltou o Youssef e mandou grampear. O senhor poderia saber mais do que eu.

Moro: Eu decreti a prisão do Alberto Youssef, é bem diferente. Mas enfim, o senhor tendo indicado não tinha nenhum conhecimento disso?

Lula: Nada, eu indiquei tanta gente...

Moro: O senhor tendo nomeado todas essas pessoas, o senhor entende que o senhor não tem nenhuma responsabilidade pelos fatos que eles praticaram na Petrobras?

Lula: Nenhuma.

A CONFISSÃO SOBRE RENATO DUQUE
Neste trecho do depoimento, Moro explorou a cadeia de corrupção na Petrobras, dando sinais de que, para ele, Lula tem papel predominante no esquema, porque foi responsável por dar a "palavra final" sobre todos os diretores indicados para o Conselhor de Administração da Petrobras.

Em particular, o juiz quis saber da relação de Lula com Renato Duque, apontado pela Lava Jato como o diretor que abastecia o caixa do PT junto a João Vaccari Neto.

Duque, pretenso delator, disse a Sergio Moro que se encontrou com Lula, já depois da Lava Jato, para falar da existência de contas no exterior. Segundo Duque, que ainda está preso, Lula teria dito que "não pode ter" nenhum indício de conta. Duque afirmou que mentiu e disse que não tinha conta nenhuma.

Lula admitiu o encontro, mas negou que tenha solicitado a destruição de provas.

Aos 18'45'' a 22'10'': Moro: Esteve pessoalmente com Renato Duque alguma vez?

Lula: Estive uma vez, no aeroporto de Congonhas, se não me falha a memória, porque tinham vários boatos de corrupção e de conta no exterior. Eu pedi para o Vaccari, porque eu não tinha amizade com o Duque, trazer o Duque para conversar.

Moro: Isso foi quando?

Lula: Não tenho ideia. Sei que foi no hangar lá em Congonhas e a pergunta foi simples: 'Tem matéria nos jornais, têm denuncias de que você tem dinheiro no exterior. Você tem conta no exterior?', e ele falou: 'não tenho'. Falei: 'acabou'. Ele não mentiu para mim, mentiu para ele mesmo.

A pergunta mais relevante, saber porquê Lula procurou Duque para discutir a existência de propina no exterior, não foi feita por Moro. O juiz se preocupou em saber por qual razão Lula procurou Vaccari para fazer a ponte com Duque, e se o ex-presidente sabia que os dois tinham alguma relação de amizade.

Moro: Por que fez isso, procurar Vaccari para chegar ao Duque?

Lula: Porque o Vaccari conhecia ele. Só isso. Que tipo de relação eles tinham, eu não sei.

Do GGN

Brasil: a Corte máxima do Judiciário virou Supremo barraco

Esta gente está longe de ser a “esperança do Brasil”. Esperança do Brasil é aquilo que eles não respeitam e desconsideram, com seus ares imperiais: o voto popular e sua soberania; artigo de Fernando Brito sobre os barracos entre Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Rodrigo Janot.

A perda do decoro que há anos vem marcando o Supremo Tribunal Federal parece ter chegado ao seu ponto máximo, embora eu tema que haja ainda degrau mais baixo.

Hoje, na coluna de Jorge Bastos Moreno, em O Globo, Gilmar Mendes responde à atitude de Marco Aurélio Mello de declarar-se genericamente impedido de participar da análises de casos patrocinados por seus parentes advogados.

“[Há] pessoas ao envelhecerem passaram de velhos a velhacos. Ou seja, envelheceram e envileceram.

Ontem foi a vez de Rodrigo Janot soltar uma nota gaguejante onde diz que não atua em processos onde a OAS é parte, diante da denúncia de que sua filha presta serviços advocatícios.

O mesmo Janot que, dias atrás, havia pedido o impedimento de Gilmar Mendes pelo fato de sua mulher atuar no escritório de Sérgio Bermudes, que tem Eike Batista como cliente. 
São só incidentes verbalizados da imensa “parentocracia” que está implantada no Poder Judiciário e em suas cercanias no MP e nos escritórios de advocacia.

Nada disso é novidade e, meses atrás, tivemos a indicação da filha, advogada inexpressiva, de outro ministro supremo, Luís Fux, como desembargadora no Tribunal de Justiça do Rio.

Da Doutora Cármem Lúcia, presidente do Supremo Barraco Federal, não se tem notícia, a não ser que ela teve uma reunião reservada com pesos-pesados do empresariado, decerto para louvar a frase famosa de Anatole France que dizia ser “majestosa igualdade das leis, que proíbe tanto o rico como o pobre de dormir sob as pontes, de mendigar nas ruas e de roubar pão”.

O padrão moral dos homens com mais poder no Brasil é deplorável, embora isso não seja raridade em nossas instituições.

Mesmo aos que não tem a parentalha metida em causas onde uma “mão amiga” vale milhões, bastaria ver a imundície moral que é concederem-se auxílios inexplicáveis, como o auxílio-moradia para quem tem sua própria casa e liberarem pagamentos cumulativos que superam em muito o teto constitucional – Constituição, como se sabe, é um livro que só a estes entendidos é dado lê-lo.

