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terça-feira, 25 de setembro de 2018

NINGUÉM DESAFIARÁ A DEMOCRACIA NO BRASIL, DIZ TOFFOLI

O presidente da República interino, Dias Toffoli, afirmou nesta terça-feira (25) que o Supremo Tribunal Federal (STF) cumprirá seu papel de “garantir a constituição e a lei” durante e após concluído o processo eleitoral. Ele ainda acrescentou que ninguém desafiará a democracia no Brasil.
"Tenho certeza que todos os candidatos têm clareza que o respeito às regras do jogo faz parte da possibilidade de uma vitória em um eventual segundo turno. Ninguém vai se arriscar a desafiar a democracia no Brasil. Estamos atentos a defender a democracia no Brasil”.
Toffoli deu entrevista coletiva no Palácio do Planalto, à tarde. Ao chegar ao salão leste do segundo andar, cumprimentou os jornalistas um a um antes e, em seguida, respondeu a várias perguntas. Ele disse que o presidente da República a ser eleito este ano deverá dialogar com toda a sociedade. Para Toffoli, o clima de polarização social é normal na disputa eleitoral, mas não poderá ser refletido em sua conduta como chefe do Executivo nacional.
O presidente da República em exercício, Dias Toffoli, durante entrevista coletiva, no Palácio do Planalto. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
“Aquele que for eleito terá que dialogar com todos. Não tem outra situação possível. Seja com o Congresso Nacional, seja com o poder Judiciário, seja com os sistemas de controle, seja com a sociedade organizada, com a imprensa e com a comunidade internacional”, disse. “Temos diferenças sociais, diferenças regionais e ideológicas. Seja quem for o presidente da República eleito, ele saberá ser crismado na pluralidade”, completou.
Frio na barriga
Toffoli volta ao Palácio do Planalto após ter passado por lá como subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, de 2003 a 2005. Ele afirmou que voltar, desta vez como presidente da República, lhe causa alegria, mas provoca “frio na barriga”. “É uma alegria voltar ao palácio. Fui servidor aqui e nesses dois dias como presidente em exercício só encontrei amigos. Pessoas alegres e contentes com a nossa presença. Dá um frio na barriga, não vou mentir, mas, por outro lado, há uma emoção muito grande”.
Ele ainda agradeceu ao presidente Michel Temer por permitir que ele marcasse esse período de interinidade com medidas “muito positivas”. Dentre seus atos ontem (24) e hoje, Toffoli sancionou leis de acesso à educação e ampliou a licença-paternidade de integrantes das Forças Armadas de cinco para 20 dias.
“[Gostaria de] agradecer ao presidente Michel Temer a oportunidade de marcar essa interinidade com atos muito positivos. Em defesa da mulher, da infância e da juventude; em defesa da paternidade. Tive essa grata oportunidade de ter participado deste momento de dois dias no exercício da presidência. Com toda a responsabilidade e seriedade necessárias, mas com todo o apoio, que é necessário também”.
Toffoli, que é o atual presidente do STF, fica na presidência da República interinamente até a noite de hoje (25), quando Temer retorna de Nova York, onde acompanhou as atividades da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
JB/Agência Brasil

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

IBOPE DE HOJE HADDAD VAI A 22% E GANHA NO SEGUNDO TURNO, BOLSONARO EMPACA EM 28%

Pesquisa ainda registrou a vitória de Haddad contra Bolsonaro em um segundo turno, por uma diferença de 6 ponto percentuais. O candidato da extrema direita só empata com Marina Silva, perdendo para todos os presidenciáveis em segundo turno.
A mais recente pesquisa eleitoral aproxima Fernando Haddad, candidato do PT à Presidência da República, ao até então líder isolado Jair Bolsonaro (PSL). Haddad aparece com 22% das intenções de voto e o presidenciável da extrema direita mantém 28% no IBOPE, divulgado há pouco. 
A pesquisa também mostra que, agora, Haddad ganha de Bolsonaro em um segundo turno, com 43% contra 37%, respectivamente. O candidato do PSL perde de todos os presidenciáveis questionados em segundo turno, empatando apenas com Marina Silva (Rede). 
O candidato do PT apresentou um crescimento de três pontos percentuais, em comparação à pesquisa anterior, feita a menos de uma semana atrás. Já Bolsonaro mantém a liderança com o mesmo nível de expectativa de votos do dia 18 de setembro. 
Os resultados do candidato escolhido por Lula demonstram, também, um isolamento na possibilidade de ir a segundo turno contra Jair Bolsonaro. Isso porque até então empatado com Haddad no IBOPE, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) mantém os 11%, sem crescimento. 
Assim, Fernando Haddad agora registra o dobro das intenções de voto que marca Ciro. Já o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin mantém as baixas intenções de voto, com 8%. E Marina Silva, da Rede, cai um ponto percentual para 5%.
Abaixo, os resultados da pesquisa IBOPE: 
Jair Bolsonaro (PSL): 28%
Fernando Haddad (PT): 22%
Ciro Gomes (PDT): 11%
Geraldo Alckmin (PSDB): 8%
Marina Silva (Rede): 5%
João Amoêdo (Novo): 3%
Alvaro Dias (Podemos): 2%
Henrique Meirelles (MDB): 2%
Guilherme Boulos (PSOL): 1%
Cabo Daciolo (Patriota): 0%
Vera Lúcia (PSTU): 0%
João Goulart Filho (PPL): 0%
Eymael (DC): 0%
Branco/nulos: 12%
Não sabe/não respondeu: 6% 
E os questionamentos para o segundo turno: 
Haddad 43% x 37% Bolsonaro (branco/nulo: 15%; não sabe: 4%)
Ciro 46% x 35% Bolsonaro (branco/nulo: 15%; não sabe: 4%)
Alckmin 41% x 36% Bolsonaro (branco/nulo: 20%; não sabe: 4%)
Bolsonaro 39% x 39% Marina (branco/nulo: 19%; não sabe: 4%) 
A pesquisa divulgada hoje ouviu 2.506 eleitores entre este sábado e domingo (23) e apresenta um nível de confiança de 95% da população, com margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
GGN

