segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A CPI da Previdência já tem adesão do Senado para sua instauração imediata

O que poucos acreditavam aconteceu. A Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas - Cobap, juntamente com o senador Paulo Paim (PT-RS), acaba de dar um duro golpe no Governo Federal, conseguindo o número necessário de assinaturas para instaurar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a real situação financeira da Previdência Social.

Esse fato é inédito. Pela primeira vez em 92 anos de existência, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sofrerá uma severa investigação. Serão apurados desvios de verbas, fraudes, sonegações e todos os tipos de irregularidades.

A ideia de criar uma CPI na Previdência Pública partiu do presidente da COBAP, Warley Martins, que buscou o apoio do senador Paim para oficializar um complicado processo investigativo, que será histórico. “Vamos provar de uma vez por todas que não existe déficit na Previdência. Não tem rombo, tem roubo. Muita gente vai parar na cadeia.

Para a abertura desta CPI eram necessários que um terços dos 81 senadores assinassem o pedido (ou seja, 27 membros). Graças ao trabalho e pressão da COBAP nas ruas e ao prestígio de Paulo Paim, até agora 29 parlamentares assinaram o documento, garantindo a instauração da investigação nos cofres do INSS durante as últimas décadas. Espera-se que outros senadores assinem, para que a CPI ganhe mais força e maior representatividade política.

O Senado terá até 120 dias para concluir a investigação na contabilidade do setor. Essa façanha pode “engessar” a maldita reforma da Previdência e também impedir sua aprovação no Congresso Nacional.

Com informações do sindipetronf.org.br e da Assessoria da Cobap.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Conhecer os vínculos de subordinação da lava jato aos EUA é uma questão de utilidade pública sem mais delongas

Ilustração
Elogios internacionais para o Procurador Geral e a Força Tarefa “pró-mercado”, por Bruno Lima Rocha.
SE OS VÍNCULOS E SUBORDINAÇÕES DA FORÇA TAREFA DA LAVA JATO PARA OS EUA NÃO FOREM REVELADOS, OS CRUZADOS LIBERAIS (OPERADORES DE DIREITO NUTELLA CONFORME O JURISTA E PROFESSOR LÊNIO STRECK– VER HTTP://MIGRE.ME/W8IK4) VÃO SER VISTOS COMO ÚNICO PATRIMÔNIO MORAL DO BRASIL

Comecei este recorte logo após a morte do ministro do Supremo em desastre aéreo, cujas circunstâncias implicariam uma ampla investigação federal. Não se trata aqui de uma ilação da morte de Teori com a morosidade de Rodrigo Janot e os pressupostos liberais da Força Tarefa da Lava Jato. Longe disso. As bases do argumento já são suficientes para não arriscarmos uma irresponsável suposição sem fatos contundentes. Deixo as especulações sem fim para os “justiceiros da geração Nutella” e suas elucubrações de “teoria do fato”. Nas palavras abaixo, duas evidências de que tanto os paladinos de Curitiba como o próprio Procurador Geral da República fazem o possível para agradarem plateias no estrangeiro, fazendo coro com a Lawfare (o emprego de convênios e justificativas ‘legais’ como arma de guerra imperial) e a governança liberal mundializada. Se isso ocorre de forma normativa e voluntária ou por simples reflexo ideológico e mimetismo de comportamento institucional subalterno, é algo ainda a decifrar. Os efeitos são igualmente nefastos. Vejamos.

Alexandre de Moraes no STF e um governo ilegítimo sangrando por dentro

A morte do jurista e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, em 19 de janeiro de 2017, abriu ainda mais as entranhas do Estado brasileiro em seu estamento superior. O governo ilegítimo, comandando pelo vice-presidente golpista, viu-se diante de um impasse. Indicar um algoz, ou então apontar um substituto de visíveis simpatias ao seu mandato tampão. A aposta caiu na escolha pela pizza, com a indicação – aprovada pelo Senado – de Alexandre de Moraes para a suprema corte. O fato de por si já seria absurdo – indicar o seu ministro da Justiça no exercício do cargo – e tem como agravante o perfil e a trajetória mais que discutíveis do ex-secretário de transportes de Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo e de Justiça e Segurança Pública de Geraldo Alckmin no estado de São Paulo.
  
O tema de fundo para a indicação de Moraes ao STF é o de sempre e é escancarado: a Lava Jato e a delação da Odebrecht, contando com uma lista gigantesca de supostos envolvidos no esquema de propina institucionalizado e contratos batizados. O governo MT (Michel Temer, codinome que consta na delação dos executivos da maior empresa de engenharia pesada do Brasil) está contra a parede, perde na semana do carnaval ao titular da pasta das Relações Exteriores (o senador tucano José Serra, campeão de vexames no Itamaraty) e vê o afastamento de Eliseu Padilha (PMDB-RS), até então todo poderoso ministro da Casa Civil. Ambos ministros alegaram problemas de saúde – o que pode ser verdade – mas, ao mesmo tempo, afastam-se do governo em situação muito delicada. A Lava Jato e as disputas internas entre os oligarcas golpistas sangram o próprio governo.

Até aí, nada que seja novidade e menos ainda em termos de operações de investigação federal. Teríamos exemplos ainda mais dramáticos, como as operações Farol da Colina, Macuco, Chacal, Satiagraha, Castelo de Areia, Monte Castelo, dentre outras de menor monta. A diferença da atual operação – dotada de força tarefa quase completamente autônoma – para com as citadas é simples. Em última análise, mesmo que executando sentenças esperadas pela maioria da população, a Força Tarefa é muito bem vista por poderes externos (conforme já explicamos em outros textos desta publicação), e abusa dos holofotes, operando como força política dotada de capacidade decisória e incidência na opinião pública e sociedade civil em rede. Nada mais perigoso do que operadores da lei interpretando-a apenas conforme suas doutrinas e idealizações de vida em sociedade. Na sequência, apontamos mais duas evidências desta relação “harmônica” e uma conclusão de crítica propositiva.
   