Agora, surge esta onda puritana, que nada tem de pura, porque é o pugilato pelo poder a que se entregam, hoje, nas cortes.

Esta gente está longe de ser a “esperança do Brasil”.

Esperança do Brasil é aquilo que eles não respeitam e desconsideram, com seus ares imperiais: o voto popular e sua soberania.

Consolo pode ser , como diz hoje Janio de Freitas, “na briga entre Gilmar Mendes e Rodrigo Janot, só resta torcer pelo empate”. Ao menos, assim, imobilizem-se um pouco e ameacem menos a democracia.

Com informações do 247

Miriam Leitão mente sobre Marisa e o triplex é a nova ofensiva da Rede Globo contra o ex-presidente Lula

Miriam e Moro: na mídia brasileira, esta cena é normal
Depois do depoimento de Lula a Sérgio Moro, a Rede Globo subiu um patamar na escalada do massacre midiático.

Agregou à estratégia da meia verdade a divulgação de mentiras completas.
A meia verdade pode ser também uma meia mentira, mas, em geral, ela tem um formato que faz parecer coisa séria.

E dá uma porta de saída ao jornalista mentiroso: ele pode dizer que o que disse ou escreve é fato.

Só não disse tudo, mas o que relatou é um fato.

Por exemplo: o caso do tríplex, o centro da acusação que levou o ex-presidente da República a depor em Curitiba.

É fato que a OAS tentou entregar o imóvel para Marisa Letícia Lula da Silva e Lula.

Este é o fato que se vê todos os dias na televisão.

Faz sentido à tese de que o tríplex era propina.

Mas há outros fatos, e estes não são divulgados, porque enfraquecem a tese da propina.

Marisa tinha iniciado o processo de aquisição do imóvel em abril de 2005, com o pagamento de entrada e parcelas, referentes à cota-parte.

Ela pagou à Bancoop um valor que, corrigido, ultrapassa os 300 mil reais.
Isso está declarado no imposto de renda do casal Lula e Marisa.

O imóvel só passou a pertencer à OAS quando a Bancoop quebrou, em 2009.

Também é fato que a OAS, quando entrou em dificuldade e abriu um processo de recuperação judicial, relacionou o tríplex do Guarujá como propriedade dela, para a garantia dos credores.

Como a empresa relacionaria o tríplex se ele não lhe pertencesse? 
Marisa Letícia
 Isso não se divulga, porque enfraquece a tese do tríplex como propina.
A notícia que é martelada todos os dias é: Lula recebeu como propina um imóvel da OAS.

É uma mentira, mas há um fato que a esconde: o empenho da OAS para vender o imóvel a Lula e Marisa.

Por isso, no conjunto, o que se divulga é meia verdade.

Hoje, o Bom Dia Brasil passou para a mentira integral.

Ao chamar Miriam Leitão para comentar o depoimento de Lula – ela não fala mais apenas sobre economia, mas também sobre assuntos jurídicos –, a apresentadora Ana Paula deu o tom, ao dizer que o ex-presidente, “com um discurso político, tentou ESCAPAR das acusações”.

Escapar é verbo que já condena Lula. Mas o que disse Miriam é pior:
— A negativa de Lula no caso central, a compra do tríplex, não responde a vários pontos que ficaram nebulosos e permanecem nebulosos. O mais importante é: por que ele não desistiu ou a família não desistiu quando a OAS abriu essa possibilidade, para todos os compradores  em 2011? E se desistiu, por que é que não pediu de volta os 209 mil reais que a família pagou?

Se Miriam Leitão, que fez fama como comentarista de economia tivesse se prendido à sua área, ela mesma daria a resposta: Marisa comprou uma cota-parte – não o imóvel – e, portanto, era um investimento, que, como tal, se valoriza.

Qualquer pessoa pode deixar sua cota parte lá e, quando lhe for conveniente, resgatar.

Miriam errou ao dizer que a OAS ofereceu a possibilidade de desistência em 2011.

Não foi em 2011, foi em 2009, erros assim acontecem.

Mas mentiu ao dizer que a família não pediu o dinheiro de volta.

Existe uma ação em São Paulo na qual Marisa cobra da Bancoop e da OAS o valor investido.

Era 209 mil reais em 2009. Hoje é R$ 300,8 mil. O processo está na 34ª Vara Cível.

Para revelar a farsa da acusação do tríplex como propina, Miriam Leitão também poderia se valer de seus conhecimentos sobre economia.

O tríplex, além de ser oferecido como garantia no processo de recuperação judicial da OAS, também foi relacionado pela empresa para garantir uma operação de emissão de debêntures – através dessa operação, a construtora captou recursos no mercado. 
O triplex no Guarujá

A OAS ofereceria o tríplex como garantia da dívida se ele pertencesse a Lula e Marisa?

Que tipo de propina é essa?

Se Miriam dissesse isso na Globo, explicando o que é debênture e o processo de recuperação judicial, ela desmontaria o teatro do Lula ladrão, mas, nesse caso, já não seria chamada nem para comentar sobre culinária no programa de Ana Maria Braga.