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

BOLSONARO É AMEAÇA A DEMOCRACIA E AMÉRICA LATINA, DIZ THE ECONOMIST

"Os brasileiros não devem ser enganados: além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro tem uma admiração preocupante pela ditadura", alerta revista britânica para riscos do candidato da extrema direita.
"Hoje em dia os brasileiros devem se perguntar se, como a divindade no filme, Deus saiu de férias", escreveu a revista britânica "The Economist", no artigo "Jair Bolsonaro, a mais recente ameaça da América Latina", publicado nesta quinta-feira (20). 
A reconhecida revista não só apresentou o candidato da extrema direita como ameaça em editorial, como também estampou na capa da edição desta semana, com uma fotografia do presidenciável nas cores do Brasil, com a manchete: "A última ameaça da América Latina: BOLSONARO PRESIDENTE". 
No texto, a publicação faz menção ao filme "Deus é brasileiro", ao valorizar as riquezas naturais, a música e a beleza do país, que agora tem tudo a perder. "O Sr. Bolsonaro seria uma adição particularmente desagradável ao clube de populistas no mundo. Se ele vencesse, poderia colocar em risco a própria sobrevivência da democracia no maior país da América Latina", pontua. 
A reportagem lembra que os grandes índices de intenções de voto a Bolsonaro se devem às justificativas de uma economia fracassada, com alto nível de desemprego, a corrupção do colarinho branco, o descrédito da classe política deflagrado pela Operação Lava Jato, um Congresso que torna a corrupção de Michel Temer impune, etc. 
"Até então, ele era um congressista de sete mandatos pelo estado do Rio de Janeiro, reconhecido de longa data por ser grosseiramente ofensivo. Bolsonaro disse que não iria estuprar uma congressista porque ela era 'muito feia'; que preferiria um filho morto a um gay; que os quilombolas que vivem em assentamentos são gordos e preguiçosos", enumerou. 
"Mas, de repente, essa disposição de 'quebrar tabus' está sendo interpretada como uma prova de que ele é diferente dos padrões políticos da capital, Brasília", concluiu The Economist: "E, assim, para os brasileiros desesperados por se livrarem de políticos corruptos e traficantes de drogas assassinos, o Sr. Bolsonaro se apresenta como um xerife sensato." 
Sobre o recente ataque a Bolsonaro durante um comício, a revista afirma que "só o tornou mais popular e o protegeu de uma crítica mais minuciosa pela mídia e por seus adversários". 
Mas a edição pede cuidado, ao se lembrar do que diz a própria história da América Latina. "Os brasileiros não devem ser enganados: além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro tem uma admiração preocupante pela ditadura". 
Um dos exemplos citados é o caso da ditadura no Chile de Augusto Pinochet (1973-1990), que misturou políticas autoritárias com a economia liberal do "Chicago Boys". "Eles ajudaram a estabelecer o terreno para a prosperidade relativa de hoje no Chile, mas a um custo humano e social terrível", relembrou. 
Por fim, o editoral sugere que os brasileiros não devam se deixar levar por Bolsonaro, cujo lema poderia chegar a ser "eles torturaram, mas agiram". "A América Latina conhece todos os tipos de homens fortes, a maioria deles terríveis". 
E os riscos são grandes, considerando que "a democracia do Brasil ainda é jovem" e que "até mesmo um flerte com autoritarismo é preocupante". 
"Em vez de cair nas promessas vãs de um político perigoso, na esperança de que ele possa resolver todos os seus problemas, os brasileiros devem perceber que a tarefa de curar sua democracia e reformar sua economia não será fácil, nem rápida. Algum progresso foi feito - como a proibição de doações corporativas a partidos e o congelamento de gastos federais. Muito mais reformas são necessárias. O senhor Bolsonaro não é o homem que o fornece", finaliza.
GGN