A operação que tem dimensões internacionais e o Procurador Geral pró mercado

"A Lava Jato é tão grande que a cada pena que se puxa surge uma galinha." Esta frase seria do ministro Teori Zavascki, segundo o programa Fatos e Versões da Globonews (exibido no sábado 21 de janeiro de 2017), cujo viralatismo elogia o fato da Operação coordenar com 30 países e já obter condenações em 17 Estados soberanos. Para quem acompanha a política dos países Hermanos latino-americanos, a Lava Jato – com a Odebrecht como alvo – sangra o ambiente político da Colômbia, Equador, Peru, Venezuela e Panamá (veremos estas ramificações e impactos em artigos posteriores).
No mesmo programa, também elogiam o fato da tecnocracia da PF e da Receita ser "preparadíssima", falando vários idiomas, com pessoal tendo vivido fora do país e com conexões diretas no exterior. Até aí tudo bem, se o ideal de "viver fora" não fosse os Estados Unidos, a Inglaterra ou suas outras ex-colônias anglo saxãs. Quando muito, a “experiência fora” é um mimetismo Europa do Euro (antes do Brexit, de certo) governada pela Comissão Executiva da União Europeia, apêndice do Bundesbank (Banco Central da Alemanha Federal e também da Unificada) e porta voz do ordoliberalismo.
  
Como é da estrutura da subordinação dos formadores (ou deformadores) de opinião no Brasil, o elogio interno reflete o aplauso do centro do capitalismo. Temos o fato, declarado, do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), afirmando para a nata do capitalismo mundializado de que a Lava Jato e a atuação da PGR é pró-mercado. No portal do World Economic Forum, Janot é citado reforçando a convocatória do próprio fundador do think tank dos ricos no planeta. O texto é muito direto:

“Another highlight will be the participation of Rodrigo Janot, Prosecutor General of Brazil, who has been leading an epic fight against corruption in the country. Market capitalism needs urgent reform in three key areas: ending corruption, tackling inequality and failing to adopt sufficient long-term thinking, according to Klaus Schwab, the Forum's Founder and Executive Chairman.” (ver link em http://migre.me/w8hSn).

O evento do Procurador Geral do Brasil estava na agenda “regional”. Mas o Brasil teve outro momento de evidência duvidosa no contestado evento. Janot foi ao mais que questionado fórum ao lado de um ex-CEO do Itaú e ex-funcionário do Banco Mundial, hoje presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn, este sim, queridinho do mercado e espiritualmente um Chicago Boy. Junto a Goldfajn, o hoje todo poderoso titular da pasta da Fazenda e homem com livre trânsito entre os especuladores do planeta, o ex-diretor do Bank of Boston, Henrique Meirelles. O papelão de tipo “exposição de motivos e intenções de austeridade” foi registrado e compartilho neste link (http://migre.me/w8hXI)
   
Força Tarefa da Lava Jato premiada no Panamá -  ironia macabra

Sábado, 3 de dezembro de 2016, Cidade do Panamá. Na capital do pequeno país do istmo centro-americano, a Força Tarefa da Lava Jato foi premiada pela super ONG Transparência Internacional como defensora global contra a corrupção no planeta (http://migre.me/vHGOB). A Transparência foi uma opção das transnacionais (TNCs), no período pós-consenso de Washington, para modificar a forma de inserção e investimento nas periferias do mundo. Nos tempos de Terceiro Mundo e Guerra Fria, a corrupção de autoridades e busca de acessos facilitados eram vistos como “custos transacionais”; após a virada da década de ’80, a solução mundializada pelos EUA foi tentar universalizar a democracia liberal, diminuir as barreiras nacionais e institucionalizar um sistema de Justiça que fosse passível de controle ou regulação pelas grandes empresas atuando em países com algum sistema institucional mais sólido.

Daí vem à noção de luta contra a corrupção como uma punição seletiva, e o fator fundamental dos acordos de cooperação judicial. Como os EUA tem a vantagem estratégica de intervir na maior parte das comunicações eletrônicas no planeta (através do Sistema PRISM, antes no Echelon – ver nsa.gov e dia.mil - no emprego das agências de monitoramento Geoespacial – ver nga.mil – e na de Reconhecimento – ver nro.gov), logo, apontam seus alvos de forma seletiva, favorecendo ou prejudicando agentes coletivos nacionais ou mesmo atores individuais. É óbvio que a incidência de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e vantagens intra-governos é gigantesca, e dentro dos parâmetros dos sistemas legais de Justiça, a maior parte dos envolvidos nos seguidos escândalos não escaparia de investigações contundentes. Mas, como afirmam nos EUA, existem empresas e conglomerados que são “grandes demais para falir e grandes demais para serem presos” (too big to fail and too big to jail), e o mesmo ocorre em escala planetária.

Logo, a modalidade de denúncias de corrupção e os acordos de cooperação internacionais com países mais fracos (todos ou quase todos em algum grau em escala planetária), torna-se uma maneira efetiva de exercício de hegemonia da superpotência, considerando suas enormes vantagens no ato investigativo graças a sua capacidade de espionagem eletrônica em escala planetária. Do lado brasileiro, os holofotes se globalizam através da internet e de acordos de cooperação. No portal da Procuradoria Geral da República, na página da Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) consta um relatório em inglês, em formato Pdf e uma ampla prestação de contas. No entendimento deste analista, tudo soa como prestação de contas aos pares internacionais, afirmando a independência dos poderes do Estado brasileiro e a autonomia decisória de procuradores e magistrados nacionais. Para quem julgar exagero em minhas palavras, convido a uma leitura atenta no documento oficial, no seguinte link (http://migre.me/w8icL).
    