Na GloboNews, o Festival de Besteiras que Assola o País nunca desliga.

Gerson Camarotti, para sustentar o comentário de que Lula orientou o ex-diretor da Petrobras a destruir provas, diz que, depois da conversa de Lula com Duque, este transferiu o dinheiro da Suíça para Mônaco.

Ora, Duque disse no depoimento a Moro que transferiu o dinheiro porque foi obrigado, não por Lula, mas pelo banco na Suíça — possivelmente em razão do fato de que seu nome já estava relacionado ao escândalo de corrupção.

Camarotti pode ter errado porque não viu na íntegra o depoimento de Renato Duque a Moro, mas não corre risco de perder o emprego por essa mentira.

Afinal, o erro foi contra o Lula. Se fosse a favor, pobre Camarotti.
O que a Globo faz hoje é jornalismo de guerra e isso pode ser tudo, menos jornalismo.

Mas ele segue adiante e, para que atinja seus fins, precisa de assassinos de reputação.

É nítido que o prestígio de Camarotti na GloboNews tem aumentado, mas, nesse papel, ninguém supera a mãe de um dos biógrafos de Sérgio Moro.

Do DCM

O julgamento político de Moro contra Lula

Com a reação nitidamente perplexo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouvia do juiz Sergio Moro o que ele considerava como justificativa para dirigir perguntas no caso do triplex do Guarujá sobre a AP 470, conhecida como mensalão, julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"Eu tenho umas perguntas para o senhor para entender a sua relação com os seus subordinados e assessores. O senhor ex-presidente afirma que jamais compactou com algum dos criminosos, que não tinha conhecimento dos crimes praticados no âmbito da Petrobras no seu governo. Eu entendo aqui que perguntas a respeito de atitudes em relação a crimes praticados por subordinados, assessores ou pessoas que trabalharam na Petrobras durante o seu governo têm relevância para a formação da minha convicção judicial. Nesse aspecto, senhor ex-presidente, eu gostaria de fazer algumas perguntas sobre a sua opinião sobre o caso nominado de 'Mensalão', que foi julgado pelo STF", disse Moro.

Lula não precisou responder à inconformidade daquela pergunta no atual julgamento da primeira instância, antes que os advogados entrassem com os argumentos para destacar a incoerência. Mas não bastou: "é o juízo que vai julgar, é o juízo que entende que isso é relevante", dizia, de forma ríspida, Sergio Moro.

"Vossa Excelência, opinião sobre um julgado do Supremo Tribunal Federal? Vossa Excelência está pedindo para que o ex-presidente opine sobre um julgado, ele não é da área jurídica", insistiu o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins. "Senhor advogado, já foi registrada a sua posição, eu vou seguir adiante, se o seu cliente entender que não deve responder, não tem condições, ele não responde", disse Moro, obtendo risos do próprio Lula, inconformado com o pedido do juiz.

"Opinião se pode discutir na Academia o julgado do Supremo Tribunal Federal, mas não num interrogatório, vossa Excelência pedir opinião de um julgamento a quem não é da área jurídica", falou Zanin.

"Essa posição da vossa Excelência de colher a opinião do interrogado acerca de um outro fato supostamente criminoso, que já foi objeto de cognição e julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, seria mais adequado numa palestra, numa conferência, a que se convidasse o ilustre interrogando para proferir. Mas num interrogatório, eminente magistrado, isto aberra do que está disposto no artigo 187 do Código de Processo Penal, e como nós todos devemos submissão integral à lei, não é? Nós somos meres operadores do Direito, ninguém aqui tem poder soberano ou é o dono do processo ou é o legislador da hora, da ocasião, é importante que sigamos os ditames do que está escrito no exato artigo 187: indagação ao interrogando sobre os fatos delimitados que se encontram dentro do perímetro traçado pela denúncia, vossa Excelência", acrescentou Roberto Batochio.

De forma completamente exaltada, o advogado Rene Dotti, representante da Petrobras, repreendeu Zanin, e chegou a gritar: "O que que ele acha do mensalão?"

"Deve o colega com a experiência que tem saber que, na eventualidade da condenação do réu, o juízo deve fazer indagações sobre a sua personalidade. (...) Qual a opinião sobre aqueles crimes que houve e que [gaguejou] tiveram julgamento do Supremo. O julgamento é uma referência apenas, a pergunta é sobre o fato criminoso. E quer saber a opinião do fato criminoso! A opinião do mensalão! O que que ele acha do mensalão?", disse Dotti.

"Não acha nada! Ele não tem que achar nada!", respondeu Batochio. "Como não? Ele tem que dizer!", afirmou Dotti, quase obrigando Lula a responder. "Mas ele tem que dizer, ele tem que dizer, tem que dizer sim ou não", insistiu o advogado da Petrobras, gritando.

Assista, a partir dos 24:50:
Após a discussão, o juiz federal defendeu a sua autoridade para perguntar "o que entende relevante" para a sua decisão de julgador contra Luiz Inácio Lula da Silva. Em seguida, Roberto Batochio recomendou como defesa técnica que Lula não respondesse a perguntas feitas fora do 'thema probandum', fora do que está na denuncia. "Eu vou seguir a orientação dos advogados", afirmou o ex-presidente.