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

XADREZ DO INÍCIO DO GRANDE PACTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA, POR LUIS NASSIF

Peça 1 – as ameaças à democracia
Antes de começar o nosso Xadrez de hoje, sugiro uma releitura no artigo “Xadrez do papel de Lula no mundo”. Ele faz um apanhado das ameaças atuais à democracia liberal na Europa, América Latina e Brasil.
Hoje em dia há uma luta mundial contra a democracia liberal, refletida na campanha indiscriminada contra a classe política e na judicialização da política, com o poder sendo empalmado por corporações que não foram eleitas pelo povo.
São expoentes dessa campanha, por razões diversas, mas com objetivos comuns, os seguintes setores (para facilitar a explicação, vamos personalizar essas forças)
Na base, movimentos tipo MBL e seguidores de Bolsonaro.
No sistema jurídico, os Ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin, um boquirroto, outro discreto, mas ambos as maiores ameaças à democracia, como avalistas dos esbirros dos radicais da base e dos avanços do estado de exceção.
Com o general Mourão, vice Bolsonaro, entra em cena a corporação militar.
No quadro midiático, a Rede Globo.
O fator militar
No Painel Globonews da última semana, o general-de-brigada da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva trouxe subsídios importantes para se entender esse jogo e os movimentos dos quartéis.
É uma repetição do que ocorre com o estamento jurídico, ambos estruturas hierarquizadas.
A base das Forças Armadas, “formada por gente mais humilde”, é Bolsonaro, diz o general. No topo, o pensamento dominante é do general Mourão, um repetidor de slogans econômicos da Globonews.
Com diferenças pontuais, ocorre o mesmo no Judiciário. Na base – Lava Jato, procuradores e juízes de 1ª instância – a influência maior é o MBL e Bolsonaro. Na cúpula, compartilha-se do mesmo sentimento anti-política – e, portanto, anti-democracia liberal – do Estado Maior das Forças Armadas, e a mesma presunção de se tornar condutores do país.
Com exceção de temas morais, os dois grupos têm a mesma visão sobre o chamado interesse nacional, defendendo o desmonte do Estado – respeitando obviamente os privilégios das respectivas corporações -, a abertura indiscriminada da economia, a plena liberdade dos capitais, a criminalização de toda atividade política, a defesa da força do Estado contra os recalcitrantes, a subordinação cega ao mercado, demonstrando uma ignorância líquida fantástica sobre o conceito de interesse nacional, ainda mais em duas instituições fundamentais para o funcionamento do Estado.
É importante anotar dois movimentos retratados pelos jornalistas de Brasilia. O primeiro, do general Mourão policiando as tolices de Bolsonaro. O segundo, de fontes militares policiando as impropriedades do general Mourão. Dia desses, o próprio general Villas Bôas, comandante das FFAAs, divulgou em seu Twitter um artigo que discorria sobre as estratégias dos militares para se aproximarem da opinião pública. São sinais nítidos de construção interna de um discurso político que transcende o papel das Forças Armadas.
Fornecendo a base de mobilização da opinião pública e de construção do cimento ideológico, a onipresente Rede Globo e seus diversos braços midiáticos.
Peça 2 – o tigre que provou carne fresca
Para se chegar ao estagio atual do estado de exceção, não se imagine um movimento coordenado, centralizado, com alto comando e estratégias previamente definidas.
Há um fato inicial que deflagra o processo e alguns agentes indutores – como foi o caso da colaboração da Lava Jato com o DHS dos Estados Unidos. Mas a base foi o antipetismo e os movimentos de rua estimulados pela Globo.
Depois, o movimento ganha uma dinâmica própria e vai se amoldando a cada nova conformação de força, à medida em que ganha musculatura e se populariza junto à opinião pública. Do combate à corrupção política, ingressou-se no estado de exceção com a  repressão violenta aos movimentos de rua, a perseguição a movimentos sociais, invasões de universidades,  e outros centros de pensamento crítico, criminalização de jovens manifestantes, perseguição por parte de juizes, procuradores e delegados a quem ousasse questionar seus poderes. Tudo sob o estímulo irresponsável de Ministros do STF.
E aí, consolida-se uma das leis máximas da política: as moléculas tendem a ser atraídas pelos corpos que possuem maior massa crítica. Deixaram a onda crescer até se transformar em tsunami. E ela foi atraindo para seu centro de gravidade os chamados agentes oportunistas: no STF, Luis Roberto Barroso, Carmen Lúcia e Luiz Edson Fachin; na Procuradoria Geral da República Rodrigo Janot e, depois, Raquel Dodge.
Era questão de tempo para que a nova conformação engolisse os formuladores originais, a classe política aliada da mídia e do Judiciário.
Peça 3 – caindo à ficha
Há muitos e muitos anos fala-se na aliança entre PSDB e PT visando preservar a política dos avanços dos inimigos da democracia. Sempre esbarrou na resistência das respectivas lideranças.
A mais influente liderança do PSDB, Ministro Gilmar Mendes, do STF, foi um dos principais agentes da radicalização, ao tentar impugnar a reeleição de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral, criminalizar meras incorreções administrativas na prestação de contas da campanha, e denunciar, como lavagem de dinheiro, até vaquinhas da militância para pagar multas de lideres condenados.
Mas, com sua inegável competência, e noção do poder de Estado, foi o primeiro a perceber o tamanho do maremoto que se avizinhava, quando se liberou geral para os abusos de juizes, procuradores e delegados. No Supremo, ele, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello se tornaram os vigilantes da democracia e do respeito às leis.
Agora, a ficha caiu também para outra liderança histórica do PSDB, Tasso Jereissatti. Para o jornalismo político da velha mídia, todos os atos são explicados por diferenças pessoais – no caso, com Alckmin -, revanche, inveja e coisa e tal. O grito de Tasso foi mais que isso: foi uma autocrítica que abriu espaço para uma próxima aliança contra a besta.
FHC, que sempre foi conduzido, será o próximo a chamar o partido à razão.
Peça 4 – a estratégia Lula-Haddad
É esse o pano de fundo para a estratégia que vem sendo desenhada  por Fernando Haddad – certamente planejada por Lula.
Os jornais, com a incrível capacidade de acreditar nos mitos que criam, anunciam que Haddad está fazendo um movimento em direção ao centro. Ora, a própria indicação de Haddad a vice de Lula, meses atrás, já era parte desse movimento.
Já havia plena consciência que, sem um arco ampliado de alianças, o PT não conseguiria sair do gueto a que foi jogado pelo golpe.
Desde seus tempos de Prefeitura, Haddad cultivou relação civilizada com setores políticos fora do espectro fisiológico. Chegou a ganhar inimizades dos setores mais radicais do PT, ao não brandir slogans petistas tradicionais contra FHC, Geraldo Alckmin e outros tucanos moderados. Sempre respeitou Ciro Gomes, e foi por ele respeitado.
Embora sem a contundência de Ciro, manteve uma fidelidade férrea aos princípios que abraçou, de racionalização, modernização sem ruptura da gestão pública e do jogo político. O que não o impediu, em plena Globo, de apontar dois fatores essenciais de modernização do país: o fim do cartel da mídia e do cartel dos bancos.
O risco Bolsonaro poderá acelerar o pacto político-partidário e conferir musculatura a um provável governo Haddad. Nelson Barbosa está avançando em Contatos com o meio empresarial. Um governo de coalisão ajudaria enormemente o novo governo a enfrentar o maior desafio político desde a redemocratização: a reconstrução institucional, implodida pelo golpe..
No STF, a eleição de Dias Toffoli para a presidência abre uma janela de oportunidade, depois da vergonhosa gestão de Carmen Lúcia. Os primeiros movimentos de Toffoli, propondo-se a pacificar a casa e a se aproximar dos demais poderes, indicam tomada de consciência sobre a gravidade do momento atual.
Ontem, a investida do Ministro Ricardo Lewandowski, criticando a anemia dos órgãos de controle do Ministério Público e da magistratura, e defendendo a lei contra abuso de autoridade, foi mais uma demonstração que o legalismo está se revigorando no Supremo.
Há uma enorme luta pela frente. Mas, agora, se tem um roteiro claro e lógico a ser seguido. 
GGN

