Portal Jurídico informa que existe a
possibilidade de pedido de impeachment de Gilmar Mendes; numa conversa
interceptada pela Polícia Federal, com autorização do ministro Edson Fachin,
Aécio pediu a Gilmar que atuasse na articulação política do PSDB em favor da
lei que coíbe abusos de autoridade; ouça o áudio dos dois: aqui,
Portal Jurídico informa que existe a
possibilidade de pedido de impeachment de Gilmar Mendes; numa conversa
interceptada pela Polícia Federal, com autorização do ministro Edson Fachin,
Aécio pediu a Gilmar que atuasse na articulação política do PSDB em favor da
lei que coíbe abusos de autoridade; ouça o áudio dos dois. Aqui.
A ligação, interceptada pela Polícia
Federal com autorização do ministro Edson Fachin, ocorreu no dia 26 de abril.
Nela, Aécio pediu ao ministro Gilmar Mendes que telefonasse para o senador
Flexa Ribeiro (PSDB-PA) para que ele seguisse a orientação de voto proposta com
Aécio no PLS 85/2017. A alternativa seria uma saída, segundo Aécio, para não
parecer que a “bancada foi toda contrariada”.
No mesmo dia, o plenário do Senado aprovou
o substitutivo do senador Roberto Requião (PMDB-PR) que estabelece as novas
penalidades para crimes de abuso de autoridade nos três poderes.
Durante a conversa, o ministro concorda em
ligar para Flexa que, segundo Aécio, ajudaria na condução da votação da
proposta. Mendes relata ainda que já teria conversado com os senadores Antonio
Anastasia (PSDB/MG) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre o assunto.
Leia o diálogo:
AÉCIO NEVES: Oi, Gilmar. Alô.
GILMAR: Oi, tudo bem?
AÉCIO NEVES: Você sabe um telefone que
você poderia dar que me ajudaria na condução lá. Não sei como é a sua relação
com ele, mas ponderando.. Enfim, ao final dizendo que me acompanhe lá que era
importante.. Era o Flexa, viu?
GILMAR: O Flexa, tá bom. Eu falo com ele.
AÉCIO NEVES: Porque ele é o outro titular
da comissão, somos três, sabe?
GILMAR: Tá bom, tá bom. Eu vou falar com
ele. Eu falei… eu falei com o Anestasia e falei com o Tasso.. Tasso não é da
comissão, mas o Anastasia… o Anastasia disse “Ah tô tentando..
[incompreensível].. E..
AÉCIO NEVES: Dá uma palavrinha com o
Flex.. a importância disse e no final dá sinal para ele porque ele não é muito
assim… de entender a profundidade da coisa.. Fala ó.. Acompanha a posição do
Aécio porque eu acho que é mais sereno. Porque o que a gente pode fazer no
limite? Apresenta um destaque para dar uma satisfação para a bancada e vota o
texto… que vota antes. Entendeu?
GILMAR: Uhum
AÉCIO NEVES: Destaque é destaque… depois
não vai ter voto. entendeu?
GILMAR: Uhum
AÉCIO NEVES: Pelo menos vota o texto e dá
uma…
GILMAR: Uhum
AÉCIO NEVES: Uma satisfação para ban..
Para não parecer que a bancada foi toda ela contrariada, entendeu?
GILMAR: Uhum
AÉCIO NEVES: Se pudesse ligar pra Flexa aí
e fala…
GILMAR: Eu falo pra com ele.. E falo com
ele.. Eu ligo pra ele.. Eu ligo pra ele agora.
As
delações de Joesley Batista produziram na nossa surrada república uma situação
que beira o surrealismo. A Rede Globo, destino principal da publicidade do
gigante que é a JBS, aderiu, ao lado do seu mega-anunciante, protagonismo de
aliado, contra o já impopular governo Temer, filho seu.
Ferido
de sua imensa impopularidade e ilegitimidade esse governo Temer ruma
inevitavelmente para o abismo. Essa derrocada se dá de forma espetacular, uma
rara implosão pública catastrófica, que consegue colocar em segundo plano o
mergulho aos abismos do próprio Aécio Neves, senador e presidente do PSDB,
partido que comandou a cassação de Dilma por pedaladas fiscais. Mas não apenas
o senador mineiro ficou em segundo plano nesse cenário de guerra total que a
rede Globo abriu contra Temer. Citados e
sem identificação formal, há a figura de dois juízes comprados pela JBS.
Ontem Paulo Henrique Amorim perguntava quem seriam esses juízes.
Relegado
à especulação, transcrevo abaixo o áudio pelo qual o sr. Joesley informa a
Temer que tem dois juízes no bolso. Nele algumas esparsas informações são
agregadas, contextualizando o trabalho da ou das varas onde trabalham esses
juízes e dando pistas que são como um quebra-cabeças onde não conseguimos
enxergar a imagem, mas...
Vamos
à transcrição:
“Temer:
Tem que manter isso, viu...
Joesley:
Todo mês, também, eu estou segurando as pontas, estou indo. Esse processo, eu
estou meio enrolado, assim, no processo assim...
Temer:
[inaudível]
Joesley:
Isso, isso, é, investigado. Eu não tenho ainda a denúncia. Então, aqui eu dei
conta de um lado do juiz, dá uma segurada, do outro lado o juiz substituto que
é um cara que ficou...
Temer:
Está segurando os dois...
Joesley:
É, segurando os dois. O, eu consegui um [inaudível] dentro da força tarefa que
tá...
Temer:
Tá lá...
Joesley:
...Também tá me dando informação. E lá que eu estou para dar conta de trocar o
procurador, que está atrás de mim. Se eu der conta tem o lado bom e o lado
ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar, e tal. O lado ruim é
que se vem um cara como...”
Ora,
a JBS tem processos em diversas varas e ontem muitas especulações apontaram
como alvo para juízes vinculados à 10a
vara de Brasília onde a JBS tem diversos processos em andamento.
Entretanto,
no áudio transcrito, Joesley discorre sobre uma situação em especial, que ele
sequer se dá o trabalho de citar, pois está sendo bastante bem compreendido por
Michel Temer. Mas no trecho há o seguinte indício indireto sobre a que vara se
refere: “Isso, isso, é, investigado. Eu não tenho ainda a denúncia. ”
Então
os juízes que ele comprou cuidam de algo que está numa fase anterior à de um
processo, está em fase de inquérito, e não se converteu em denúncia. Portanto
ele está “segurando” dois juízes numa vara onde ele não tem processo, mas
inquérito.
Pode
ser que seja a 10a vara de Brasília, mas nesse contexto ele não parece estar
preocupado com os processos em curso, mas com um inquérito novo. Pode não ser.