Moro, contudo, continuou com uma sequência de questionamentos envolvendo o mensalão, entrevistas concedidas por Lula à época dos julgamentos, e até "se o Partido dos Trabalhadores pediu desculpas ou apurou eventual responsabilidade de seus membros", seguindo uma linha, ainda que sem sustentação, nitidamente de estratégia acusatória. 

"Vossa Excelência não está aqui julgando o Partido dos Trabalhadores e nem fazendo um julgamento político do governo do ex-presidente Lula. Essas perguntas me parecem pertinentes a quem quer julgar um partido, o que é competência do Tribunal Superior Eleitoral ou de quem quer fazer um julgamento político. Se continuar a mesma linha, a orientação de defesa vai ser a mesma. Qualquer outro julgamento que fosse Excelência queira fazer será um julgamento fora da lei e de natureza política", disse Zanin. 

"Eu já fui julgado 3 vezes. Pelo povo brasileiro. Você lembra como que foi a campanha de 2006? A campanha de 2006 eu era triturado a cada debate da televisão sobre a corrupção. Eu fui eleito com 62% dos votos. Quando terminou o meu mandato, em outubro de 2010, quando a gente elegeu a presidenta Dilma, foi a outra aprovação minha. Mas em setembro, doutor Moro, eu alcancei 87% de bom e ótimo nas pesquisas. Então eu já fui julgado muitas vezes. Eu não posso ser julgado pelo Código de Processo Penal, numa coisa que eu fui julgado, 10 anos, 12 anos, ficar respondendo uma coisa que foi transitado em julgado. É uma decisão, não da primeira instância, de uma segunda, que vale tanto, mas da Suprema Corte, depois de 12 anos, demorou 7 anos para ser julgado. E isso foi julgado, doutor, no meio da eleição de 2012. E nós ganhamos a eleição em São Paulo. Então eu acho que eu já fui julgado tanto por isso", disse Lula, tentando, sem sucesso, findar as perguntas políticas de Moro.

"Mas a pergunta não é sobre pleitos eleitorais", rebateu o juiz. "Não, mas é sobre julgamento". "O senhor ex-presidente nem foi acusado por esses fatos", continuou Moro. "Doutor, doutor, doutor, eu não to sendo julgado pela minha relação com qualquer condenado. A relação é de cada um. A sua relação com o seu pessoal é sua, a de um advogado é dele, a minha é minha. Quando um político comete um erro, ele é julgado pelo povo. Não é julgado pelo Código de Processo Penal, ele é julgado pelo povo".

Mas o magistrado da primeira instância seguiu com as perguntas relativas a eventos políticos ou manifestações de Lula como político. A defesa do ex-presidente mais uma vez reclamou o intento do juiz. E foi Moro quem criticou as manifestações dos advogados como "cansativa". "Cansativo são as perguntas de vossa Excelência", respondeu Cristiano Zanin, informando que se Sérgio Moro seguisse com estas questões e o julgamento seguisse, ele entraria com um processo de impugnação.

Já ao final das perguntas, Moro questiona algumas manifestações públicas do ex-presidente e ações na própria Justiça, muitas delas ainda tramitando, ou seja, sem sequer obterem um resultado, interpretando-as como tentativa de intimidação de Lula contra a Lava Jato. Em uma das perguntas, Moro afirmou que delegados que realizaram a condução coercitiva do ex-presidente mencionaram que Lula disse que "seria eleito em 2018 e que se lembraria de todos eles".

O ex-presidente negou, disse não se recordar as falas no dia da coerção, mas ressaltou a improbabilidade de ter dito sequer que seria eleito em 2018, porque não estava em condições, à época do mandato, em março de 2016. "Não lembro, mas eu posso dizer agora, eu estava encerrando a minha carreira política, até porque se eu quisesse ser candidato eu seria em 2014. Mas agora, depois de tudo o que está acontecendo, eu vou dizer em alto e bom som que vou querer ser candidato a Presidente da República em 2018". 

Fiscalizando todas as participações de Lula em eventos públicos partidários, Moro mencionou outro caso que interpretou como ameaça, quando o ex-presidente teria afirmado: "Se eles não me prenderem logo, eu mando prendê-los pelas mentiras que eles contam". Após explicar que se tratava de força de expressão, afirmou: "o que eu quis dizer foi o seguinte: que a História não para com esse processo. A História um dia vai julgar se houve abuso ou não de autoridade nesse caso do comportamento da Polícia Federal com o Ministério Público no meu caso", disse Lula.


