Lava
Jato quer apoio da opinião pública mantendo presos como “reféns”, diz Gilmar
Na
mira da cúpula da Lava Jato por ter votado contrariamente à manutenção das
alongadas prisões preventivas que se tornaram corriqueiras na operação, o
ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes ressaltou a importância da
força-tarefa, mas não poupou críticas ao que considera arbitrariedades.
Em
entrevista à colunista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, Gilmar afirmou
que, para ter apoio da opinião pública, a Lava Jato faz de seus presos
“reféns”.
“Como
tem sido divulgado [por integrantes da Lava Jato], o sucesso da operação
dependeria de um grande apoio da opinião pública. Tanto é assim que a toda hora
seus agentes estão na mídia, especialmente nas redes sociais, pedindo apoio ao
povo e coisas do tipo.
É
uma tentativa de manter um apoio permanente [à Lava Jato]. E isso obviamente é
reforçado com a existência, vamos chamar assim, entre aspas, de reféns.
[Os
reféns seriam] os presos. Para que [os agentes] possam dizer: ‘Olha, as medidas
que tomamos estão sendo efetivas’. Não teria charme nenhum, nesse contexto,
esperar pela condenação em segundo grau para o sujeito cumprir a pena.
Tudo
isso faz parte também de um jogo retórico midiático”, afirmou. Fachin.
Na
entrevista, Gilmar criticou ainda o relator da Lava Jato no Supremo, Edson
Fachin, que, diante das sucessivas derrotas na 2ª Turma, encaminhou o
julgamento do pedido de habeas corpus de Antonio Palocci para o plenário da
casa.
“Se
eu fosse fazer um reparo, é de forma: a questão teria que ser conversada na turma.
E evidentemente isso não pode virar uma prática, de toda vez que [um ministro]
entender que possa ficar em desvantagem na turma, leve o tema ao plenário.
Se
esse debate continuar, daqui a pouco vai ter gente dizendo em que turma quer
ser julgado. Assim como se diz ‘ah, a 2ª Turma é liberal’, alguém poderá dizer
‘a 1ª Turma é uma câmara de gás’, disse.
Gilmar
Mendes disse que entende as polêmicas em que está envolvido e que não se abala
por elas.
“A
tentativa de jogar a opinião pública contra juízes parece legítima no jogo
democrático. Mas ela não é legítima quando é feita por agentes públicos. O que
se quer no final? Cometer toda a sorte de abusos e não sofrer reparos.
Há
uma frase de Rui Barbosa que ilustra tudo isso: o bom ladrão salvou-se mas não
há salvação para o juiz covarde”, completou.
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