terça-feira, 18 de setembro de 2018

A GLOBONEWS E A AGONIA DO PENSAMENTO MONOFÁSICO, POR LUIS NASSIF

Confesso que sempre fiquei agoniado com o pensamento monofásico, aquele em que a pessoa desenvolve UM raciocínio, com UM ângulo apenas de análise e entra em tilt se o interlocutor ousa colocar uma azeitona que seja no seu prato.
Com Zélia Cardoso de Mello era assim. Quando Zélia pensava parecia que sua cabeça doía. Era incapaz de juntar dois ângulos em cima do mesmo tema.
Ao longo da minha longa carreira jornalística, conheci outros tipos assim. Cristovam Buarque era um deles, desde os tempos de militância de esquerda.
Dilma Rousseff fazia outro tipo, da teimosia, sim, mas mais elaborada. Você queria saber a razão de ter aumentado a Selic, ela fazia digressões sobre o fim do quantitative easy pelo FED. A rigor, não havia correlação óbvia entre ambos, mas questionar seu raciocínio exigia do interlocutor entrar em uma série de outros conceitos. Enfim, não era pensamento monofásico.
Mas o que ocorre hoje em dia na Globonews é algo inédito: a epidemia de pensamento monofásico em uma emissora que se pretende ser a vanguarda do intelectualismo televisivo. Pobre país!
Funciona assim: o repórter coloca UMA questão para o entrevistado e só admite UMA resposta. Se o entrevistado ousar elaborar minimamente sua resposta, dá um tilt e, como dono do espaço, o repórter corta a resposta e exige a volta ao script da casa. É tico ou teco, e não venha confundir minha cabeça!
Não foi por outro motivo o espanto de Kátia Abreu, ante a insistência do colunista Gerson Camarotti para que ela respondesse a resposta padrão, para que ele pudesse recorrer à tréplica padrão.
Gerson, Mirian Leitão e Andreia Sadi se tornaram os campeões desse estilo inacreditável de jornalismo, vindo de um canal de primeiro nível.
Mirian insistindo na autocrítico dos erros do PT. Jogava a bola para Haddad. Este analisava o período de 12 anos do PT e, no período final, admitia os erros cometidos por Dilma. E a entrevistadora:
- Mas, candidato, se não fizer a autocrítica, como iremos acreditar que o PT mudou?
Aí toca Haddad pacientemente responder que ao mencionar os erros de Dilma, ele estava fazendo a tal autocrítica solicitada. E ela:
- Mas candidato?
Andreia Sadi recorreu ao bordão da conversa entre Lula e Haddad sobre a eventualidade ou não de um indulto presidencial a Lula. Não estava interessada em saber a opinião de Lula ou de Haddad, mas exclusivamente se houve a conversa sobre o tema entre ambos, como se a simples conversa fosse a prova do crime.
É inacreditável! É evidente, óbvio, lógico que conversaram sobre o indulto. O país inteiro discutindo o indulto, e os dois principais atores – Lula, o preso, Haddad, se presidente eleito – não iriam discutir?
Ai Haddad pacientemente explicava que conversaram. Pronto, a admissão de culpa:
- Então conversaram!, vibra a repórter por ter seu “furo” confirmado.
Haddad ainda se dá ao trabalho de explicar que conversaram porque o tema já tinha saído nos jornais.
- Mas Lula disse que não quer indulto, quer ser absolvido.
- Mas conversaram!, vibra a repórter.
- Conversamos, claro, mas Lula disse que a melhor resposta foi de Ciro,  que disse que Lula é inocente e tem que ser absolvido pelos tribunais.
E a repórter, com o sorriso fulgurante de quem descobriu o mais recôndito segredo político do momento:
- Então, conversaram!
Socoooooooooorro!
GGN

