Delatores em depoimento na Câmara
O doleiro Alberto Youssef
confirmou, nesta terça (25), durante depoimento na CPI da Petrobras, que o
senador Aécio Neves (PSDB) recebeu dinheiro de corrupção envolvendo Furnas;
"Eu confirmo (que Aécio recebeu dinheiro de corrupção) por conta do que eu
escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador
dele", disse o doleiro; o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) defendeu
que Aécio seja investigado por ter sido citado por Youssef; em seu discurso,
Pimenta ironizou a atuação do PSDB e do DEM; ele disse que a atuação da
oposição é para que só “meia corrupção” seja investigada e criticou os trabalhos
da CPI; “É curioso porque há um esforço por parte de alguns partidos de tratar
esse tema como se fôssemos um bando de ingênuos. Se observarmos alguns
episódios de maior repercussão do governo FHC, vamos ver que o Alberto Youssef
estava lá", disse.
O doleiro Alberto Youssef
confirmou, nesta terça-feira (25), durante depoimento na CPI da Petrobras, que
o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu dinheiro de corrupção envolvendo
Furnas, subsidiária da Eletrobras. "Eu confirmo (que Aécio recebeu
dinheiro de corrupção) por conta do que eu escutava do deputado José Janene,
que era meu compadre e eu era operador dele", disse o doleiro.
A declaração de Youssef
foi resposta a pergunta do deputado federal Jorge Solla (PT-BA). Solla
questionou se houve "dinheiro de Furnas para Aécio" e Youssef diz que
confirmava versão passada anteriormente. Paulo Roberto Costa disse que não tem
conhecimento do assunto.
Em seguida, o deputado
federal Paulo Pimenta (PT-RS) defendeu que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) seja
investigado por ter sido citado por Alberto Youssef. Pelo Twitter, o petista
afirmou que os tucanos da CPI ficaram "perplexos". "Alberto
Youssef acaba de confirmar que Aécio recebeu dinheiro de Furnas - Aqui na
CPI da Petrobras silêncio total de tucanos perplexos", postou.
"Meia
corrupção"
Em seu discurso, Pimenta
disse que a atuação da oposição é para que só “meia corrupção” seja investigada
e criticou os trabalhos da CPI que decidiu por não apurar o pagamento de
propina na estatal durante os governos FHC. Segundo um dos delatores, o esquema
de corrupção na Petrobrás iniciou em 1997, no primeiro mandato do ex-presidente
Fernando Henrique.
“É curioso porque há um
esforço por parte de alguns partidos de tratar esse tema como se fôssemos um
bando de ingênuos. Se observarmos alguns episódios de maior repercussão do
governo FHC, vamos ver que o Alberto Youssef estava lá. Se formos na CPI da
Banestado, quem estava lá? O Youssef e o Ricardo Sérgio. Quem é Ricardo Sérgio?
O tesoureiro da campanha do José Serra. Agora, na denúncia do Janot aparece o
Júlio Camargo juntamente com um cidadão chamado Gregório Marin Preciado. Quem é
o Gregório? Primo do Serra, sócio do Serra. Capítulo 8 da Privataria Tucana”,
indicou Pimenta.
O deputado também
reafirmou que as contribuições recebidas pela campanha da presidente Dilma
Rousseff foram legais. De acordo com o parlamentar, “ninguém é bobo” para
acreditar que a mesma empresa que doava para Dilma fazia porque o dinheiro era
“propina”, enquanto as doações para Aécio - muito maiores - eram feitas por
“generosidade” e por “amor”.
Sobre o esforço do PSDB e
do DEM, que ao longo de seus governos se especializaram em abafar as operações
de investigação, Pimenta cobrou um patamar mínimo de coerência dos
parlamentares para que a CPI da Petrobras tenha alguma credibilidade junto à
sociedade. "O PSDB e o DEM tratam os brasileiros como se fossem uma
população sem memória, como se não conhecessem a história do Brasil e não
soubessem quem eles são. Nós sabemos o que vocês fizeram no verão passado.
Vamos investigar a fundo todas as irregularidades, mas nós não vamos aceitar o
PSDB e o DEM como parâmetros de conduta ética na gestão da coisa pública, porque
eles não são", acusou Pimenta.
Delação
Em depoimento gravado em
vídeo, o doleiro Alberto Youssef afirmou que recolhia propinas na empresa
Bauruense, subcontratada de Furnas, para o deputado José Janene (PP-PR), já
falecido. Youssef disse ainda que, numa das viagens a Bauru, ficou sabendo que
a diretoria da empresa, ocupada por Dimas Toledo, era de responsabilidade do
então deputado Aécio Neves, apontando o senador como beneficiário do esquema.
Apesar do relato, Youssef negou ter tido contato com Aécio, que foi deputado
federal por Minas entre 1987 e 2003. "O partido (PP) tinha a diretoria,
mas quem operava a diretoria era o Janene em comum acordo com o então deputado
Aécio Neves", disse Youssef em fevereiro.
Mesmo depois do
depoimento, a procuradoria-geral da República entendeu que não havia elementos
suficientes para abrir uma investigação contra Aécio no âmbito do esquema
Petrobras. Em petição ao Supremo Tribunal Federal (STF), no começo de março,
Rodrigo Janot pediu arquivamento do procedimento.
PSDB nega envolvimento de
Aécio
Em nota, o PSDB disse que
"como já foi afirmado pelo advogado de Alberto Youssef e, conforme
concluiu a Procuradoria Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal
(STF), as referências feitas ao senador Aécio Neves são improcedentes e carecem
de quaisquer elementos que possam minimamente confirmá-las".
"Não se tratam de
informações prestadas, mas sim de ilações inverídicas feitas por terceiros já
falecidos, a respeito do então líder do PSDB na Câmara dos Deputados, podendo,
inclusive, estar atendendo a algum tipo de interesse político de quem o fez à
época. Em seu depoimento à Polícia Federal, conforme a petição da PGR, Youssef
afirma que: "Nunca teve contato com Aécio Neves" (página 18) e que
"questionado se fez alguma operação para o PSDB, o declarante disse que
não" (página 20)", informa.
Segundo o PSDB, "na
declaração feita hoje, diante da pressão de deputados do PT, Youssef repetiu a
afirmativa feita meses atrás: de que nunca teve qualquer contato com o senador
Aécio Neves e de que não teve conhecimento pessoal de qualquer ato, tendo
apenas ouvido dizer um comentário feito por um terceiro já falecido".
"Dessa forma, a tentativa feita pelo deputado do PT Jorge Solla, durante
audiência da CPI que investiga desvios na Petrobras, buscou apenas criar um
factoide para desviar a atenção de fatos investigados pela Polícia Federal e
pela Justiça e que atingem cada vez mais o governo e o PT", atacou.