"E o senhor pretende mandar prender os agentes públicos", seguiu o magistrado, na provocação.
Assista ao vídeo:
Do GGN

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Moro é viciado em si mesmo e desrespeita o devido processo legal, diz Reinaldo Azevedo ex-bajulador do juíz

Reinaldo detona moro no pânico e diz que ele é “viciado em si mesmo”
Azevedo e Moro

Jornalista Reinaldo Azevedo descascou nesta quinta-feira, 11, em críticas o juiz Sérgio Moro pela condução do depoimento do ex-presidente Lula nessa quarta-feria, 10, em Curitiba; durante participação no programa Pânico, da Jovem Pan, Reinaldo disse que Moro desrespeitou o processo legal e acabou “ajudando Lula” ao usar dois inquéritos no depoimento; “Juiz não pode ter convicção. [O que ele fez] foi para ferrar [o Lula]”, afirmou; "O Sérgio Moro, sabe o que ele é? Ele é viciado em si mesmo. É o solipsismo em português. Ele é viciado nos próprios critérios", afirmou o jornalista; assista acima.

O jornalista Reinaldo Azevedo descascou nesta quinta-feira, 11, em críticas o juiz federal Sérgio Moro pela condução do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa quarta-feria, 10, em Curitiba. 

Durante participação no programa Pânico, da Jovem Pan, Reinaldo disse que Moro desrespeitou o processo legal no depoimento . “Moro errou no depoimento, atacou a lei e desrespeitou o devido processo legal”, afirmou Reinaldo. “Ele não pode usar em um processo elementos que são de outros processos”, acrescentou o jornalista, se referindo ao fato de Moro ter feito perguntas sobre o sítio de Atibaia que o Ministério Público atribui ao ex-presidente, e que é alvo de outra ação penal. 

Na visão de Reinaldo, Moro acabou “ajudando Lula” ao usar dois inquéritos no depoimento. “Juiz não pode ter convicção. [O que ele fez] foi para ferrar [o Lula]”, afirmou. 

"O Sérgio Moro, sabe o que ele é? Ele é viciado em si mesmo. É o solipsismo em português. Ele é viciado nos próprios critérios", afirmou o jornalista. Assista acima.

Do 247

A invenção do triplex é "prestação de contas" dos procuradores à Rede Globo, disse o ex-presidente Lula

"Acho importante resolver a questão do triplex, porque o Ministério Público fez acusação se baseando em denuncia da imprensa. Porque todo esse processo esteve subordinado à Globo e Veja. Na verdade, o Ministério Público está prestando contas a esse órgão de impensa", disse Lula a Sergio Moro
  
Jornal GGN - Na segunda parte do depoimento de Lula a Sergio Moro, o juiz de Curitiba entrou, novamente, em confronto com a banca de advogados do petista, porque extrapolou o escopo da denúncia sobre o triplex tentado arrancar respostas acerca do sítio de Atibaia. Enquanto isso, Lula desmoralizou a atuação dos procuradores da Lava Jato, alegando que o caso nasceu de denúncia da Globo e a ação penal virou mera "prestação de contas" por parte do Ministério Público.

O embate começou por volta dos 7 minutos no vídeo abaixo, quando Moro perguntou a Lula sobre mensagens da OAS que falavam de reformas nas cozinhas do sítio e do triplex no Guarujá. 

Lula, que foi orientado a esclarecer apenas o que realmente é objeto da ação penal do triplex, respondeu a Moro: "Esse é outro processo, que quando chegar o inquérito, eu falarei com o senhor, e terei muito prazer de falar sobre isso." O inquérito do sítio não foi concluído.

Nesse momento, o advogado Cristiano Zanin Martins chama a atenção de Moro porque o juiz, mais uma vez, abordou assuntos que fogem de sua competência legal. 

Para Moro, contudo, a pergunta sobre o sítio se justifica porque o assunto está conectado ao triplex graças às mensagens da OAS. 

Mesmo diante de protestos de outros advogados, Moro insistiu na pergunta.

Entre 13'25'' e 14''44'', Lula deu uma resposta a Moro com direito a uma bordoado no Ministério Público Federal, taxando os procuradores da Lava Jato de subordinados da grande mídia:
"Se tem alguém que quer a verdade sobre isso, sou eu. Quando chegar o processo do sítio de Atibaia, eu terei imenso prazer de estar aqui respondendo. Mas acho importante resolver a questão do triplex, porque o Ministério Público fez acusação se baseando em denuncia da imprensa. Porque todo esse processo esteve subordinado à Globo e Veja. Na verdade, o Ministério Público está prestando contas a esse órgão de impensa. E eu quero falar, porque tenho direito de falar que não requisitei, não recebi e paguei um apartamento que dizem que é meu."

Essa segunda parte do vídeo termina com bate-boca entre Moro e os advogados de Lula. 

As mensagens da OAS usadas por Moro eram trocadas internamente. Por isso, Lula disse que não poderia "responder por mensagens e e-mails entre terceiros".

SOBRE O TRIPLEX
 Nessa ação penal, Lula é acusado de receber da OAS benefícios na forma de um triplex no Guarujá e recursos para a manutenção do acervo presidencial, por conta de três contratos da empreiteira com a Petrobras.

Durante se depoimento, Lula explicou que, em meados de 2005, dona Marisa comprou uma cota da Bancoop que viria a ser vinculada a uma unidade comum do condomínio. Porém, a Bancoop teve problemas financeiros e o empreendimento foi transferido, em 2009, à OAS.

