Sergio Moro
ouviu explanações indigestas durante audiência na Câmara dos Deputados nesta
quinta-feira (30). Parlamentares questionaram o juiz da Lava Jato sobre a
condução coercitiva de Lula, os grampos ilegais que captaram Dilma e a foto
afetuosa com Aécio Neves.
O clima foi
tenso na comissão especial da Câmara que discute o Código de Processo Penal
(CPP) nesta quinta-feira (30).
Convidado
para participar de audiência na comissão, Sergio Moro foi questionado pelo
deputado Paulo Teixeira (PT) sobre a legalidade da condução coercitiva do ex-presidente Lula, no ano passado,
determinada pelo juiz.
O
parlamentar perguntou a Moro se aquela ação [contra Lula] não se caracterizou
como abuso de autoridade e se a foto de Moro dando risada com o senador Aécio Neves não
caracteriza a perda de imparcialidade.
A divulgação das conversas entre Lula e Dilma contribuíram
para que a posse do ex-presidente como ministro da Casa Civil fosse barrada
pela Justiça. O caso ocorreu pouco antes de Dilma ser afastada do cargo, em
maio.
Posteriormente,
o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki anulou os grampos e
disse que eles foram divulgados ilegalmente, pois Moro, por ser um juiz de 1ª
instância, não poderia analisar provas que envolviam a então presidente da
República, que tem foro privilegiado no STF.
Durante a
maior parte da fala de Paulo Teixeira, Moro preferiu não olhar no olho do
deputado.
O deputado e
advogado Wadih Damous, ex-presidente da OAB-RJ, acusou Moro de fazer uma
espécie de laboratório jurídico sobre direito penal com suas decisões e de
cometer ilegalidades.
“À luz do
que se passa hoje no Brasil, e em especial na capital do Paraná, eu não sei se
estou ensinando corretamente direito penal para os meus alunos. Porque parece
que há um direito em vigor, construído na República de Curitiba, e aquilo que
eu ensino aos meus alunos. Vivemos a época de ‘juízes-celebridade’, que vieram
aqui salvar a política, salvar o Brasil”, disse o deputado.
Até então,
Sergio Moro tentava manter-se calmo e sem demonstrar emoções em sua expressão
facial. Mas o discurso do deputado Zé Geraldo (PT) mexeu com o juiz da Lava
Jato.
“Ninguém tem
cometido nesse País mais abuso de autoridade que você”, acusou o parlamentar,
encarando o juiz.
Em sua fala
durante a audiência, Moro preferiu ignorar as perguntas indigestas sobre o
vazamento de gravações dos ex-presidentes Lula e Dilma e sobre sua foto
afetuosa ao lado de Aécio Neves. “Não cabe aqui responder aos parlamentares que
fizeram perguntas ofensivas”, disse.
“Não vou comentar”
Não é a
primeira vez que Sergio Moro é colocado contra a parede em uma audiência na
Câmara dos Deputados.
No ano
passado, o juiz se negou a responder os questionamentos do deputado Paulo
Pimenta sobre a seletividade de suas ações. Relembre: aqui
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