Para evitar o salvacionismo dos cruzados da Lava Jato

SE OS VÍNCULOS E SUBORDINAÇÕES DA FORÇA TAREFA DA LAVA JATO PARA OS EUA NÃO FOREM REVELADOS, os cruzados liberais (operadores de direito Nutella conforme o jurista e professor Lênio Streck– ver http://migre.me/w8ik4) vão ser vistos como único patrimônio moral do Brasil. Vejam bem, as oligarquias políticas são parasitas e realmente não valem nada; o empresariado brasileiro é sim sanguessuga e rentista, e dos financistas nem se fala. Logo, a moral da virtude política está marcada hoje pelos reacionários da mídia pró EUA e os operadores jurídico policiais. Não tem como escolher mal menor agora, logo, entendo que é urgente tomar distância do moralismo conservador e defender toda e qualquer forma de aumento da democracia participativa e resistência contra o retrocesso e a perda dos direitos sociais. A cancha está totalmente aberta, para todos os lados da política e com chances para todas as ideologias.

Há evidência de possibilidades concretas de traição a pátria, insubordinação e indicação de testemunhas chave para fecharem acordos com o Departamento de Justiça da Super Potência. Logo, os adidos legais dos EUA desde o início da Operação Pontes – iniciada em fevereiro de 2009 - são os personagens chave desta conspiração. Se os adidos são operadores-chave, seus interlocutores brasileiros também. Tanto quem opera na troca de informações, como na Autoridade Central inexistente, que nada supervisiona e deixa correr por conta própria, em perigosa autonomia administrativa e jurisprudencial. O neologismo “república de Curitiba”, em franca alusão à “república do Galeão” de triste memória para a política brasileira é decorrente desse conjunto de absurdos e idealização dos Estados Unidos.

É preciso indicar um curso político para esta crítica. Caso esta possibilidade de cooperação não autorizada não fique demonstrada para a sociedade brasileira, os tecnocratas das carreiras jurídicas (magistrados, procuradores, delegados e auditores) – e suas lealdades ideológicas externas – podem vir a formar o novo polo de poder com capacidade de intervenção nos processos políticos internos.

Do GGN, por Bruno Lima Rocha doutor em ciência política e professor de relações internacionais da Unisinos (www.estrategiaeanalise.com.br / blimarocha@gmail.com). 

Jobim dá recado a Moro e seus asseclas

Jobim verbaliza no Estadão o corte das asas de Moro

Nélson Jobim está longe de ser esquerdista, muito menos santo de meu altar.

Foi ministro da Defesa dos governos Lula e Dilma, mas também foi Ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, que o nomeou para o Supremo Tribunal Federal, do qual foi presidente  e onde ainda tem grande interlocução.

Por isso, a sua entrevista ao Estadão – que, salvo surpresas, será a matéria de política mais importante do domingo de Carnaval –  tem um peso imenso e é um dos mais duros golpes assestados na atuação do MP e do juiz Sérgio Moro.

Ao dizer que há  “espetacularização” e “arbitrariedades” na Operação Lava Jato, Jobim não está falando por si.

E não fala pelo PT ou por Lula, porque se absteve de falar até agora.

Mas está falando pelos políticos, pelo governo e pela cúpula do Judiciário, com um som de tesoura pronta a cortar as asas do juiz Sérgio Moro e da tal “força tarefa”.

Jobim, sem citar nomes, não se furtou a apontar casos concretos dos quais todos sabem quem são os autores.

Inclusive contra o tribunal revisor das decisões de Moro, o Tribunal Regional Federal da 4a. Região, que tem homologado, por princípio, o que é decidido em Curitiba. E vai além de insinuar que Moro quer projeção política com o que faz.

Leia este trecho da entrevista de Jobim:

(…)há também, digamos, uma tendência, um equívoco, em que alguns juízes acham que têm de fazer justiça e não aplicar a lei. Quem diz ‘não, eu não vou aplicar a lei porque o que julgo é ilícito’, de onde vem esse poder? Do concurso público que o transformou em juiz? Essa discussão do projeto das 10 medidas anticorrupção (projeto que está na Câmara a ser enviado para o Senado), que foi oferecido pelo Ministério Público, inclui posições de alguns promotores ridículas. Tinha absurdos completos em termos de atribuição de uma espécie de um poder sacerdotal para efeito investigatório.

A Lava Jato tem ferido os direitos das defesas, por exemplo?

Há exageros. Inclusive nas prisões que são feitas em Curitiba (sede da operação sob responsabilidade do juiz federal Sérgio Moro), em que as coisas vão se prolongando e resultam em delações. Outro exemplo, condução coercitiva. Ela só é admissível quando alguém se nega a ir em uma audiência em que foi previamente intimado. Mas não se admite que alguém que não foi convocado para depor seja levado coercitivamente para depor.

A do Lula foi arbitrária?

Sim, não tenha dúvida. Isso é muito bom quando você está de acordo com o fim, mas quando o fim for outro… O dia muda de figura quando acontece contigo. O que nós temos de deixar claro é essa coisa da exposição dos acusados. Vão pegar um sujeito em um apartamento e aparece gente com metralhadora, helicóptero. Tudo isso faz parte daquilo que hoje nós chamaríamos de ação-espetáculo, ou seja, a espetacularização de todas as condutas. O Judiciário não é ambiente para você fazer biografia individual. Biografia se faz em política.

O sr. acredita em “desmonte” da Lava Jato?

Não, isso faz parte do discurso político. Evidente que quem está sendo perseguido vai querer fazer isso (desmontar), agora se afirmar que está acontecendo, é só discurso. Evidente que você tem de afastar a prática de violências de qualquer natureza. Nós não podemos pensar de que se algo foi malfeito, autoriza que seja mal feito também a forma de persegui-los.

Por exemplo?