Há,
no momento, um procurador preso oriundo de uma força tarefa, o que coincide com
os áudios. Esse procurador atuava numa vara onde correm processos contra a JBS,
o áudio, porém, se refere a uma investigação. Além disto, apesar do afastamento
de um Senador e de um inquérito em cima de um Presidente da República, nenhum
juiz foi molestado.
Ora,
apesar do judiciário tender a uma espécie de autoproteção, é justo
questionarmos se o procurador preso é o mesmo a que se refere Joesley ou se é
outro, cuja prisão esteja relacionada a fatos não narrados nos áudios. Nesse
caso, nem o juiz citado e nem o procurador teriam ainda sido alcançados pelas
medidas tomadas até agora. Talvez, inclusive, a prisão de um procurador da 10a
vara de Brasília seja um fator de confusão para a correta interpretação do
áudio, afinal, ele não foi acompanhado de um juiz e no áudio haveria, na mesma
vara, um trabalho de equipe entre o magistrado e o promotor nos favores à JBS.
Ao
mesmo tempo, a voracidade com que a Rede Globo vem se lançando sobre a carcaça
do governo Temer, de fato um filho seu, me parece suspeitíssima num contexto em
que há uma imensa quantidade de informações não reveladas, que podem ser motivo
de muita cortina de fumaça.
Santayana
propõe para isso a hipótese de que seriam duas Torres por um Rei, uma busca
ostensiva de legitimidade para o golpe final sobre Lula. Mas o que de pior pode ainda ser feito contra
um Lula que até aqui nada tem de comprovado contra si? A sua prisão ou
condenação para inviabilizar a sua candidatura em 2018 é variável que coincide
com o Estado de exceção em curso e não haveria necessidade, por arbitrária que
é, de qualquer entrega de torres. O poder, por exemplo, assentado em 54 milhões
de votos, foi safadamente roubado, sem dó, nem piedade.
O
certo é que a essa altura o ministro Fachin e o sr. Janot já sabem a que juízes
e promotor Joesley se referiu no áudio.
Com
um Presidente da República investigado e a ponto de cair e um Senador,
ex-candidato à presidência da república e presidente do PSDB afastado de suas
funções, não é apropriado que os juízes e o promotor alvos das delações sejam
poupados da identificação.
Além de
indicar delegados para comandar os inquéritos nos quais os políticos de PMDB e
PSDB estivessem envolvidos, o esquema de Aécio Neves e Michel Temer para
estancar a Lava Jato, de acordo com gravações da JBS, envolve também a
indicação de Alexandre de Moraes como ministro do Supremo Tribunal Federal na
vaga de Teori Zavascki; o nome de Moraes é citado pelo senador tucano em uma
conversa com Joesley sobre a tentativa de controlar as investigações.
Num dos
trechos das gravações da JBS, divulgadas ontem pelo STF, revela o senador Aécio
Neves (PSDB-MG) comentando com o empresário Joesley Batista sobre usar a
Polícia Federal e o próprio STF como forma de estancar a Lava Jato.
Isso seria
feito através do direcionamento dos inquéritos para delegados indicados por
Aécio, o peemedebista Moreira Franco e mesmo o próprio Temer, aponta um trecho
de conversa. Confira abaixo:
"O que
que vai acontecer agora? Vai vim um inquérito de uma porrada de gente, caralho,
eles são tão bunda mole que eles não (têm) o cara que vai distribuir os
inquéritos para o delegado. Você tem lá cem, sei lá, 2.000 delegados da Polícia
Federal. Você tem que escolher dez caras, né?, do Moreira, que interessa a ele
vai pro João. Nem isso conseguiram terminar, eu, o Alexandre (de Moraes) e o
Michel (Temer)".
Alexandre de
Moraes, indicado ao STF para a vaga de Teori Zavascki, morto em acidente aéreo
em 19 de janeiro de 2017, seria o responsável por barrar possíveis processos
relacionados à Operação Lava Jato que chegassem à Suprema Corte envolvendo
políticos do eixo PMDB-PSDB.
Moraes foi
conduzido ao STF de forma relâmpago, com direito a uma "sabatina
informal" realizada em barco no Lago Paranoá, em Brasília, numa reunião
envolvendo políticos e empresários.
Em seguida,
Aécio discute com o executivo uma forma de receber uma propina de R$ 2 milhões.
O dinheiro seria usado para pagar advogados para defender Aécio das acusações
na própria Operação Lava Jato. Por conta dessas revelações, Aécio foi afastado
do mandato de senador pelo STF e Andréa Neves, irmã do senador e recebedora da
propina, foi presa nesta quinta (18) em Belo Horizonte.
Peça central
do golpe parlamentar de 2016, que derrubou a presidente legítima e honesta
Dilma Rousseff, a Globo descobre agora que instalou na presidência da República
um dos maiores corruptos da história política do Brasil: ele mesmo, Michel
Temer; feito o estrago, a Globo pede a renúncia de Temer em editorial e já
trabalha para impedir que o povo brasileiro reencontre a democracia por meio de
eleições diretas; leia.
Depois de um editorial em sua edição impressa desta sexta-feira 19,
em que afirma haver "incontáveis motivos" para a saída de Michel
Temer, o jornal O Globo publica outro texto nesta tarde, sob o título: "A
renúncia do presidente".
O texto diz
que "a simples decisão" de Temer de receber o empresário Joesley
Batista no Palácio do Jaburu "de forma clandestina" "já
guardaria boa dose de escândalo. Mas houve mais, muito mais". Leia a
íntegra:
Editorial: A
renúncia do presidente
Um
presidente da República aceita receber a visita de um megaempresário alvo de
cinco operações da Policia Federal que apuram o pagamento de milhões em
propinas entregues a autoridades públicas, inclusive a aliados do próprio
presidente. O encontro não é às claras, no Palácio do Planalto, com agenda
pública. Ele se dá quase às onze horas da noite na residência do presidente, de
forma clandestina. Ao sair, o empresário combina novos encontros do tipo, e se
vangloria do esquema que deu certo: "Fui chegando, eles abriram. Nem
perguntaram o meu nome". A simples decisão de recebê-lo já guardaria boa
dose de escândalo. Mas houve mais, muito mais.
Em diálogo
que revela intimidade entre os dois, o empresário quer saber como anda a
relação do presidente com um ex-deputado, ex-aliado do presidente, preso há
meses, acusado de se deixar corromper por milhões. Este ex-deputado, em outro
inquérito, é acusado inclusive de receber propina do empresário para facilitar
a vida de suas empresas no FI-FGTS da Caixa Econômica Federal. O presidente se
mostra amuado, e lembra que o ex-deputado tentou fustigá-lo, ao torná-lo
testemunha de defesa com perguntas que o próprio juiz vetou por acreditar que
elas tinham por objetivo intimidá-lo.