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

CITADO PELA 1ª VEZ NA PESQUISA CNT/MDA, HADDAD SE DISTANCIA DE CIRO QUE É O 3º COLOCADO NA DISPUTA

A menos de uma semana no posto de candidato oficial do PT à Presidência, Fernando Haddad já aparece em segundo lugar na pesquisa CNT/MDA divulgada nesta segunda (17), com 7 pontos de vantagem sobre Ciro Gomes, e atrás de Bolsonaro, que está 11 pontos na frente do petista. É a primeira vez que Haddad numa pesquisa CNT/MDA, portanto, não há detalhes sobre o desempenho do ex-prefeito de São Paulo neste estudo. 
Na pesquisa estimulada, Haddad emplacou 17,6% das intenções de voto, contra 28,2% de Bolsonaro. A pesquisa, como 2,2 pontos percentuais de margem de erro, foi feita entre 12 e 15 de setembro. Haddad foi lançado candidato pelo PT, em substituição a Lula, no dia 11. 
Se o segundo turno fosse hoje, Bolsonaro estaria à frente de Haddad, com 39% contra 35,7% do petista. Tecnicamente, o resultado é um empate no limite da margem de erro, pois Bolsonaro poderia estar na casa dos 36% ou 37%, e Haddad, no patamar dos 37%. 
Se a eleição fosse hoje, Ciro Gomes ficaria atrás de Haddad, no terceiro lugar, com 10,8%. Geraldo Alckmin teria 6,1% e Marina, 4,1%. Brancos, nulos e indecisos somam 25,7%. 
Haddad e Bolsonaro têm um patamar de mais de 70% de eleitores que dizem que o voto é definitivo: são 78,2% no caso do ex-capitão e 75,4%, com Haddad. 
Já entre Ciro, Marina e Alckmin, mais de 50% do eleitorado de cada um diz que ainda pode mudar de voto. 
SEGUNDO TURNO
Se a eleição de segundo turno fosse hoje, Ciro e Bolsonaro teriam empatados na margem de erro, com vantagem numérica para o ex-governador do Ceará, com 37,8%. Bolsonaro teria 36,1%. 
Com Alckmin, Bolsonaro ganharia com mais de 10 pontos de vantagem: por 38,2% a 27,7%. O desempenho de Alckmin é pior, portanto, do que o de Haddad, embora o tucano queira apelar para o voto útil. 
Marina e Bolsonaro também tem placar parecido, com 39,4% para o deputado e 28,2% para a ex-senadora. 
Entre Ciro Gomes e Haddad, o primeiro venceria por 38,1% contra 26,1% do petista. 
Entre Ciro e Alckmin, a vitória seria do ex-governador do Ceará por 39% a 20%. 
Entre Ciro e Marina, a vantagem de Ciro é ainda maior: 43,8% a 17%. 
Haddad venceria de Marina, por 35% a 23%.
Marina e Alckmin terminaria em 28% para o tucano e 25% para a mentora da Rede. É um empate no limite da margem, porque o tucano poderia ter 26% e Marina, 27%. 
POTENCIAL DE VOTO X REJEIÇÃO 
Cerca de 45% dos entrevistados que disseram que poderiam votar em Ciro, contra 38% que não votariam de jeito nenhum. 
Com Haddad, 27% poderiam votar, contra 47% que não votariam de jeito nenhum. O petista ainda tem uma parcela de 13,1% que diz que só votaria nele, e 8% que não sabem quem ele é. 
Alckmin tem rejeição maior que a de Haddad: 53% não votariam nele de jeito nenhum, contra 34% que poderiam votar e 2,4% que só votariam nele. O tucano só tem 4% de desconhecimento. 
Bolsonaro lidera a lista do é o único em quem votaria" com 23%. Outros 19% poderiam votar nele, contra 51% que não votaria de jeito nenhum. 
Marina é a preferida de apenas 2%. Outros 33% poderiam votar nela e 57% a descartam em qualquer hipótese. 
Dessa forma, o potencial de voto negativo de Bolsonaro é maior do que o de Haddad: 51% a 47%. Eles perdem para Alckmin e Marina, com 53% e 57%, respectivamente. Ciro tem 38% de potencial negativo e lidera no potencial positivo, com 51%. 
ESPONTÂNEA 
Na pesquisa espontânea, Bolsonaro cresceu de 15% para 23% das intenções de voto.  
Haddad saiu de 0,1% para 9,1%. 
Lula caiu da liderança com 20,7% para 7,5%. 
Ciro foi de 1,5% para 6,3%. 
Alckmin e Marina registraram os menores crescimentos entre os principais candidatos. O tucano foi de 1,7% para 2,8% e Marina, e 1,1% para 1,7%. 
GGN

domingo, 16 de setembro de 2018

A FALSA GUERRA DE CIRISTAS E PETISTAS, POR LUIS NASSIF

À medida em que se aproxima o final do 1º turno das eleições, é natural a radicalização entre seguidores dos dois candidatos favoritos ao posto de guerreiro da civilização contra a ameaça Bolsonaro.