A divulgação da gravação da presidente Dilma com Lula depois que havia encerrado o tempo de gravação, autorizado pelo próprio juiz que havia determinado a gravação. Você acha isso legítimo? Qual é a consequência disso? Esse episódio é seríssimo. Houve algum processo para verificar se houve algum abuso? Há um inquérito sobre isso? Que eu sabia, houve várias tentativas por parte dos interessados e que não aconteceu nada. Lembro bem que chegaram até a dizer: ‘Casos excepcionais requerem medidas excepcionais’.


E conclui dizendo que densidade eleitoral “é uma coisa que não se constrói dentro do tribunal.”

Com informações de Fernando Brito do Tijolaço.

Grupo ligado ao Bolsonaro organizou motim da polícia no Espírito Santo

Bolsonaro quando na ativa

Um grupo político ligado ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) esteve na linha de frente da comunicação e da logística do motim que parou a Polícia Militar do Espírito Santo no início deste mês, segundo levantamento do Estadão em conjunto com uma equipe de especialistas em redes sociais. Entre os nomes que constam desta rede de apoio estão o ex-deputado federal Capitão Assumção e o deputado federal Carlos Manato (SD-ES), aliados de Bolsonaro no Estado.

A Polícia Federal investiga a origem do movimento, que durou de 4 a 14 de fevereiro, período em que ocorreram 181 homicídios na Grande Vitória e em cidades do interior. Um relatório parcial da PF, de 17 de fevereiro, ao qual a reportagem teve acesso, cita os nomes de Assumção, de Manato e de assessores. O documento alerta para a possibilidade de falta de policiais nas ruas de Vitória durante o carnaval. A paralisação dos militares é considerada ilegal e mais de mil agentes da corporação estão sendo processados.

O Estado identificou uma intensa troca de mensagens entre pessoas ligadas ao grupo, influente na PM capixaba, corporação que agrega 10 mil homens. O levantamento coletou informações produzidas por internautas e rastreou as interações de pessoas e entidades. Para isso, teve a ajuda de uma equipe formada por mestres e doutores nas áreas de Sociologia e Comunicação Digital.

Recorde. Publicações do próprio Bolsonaro atingiram recordes de visualizações nos dez dias de paralisação. Apenas um vídeo divulgado pelo deputado no dia 6 de fevereiro, terceiro dia do motim, foi visualizado por 2 milhões de pessoas. Nele, Bolsonaro critica o governo do Estado, defende a polícia, alerta para a possibilidade de o movimento se espalhar para outros Estados e faz propaganda do nome do Capitão Assumção, que, segundo aliados, almeja voltar à Câmara em 2018.

A movimentação na internet antecede a presença massiva de familiares dos policiais na frente dos batalhões da Polícia Militar, um cenário que ganhou corpo a partir da manhã do sábado, dia 4. No dia anterior, sexta-feira, o ex-deputado Capitão Assumção, braço direito de Bolsonaro no debate de segurança pública na Câmara entre 2009 e 2011, divulgou no Facebook uma lista de reivindicações da categoria e as primeiras imagens de mulheres que faziam protesto na frente de um batalhão no município da Serra.

“Já que os militares não podem se manifestar, os familiares estão fazendo por eles”, escreveu. O post teve quase 300 mil compartilhamentos. O ex-deputado usa foto de Bolsonaro na capa da conta no Facebook. Procurado desde a terça-feira, 21, Assumção não foi localizado.

Na noite da véspera do início do motim, o empresário Walter Matias Lopes, militar desligado da polícia, alertou seus seguidores: “Amanhã a Polícia Militar vai parar. Pior Salário do Brasil”. Em seguida, convocou: “Você, admirador da Polícia Militar, está convidado para participar do movimento amanhã”. Matias é companheiro de Izabella Renata Andrade Costa, funcionária comissionada do gabinete de Carlos Manato, que é pré-candidato ao governo do Espírito Santo com o argumento de que, assim, dará palanque a Bolsonaro.
(…)
Com informações do DCM.

Temer, a “mula” em-chefe sangra e tem dificuldades para “entregar o pacote”

Jornalista Fernando Brito, diz que o papel para o qual a elite dominante escalou Michel Temer foi o de "mula"; "Pegar o poder com o golpe e entregar, depois, ao PSDB, já devidamente higienizado dos direitos dos pobres e com as medidas de depenamento do Estado brasileiro", afirma; "A mula, porém, está escandalosamente manca. (...) Ferida e só, aperta o passo para a entrega de sua principal encomenda: a reforma da previdência, na qual, como penduricalho, vem a reforma trabalhista".

Por Fernando Brito, do Tijolaço - Como se sabe, o papel para o qual  a elite dominante escalou Michel Temer foi o de “mula”.

Pegar o poder com o golpe e entregar, depois, ao PSDB, já devidamente higienizado dos direitos dos pobres e com as medidas de depenamento do Estado brasileiro.

A mula, porém, está escandalosamente manca.

A tropa que ela liderava perde um integrante por semana, e cada um que sai se torna um fardo a mais: é mais um para livrar das encrencas ma Justiça.

E, em matéria de livrar, nada é mais importante do que aliviar a “pressão Cunha”, conseguindo colocar o ex-deputado em liberdade, missão que está confiada a Gilmar “Alongadas Prisões” Mendes. Da decisão, se possível manter na Segunda Turma do STF, deve ser poupada uma constrangedora estréia de Alexandre de Moraes, que marcaria ainda mais as digitais de Temer.

Se fosse uma prática desde o início, a de permitir, tão logo executadas as apreensões de documentos, bloqueios de bens e de contas, limitações de deslocamentos e proibição de ida ao exterior, que os acusados respondessem, como manda a lei, em liberdade, seria mais uma.

Mas Moro, a Justiça e, especialmente, o STJ e o STF acostumaram o país, durante dois anos e pico, à ideia de que lugar de acusado é na cadeia. E quem mais acusado, quem mais bandido perante a opinião pública que Eduardo Cunha?

Talvez, sem repercussão política, o ex-goleiro Bruno.

Então, ferida e só, a “mula” aperta o passo para a entrega de sua principal encomenda: a reforma da previdência, na qual, como penduricalho, vem a reforma trabalhista.