Ao ouvir
esse relato do presidente, o empresário procura tranquilizá-lo mostrando os
préstimos que fez. Diz, abertamente, que "zerou" as
"pendências" com o ex-deputado, que tinha ido "firme"
contra ele na cobrança. E que ao zerar as pendências, tirou-o "da
frente". Mais tarde um pouco, em outro trecho, diz que conseguiu
"ficar de bem" com ele. Como o presidente reage? Com um incentivo:
"Tem que manter isso, viu?"
Não é
preciso grande esforço para entender o significado dessa sequência de diálogos.
Afinal, que pendências, senão o pagamento de propinas ainda não pagas, pode ter
o empresário com um ex-deputado preso por corrupção? Que objetivo terá tido o
empresário quando afirmou que, zerando as pendências, conseguiu ficar de bem
com ele, senão tranquilizar o presidente quanto ao fato de que, com aquelas
providências, conseguiu mantê-lo quieto? E, por fim, que significado pode ter o
incentivo do presidente ("tem que manter isso, viu"), senão uma
advertência para que o empresário continue com as pendências zeradas, tirando o
ex-deputado da frente e se mantendo bem com ele?
Esses
diálogos falam por si e bastariam para fazer ruir a imagem de integridade moral
que o presidente tem orgulho de cultivar. Mas houve mais. O empresário relata
as suas agruras com a Justiça, e, abertamente, narra ao presidente alguns
êxitos que suas práticas de corrupção lhe permitiram ter. Conta que tem em mãos
dois juízes, que lhe facilitam a vida, e um procurador, que lhe repassa
informações. Um escândalo. O que faz o presidente? Expulsa o empresário de sua
casa e o denuncia as autoridades? Não. Exclama, satisfeito: "Ótimo,
ótimo".
Não é tudo,
porém. Em menos de 40 minutos de conversa, o empresário ainda encontra tempo
para se queixar de um ex-funcionário seu, atual ministro da Fazenda. Diz, com
desfaçatez, que tem enfrentado resistência no ministro da Fazenda para
conseguir a troca dos mais altos funcionários do governo na área econômica: o
secretário da Receita Federal, a presidente do BNDES, o presidente do Cade e o
presidente da CVM. Pede, então, que seja autorizado a usar o nome do presidente
quando for novamente ao ministro da Fazenda com tais pleitos. O que faz o
presidente? Manda-o embora, indignado? Não, de forma alguma. O presidente
autoriza: "Pode fazer".
Este jornal
apoiou desde o primeiro instante o projeto reformista do presidente Michel
Temer. Acreditou e acredita que, mais do que dele, o projeto é dos brasileiros,
porque somente ele fará o Brasil encontrar o caminho do crescimento,
fundamental para o bem estar de todos os brasileiros. As reformas são
essenciais para conduzir o país para a estabilidade política, para a paz social
e para o normal funcionamento de nossas instituições. Tal projeto fará o país
chegar a 2018 maduro para fazer a escolha do futuro presidente do país num
ambiente de normalidade política e econômica.
Mas a crença
nesse projeto não pode levar ao autoengano, à cegueira, a virar as costas para
a verdade. Não pode levar ao desrespeito a princípios morais e éticos. Esses
diálogos expõem, com clareza cristalina, o significado do encontro clandestino
do presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista. Ao abrir as portas
de sua casa ao empresário, o presidente abriu também as portas para a sua
derrocada. E tornou verossímeis as delações da Odebrecht, divulgadas
recentemente, e as de Joesley, que vieram agora a público.
Nenhum
cidadão, cônscio das obrigações da cidadania, pode deixar de reconhecer que o
presidente perdeu as condições morais, éticas, políticas e administrativas para
continuar governando o Brasil. Há os que pensam que o fim desse governo
provocará, mais uma vez, o atraso da tão esperada estabilidade, do tão almejado
crescimento econômico, da tão sonhada paz social. Mas é justamente o contrário.
A realidade não é aquilo que sonhamos, mas aquilo que vivemos. Fingir que o
escândalo não passa de uma inocente conversa entre amigos, iludir-se achando
que é melhor tapar o nariz e ver as reformas logo aprovadas, tomar o caminho
hipócrita de que nada tão fora da rotina aconteceu não é uma opção. Fazer isso,
além de contribuir para a perpetuação de práticas que têm sido a desgraça do
nosso país, não apressará o projeto de reformas de que o Brasil necessita
desesperadamente. Será, isso sim, a razão para que ele seja mais uma vez
postergado. Só um governo com condições morais e éticas pode levá-lo adiante.
Quanto mais rapidamente esse novo governo estiver instalado, de acordo com o
que determina a Constituição, tanto melhor.
A renúncia é
uma decisão unilateral do presidente. Se desejar, não o que é melhor para si,
mas para o país, esta acabará sendo a decisão que Michel Temer tomará. É o que
os cidadãos de bem esperam dele. Se não o fizer, arrastará o Brasil a uma crise
política ainda mais profunda que, ninguém se engane, chegará, contudo, ao mesmo
resultado, seja pelo impeachment, seja por denúncia acolhida pelo Supremo
Tribunal Federal. O caminho pela frente não será fácil. Mas, se há um consolo,
é que a Constituição cidadã de 1988 tem o roteiro para percorrê-lo. O Brasil
deve se manter integralmente fiel a ela, sem inovações ou atalhos, e enfrentar
a realidade sem ilusões vãs. E, passo a passo, chegar ao futuro de bem estar
que toda a nação deseja.
Notas
fiscais, comprovantes de transferências e planilhas comprovam que Michel Temer
recebeu diretamente de Joesley Batista, dono da JBS, R$ 3,540 milhões e mais um
"mensalinho" de R$ 100 mil por um ano, no período de 2010, 2012, 2014
e 2015. Em 2017, o presidente da República acertou receber, por meio de seu
assessor, o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), cerca de R$ 50 milhões
de propina em uma negociata do Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica).
A imprensa
amanheceu dizendo que o grampo do mandatário "não leva a conclusão",
que foi mera prevaricação, e Michel Temer justifica que "não acreditou nas
declarações" feitas naquele encontro por Joesley Batista, dono da JBS, das
quais o presidente aceitou a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e
apoiou o corrompimento de um procurador e dois juízes. Além disso, o Planalto
resolveu mandar a gravação a peritos, "desconfiando que foi
editada".