Mas seria importante que as cabeças mais esclarecidas, de lado a lado, impeçam a radicalização e a demonização do adversário de agora, que poderá ser o aliado de amanhã.
Haddad e Ciro representam o lado mais racional e criativo das políticas públicas, e estão do mesmo lado. Tem ideias claras sobre os diversos temas. E estilos diferentes de implementação.
Qualquer que seja eleito, se terá a garantia de interrupção do processo de desmonte da economia e das grandes negociatas administradas por Eliseu Padilha, Moreira Franco e Michel Temer.
Ambos buscarão um pacto de governabilidade, mas, aí, com estilos diferentes.
Há um diagnóstico claro sobre os problemas enfrentados pela democracia no país.
O mais grave deles é o fato de as instituições estarem completamente fora de lugar, com procuradores e juízes atuando politicamente, militares dando pitacos em política, o Supremo exposto a Ministros oportunistas, que cavalgam as ondas do caos institucional. E, coroando tudo, uma crise econômica gigantesca.
Seja quem for o eleito, enfrentará o maior desafio político desde a eleição de Tancredo Neves.
Na largada, Ciro Gomes traz a vantagem de não estar estigmatizado pelo antipetismo que, hoje em dia, move os poderes e a mídia. Assumiria o poder com toda a energia, inibindo a atuação dos inimigos da democracia.
No entanto, o jogo é insidioso e não é corrida de cem metros: é maratona que exigirá anos para a consolidação do poder democrático. O pico do poder e da popularidade de um presidente é no primeiro dia de mandato. Depois, há uma corrosão, no caso brasileiro acentuada crise e pelo papel deletério das Organizações Globo – que, definitivamente, entraram em um jogo sem saída.
Aqui, um parêntesis.
Haverá material de sobra para os historiadores do futuro, de como a falta de consciência sobre seu próprio poderio transformou a Globo em uma excrescência: um poder de Estado, sem ser Estado. Nessa escalada suicida, só haverá dois desfechos possíveis para esse jogo. Ou ela se torna poder definitivo, mudando a sede do governo para o Projac, ou será definitivamente enquadrada pelo poder político, assim que houver uma reorganização. Não haverá outra saída possível.
Como não há precedentes da história de um grupo de mídia assumindo o controle de um país, pode-se supor que seus dirigentes foram tomados pelo mais perigoso dos porres:  a miragem da onipotência que, aliás, parece ter atingido todo seu corpo de jornalistas. (clique aqui).
Se Ciro entusiasma na partida, há dúvidas sobre a estratégia de chegada. O enfrentamento, de peito aberto, de uma relação imensa de adversários – do poder político (PMDB/PSDB), partido da Justiça, poder militar e, por tabela, a mídia – lança dúvidas sobre os resultados do jogo no médio prazo. Seja qual for o resultado, se manterá o país conflagrado.
No caso de Haddad, o jogo é outro. Terá dificuldades na partida, devido ao antipetismo radical. Mas toda sua estratégia será em direção a uma grande coalisão que reponha o primado do poder político e permita a reconstrução gradativa das instituições. Para tanto, Haddad terá que contar com a assessoria dos quadros petistas mais experientes, como Jacques Wagner, Sérgio Gabrielle, Ricardo Berzoini, todos orientados por Lula.
Não há condições, a priori, de definir qual estratégia é mais viável. No primeiro dia de governo Haddad, o Partido do Judiciário reabrirá a caçada aos quadros dirigentes petistas. E não há como avaliar, agora, quais as concessões que serão necessárias para a consolidação do poder do Executivo.
Com Ciro, o jogo de desgaste será a médio prazo com a receita de praxe: escandalização de qualquer problema administrativo, superexposição de qualquer deslize verbal. Um de seus trunfos é o discurso anticorrupção. Como será trabalhado pela mídia, quando confrontado com outro discurso seu, o de impor limites aos abusos da Lava Jato e do Judiciário? E quando PSDB, PMDB e centrão se unirem no Congresso contra ele?
De tudo o que foi exposto, só há uma certeza: ambos, Ciro e Haddad, fazem parte do mesmo campo. E não podem deixar que o fragor dos últimos dias de campanha inviabilize uma futura aliança.
GGN