Mas surgem problemas para isso, tanto no “baixo clero” peemedebista, que vê os tucanos nos melhores poleiros quanto na cúpula do parlamento, abalada pelas denúncias contra Rodrigo Maia (às da Odebrecht se somam agora as da Delta Engenharia, de Fernando Cavendish, antecipadas pela Veja) e o rebuliço que a prisão de Jorge e Bruno Luz causarão na bancada peemedebista no Senado.

Em oI Globo, um dirigente tucano faz pouco da insatisfação peemedebista: ” A decorrência natural é que Temer, para fugir do isolamento, demande cada vez mais a presença de quadros do PSDB que possam apoiá-lo e com quem trabalhe com um grau de confiança maior. Lamentavelmente, ele perdeu esses interlocutores de confiança no PMDB, não sobrou ninguém e a bancada é um deserto. Ele tem chamado o Aécio cada vez com mais frequência ao Planalto, e o Imbassahy vai crescer muito. É discreto e confiável. Vai gerar ciúmes? Vai. Mas lamentavelmente eles não têm como reagir a isso.

Será? Boa parte do centrão flutua levada pela maré. E a maré é ruim, muito ruim.

O carnaval triunfal de Temer, previsto para desfilar aos gritos de “olha o crescimento aí, gente” viu, na quinta-feira, virar seu clima para quarta-feira de cinzas.
                                                                                   
Do 247 e Tijolaço.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Temer joga o país na lama enquanto o mundo há muito esperneia para sair

Ilustração
Na contramão do mundo o Brasil abraça o entreguismo e se transforma em estado bárbaro. Um Grito de Brasilidade contra a lei do sexagenário e a entrega da Nação. Denuncia o senador Roberto Requião.

A saída do Reino Unido da União Europeia; a eleição de Trump, nos Estados Unidos; a liderança de François Fillon na disputa para a presidência da França;  a recente pesquisa indicando o avanço do Partido Social Democrata da Alemanha, na hipótese de rompimento da aliança que hoje mantém com a chanceler Angela Merkel; a derrota do primeiro ministro da Itália, Mateo Renzi, em um plebiscito que mais rejeitou sua política econômica que as reformas administravas que propunha; a crise espanhola  que não ata e nem desata, impedindo há mais de ano que o país tenha um governo com  clara maioria no Parlamento;  a lenta, dolorosa agonia da Grécia são recorrências que têm uma mesma origem: a reação à ditadura do capital financeiro global, cuja prevalência sobre os interesses nacionais, sobre o trabalho, a produção , a ventura de vida , o bem-estar e a felicidade dos homens desperta reações Planeta Terra afora.

Evidentemente, como todo acontecimento político e social, não há rigorosa simetria em tais reações, mas o denominador que os impulsiona é o mesmo: a saturação do neoliberalismo, especialmente da financeirização da vida das nações e da humanidade.

“Nenhum país vai se desenvolver se não defender sua indústria e seus trabalhadores”. (Esta frase é uma citação).

Qualquer um das senhoras e dos senhores senadores, inclusive eu, desconhecendo sua autoria, a colocaria à conta de um líder de esquerda, de um nacionalista de algum país subdesenvolvido. Mas a frase é de Donald Trump, presidente norte-americano que se elegeu não por causa de delírios como o muro na fronteira com o México ou a política anti-imigração. E sim porque prometeu fazer com que os interesses do povo norte-americano, especialmente de seus trabalhadores, iriam se impor à globalização.

Certamente não é meu herói, como não são os senhores François Fillon, Martin Schulz ou a senhora Thereza May.

Da mesma forma, não inscreveria entre as minhas inspirações a senhora Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI ou o senhor Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial. Mas tanto uma como outro, frequentemente, tem espicaçado as políticas econômico-financeiras de países como o nosso que, tristemente, mediocramente têm insistido em seguir a trilha do fracassado modelo liberal.

Ainda agora, o presidente do Banco Mundial declara: “É a primeira vez que vejo um governo destruir o que está dando certo. Nós do Banco Mundial, o G8 e a ONU recomendamos os programas sociais brasileiros para dezenas de países, tendo em vista os milhões de pobres brasileiros que saíram da extrema pobreza nos governos anteriores a esse.

Agora, a fome vai aumentar consideravelmente em 2017.  Cortar programas sociais que custam tão pouco ao governo, como o Bolsa Família, é uma coisa que não tem explicação”.

Tem explicação sim, senhor Jim Yong Kim. A mesma explicação do porquê o Brasil foi o derradeiro país a libertar os negros da escravidão. A mesma explicação do porquê, comparativamente com Estados Unidos da América, as nossas elites políticas, econômicas e sociais optaram pelo escravismo, pela dependência, pela economia agroexportadora, pelo extrativismo, pelo rentismo, pelo arrocho salarial, pela segregação e exclusão social, pelo golpismo.

Nesses tempos de internet, onde é livre falar, é só falar, alguns ociosos, com parcos neurônios, nenhuma leitura e a típica ousadia dos idiotas, costumam despejar toneladas de preconceitos étnicos, morais e religiosos para explicar o descompasso entre o desenvolvimento brasileiro e o desenvolvimento norte-americano.

Ignoram eles que, na segunda metade do século XIX, o caminho escolhido pelos Estados Unidos para se desenvolver chamou a atenção dos maiores teóricos da economia política da época, à esquerda, à direita, ao centro. Vou citar três dos mais expressivos teóricos que se ocuparam a estudar os Estados Unidos.

Os fundadores do comunismo, Marx e Engels, e Friedrich List, um homem de centro, criador do chamado “Sistema Nacional de Política Econômica”. List vai se tornar o formulador de política econômica mais traduzido até os meados do século XX, e exerce forte influência sobre o pensamento econômico e político até os nossos dias. Citaria entre seus discípulos John Maynard Keynes, Raul Prebisch e o nosso Celso Furtado.