Mas os autos
da delação de Joesley são mais conclusivos do que o próprio grampo. No anexo 9
do acordo com a Procuradoria-Geral da República, o empresário mostra planilhas
e notas fiscais para comprovar que ele pagou propina a Michel Temer em 2010,
2012, 2014 e 2015. O próprio título do anexo se chama "Fatos diretamente
corroborados por elementos especiais de prova - Michel Temer". Acompanhe a
seguir o detalhamento de cada um dos repasses de propinas a Temer:
O primeiro
pedido, em 2010, ano em que o empresário conheceu o então candidato a
vice-presidente de Dilma Rousseff, Batista atendeu "a um primeiro pedido
de Temer", concordando em "pagar 3 milhões de reais em propinas,
sendo 1 milhão através de doação oficia, e 2 milhões para a empresa Pública
Comunicações".
Para essa
transação, o empresário do frigorífico apresentou duas notas fiscais numeradas
149 e 155, que foram entregues à PGR.
Naquele
mesmo ano, nos meses de agosto e setembro de 2010, Temer pediu e Joesley pagou
240 mil reais à empresa Ilha Produções. Três notas fiscais de números 63, 64 e
65 foram apresentadas.
Já no outro
ano, em 2011, após a saída de Wagner Rossi do Ministério da Agricultura, que
era ponte entre o empresário e o então vice-presidente, Temer pediu mensalinho
de R$ 100 mil e mais R$ 20 mil a Milton Ortolan, então secretário-executivo da
pasta, e Joesley consentiu. Segundo o delator, o pagamento foi feito
"dissimuladamente por cerca de um ano".
Em 2012,
Temer pediu mais R$ 3 milhões para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura
de São Paulo pelo PMDB. Os pagamentos, segundo Joesley, foram feitos por meio
de caixa dois e todas as notas fiscais e planilhas foram anexadas aos autos
para os procuradores.
O empresário
da JBS disse que, após esse episódio ficou claro que "o então
Vice-Presidente [Michel Temer] operava, além de Wagner Rossi, em aliança com
Geddel Vieira Lima, Moreira Franco e Eduardo Cunha, entre outros".
Ainda narrou
que em pleno processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Temer o
procurou "convidando-o para uma reunião" em seu escritório jurídico
nos Jardins, em São Paulo, e pediu uma propina de R$ 300 mil para pagar
despesas de marketing político pela internet, pouco antes de assumir a
Presidência com a queda de Dilma. O repasse teria ocorrido por meio do
marqueteiro de Temer, Elsinho Mouco.
Já com Temer
na Presidência, ainda neste ano de 2017, em um outro encontro, desta vez com o
deputado afastado e assessor de Michel Temer, Joesley Batista acertou o
pagamento de 5% ao governo sobre o lucro da operação de uma usina termoelétrica
em Cuiabá. A negociata renderia a Michel Temer cerca de R$ 50 milhões.
A propina
acertada era como contrapartida para o presidência autorizar a pressão sobre o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para "afastar o
monopólio da Petrobras do fornecimento de gás para termoelétrica do Grupo
J&F". Loures teria ligado para o presidente interino do Cade, diante
de Joesley, pedindo a intervenção.
O empresário
dono da JBS então "prometeu, caso a liminar fosse concedida, 'abrir
planilha', creditando em favor de Temer 5% desse lucro" e "Rodrigo
[Rocha Loures] aceitou", disse no acordo de delação.
Abaixo, a
íntegra do Anexo 9 "Fatos diretamente corroborados por elementos especiais
de prova - Michel Temer":
O ponto
central do terremoto político é entender, na verdade, para onde a Rede Globo
pretende ir, e o pescoço de Lula e Dilma deve ser a contrapartida dos grupos de
mídias para endossar os crimes praticados pelo presidente e o senador Aécio
Neves.
Para
entender as últimas horas da política brasileira, tornando o jogo político
ainda mais complexo, vamos tentar compreender por que Michel Temer e Aécio
Neves foram pegos. Em primeiro lugar se trata de uma iniciativa do
Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, levando o protagonismo político a
sair dos movimentos minúsculos da Lava Jato, com os seus coordenadores querendo
encontrar escândalos a partir de miudezas retiradas das delações declaratórias.
Com isso,
Janot conseguiu fazer as investigações políticas passarem para um jogo mais
pesado. Houve uma armação em cima de Temer e Aécio, obviamente, ou seja,
Joesley foi convencido a armar esse grampo pelo Procurador-Geral da
República.
O que leva
Janot a esse movimento? Ele está em final de mandato, haviam todos os sinais de
que Michel Temer não conduziria para a liderança da Procuradoria Geral alguém
do seu grupo, isso porque o sistema de lista tríplice está ameaçado, e a Lava
Jato entrando num descenso por conta dessa visão burocrática de apenas pegar um
delator e recolher suas falas nos processos, ainda que sem provas. Essa
iniciativa de Janot confere-lhe agora um protagonismo que ele não tinha até
então.
Foi uma
operação bem-feita, tem o modelo daquelas que, em geral, a Polícia Federal e o
Ministério Público armam para cima de traficantes. O delegado Protógenes
Queiroz usou dessa mesma estratégia contra os representantes do banqueiro
Daniel Dantas, na Operação Satiagraha, inclusive usando cobertura da
Globo.
Janot então,
pega Aécio Neves, rompendo uma parceria mineira antiga, conferindo-lhe um
grande grau de credibilidade e, amanhã, quando for o segundo tempo do jogo,
certamente virá em cima de Lula e Dilma.
Porém, mais
importante é entender o que levou a rede Globo a endossar a tese do crime de
Aécio. No primeiro dia ela foi apanhada de surpresa, com seus repórteres
balbuciantes enquanto transmitiam as notícias, num alinhamento militar. Lembro
o Nelson Rodrigues, lá atrás, quando estava começando a carreira de jornalista,
e estava no Jornal da Tarde, e ele falava 'o único jornal que tem controle
total sobre os seus jornalistas é o Globo'. E, de fato é uma ordem unida,
pensada por um estrategista competente que é o Ali Kamel.
Mas o que
leva a Globo a endossar totalmente a tese dos crimes de Aécio e Temer? Tem a
contrapartida que é você liquidar, principalmente, Lula e, nem tanto, Dilma,
que está muito mais habilitada a algo como uma candidatura de deputada, embora
ela tenha se tornado um símbolo político muito relevante pelo seu heroísmo no
pós-impeachment e durante a campanha do impeachment. Então a destruição de Lula
é a contrapartida.
Por outro
lado, com relação à estratégia de Janot, ele já vinha carregando muitas
críticas sobre o modelo de trabalhos mal feitos por seu grupo, por exemplo, e
que vinha desde Teori Zavasck, ex-relator do processo da Lava Jato no STF,
morto em um acidente em janeiro. Com essa operação controlada ele recupera o
protagonismo e coloca o grupo paranaense na sua verdadeira dimensão pequena e
com um juiz extremamente parcial e cercado de holofotes.
