segunda-feira, 4 de abril de 2011

SEBASTIÃO NERY: SARNEY, A MENTIRA

RIO – Em 622 páginas, o ex-presidente José Sarney contou sua vida oficialmente, através da experiente jornalista Regina Echeverria: “Sarney, a Biografia” (Editora Leya). O título deveria ser: “Sarney, a Mentira”. Regina confessa. É um livro a quatro mãos: “70 horas de depoimento (...) Concordou com minhas exigências: abrir seus arquivos, não ler os originais (...) Praticamente tudo foi cumprido, menos a leitura dos originais”.

E veio um tsunami de mentiras. Sutilmente, Regina abre o livro citando o Padre Antonio Vieira, que viveu no Maranhão de 1652 a 1661:

“Ali ele encontrou o que classificou como a ‘Terra da Mentira’. A verdade que vos digo é que no Maranhão não há verdade (...) É mentir: mentir com as palavras, mentir com as obras, mentir com os pensamentos, que de todos e por todos os modos aqui se mente”. (Pag. 33).

VITORINO
Os primeiros dez capítulos, 157 páginas, Sarney dedica a falsificar, fraudar sua própria biografia, em um comportamento absolutamente inexplicável. Quem tanto recebeu do destino, de Deus, não devia falsear nada. Mas, plagiando Fernando Pessoa, Sarney mente e mente tão completamente que mente até que é mentira a mentira que deveras mente.

Tem a obsessão de tentar mostrar que sua vida nada teve a ver com o mandonismo absoluto de Vitorino Freire no estado. Seu pai era um modesto promotor do interior, que Vitorino levou para a capital, fez juiz, procurador geral, desembargador. Aos 19 anos Sarney já estava nomeado funcionário do Tribunal de Justiça. Por quem? Por Vitorino, dono do estado.

“Arnaldo Ferreira, presidente da Associação Comercial, historiador, homem de grande inteligência – encarnava a figura de mártir para a classe empresarial maranhense. Ferreira havia sido uma das vítimas da ira de Vitorino, chefe de gabinete do interventor Martins de Almeida. Vitorino mandara aplicar na diretoria da Associação Comercial, da qual Ferreira fazia parte, uma sova de chibata” (pág.55). (em toda a diretoria?).
“Lotado no Tribunal, Sarney foi colocado à disposição da Biblioteca Pública pelo governador Sebastião Archer”. (a quem Vitorino pedia).

PSD
“No aeroporto de São Luís, o jornalista Franklin de Oliveira, amigo das rodas literárias, revelou-lhe a intenção de se candidatar a deputado federal pelo PSD – partido de Vitorino Freire – e o convidou para integrar a equipe de campanha. A campanha deu-lhe a oportunidade de se aproximar dos caciques do Maranhão. Em especial do candidato a governador Eugênio Barros” (pág. 66). (o candidato de Vitorino).

“Sarney, que o acompanhara na campanha, foi convidado para seu secretário particular. A experiência durou apenas seis meses. Pediu demissão e foi substituído por seu irmão Evandro (...) Não conseguindo convencer (sic) o governador a romper com o senador Vitorino, Sarney e seu grupo compreenderam que a única saída estava na oposição”. (pág. 72)

DEPUTADO
“Em 1953, foi transferido para a secretaria do Tribunal de Justiça. (por Vitorino). O PSD (de Vitorino) lhe oferecera uma vaga de candidato a deputado federal. Sarney não tinha condições – nem coragem – de enfrentar o cacique” (pág.79). (Sarney diz agora que fazia “oposição” ao dono do PSD e do estado, Vitorino, que mandava no estado e cuidava da vida dele e do pai dele, procurador geral do estado. Ridículo).

“Na eleição de 1954, assegurou uma suplência. Com a doença do eleito Lima Campos (que morreu em março de 1955), Sarney acabou assumindo uma vaga na Câmara, no Rio. Rompido com Vitorino, ingressou na UDN e passou para a oposição”. (Pág. 79). (deslavada mentira).

“Embora já tivesse trocado o PSD pela UDN (mentira), Sarney assumiu a suplência da Câmara em várias oportunidades ao longo de 1957. De 8 a 13 de fevereiro de 1957, na vaga de Pedro Braga; de 14 de maio a 11 de julho, na vaga de Pedro Braga; de 12 a 25 de julho, na vaga de Newton Bello; de 26 de julho a 4 de agosto, na vaga de Costa Rodrigues” (pág. 91).

“Em junho de 58, assumiu no lugar de Lister Caldas” (pág. 93). (todos do PSD. Vitorino os punha no governo para Sarney assumir).

FGV
O DHBB (Dicionário Histórico Biográfico da Fundação Getulio Vargas) desmente e desmoraliza todas essas mentiras de Sarney:

“Ingressou na política ao eleger-se em outubro de 1954 4º (quarto) suplente de deputado federal na legenda do Partido Social Democrático (PSD). Ocupou uma cadeira na Câmara entre agosto e setembro de 1956 e de maio a agosto do ano seguinte, além de outros curtos períodos. Em julho de 1958 (só então!), rompendo com o vitorinismo, ingressou na União Democrática Nacional (UDN), cujo diretório regional presidiria desse ano até 1965. Em outubro de 1958 foi então eleito”. (Vol. V, pág. 5.291).

Haviam aparecido José Aparecido e Magalhães Pinto. (Continua 5ª). (www.sebastiãonery.com.br)

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