Marx e Engels falam com admiração que os norte-americanos escolheram a via expressa para o desenvolvimento, que optaram por fabricar fabricantes, criando mecanismos para incentivar a produção industrial local, financiando-a e protegendo-a da concorrência internacional.

List, recolhe no exemplo dos Estados Unidos os elementos essenciais para formular seu próprio sistema de política econômica.

O que encantou teóricos comunistas e liberais no modelo norte-americano?

Encantou-os três iniciativas:

1ª) Fixação de tarifas alfandegárias elevadas e seletivas, para proteger a indústria local; além da concessão de subsídios para favorecer o crescimento do setor.

2ª) Investimentos públicos em infraestrutura: ferrovias, rodovias, hidrovias portos, energia e saneamento.

3ª) Criação de um banco nacional e de um sistema estatal de financiamento da produção.

Foi assim que os Estados Unidos tomaram a via expressa para o desenvolvimento.

Vejam, por quase um século, de 1860 à década de 1940, os Estados Unidos mantiveram a política de tarifas alfandegária elevadas e seletivas, para proteger a sua produção industrial. Ao mesmo tempo em que não abriu mão da política de subsídios.

As bases para essa política de desenvolvimento foram lançadas por Alexander Hamilton, um dos pais fundadores dos Estados Unidos, logo depois da independência do país, no século 18.

Até hoje eu vejo pessoas de esquerda torcerem o nariz por causa de algumas observações nada favoráveis de Marx sobre a parte inferior do continente americano, enquanto manifesta admiração pela política de desenvolvimento industrial da parte superior.

Parece que o velho Marx tem razão, não é? Afinal, desde sempre, as elites brasileiras -e latino-americanas por extensão- optaram claramente pela subordinação do desenvolvimento nacional aos interesses do capitalismo internacional.

Quando os Estados Unidos rompem com a metrópole londrina, voltam-se imediatamente a “fabricar os seus fabricantes”, como observou Marx.

Quando o Brasil livra-se de Portugal, faz aquilo que os Estados Unidos recusaram-se a fazer:  torna-se subordinado ao desenvolvimento industrial britânico. Portugal, proibia-nos fabricar até mesmo sabão, velas e botões. Depois do grito do Ipiranga, o Brasil continuou sem fabricar sabão, vela ou botões.

Os Delmiro Gouveia, os Irineu Evangelista de Souza foram avis rara no pombal da Casa Grande e, como exceções, não fizeram verão.

Da mesma forma que, lá atrás, as nossas elites escravocratas e coloniais renunciaram adotar o “Sistema Americano de Economia Política”, os atuais governantes, com o apoio do sistema financeiro, de políticos e partidos conservadores, globalistas, para não dizer colonizados, da mídia e dos economistas e comentaristas da Globo, da Globonews, da CBN, expressões máximas do influentíssimo analfabetismo pátrio, persistem hoje em fazer do Brasil o último refúgio de um sistema que fracassou no mundo todo e que passa a ser repudiado até mesmo nos centros econômicos mais avançados.

Na contramão da história no alvorecer da nacionalidade, na contramão da história em uma das mais graves crises do Planeta.

Enquanto Donald Trump, Thereza May, François Fillon, Justin Trudeau, Martin Schulz, Pablo Iglesias aumentam o tom contra a globalização financeira e defendem a adoção de políticas protecionistas, para salvaguardar os seus povos da voracidade de Mamon, os gênios pátrios anunciam toda sorte de franquias, de aberturas, de concessões, de submissões para atrair os especuladores internacionais e aqueles hipotéticos investidores que apreciam uma pechincha.

Vamos ao roteiro da transformação do Brasil em um estado bárbaro, dependente, produtor intensivo de produtos agrícolas voltados à exportação, fornecedor de matérias primas e commodities, com a oferta em larga escala de mão-de-obra barata e desprotegida de direitos.

Eis o roteiro em execução:

Destruição do ainda precário Estado Social brasileiro, que estávamos construindo desde a Revolução de 30 e que deu bons avanços entre 2003 e 2015.

Fim dos direitos trabalhistas, com a prevalência do negociado sobre o legislado e com a liberação irrestrita da terceirização do trabalho.

Reforma da Previdência, que tem como senha a falsa alegação de déficit no setor, mas cujos objetivos são o aumento do tempo de serviço dos trabalhadores e a privatização da área.

Venda, a preços irrisórios, como os próprios compradores festejaram, de reservas de petróleo da camada pré-sal.

Fim da política do conteúdo local; contratação no exterior de plataformas para a Petrobrás; preterição das grandes empresas nacionais de engenharia, sob a alegação de que se envolveram em corrupção ao mesmo tempo em que se contratam empresas de engenharia estrangeiras, internacionalmente denunciadas por corrupção.

Aperto do torniquete da dívida em estados e municípios, exigindo como contrapartida a privatização de empresas de energia elétrica, de água e de saneamento, o arrocho salarial e previdenciário, cancelamento de programas sociais.

Aumento do teto de financiamento do programa Minha Casa, Minha Vida, para privilegiar a classe média alta.

Liberação do saque do FGTS, para produzir um ilusório, fugaz e publicitário aquecimento da economia, sacrificando e pulverizando a poupança dos trabalhadores.

A lista das tais “reformas”, todas elas para atrair investimentos estrangeiros ou estimular que os empresários brasileiros troquem o rentismo pela produção, estende-se ao infinito.

Fez-se e faz-se terra arrasada de toda e qualquer proteção ao trabalho, aos desamparados, aos mais pobres, aos idosos e ao empresariado nacional. Parafraseando o presidente do Banco Mundial: nunca se destruiu tanto, em tão pouco tempo.

E a cereja nesse bolo neoliberal vem agora, com a permissão da venda de terras aos estrangeiros. O ministro Meirelles disse que quer ver aprovada a novidade em 30 dias, porque, segundo ele, a venda de terras atrairá grandes investimentos internacionais.