Agora se
começa uma discussão se a gravação, da conversa de Joesley com o Temer, não tem
essa veracidade e o Temer agora reagindo, certamente orientado pelo ministro
Gilmar Mendes. Entra ainda, o ministro Celso de Mello, fazendo um manifesto em
favor da Constituição, legalidade e em prol do presidente, reforçando sua parcialidade
em relação ao jogo político. Por que ele não fez a defesa da Constituição no
período anterior, durante o julgamento de Dilma no Congresso? É essa
parcialidade que desmoraliza o Supremo.
Irmã de
Aécio, Andréia Neves
Para a rede
Globo jogar o Aécio ao mar não foi difícil, ele já estava naquilo que o mercado
fala de 'realizar um prejuízo', ou seja, não tem mais esperança de recuperar o
que eu investi naquela ação, então eu vendo pelo preço que vier. A pena é pela
irmã, a jornalista Andrea Neves. Tem muitas críticas em relação à ela, sobre
interferências nos jornais, mas ela é uma grande estrategista política. A
grande vocação política da família Neves é ela, e não Aécio.
Eu tive
alguns contatos com ela, por volta de 2013. Nós pretendíamos, no GGN, fazer uma
disputa entre propostas de governo, em áreas públicas. Durou pouco porque
Andrea tinha que sair catando especialistas pois o PSDB deixou de ser um centro
de pensamentos sistematizados.
Ela é uma
figura singular, inclusive, quando teve o atentado do RioCentro [1981], Andrea
foi a primeira pessoa que chegou ao local, no fusca onde a bomba explodiu no
colo dos militares. O único problema era a maneira como protegia o irmão. Ela
seria uma grande vocação política se não fosse esse patriarcado mineiro de
achar que tem que ser homem o representante da família.
Sobre a
forma como ela foi conduzida à prisão, me fez lembrar do sentimento de
linchamento induzido na sociedade, que traz a tona o que de pior existe na
natureza humana. Não sei o que há de mais animalesco, se o corrupto ou o
linchador. Teve todo um show midiático de xingamentos, exposição da foto dela
na delegacia, o processo comum de humilhação que vai em cima de todo o réu da
Lava Jato. Não tiro com isso a sua culpa. Ela é a grande articuladora de
Aécio.
A gravidade
das conversas entre Temer e Joesley
Outro ponto
importante dos recentes acontecimentos políticos é a tentativa de minimizar as
conversas do Joesley com Temer. Muita coisa realmente é prosa entre conhecidos,
mas tem coisas sérias, de suborno a um procurador, a maneira como o empresário
foi em cima de dois magistrados, o presidente ouvindo isso e segurando a
informação. E, mais que isso, quando Temer indica esse Loures para ser o
intermediário de Joesley e, segundo os dados - isso tem que ser apurado -, ele
teria a comprovação de que o sujeito fez uma proposta de suborno, falando em
nome de Temer. Isso não pode ser minimizado.
O que
devemos separar nos próximos momentos, quando vier o rojão em cima de Lula e
Dilma é: o que existe de provas? A prova é documental? São gravações? E o que
existe de prova testemunhal? A questão é que, certamente, deve haver algo grave
para a Globo ter endossado, inclusive hoje, pensadamente a campanha contra
Temer, que foi jogado ao mar, efetivamente.
Futuro das
eleições - PSDB - Temer
Há muitas
dúvidas, algumas delas tiramos hoje com o jurista Martonio Barreto Lima, da
Universidade de Fortaleza, que ajudou a entender quem poderão ser os candidatos
se ocorrer uma eleição direta. O PSDB é um partido sem rumo, quando começa o
tiroteio, uma parte quer se retirar do governo, outra parte, como Aloísio
Nunes, resolve ficar. Gilmar tenta minimizar o estrago. Assim, o PSDB se torna
pior que Cristóvão Buarque, parlamentar que se tornou o rei do Twitter, onde
colocou hoje o seguinte: O Temer disse que a imprensa está conspirando contra
ele. Eu não acho que seja verdade.
Veja também: O que acontece caso Temer renuncie? Aqui.
Não é achar
se é verdade. Esse tipo de posiconamento se trata em uma tentativa do político
de se equilibrar em dois pontos. Apostar no Temer hoje é um suicídio político,
ele se tornou o sujeito mais detestado do país, e o PSDB não percebe.
Fala-se
muito dos coronéis nordestinos, Sarney, Renan, mas eles têm muito mais visão de
país e dos procedimentos que tem que ser tomados que Temer. Ele deve ter
construído sua imagem positiva em cima do Manual Constitucionalista que
publicou e, segundo quem leu é uma coisa muito superficial, junto com seu jeito
empolado de falar. Talvez também pelo círculo de amigos que se envolveu, de
homens mais cultos. Mas a sua dimensão política é sofrível. É inacreditável
como o PT apostou em uma mediocridade dessa como vice-presidente. Depois de
tudo isso eu até duvido que ele tenha sido o articulador do Golpe, ele foi a
reboque do sócio dele, Eduardo Cunha.
Todo esse
cenário mostra, de fundo, a falta de grandeza dos grupos que dirigem o país,
cada qual pensando em seu próprio espaço. O preço do subdesenvolvimento é
exatamente isso, a incapacidade de se ter homens públicos, entre as gerações
mais novas, que coloquem os interesses do país acima dos interesses de grupo.
Em delação
premiada, o empresário Joesley Batista afirma ter pago R$ 5 milhões a três
deputados que votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff;
revelação comprova desvio de finalidade no impeachment, como tem sido apontado
desde o início pelo ex-ministro José Eduardo Cardozo; delação da JBS
também aponta propina de R$ 15 milhões a Michel Temer; e agora: o STF terá
coragem de anular o golpe dos corruptos contra a presidente Dilma?
O empresário
Joesley Batista revelou, em delação premiada à Procuradoria Geral da República,
ter pago R$ 5 milhões a três deputados federais que votaram a favor do
impeachment da presidente Dilma Rousseff em abril de 2016.
A revelação
comprova desvio de finalidade no impeachment, como tem sido apontado desde o
início pelo ex-ministro José Eduardo Cardozo, que defendeu Dilma no processo.
Em declaração ao 247 nesta quinta-feira 18, o deputado
federal Paulo Teixeira (PT-SP) declarou que o áudio de Joesley com Temer
revelando a compra do silêncio de Eduardo Cunha comprovava que o impeachment de
Dilma também havia sido comprado.
Para o deputado,
o impeachment foi comprado em três fases: no período eleitoral, quando Cunha,
com Temer, comprou uma bancada com dinheiro da Odebrecht; no momento da eleição
de Cunha à presidência da Câmara e no momento da votação do impeachment
efetivamente.
Nesta sexta,
após a denúncia efetiva sobre a compra de votos, o parlamentar cobrou um
posicionamento do STF. "O Supremo tem que se posicionar sobre a anulação
do impeachment", declarou.
