Parece
que a influência do marqueteiro João Santana conseguiu domar o “pavio curto” de
Ciro Gomes. Mas o resultado disso foi um Ciro “certinho”, mas insosso.
Expôs
um programa de governo algo onírico, que pode encantar gente do famoso Reino
da Quinta Essência que Rabelais descreveu como aquele em que se desenhava
na água e media-se o salto das pulgas.
A
ideia de que um presidente sem base parlamentar vá aprovar plebiscitos a torto
e a direito, que dependem de aprovação congressual. E que, recordemos, significa
uma renúncia de deputados e senadores a seu monopólio legislativo.
Disse
que quer apenas 4 anos, sem reeleição, mas quer moldar o Brasil por três
décadas. Quer um benefício de mil reais para dezenas de milhões de famílias,
todas as que são pobres no Brasil, mas não fala de salário mínimo, Fala de
transformar a educação brasileira numa das melhores do mundo, mas não fala
como. Não menciona a saúde, não falou de habitação, não tocou – exceto por uma
menção a um suposto sistema inglês – num de seus pontos fortes, o enfrentamento
ao endividamento das famílias.
Mas
foi, reconheça-se, uma entrevista programática, ainda que de um programa
distante das aflições diárias das pessoas. Até ameaçou falar da fome, mas o fez
sem emoção, uma imensa chance desperdiçada, como quem ali, no início do
programa, é o mesmo que chutar sem força uma bola livre, na marcado pênalti.
Ajudou-o,
com certeza, a pouca ou nenhuma disposição de William Bonner e Renata
Vasconcelos em desconstruir uma candidatura que, até para seus próprios
eleitores, é apenas uma “escala” para um voto em Lula no 2° turno. Simples: a
demolição de Ciro ajudaria uma eleição de um turno só e uma vitória de Lula com
muito mais força política.
É
por isso que não se fez a pergunta óbvia: a de porque a 3a. Via, ele
inclusive, não decolou e a população enxerga um Lula ou Bolsonaro como a
escolha necessária.
Ciro
ficou onde está, numa opção de 2° voto da esquerda, sem contato com o povão.
Pode, no máximo, ter mais uma semana ou duas de soro, mas segue minguado, pouco
sanguíneo, incapaz de despertar animação.
Tijolaço.
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