Segundo Lula, houve um hiato entre 2009 e 2013, ano em que Léo Pinheiro o procurou para avisar que a unidade vinculada à cota de dona Marisa já havia sido vendida pela OAS, e ofereceu uma visita numa unidade triplex, que estava vazia. Ela ocorreu em fevereiro de 2014. 

Lula disse que encontrou "500 defeitos" no apartamento. Léo teria dito que iria ver um "projeto" para o espaço, mas eles nunca mais se falaram sobre isso. Quem voltou a fazer uma segunda visita foi dona Marisa, que não teria ficado contente com o pouco avanço nas melhorias.

O ex-presidente disse a Moro que, após a segunda visita, Marisa "não relatou a reforma e lamentavelmente ela não está viva para perguntar". "Eu não sei se tinha reforma, o que ela disse é que não tinha nada no apartamento, estava do mesmo jeito que a gente quando a gente foi lá."

"A falta de realização das reformas em agosto de 2014 foi um dos otivos para nao ficar?", perguntou Moro. Ao que Lula rebateu: "Eu não ia ficar porque não tinha ficar. Esse motivo foi que eu não solicitei e não queria o apartamento."

Segundo Lula, Marisa sabia, desde a primeira visita, que ele não queria o triplex porque achá-lo inadequado para a família. E, se ela ainda pensava em comprar, deveria ter a intenção de revenda. "O apartamento estava em nome da minha mulher. Eu já tinha dito em fevereiro que não queria. Ela certamente pensava em fazer negócios se fosse ficar com o apartamento." 

Lula ainda disse que depois da prisão de Léo Pinheiro, em agosto de 2014, o assunto não teve desdobramentos.

E disse que sabia que haveria uma diferença entre o valor da cota de dona Marisa, que valia menos de R$ 300 mil, e a unidade triplex. 

"Houve [conversa sobre diferença de valores], na reunião de 2013, quando Léo foi no Instituto conversar comigo, e estava junto o Paulo Okamotto, presidente do Instituto. Léo começou a mostrar a ideia do apartamento, e o Okamotto perguntou quanto que era o metro quadrado. Ele [Léo] respondeu: 'Nao sei, acho que 6, 7 mil reais'. E ele [Okamotto] respondeu: 'Entao você sabe que se o Lula comprar, tem que ser por preço do mercado. Eu sou contra Lula comprar, mas se ele comprar, tem que ser pelo preço de mercado.'

À Polícia Federal, Lula já havia dito que pagaria pela reforma se fosse comprar o apartamento. "Quero saber aonde está o maldito crime nisso?", disse ao delegado, em março de 2016.

A Moro, Lula ainda disse que considera "esse processo [do triplex] ilegítimo e a denúncia, uma farsa. Eu tô aqui em respeito à lei e à Constituição, mas com muitas ressalvas com o comportamento da Lava Jato."

SEM LIMITES
Não foi a primeira tentativa de Moro, de ir além da acusação do triplex com Lula. Na primeira parte do vídeo, o GGN mostrou que o juiz também afirmou que Lula é acusado de comandar um esquema de corrupção na Petrobras quando, na verdade, o Ministério Público Federal não ofertou essa tese para julgamento.


A limitação do objeto da denúncia pelo próprio juiz Moro não foi problema quando, por exemplo, a defesa de Lula solicitou milhares de documentos da Petrobras que comprovariam que o petista não teve participação nas decisões da estatal e, portanto, não tem vínculos com os 3 contratos da OAS e a Petrobras.

Para impedir o acesso a essas provas, Moro estabeleceu que a denúncia era restrita aos 3 contratos entre OAS e Petrobras, que teriam gerado a propina que pagou benefícios a Lula, como o triplex e a contratação da empresa Granero para cuidar do acervo presidencial.

Do GGN

O depoimento de Lula na lava jato, por Luís Nassif

Falta de visão estratégica dos agentes da força tarefa de Curitiba faz renascer o herói nacional.  
Estão conseguindo criar um herói, é impressionante a falta de visão estratégica dos coordenadores da Lava Jato, incluindo juízes e procuradores. O dia 10 de maio poderá ser marcado pelo renascimento do mito Lula. 
Opinião de Nassif do encontro de Lula com Moro

O ex-presidente chegou em Curitiba, recebido por uma multidão de pessoas, apaixonadas, montando uma cena consagradora nas ruas da cidade.

Em contraposição, no depoimento, o que se viu foi a verdadeira dimensão dos juízes e procuradores. De um lado, uma pessoa que se tornou, durante um certo período de tempo, o estatista mais festejado do mundo, por incluir milhões de pessoas na linha do consumo, sendo comparado a vários heróis pacifistas. E, de repente, por conta da perseguição política, perde a mulher, Marisa Letícia, por complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral, visivelmente abatida pelas pressões que vinha sofrendo nos últimos anos.

O quadro é de uma pessoa - Lula - que saiu consagrada do governo, sendo criminalizada durante os últimos dois anos e meio, sem uma única prova das acusações as quais foi submetida. 

A Lava Jato entra, portanto, na mesma armadilha do PSDB: a mídia dá o endosso a uma denúncia, conferindo um poder muito grande de início, mas a falta de inteligência estratégica, tanto dos partidos que fizeram oposição aos governos petistas, quanto da Lava Jato, os levaram a seguir na onda da mídia, e a única coisa que a imprensa sabe fazer é destruir adversários.