Mesmo que
indiretamente, Michel Temer e o ministro do Supremo Tribunal Federal
Gilmar Mendes foram grampeados pela Polícia Federal, em investigação que tinha
os telefones do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do deputado Rodrigo Rocha
Loures (PMDB-PR) interceptados; numa conversa com Aécio, Gilmar atua como
articulador do PSDB no Congresso; o senador tucano pede para que o ministro
telefone para o senador Flexa Ribeiro e recomende que o parlamentar siga a
orientação do voto proposto por Aécio no projeto sobre abuso de autoridade; a
conversa de Temer foi com o deputado Rocha Loures, flagrado recebendo R$ 500
mil da JBS para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso.
A Polícia
Federal interceptou conversas de Michel Temer e do ministro do Supremo Tribunal
Federal Gilmar Mendes, segundo relatório da Operação Patmos, deflagrada nesta
quinta-feira 18 e que teve como um dos alvos o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Numa conversa
ocorrida entre Aécio e Gilmar Mendes em abril, o senador
tucano "pediu ao ministro [Mendes] para que telefonasse para o
senador Flexa Ribeiro. Neste diálogo, o senador investigado [Aécio] pede que o
magistrado converse com Flexa Ribeiro para que este siga a orientação de voto
proposta por Aécio", aponta reportagem da Folha.
Segundo o
relatório da PF, os dois se referiam ao projeto sobre abuso de autoridade, em
tramitação no Congresso Nacional e relatoria do senador Roberto Requião
(PMDB-PR).
Há também
uma conversa entre Temer e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), flagrado
recebendo R$ 500 mil da JBS, em uma mala, para comprar o silêncio do
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso. No diálogo, Temer
fala sobre uma expectativa que o deputado tinha a respeito de novas regras para
o setor de portos.
Aécio e
Loures eram quem tinham seus telefones interceptados pela PF.
Um dos
trechos do depoimento de Joesley Batista revela que Michel Temer pediu e
recebeu propina durante o período que antecedeu o golpe contra a presidente
Dilma Rousseff; segundo Joesley, Temer o convidou para uma reunião em seu
escritório político, já no curso do processo de impeachment, e lhe pediu ajuda
financeira para despesas de marketing político; o valor acertado foi de R$ 300
mil e, segundo Joesley, foi entregue ao marqueteiro Elsinho Mouco, que há
muitos anos atua para Temer e para o PMDB; segundo o dono da JBS, a quantia foi
entregue em espécie em sua casa; procurado, o marqueteiro de Temer ainda não
pronunciou.
O golpe
contra a democracia brasileira, liderado pelo senador afastado Aécio Neves e
pelo ex-deputado Eduardo Cunha, em benefício de Michel Temer, foi alimentado
por pagamentos de propina, segundo a delação de Joesley Batista.
Um dos
trechos do depoimento do dono da JBS revela que Temer pediu e recebeu propina
durante o período que antecedeu o golpe contra a presidente legítima Dilma
Rousseff.
Segundo
Joesley, Temer o convidou para uma reunião em seu escritório político, já no curso
do processo de impeachment, e lhe pediu ajuda financeira para despesas de
marketing político.
O valor
acertado foi de R$ 300 mil e, segundo Joesley, foi entregue ao marqueteiro
Elsinho Mouco, que há muitos anos atua para Temer e para o PMDB.
Segundo o
dono da JBS, a quantia foi entregue em espécie em sua casa.
Procurado, o
marqueteiro de Temer ainda não pronunciou.
Em documento
enviado ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, afirma claramente que Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves
(PSDB-MG) agiram "em articulação" para impedir o avanço da Lava Jato;
"Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o
presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato
avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de
indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", afirma
Janot; no pedido para investigar Temer e Aécio, a procuradoria afirma que o
senador teria "organizado uma forma de impedir que as investigações [da
Lava Jato] avançassem por meio da indicação de delegados que conduziriam os inquéritos,
direcionando as distribuições".
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que Michel Temer e o
senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) agiram "em articulação" para
impedir o avanço da lava jato.
"Verifica-se
que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer,
tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de
medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de
polícia que conduzirão os inquéritos", afirma Janot.
Declaração
bombástica consta na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz
Edson Fachin que determinou a abertura de inquérito para investigar Temer,
Aécio e o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que está
relacionado ao acordo de delação de executivos da JBS.
Janot diz
que a atitude dos dois configura "possível prática do crime de obstrução à
Justiça". No pedido para investigar Temer e Aécio, a procuradoria afirma
que o senador teria "organizado uma forma de impedir que as investigações
[da Lava Jato] avançassem por meio da indicação de delegados que conduziriam os
inquéritos, direcionando as distribuições."
Mais do que
amenizar as acusações contra Temer, Folha simplesmente omitiu todo o trecho da
conversa que dá à oposição o 3º motivo para o impeachment, caso o suposto aval
à compra de silêncio de Cunha e prevaricação não bastem: o presidente abriu a
porteira do governo para a JBS entrar e fazer as modificações necessárias aos
interesses da empresa. Tudo através do blindado ministro Henrique Meirelles
Jornal GGN - O
jornal Folha de S. Paulo decidiu ocasionalmente abandonar o modus operandi que
vinha praticando em relação à Lava Jato nos últimos três anos e comprar a
versão do acusado em detrimento das provas e delações divulgadas pelo
Ministério Público Federal.
A edição
desta sexta (19) prima pela presunção de inocência de Michel Temer num momento
em que a cabeça do peemedebista é rifada pela Globo, autor do furo que pode
provocar um novo impeachment.
Mas o
benefício da dúvida a Temer é dado ao custo da omissão de parte substancial da
conversa gravada por Joesley Batista, da JBS. O material foi divulgado na noite
de ontem pelo Supremo Tribunal Federal e, no mesmo dia, Folha apressou-se em
declarar o conteúdo "inconclusivo".
Para ter
certeza que o leitor entendeu que Temer não pode ser acusado de dar anuência a
pagamento de propina a Eduardo Cunha na prisão, como afirma a Lava Jato, Folha
escreveu três vezes a mesma manchete, dentro da mesma edição. Capa e páginas 4
e 10 trazem a informação, de que não ficou claro, dada a péssima qualidade do
áudio, que Temer sabia que o "acerto em dinheiro" dado entre a JBS e
Cunha era propina para o ex-deputado ficar calado. Na versão do presidente, era
uma "ajuda humanitária". Ajuda mensal e dada após cobrança insistente
de Cunha, diga-se.