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

NOVA PESQUISA VOX POPULI HADDAD TEM 22%, ULTRAPASSA BOLSONARO COM 18%

Pesquisa VoxPopuli feita entre 7 e 11 de setembro, em todo o Brasil, mostra Fernando Haddad ultrapassando Jair Bolsonaro, com 22% contra 18%, respectivamente. Em terceiro lugar está Ciro Gomes, com 10%, seguido por Marina Silva (5%) e Geraldo Alckmin (4%). Brancos e nulos somam 21%. A margem de erro é de 2,2 pontos. 
O PT lançou Fernando Haddad candidato à Presidência no lugar no Lula no final da tarde de terça (11), forçado por decisão da Justiça Eleitoral, que não permitiu que o ex-presidente petista concorresse com o registro sub judice. 
VoxPopuli, ao contrário de outros grandes institutos, tomou a decisão de associar diretamente Haddad ao apoio de Lula. Segundo Marcos Coimbra, diretor do Vox, "esconder o fato de que o ex-prefeito foi indicado e tem o apoio do ex-presidente tornaria irreal o resultado de qualquer levantamento. É uma referência relevante para uma parcela significativa dos cidadãos. Chega perto de 40% a porção do eleitorado que afirma votar ou poder votar em um nome apoiado por Lula." A informação é da CartaCapital. 
A pesquisa ainda demonstrou que 53% dos entrevistados sabem que Haddad é o candidato de Lula. Haddad é o menos conhecido entre os presidenciáveis: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome. 
"O desconhecimento é maior justamente na parcela mais propensa a seguir a recomendação de voto de Lula, os mais pobres e menos escolarizados. De maio para cá, decresceu sensivelmente o percentual de brasileiros que afirmam não saber que o ex-presidente está impedido de disputar a eleição: de 39% para 16%", reportou a CartaCapital. 
REJEIÇÃO 
Ciro é o candidato com menor rejeição (34%) entre os cinco principais postulantes. Haddad tem a segunda menor taxa, 38%. Bolsonaro lidera o ranking com 57%. 
Bolsonaro, por outro lado, parece ter consolidado um teto de votos. Na pesquisa espontânea, ele tem 13% das menções. O valor é um pouco abaixo do desempenho de 18% na estimulada.  
SEGUNDO TURNO 
No cenário de segundo turno entre Bolsonaro e Alckmin, o ex-capitão venceria por 25% a 18%. 
Contra Marina, há empate técnico, com 24% para Bolsonaro e 26% para Marina. 
Contra Ciro, Bolsonaro perde por 10 pontos: 32% a 22%. 
Contra Haddad, também perderia com diferença, por 36% para o petista e 24% para Bolsonaro. 
FACADA 
Vox também aferiu a percepção da sociedade sobre o atentando à faca sofrido por Bolsonaro, que o deixou praticamente fora da disputa por votos nas ruas. 
A maioria absoluta, 64%, acredita que a facada foi um ato solitário de um cidadão "com problemas mentais”. Outros 35% acham que foi um ato planejado e com fins políticos. 
Outros 49% contra 33% acham que o episódio não rende votos. 
GGN

