Antes, eram convicções
fundadas em indícios fortes. Agora, se tem a comprovação. Não duvide se, nos
próximos meses, universidades e associações que o premiaram comecem a
requisitar de volta as honrarias concedidas.
O Ministro Sérgio Moro
se rendeu à síndrome do escorpião. É a velha fábula do escorpião que pede
carona para um sapo, para atravessar o rio. O sapo reluta:
– Não vou te levar,
porque você vai querer me picar.
– Bobagem, sapo. Se eu
te picar, você morre e eu morro junto.
O sapo concorda. No
meio do caminho, o escorpião pica o sapo. E ele, antes de afundar:
– Por que você fez
isso, se vai morrer também?
– É da minha natureza,
sapo.
É da natureza de Moro o
uso de toda sorte de expedientes contra os réus, e de violência imprudente
contra os críticos.
A síndrome do escorpião
o fez ordenar condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães. A razão foi
uma representação feita contra ele junto ao Conselho Nacional de Justiça. O
efeito foi tão negativo, inclusive na mídia aliada, que Moro recuou e não
seguiu adiante.
Agora, com Glenn
Greenwald, a natureza do escorpião aflora novamente. Ao colocar a Polícia
Federal e o COAF (Conselho de Cobntrole das Atividades Financeiras) para
investigar Greenwald, Moro coloca contra ele não apenas a imprensa nacional,
mas a própria imprensa global, que foi decisiva para a disseminação de sua
falsa imagem de juiz comprometido na luta contra a corrupção.
Razão tem o procurador
Luiz Lessa que, em um dos diálogos divulgados, trata Moro e os colegas
curitibanos de provincianos deslumbrados. Aparentemente, até hoje Moro não se
deu conta da dimensão de Greenwald no universo jornalístico mundial. Trata-se
de um vencedor do Prêmio Pullitzer, e autor do maior feito jornalístico da era
da telemática, com as denúncias de Snowden.
Com a medida, agravada
pelo apoio a manifestações que pediam fechamento do Congresso e do Supremo,
Moro confirma o que sempre afirmamos aqui: ele é completamente alinhado com os
grupos de ultra-direita, instrumentalizaria a Polícia Federal e tentaria
instituir uma república policialesca no país.
Antes, eram convicções
fundadas em indícios fortes. Agora, se tem a comprovação. Não duvide se, nos
próximos meses, universidades e associações que o premiaram comecem a
requisitar de volta as honrarias concedidas.
GGN
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