Em nenhum momento da história a mídia foi capaz de construir a reputação de pessoas de peso. O papel da mídia é, meramente, destrutivo. Exemplo é o PSDB, que até anos 1990, tinha formuladores, pessoas que tentaram pensar linhas desenvolvimentistas para o país, que ficou à reboque por se aliar as estratégias da imprensa. 

A Lava Jato segue o mesmo caminho, tendo em vista a imaturidade, já apresentada por representantes da operação, achando que tinham ganhado uma dimensão pública como salvadores da pátria. Na verdade, viraram somente mais personagens da mídia. 

Essa é a elite do Ministério Público? Obviamente que não. O depoimento de Lula mostra que são personagens de dimensão menor, que jogaram perguntas genéricas, como pegadinhas, sem trazer nenhuma comprovação de que, como agentes da Lava Jato, tivessem material tangível para encurralar o ex-presidente. 

Lula saí do depoimento desse dia 10 de maio como herói nacional, o primeiro operário que chega ao poder, que fez um conjunto de inclusões sociais inéditas na história, e em termos globais, mas que se meteu no jogo político para garantir a governabilidade com as mesmas armas dos adversários e, por isso, acabou se enrolando e, fora do poder, é vitimizado. 

Em meio a essa pressão, não submetida sobre nenhum outro ex-presidente, Lula perde sua esposa, tem a sua casa e a dos filhos invadida de forma violenta pela Polícia Federal, no âmbito da Lava Jato. Toda essa estratégia irresponsável deverá comprometer por décadas todo o Judiciário, onde muitos setores que representam a categoria, incluindo a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), só se manifestaram quando os vazamentos ilegais de áudios da operação atingiram desembargadores.

Um ato mais eficiente contra corrupção seria o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) obrigar os juízes, desembargadores e ministros e revelar quanto cobram por cachês das palestras, especialmente de um juiz, diretor de um instituto de ensino em Brasília, que inventou uma denúncia para fechar o Instituto Lula.

Do GGN 

As pedras no xadrez do segundo nascimento do mito Lula

Peça 1 – a desconstrução dos heróis midiáticos
Não há armadilha maior do que a ilusória sensação de poder que a mídia proporciona.

Como dona do palco, ela define o roteiro. Quando calha do personagem estar adequado ao roteiro, ela o alça ao Olimpo das celebridades. O que o sujeito fala, repercute. Em um primeiro momento, passa uma sensação única de onipotência. Os mais espertos, entendem o jogo. Os neófitos não se dão conta de que o espaço tem data de validade, não é coisa líquida e certa como um concurso público.

Essa falsa percepção liquidou com o PSDB. Desde a ascensão de Lula, o partido limitou-se a ser caudatário da mídia brasileira. E a mídia brasileira só consegue destruir. De repente, um partido que se orgulhava de seus intelectuais, passou a ter a cara raivosa de um José Serra, Aécio Neves, Aloysio Nunes, José Aníbal, todos vociferantes, raivosos, salivando como cães hidrófobos. E liquidando com a imagem do partido.

Quando a muleta foi recolhida, o partido acabou. Suas esperanças repousam, agora, nos inacreditáveis João Dória Jr e Huck.

Esse mesmo castelo de cartas foi erigido com a Lava Jato. Hoje houve a hora da verdade. E o castelo desmontou.

Cara a cara com Lula, não havia mais a blindagem das edições seletivas. Não havia mais a liberdade para construir teses abstratas, suposições alinhavadas com ilações, sendo oferecidas para um cardápio viciado dos órgãos de imprensa.
Agora, seria ferro contra ferro.

E o que se viu foi um espetáculo constrangedor.

Do lado do juiz Sérgio Moro, pegadinhas, levantamento do que Lula disse em 2005, em 2007, meramente para fornecer leads para o Jornal Nacional – já que não havia nenhuma relação com as denúncias formuladas. Da parte dos procuradores, um apego a detalhes irrelevantes, próprio de quem não tem elementos consistentes.

O mais relevante: durante anos, a opinião pública se viu ante duas posições taxativas. De um lado, a Lava Jato garantindo ter todos os elementos para incriminar Lula. De outro, Lula sustentando que não havia um só elemento sólido.

Fizeram um pacto com o demônio. Clique aqui.

Mefistófeles levou os procuradores e o juiz para o alto da montanha e ofereceu a eles a celebridade. Em troca, teriam que entregar a condenação de Lula. Saíram como vendedores de Bíblias do velho oeste, garantindo a condenação sem ter os elementos. E ambos ficaram presos à armadilha: a mídia perante seus espectadores; a Lava Jato perante a mídia.

O deslumbramento de Moro e dos procuradores fê-los apostar tudo em uma partida de poker. Quando abriram as cartas, não dispunham sequer de um par de 4.

E Lula dominou a cena no discurso final, no qual deu dados precisos da campanha intransigente da mídia, controlou as tentativas do juiz de cortar sua palavra e produziu uma denúncia que, nas redes sociais, espalhar-se-á pelo mundo.

