Bolsonaro quando na ativa
Um grupo político ligado ao deputado
federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) esteve na linha de frente da comunicação e da
logística do motim que parou a Polícia Militar do Espírito Santo no início
deste mês, segundo levantamento do Estadão em conjunto com uma equipe de
especialistas em redes sociais. Entre os nomes que constam desta rede de apoio
estão o ex-deputado federal Capitão Assumção e o deputado federal Carlos Manato
(SD-ES), aliados de Bolsonaro no Estado.
A Polícia Federal investiga a origem do
movimento, que durou de 4 a 14 de fevereiro, período em que ocorreram 181
homicídios na Grande Vitória e em cidades do interior. Um relatório parcial da
PF, de 17 de fevereiro, ao qual a reportagem teve acesso, cita os nomes de
Assumção, de Manato e de assessores. O documento alerta para a possibilidade de
falta de policiais nas ruas de Vitória durante o carnaval. A paralisação dos
militares é considerada ilegal e mais de mil agentes da corporação estão sendo
processados.
O Estado identificou uma intensa troca de
mensagens entre pessoas ligadas ao grupo, influente na PM capixaba, corporação
que agrega 10 mil homens. O levantamento coletou informações produzidas por
internautas e rastreou as interações de pessoas e entidades. Para isso, teve a
ajuda de uma equipe formada por mestres e doutores nas áreas de Sociologia e
Comunicação Digital.
Recorde. Publicações do próprio Bolsonaro
atingiram recordes de visualizações nos dez dias de paralisação. Apenas um
vídeo divulgado pelo deputado no dia 6 de fevereiro, terceiro dia do motim, foi
visualizado por 2 milhões de pessoas. Nele, Bolsonaro critica o governo do
Estado, defende a polícia, alerta para a possibilidade de o movimento se
espalhar para outros Estados e faz propaganda do nome do Capitão Assumção, que,
segundo aliados, almeja voltar à Câmara em 2018.
A movimentação na internet antecede a
presença massiva de familiares dos policiais na frente dos batalhões da Polícia
Militar, um cenário que ganhou corpo a partir da manhã do sábado, dia 4. No dia
anterior, sexta-feira, o ex-deputado Capitão Assumção, braço direito de
Bolsonaro no debate de segurança pública na Câmara entre 2009 e 2011, divulgou
no Facebook uma lista de reivindicações da categoria e as primeiras imagens de
mulheres que faziam protesto na frente de um batalhão no município da Serra.
“Já que os militares não podem se
manifestar, os familiares estão fazendo por eles”, escreveu. O post teve quase
300 mil compartilhamentos. O ex-deputado usa foto de Bolsonaro na capa da conta
no Facebook. Procurado desde a terça-feira, 21, Assumção não foi localizado.
Na noite da véspera do início do motim, o
empresário Walter Matias Lopes, militar desligado da polícia, alertou seus
seguidores: “Amanhã a Polícia Militar vai parar. Pior Salário do Brasil”. Em
seguida, convocou: “Você, admirador da Polícia Militar, está convidado para
participar do movimento amanhã”. Matias é companheiro de Izabella Renata
Andrade Costa, funcionária comissionada do gabinete de Carlos Manato, que é
pré-candidato ao governo do Espírito Santo com o argumento de que, assim, dará
palanque a Bolsonaro.
(…)
Com informações do DCM.
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