Esse
primeiro esforço da Folha em livrar Temer é derrubado quando lemos o próprio
jornal, que cita uma segunda gravação (essa não publicizada), de Joesley com
Rodrigo Rocha Loures, deputado indicado por Temer para cuidar dos interesses da
JBS junto ao governo e filmado pela Polícia Federal carregando uma mala de
dinheiro. Nessa gravação, segundo Folha, Joesley aparece dizendo ao
parlamentar: "Eu disse pra Michel, desde quando Eduardo foi preso e ele [Funaro],
quem está segurando as pontas sou eu". Loures concorda: "Cuidando
deles lá". Temer disse algo no mesmo sentido: "Tem que manter isso
aí, viu?".
Para Folha,
o único possível crime cometido por Temer foi o de prevarização. Isso porque o
presidente ouviu relatos de Joesley sobre a compra de procuradores e, quem
sabe, até de juízes, para desacelerar investigações do Ministério Público
contra a JBS, e respondeu: "Ótimo, ótimo." Claro que o jornal não
relatou esse trecho da conversa com tal contundência. Disse que Temer ouviu
relatos que dão conta de obstrução de Justiça, de maneira genérica, e nada
fez.
O 3º MOTIVO PARA IMPEACHMENT
Mais do que
amenizar as acusações contra Temer, Folha simplesmente omitiu todo o teor
explosivo do trecho da conversa que dá à oposição o 3º motivo para o
impeachment, caso o suposto aval à compra de silêncio de Cunha e prevaricação
não bastem: o presidente abriu a porteira do governo para a JBS entrar e fazer
as modificações necessárias aos interesses da empresa. No Cade, na Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), na Fazenda, na Receita Federal. Tudo através do
blindado ministro Henrique Meirelles, o adorado do deus mercado.
O leitor que
não puder conferir a conversa que cita a pressão por uma mudança de postura de
"Henrique" (o GGN ouviu o aúdio e registrou os principais
pontos aqui),
deve apenas abrir outro jornal da grande mídia e conferir a diferença de
tratamento.
O Globo,
autor do furo que pode acabar com Temer, publicou que Joesley foi autorizado
"a ser firme com Meirelles." No áudio, um dos trechos mais claros são
os relatos de que o ministro da Fazenda vinha sendo cobrado por mudanças em
órgãos onde a JBS acumula problemas. Joesley queria um "alinhamento"
com Temer, para que Meirelles parasse de dar respostas evasivas e executasse as
cobranças.
"É só
isso que eu queria, ter esse alinhamento. Para ele perceber que nós temos...
Mas quando eu digo ir mais firme no Henrique, é isso... esse alinhamento que eu
queria ter...", disse. Temer respondeu: "Tá bom, pode fazer."
A outra
gravação, de Rocha Lourdes com Joesley, O Globo igualmente tratou como
"outro exemplo de sintonia entre Temer e Joesley".
Ao deputado,
Joesley relatou interesse em ter "posições-chave" no Cade, CVM,
Receita, Banco Central e Procuradoria da Fazenda. "Eu só preciso é
resolver meus problemas, não é que eu gostaria que fosse João ou Pedro [o
indicado]..."
Imediatamente,
Loures fez uma série de telefonemas na frente de Joesley para provar que podia
ajudá-lo. O deputado foi filmado pela PF, depois, recebendo uma mala com R$ 500
mil da JBS. O jornal dos Marinho tem as imagens, mas a Folha decidiu ignorar
esse fato e também omitiu da reportagem.
Se a lógica
da grande mídia e Lava Jato for aplicada ao caso, Temer está para Lourdes e JBS
assim como Lula está para os ex-diretores da Petrobras e as empreiteiras
Odebrecht e OAS.
DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Quem seguiu
os passos de Folha foi o Estadão, com um editorial igualmente fora da curva em
relação à Lava Jato.
Nesta sexta
(19), o diário tratou os vazamentos contra Temer como uma "arma
política" - situação nunca aplicada a Lula ou Dilma Rousseff, por exemplo.
Também disse que Temer ficou refém da demora do STF em liberar os áudios,
prevalecendo a "versão do acusador" e provocando reação
"estapafúrdia" no Congresso, dos que clamam por impeachment sem
pensar na estabilidade do País. Preocupação que também não se teve com Dilma.
Por fim, e depois de chamar a gravação de "clandestina", Estadão
considerou o material inconclusivo, ignorando que Temer já é alvo de um
inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal por causa dessas evidências.
Não se sabe
o que fez a cobertura da Folha (e em menor grau, a do Estadão) tirar o pé do
acelerador quando a Globo parece patrocinar o impeachment de Temer. O que se
sabe é que o benefício da dúvida é concedido menos de 24 horas depois do
presidente mandar suspender R$ 200 milhões em publicidade.
O mandato.
"[Eduardo Cunha] cobrou, eu acelerei o passo e tirei da frente",
disse Joesley a Temer sobre a propina, que concordou: "Tem que manter
isso"
Jornal GGN
- O Supremo Tribunal Federal (STF) retirou o sigilo do grampo entre o
presidente Michel Temer e o dono do frigorífico JBS, Joesley Batista. Na
conversa, Temer afirma que "se não tivesse apoio do Congresso, estava
ferrado" e dizia estar seguro do término de seu mandato: "cabe
recurso no TSE [Tribunal Superior Eleitoral, onde tramita o processo de
cassação da chapa Dilma e Temer] e Supremo, aí já terminou o mandato."
Também no
diálogo, o mandatário mostrou-se nitidamente preocupado com as perguntas
enviadas pelo ex-deputado Eduardo Cunha a ele, no processo da Operação Lava
Jato que incrimina o ex-presidente da Câmara. "O Eduardo resolveu me
fustigar, Moro indeferiu 21 perguntas dele", afirmou.
Após ser
informado sobre o pagamento da mesada ao ex-deputado, Michel Temer diz
claramente: "Tem que manter isso". Joesley disse que estava "de
bem" com Cunha, que fez "o máximo dentro do possível" e que
zerou "qualquer pendência daqui para ali". "Ele [Cunha] foi
firme, veio, cobrou, eu acelerei o passo e tirei da frente", descreveu
assim o empresário sobre o repasse ao parlamentar para a compra de seu
silêncio.
Ainda na
conversa, Joesley Batista diz que faz pedidos a Henrique Meirelles - que foi
seu executivo - e ele diz que não pode, por causa de Michel Temer. Joesley
propõe a Temer, então, um alinhamento para demover Meirelles. "Trabalhei
com Meirelles quatro anos, se eu for mais firme, acho que ele corresponde. Eu
queria ter alguma sintonia contigo [Temer] para quando eu falar com o
Meirelles", disse.
"Se ele
jogar para cima de você, eu posso bancar e dizer [que já entrou em acordo com
Temer]? Se não, não, qualquer coisa eu falo com ele". "Só esse
alinhamento mesmo que eu queria ter", completou Joesley, satisfeito.