Peça 2 – o segundo nascimento de Lula
Moro montou o cenário, mas o espetáculo foi de Lula.
Primeiro, pela impressionante corrente de pessoas que foram a Curitiba apoiá-lo. Depois, pelo depoimento em si. O entusiasmo, a maneira como mobilizou pessoas de todo o país, através das redes sociais, o acompanhamento de perto da mídia internacional e, ao final, um comício consagrador, tudo isso torna Lula mais que nunca o candidato para 2018.

No julgamento, a pessoa que saiu do governo consagrada internacionalmente, por seu trabalho de inclusão social e pela dimensão assumida pelo país no seu governo se apresentava, não como líder popular, nem como o estadista consagrado, mas como uma pessoa que perdeu a esposa, vítima dessa campanha implacável, que teve a casa invadida, sua intimidade estuprada por Sérgio Moro, as casas de seus filhos arrombadas e os netos sendo alvos de bulling na escola.

Nenhum de seus acusadores resistiria a dois dias de campanha de mídia. E, agora, frente a frente com eles, cobrando provas que não apareceram, documentos que nunca existiram.

Depois, no comício, apresentou-se como a pessoa que poderia salvar o país, entregue pela Lava Jato e pela mídia às mãos de um presidente corrupto e medíocre e de uma grupo de poder que jamais conseguiu chegar perto de um desenho minimamente viável de país.

Um otimista diria que o evento de hoje, somado ao fastio de parte da mídia com as arbitrariedades da Lava Jato, poderia ser o início de uma tentativa de busca de consensos mínimos, visando impedir que o país caia na barbárie completa.

Um pessimista olharia para a Globo, para a maneira como radicalizou e avançou no mar revolto da subversão institucional, e ponderaria que ainda há uma longa luta pela frente, até que o bom senso se espraia pela nação. Confira algumas das famigeradas capas das revias que compõe a mídia terrorista:
Do GGN, Luis Nassif 

Lula desnudou e provou na cara de Moro o esquema de vazamentos do juiz e da mídia.

Não foi surpresa a edição tímida, triste, desenxabida, do Jornal Nacional sobre o depoimento de Lula a Moro em Curitiba.

Não foi surpresa que os bonecos falantes da GloboNews tenham recebido os vídeos um minuto após o encerramento e que e não tenham conseguido achar um argumento minimamente decente para uma tese pré-concebida: que Lula “se complica cada vez mais”.

O dia foi de Lula nas ruas e nas dependências do prédio da Justiça Federal.
Suas considerações finais são antológicas. Uma aula de política.

No epílogo das cinco horas de testemunho, Lula pediu a palavra e prensou Sergio Moro nas cordas.

Cobrou as provas, “pelo amor de Deus”, e não as ilações de sempre.

Falou do neto de 4 anos que sofre bullying. Mencionou a mulher, Marisa.

E denunciou o esquema de vazamento da Lava Jato — com provas e convicções, ao contrário de seus julgadores.

Mostrou a quantidade de vezes em que o Estadão, a Folha, o Jornal Nacional e a imprensa amiga deram matérias “exclusivas” (as aspas são minhas) contra ele, todas oriundas daquele juízo.

“Os jornais têm mais informação do que os meus advogados. Só no JN foram 18 horas contra mim”, afirmou, ajeitando a gravata.

Moro negava o inegável, ou seja, sua parceria com os jornais, TVs e revistas, estratégia confessada em sua famosa tese sobre a Operação Mãos Limpas.

A negação ficava mais absurda diante do que acontecia ao vivo do lado de fora: a repórter da GloboNews dava detalhes sobre o encontro, como a quantidade de vezes em que Lula bebeu água e quanto tempo faltava para acabar.

Já a mulher de Moro, que tem uma página no Facebook dedicada ao marido, confirmava para o site de extrema direta Antagonista que o super heroi “levou marmita” (!?!). 
Juiz mentindo no tribunal é perjúrio?

A alturas tantas, a voz fina meio alquebrada, Moro se pôs na defensiva.
— Agora, o senhor tem essas reclamações da imprensa, eu compreendo, mas esse realmente não é o foro próprio pro senhor reclamar contra o tratamento da imprensa. O juiz não tem nenhuma relação com o que a imprensa publica ou não publica e esses processos são públicos, falou.

— Doutor, o senhor sem querer, talvez, entrou nesse processo. Sabe por quê?, perguntou o interlocutor
.
— Hum?

— Porque o vazamento de conversas com a minha mulher e dela com meus filhos foi o senhor que autorizou.

Adiante, olhando para os procuradores, Lula reclamou do baixo nível dos questionamentos.

Lula deixou seus inquisidores nus, incluindo os cúmplices. Colocou-os no banco dos réus, numa inversão de papeis espetacular.

“Eu espero que essa nação nunca deixe de acreditar na Justiça”, foi seu último apelo.

Na saída, imergiu em seu elemento, os braços do povo e da democracia, rumo a 2018, deixando seu Torquemada reduzido a pó de traque e numa sinuca de bico de dar gosto.

Do DCM