O
pedido de vistas – ou de adiar para “perder de vistas” – do ministro André
Mendonça para o “pacote” de recursos com que Jair Bolsonaro e outros
bolsonaristas acusados de fakenews, abusos funcionais e atos
antidemocráticos é só uma desnecessária prova de que não há qualquer
possibilidade de um “acordão” para tentar pacificar as relações entre Executivo
e Legislativo até a realização de eleições.
Salvo
se – e ainda há ministros que não se convenceram de que é exatamente assim – o
Judiciário abdicar de seus poderes e aceitar ficar como tutelado, verdadeiro
“puxadinho” do Palácio do Planalto, é impossível entendimento com que faz do
crime político o seu método de atuação.
Pelo
STF, nada mais acontece até o dois de outubro, e não só porque os seus
terrivelmente submissos indicados – André Mendonça e Kássio Nunes Marques são
figuras sobre as quais, se alguma dúvida pairar, não será a de sobre seu
comportamento obediente aos interesses presidenciais.
O
foco, agora, é o Tribunal Superior Eleitoral, onde não se vislumbra uma
situação em que algum ministro, ao menos abertamente, preste-se ao papel
de watch dog do Planalto e onde os ritos, ao tratar-se de campanha
eleitoral, são muito mais sumários.
É
por isso que não se deve esperar qualquer moderação do bolsonarismo, entulhando
o TSE de reclamações contra a campanha de Lula, como forma de inibir que a
oposição possa haver-se livremente na campanha e usando a recusa de providência
em tal ou qual ação como justificativa a que não se aja em outra, muito maior e
evidentemente transgressora.
A
única forma de minimamente conter o avanço das agressões bolsonaristas é,
portanto, que a campanha de Lula se inicie com muita prudência em relação às
críticas – portanto ninguém se espante se ela começar com as história de
progresso de pessoas e comunidades nos governos do petista, para poder ir logo
testando a disposição do Tribunal em conceder “direito de resposta” aos ataques
que, apesar dos pedidos dos marqueteiros, virão logo nos programas inaugurais
de Bolsonaro.
A
conversa de que Bolsonaro estaria pretendendo “paz nas eleições” é fiada e mal
fiada, porque já vai começar com um teatro de comoção da tropa, revivendo o
episodio da facada em Juiz de Fora.
Vai
ser jogo bruto e sujo.
Tijolaço.
0 comments:
Postar um comentário