Batista
dedicou boa parte da conversa para criticar a Operação Lava Jato, desde os
instrumentos de investigação, como o próprio acordo de delação premiada:
"delação o que é? É [considerada] uma verdade, não precisa provar nada",
afirmou.
Posteriormente,
comentou sobre o acordo fechado pelos irmãos Wesley e Joesley com a
força-tarefa, para devolver R$ 1,51 bilhão em seguro-garantia ou em títulos
públicos federais, que foi o calculo atualizado sobre os R$ 590 milhões aportados
pelos fundos de pensão Funcef, da Caixa Econômica, e Petros, da Petrobras.
"Recorri ao procurador, dei um seguro garantia de 1 bilhão e meio e,
pronto, resolveu o meu problema [sobre o congelamento de suas contas e da
retirada de seu passaporte]".
Ouça a
íntegra da gravação da conversa entre o empresário Joesley Batista e Michel
Temer, a partir dos cinco minutos: veja aqui.
Divulgadas
fotos de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB), com uniforme de
presidiária; ela foi presa nesta quinta-feira, 18, pela Polícia Federal,
acusada de intermediar o encontro entre Aécio e Joesley Batista no início
deste ano, ocasião em que o tucano foi gravado solicitando uma ajuda de R$ 2
milhões ao empresário para custear sua defesa em processos da Lava-Jato;
mineira tinha uma passagem comprada para Londres na noite desta quinta-feira,
segundo investigadores.
Andrea
Neves, irmã de Aécio Neves, já se encontra no Complexo Penitenciário Feminino
Estevão Pinto, em Belo Horizonte. A irmã de Aécio foi presa na manhã desta
quinta-feira em sua casa, em um condomínio na Região Metropolitana de Belo
Horizonte. A Polícia Federal ainda não divulgou as razões do pedido de prisão.
Segundo
Lauro Jardim, colunista do jornal O Globo, Andrea intermediou um encontro entre
Aécio e Joesley Batista no início deste ano, ocasião em que o tucano foi
gravado solicitando uma ajuda de R$ 2 milhões ao empresário para custear sua
defesa em processos da Lava-Jato. A mineira tinha uma passagem comprada para
Londres na noite desta quinta-feira, segundo investigadores.
Para
garantir integridade física, Andrea Neves está presa em ala isolada (Agência
Brasil).
A Secretaria
de Administração Prisional de Minas Gerais (Seap) informou na tarde de hoje
(18) que Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), está presa em uma
ala separada do pavilhão principal do Complexo Penitenciário Feminino Estevão
Pinto, em Belo Horizonte. A decisão foi tomada com base na Lei de Execução
Penal, que permite o isolamento do detento quando houver riscos à sua
integridade física.
"Essa
separação se dá em razão do tipo de crime, das condições em que se deu a prisão
e da repercussão do caso", informou em nota a Seap. Andrea está em uma
cela individual com cama, vaso sanitário e chuveiro. Como qualquer outro preso,
ela terá alimentações diárias, banho de sol, assistências médica e psicossocial,
além do direito de receber visitas conforme as regras do sistema penitenciário.
Andrea deu
entrada na unidade prisional às 14h40. Ela foi presa preventivamente por
determinação do ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Edson Fachin,
relator dos processos da Operação Lava Jato na Corte.
Segundo
reportagem do jornal O Globo, Aécio foi citado pelo empresário Joesley Batista,
dono do grupo JBS, em depoimento de delação premiada homologada pelo STF. O
delator contou aos procuradores que Aécio lhe pediu R$ 2 milhões para pagar
despesas com sua defesa na Operação Lava Jato. Andrea Neves seria participante
da transação.
Fachin negou
o pedido de prisão preventiva de Aécio, mas determinou o afastamento dele do
mandato. Também foram presos Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, e
Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG). Segundo o
jornal O Globo, a Polícia Federal identificou que os recursos pedidos por Aécio
ao dono da JBS foram depositados na conta de uma empresa de Zezé Perrella.
Quem
acompanha a política brasileira nos últimos anos, certamente não ficou surpreso
com os fatos revelados sobre o Governo Temer – quem não sabia do esquema do
Aécio? – mas se surpreendeu com o fato da mídia os ter divulgado.
Afinal, não
é difícil imaginar que o presidente do PSDB e o ex-presidente do PMDB fossem
capazes de fazer o que e aparentemente fizeram, por diversos fatores:
1) Temer é
Cunha e Cunha é Temer, e o ex-presidente da câmara agiu como um verdadeiro
mafioso em seu processo de cassação (Fausto Pinato que o diga); 2) Eduardo
chantegeou abertamente Michel em perguntas que Sérgio Moro barrou (só chatagea
nesse nível quem tem algum trunfo); 3) Aécio tinha relações altamente duvidosas
com sua primo “tesoureiro” (como bem recordou Brito mais cedo); 4) Neves foi
capaz, não só de perseguir jornalistas mineiros para se blindar, mas também
perseguir e torturar Marcos Carone para não atrapalhar suas pretenções
eleitorais. Por fim, claro, ambos encabeçaram um Golpe cujo objetivo era
“estancar sangria” da Lava-Jato e inventar pedaladas para tomar o poder de uma
presidenta democraticamente eleita.
É de se
estranhar, portanto, que mesmo com tanta evidência indireta Michel e Aécio
detinham tanto poder (a ponto de comandar reformas estruturais mesmo com baixa
popularidade), e precisou de provas tão objetivas para escancarar o que já era
facilmente abstraído.
Tal fenômeno
só teve respaldo por um ponto: a mídia sempre esteve ao lado do governo Temer.
Assim, considerá-la como cúmplice das ações ilícitas do alto escalão da base
aliada não é nada mais do que justo.
Imaginem só
um político que construiu um aeroporto de uso particular, com dinheiro público,
na fazenda da família e cuja chave fica em posse de um tio. Pensem, agora, num
helicóptero em nome de outro político pego com meia tonelada de pasta base de
cocaína. Considerem, também, um presidnete que conduz um achaque a luz do dia
para aprovar reformas altamente impopulares, com perdões de dívidas e
consessões totalmente fora da realidade fiscal do país.
Sabemos bem
que todos esses fatos, gravíssimos, não foram sequer investigados, quiçá
esmiuçados, como pedalinhos, um sítio ralé e um triplex. E nessas horas, onde
atitudes controversas tiveram total liberdade para acontecer sem as devidas
explicações, não há outro sentimento a não ser a dúvida sobre o papel da mídia
tradicional em todo essa sujeira que, agora, objetivamente foi colocada as
claras.
Talvez a
risada de Catanhêde com Temer, ilustrada acima, ajude a resolver esse
questionamento: algo do tipo “Tamo junto, presidente!”.