Oh, Senhor Deus! Misericórdia, Senhor!

Sua excelência, o senhor ministro da Fazenda, depois de quase um ano de idas e vinda erráticas, improdutivas, espera agora uma enxurrada de dólares, com a venda de terras?

Que será depois? A água?  O aquífero Guarani, como insinuou o agora blindado ministro Moreira Franco? Na sequência o ar?  A casa da sogra? Quê mais?

Aliás, a reação do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, à proposta de seu colega Meirelles constitui-se no melhor argumento contra a venda de terras.

Disse Blairo: “Tudo bem, desde que não se vendam terras onde plantamos soja e milho, do contrário, os estrangeiros vão manipular o plantio, conforme a cotação internacional dos produtos”.

Desculpe-me, ministro Blairo, que terras, então, os estrangeiros vão comprar? Para plantar o quê? Hortaliças? E como o governo vai impedir que os estrangeiros comprem terras onde se produzem soja e milho? Quer dizer que nós vamos vender terras para eles e determinar o que eles podem ou não plantar?  Sendo assim, que interesse eles teriam em comprar terras aqui?

Por fim, vou voltar a 132 anos atrás, ao ano de 1885, para constatar que o tempo passa, o tempo voa e as nossas elites governantes, as nossas classes conservadoras, como se dizia antigamente, continuam mediocremente as mesmas.

No dia 28 de setembro de 1885, foi aprovada a Lei da Gargalhada, também conhecida como lei Saraiva-Cotegipe ou Lei dos Sexagenários.

No fervor da luta contra a escravatura dos negros, os conservadores aceitaram aprovar uma lei que libertasse escravas e escravas com mais de 60 anos. Na verdade, só ficavam imediatamente livres as negras e os negros com mais de 65 anos. Os com menos, deveriam indenizar os seus donos, trabalhando mais três anos, sob o chicote dos feitores.

Essa incrível lei ficou conhecida como a Lei da Gargalhada, pois foi assim que a receberam os abolicionistas e os brasileiros com um mínimo de senso de humanidade. E senso do ridículo!

Não por causa da obrigação de o escravo com 60 anos ter que trabalhar mais três, para indenizar o seu dono. Não.

A amarga gargalhada foi porque a vida média dos escravos brasileiros era de 30 anos! Trinta anos! Logo, praticamente não havia vivo quem a lei beneficiasse!

Como são insaciáveis em sua crueldade, as classes dominantes! Pois não é que 132 anos depois, produzem uma contrafação, um pastiche da Lei Saraiva-Cotegipe.

Que é a reforma da Previdência? Como a Lei da Gargalhada não alcançava nenhum beneficiário vivo, a reforma da Previdência vai beneficiar trabalhadores quando eles não existirem mais.

Leio na edição desta quarta-feira do Jornal do Senado que o presidente Eunício recebeu, dia 21, representantes da indústria, que vieram lhe entregar as principais reivindicações do setor. Duas se destacam: um Projeto de Decreto Legislativo que prevê o fim de normas do Ministério do Trabalho sobre segurança em máquinas e equipamentos, e a terceirização total e irrestrita da mão-de-obra.

Como se vê, é inesgotável a capacidade de se reinventar a escravidão de nossos trabalhadores.

Emprego, salário, aposentadoria, desenvolvimento industrial, produção agrícola, inovação e tecnologia, soberania nacional, segurança, saúde e educação públicas de qualidade, moradia digna, direito ao lazer e à felicidade, proteção à infância e aos idosos. É o queremos, é o que basta. Mas nada disso será possível com um governo que vende até as nossas terras e que ressuscita a Lei da Gargalhada.

Como discursou o nosso genial Raduan Nassar: tempos tristes, tempos sombrios os tempos de hoje.

Mas, se a capacidade dos vende-pátria, vende-soberania, vende-terras, vende-petróleo, vende-água, vende-dignidade, vende-vergonha parece inexaurível, mais cresce a responsabilidade dos nacionalistas, dos democratas e dos progressistas em resistir à destruição do Brasil como Nação.


Rebelar, resistir, desobedecer, é o nosso dever. Já!

Do Vi o Mundo

Delatado pelo melhor amigo de Temer, Eliseu Padilha diz que fica no governo

Golpistas
Ministro da Casa Civil negou à jornalista Carolina Bahia, colunista do jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul, os rumores de que tenha a intenção de deixar o Palácio do Planalto; além de citado na Lava Jato, Eliseu Padilha foi delatado nesta quinta-feira 23 pelo melhor amigo e ex-assessor de Michel Temer, José Yunes, e se licenciou do cargo alegando motivos de saúde.

Sem cerimônia José Yunes relatou ter sido "mula" de Padilha ao receber R$ 4 milhões em seu escritório de advocacia, que seriam do ministro; o dinheiro seria para financiar 140 deputados para garantir a eleição de Eduardo Cunha à presidência da Câmara; Padilha está em Porto Alegre, onde passará por uma cirurgia na próstata nos próximos dias.

Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, negou a informação que vem circulando de que tenha a intenção de deixar o Palácio do Planalto.

A negação foi feita à jornalista Carolina Bahia, colunista do jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul. Padilha está em Porto Alegre, onde passará por uma cirurgia na próstata nos próximos dias.

Além de citado na Lava Jato, o ministro foi delatado nesta quinta-feira 23 pelo melhor amigo e ex-assessor de Michel Temer, José Yunes, e em seguida se licenciou do cargo alegando motivos de saúde. Os rumores são de que ele não volta para o governo.

Yunes relatou ter atuado como "mula involuntária" do ministro ao receber do doleiro Lúcio Funaro um pacote em seu escritório de advocacia, em São Paulo, que seriam R$ 4 milhões - de R$ 11 milhões em propina que havia sido acertada com Temer.

O dinheiro, segundo segundo disse Lúcio Funaro a ele, serviu para financiar 140 deputados a fim de garantir a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje cassado e preso, à presidência da Câmara. Yunes também disse que Temer sabia de tudo.

Do 247

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Base de Temer quer impedir Anfip de dizer que previdência não tem déficit

Ilustração
Sem argumentos concretos para convencer a opinião pública sobre a reforma da Previdência, a base de Temer na Câmara tenta partir para a censura, no sentido de conseguir aprovar a mal fadada reforma, em reunião com Temer, os deputados Carlos Marun (PMDB-MS) e Júlio Lopes (PP-RJ), membros da comissão especial responsável pela reforma na Câmara, querem que a AGU acione a Justiça para proibir que a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal - ANFIP divulgue que a Previdência é superavitária desde 2006, levando em conta a arrecadação da Seguridade Social, que inclui Saúde, Assistência e Previdência; deputados alegaram que a "contrainformação" dificulta a tramitação do projeto no Congresso

Perdendo o debate na opinião pública sobre a reforma da Previdência, que deixará 70% da população sem aposentadoria, a base de Michel Temer na Câmara tenta partir para a censura para viabilizar a aprovação da maldita reforma.

Em reunião com Michel Temer, os deputados Carlos Marun (PMDB-MS) e Júlio Lopes (PP-RJ), membros da comissão especial responsável pela reforma na Câmara, reclamou da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip).

Segundo a coluna Expresso, da revista  Época, os deputados querem que a Advocacia-Geral da União acione a Justiça para que a Anfip pare de divulgar que não há déficit na Previdência. A entidades, e vários outros especialistas no assunto, atestam que na verdade, a Previdência brasileira é superavitária desde 2006, levando em conta a arrecadação da Seguridade Social, que inclui Saúde, Assistência e Previdência.

Marun e Julio Lopes alegaram que a "contrainformação" dificulta a tramitação do projeto no Congresso. "O presidente Michel Temer ouviu a reclamação e ficou de pensar no assunto", diz a coluna.

Do 247

Moraes no STF: despudor e desfaçatez do regime de exceção, Jeferson Miola

O plagiador tucano Alexandre de Moraes preenche somente dois dos quatro requisitos constitucionais para ser juiz do STF: [1] é cidadão brasileiro, e [2] está na faixa etária de "mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade" [CF, art. 101].

Moraes não possui, todavia, os dois predicados substantivos exigidos pela Constituição: [1] falta-lhe notável saber jurídico, com autoria genuína [não plagiada], bem além de simples cartilhas, fascículos e manuais para concursos considerada como "obra jurídica"; e, [2] como plagiador de obras alheias e uma carreira manchada por favorecimentos e direcionamentos políticos, ele não possui reputação ilibada.

Por essa razão, o trâmite acelerado no Senado – a sabatina na CCJ e a aprovação no plenário em menos de 24 horas – não passou de uma farsa para cumprir o rito da sua aprovação "pela maioria absoluta do Senado", como define o parágrafo único do artigo 101 da Constituição.

Qualquer pessoa que fosse indicada pelo usurpador Temer para o cargo, mesmo um bolsista do MBL do Instituto de Direito Público do Gilmar Mendes, seria aprovado, porque os golpistas perderam o pudor e o temor de fazer o que bem entendem.

É um jogo jogado, uma carreira corrida com o resultado conhecido de antemão. É um mero teatro legislativo para dar aparência de legalidade para a "solução Michel" no STF – o acordão PMDB/PSDB para abortar a Lava Jato. Com o rito farsesco, o regime de exceção recobre o ato de nomeação do plagiador Alexandre Moraes com o verniz da falsa legitimidade e da aparente "normalidade institucional".

O golpe de Estado não se encerrou em 31 de agosto de 2016 com a deposição definitiva da presidente Dilma depois da aprovação do impeachment fraudulento pelo Senado. O golpe segue sendo perpetrado constantemente com a agenda de ataques à Constituição, retrocessos sociais, destruição da engenharia e da tecnologia nacional e entrega da soberania do país.

Em nove meses, os golpistas aprovaram no Congresso todas as medidas anti-nação e anti-povo exigidas pelo mercado e grupos estrangeiros, mesmo que inconstitucionais, como o congelamento por vinte anos dos gastos primários. Nos próximos meses, aprovarão sem piedade outras medidas que agridem brutalmente as conquistas históricas dos trabalhadores, como a reforma trabalhista e a previdenciária.

Por esse motivo o senador Humberto Costa [PT/PE] se equivocou redondamente na entrevista ao lixo da revista Veja [sic] ao defender que se deveria "virar esta página" porque "não dá para ficar só no discurso do golpe".

A farsa da nomeação do Alexandre Moraes para o STF traduz o estágio avançado do despudor, da desfaçatez e da podridão que domina a política brasileira e evidencia, além disso, os limites da atuação parlamentar da oposição num Congresso ilegítimo que faz o jogo de cartas marcadas do golpe, independentemente de qualquer racionalidade.
É hora, por isso, de se repensar as estratégias de resistência e de enfrentamento ao golpe e ao regime de exceção. Não para "virar esta página", como defende o equivocado senador petista, mas para se inventar formas diferentes de denúncia, combate e deslegitimação do golpe e do regime de exceção, e acumular forças na sociedade para a eleição de Lula em 2018.

É de se avaliar, por exemplo, se deputados/as e senadores/as da oposição devem continuar participando normalmente das comissões e votações do Congresso, emprestando assim legitimidade para um processo legislativo viciado, do qual se conhece por antecipação o resultado, que é a agenda do golpe, e cujo aprofundamento seguirá em breve com as reformas trabalhista e previdenciária.

O bolo do golpe não pode ficar enfeitado com a cereja da legitimidade da bancada de oposição; bancada que se notabiliza, na maioria, por uma atuação heróica na resistência democrática e no enfrentamento à oligarquia golpista.

GGN