terça-feira, 11 de setembro de 2018

LULA INDICA HADDAD PARA PRESIDENTE E MANU PARA VICE

A Executiva Nacional do PT aprovou, por unanimidade nesta terça-feira (11), o nome do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad como novo candidato do partido a presidente.
A posição da deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) como vice também foi aprovada pelo partido.
Nas redes sociais, petistas já têm usado as expressões “somos todos 13 de Lula” e “Lula é Haddad e Manu 13”. Além dos membros da Executiva do PT, participaram da reunião a ex-presidente Dilma Rousseff, os governadores Fernando Pimentel (MG) e Wellington Dias (PI), entre outros nomes.
Deles, Dilma foi a mais assertiva ao dizer que seria interessante esperar por alguma decisão do Supremo. O partido, porém, tem até as 19h de hoje para formalizar a troca junto ao TSE.
Nova vice, Manuela D’Ávila estava a caminho de Curitiba no começo da tarde. A presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, também se deslocou para a capital paranaense e participou de reuniões de seu partido.
Aliado na coligação, o PCdoB também precisa comunicar ao TSE que haverá uma alteração na chapa. A troca da candidatura precisa ser oficializada junto ao TSE.
A partir disso, Haddad poderá se apresentar no horário eleitoral como candidato a presidente, e não a vice, como vinha fazendo.
Para decidir sobre a nova chapa, a Executiva do PCdoB se reuniu mais cedo em São Paulo. O outro partido da coligação, o Pros, também se reuniu para deliberar a respeito da nova formação.
Os encontros dos partidos são necessários em razão da necessidade de uma ata que precisa ser entregue ao TSE para formalizar a troca. O anúncio oficial será feito na tarde desta terça na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba, onde Lula cumpre sua pena em função do processo do tríplex.
Haddad tem 9% no Datafolha. Ele visitou Lula na prisão na segunda (10) para acertar os detalhes do roteiro do anúncio. Mesmo ungido por Lula, Haddad nunca foi unanimidade entre lideranças do PT e continua desconhecido de boa parte do eleitorado.
Se o ex-prefeito for confirmado hoje como candidato, serão postos à prova o poder de Lula como fator de união do PT e como cabo eleitoral.
Em pesquisa Datafolha divulgada ontem, Haddad teve 9% das intenções de voto, atrás de Jair Bolsonaro (PSL) e empatado tecnicamente com Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB).
No Datafolha de 22 de agosto, último em que seu nome apareceu, Lula tinha 39% e liderava com folga.
No momento, os advogados de Lula e de sua coligação têm três recursos no STF. Em um deles, cujo relator é o ministro Edson Fachin, a defesa de Lula pede a revisão da decisão do magistrado em que negou um recurso anterior, no qual os advogados pediram o afastamento de qualquer impedimento à candidatura do petista.
O recurso tem como argumento um pedido do Comitê de Direitos Humanos da ONU para que o Estado brasileiro, com base em tratados internacionais assinados pelo Brasil, garanta os direitos de Lula como candidato até que o caso do tríplex, pelo qual ele foi condenado em segunda instância, passe por todas as instâncias da Justiça.
Em outro recurso, a coligação formada por PT, PCdoB e Pros busca ao menos ganhar tempo. Os partidos pedem que o prazo de substituição de Lula seja suspenso até que o recurso contra o veto à candidatura do ex-presidente seja analisado no STF, respeitado o limite do dia 17 de setembro — prazo da lei eleitoral para a troca de candidatos.
O pedido está com o ministro Celso de Mello. No último recurso, cujo relator também é Celso de Mello, a coligação contesta a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que barrou a candidatura de Lula com base na Lei da Ficha Limpa no dia 31 de agosto, e pede urgência na análise do caso pelo STF.
Em todos os casos, Fachin e Celso de Mello podem tomar decisões sozinhos, remeter os recursos à Segunda Turma do STF ou mesmo levá-los ao plenário da Corte. No entanto, não há prazo para que eles tomem qualquer decisão.
Em nota, a defesa de Lula na esfera eleitoral diz que ainda aguarda uma decisão do STF e argumentou que não se poderia “admitir que as portas do processo eleitoral sejam fechadas a Lula sem que o STF fale”. “Que o STF dê ao Brasil a chance de escolher seu caminho”, traz a nota da defesa.
 Blog da Cidadannia

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

EM NOVA DECISÃO, COMITÊ DA ONU REAFIRMA DIREITO DE LULA EM DISPUTAR ELEIÇÃO

O Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas emitiu um novo pronunciamento nesta segunda (10), reafirmando o direito de Lula em disputar a eleição presidencial de 2018.
A manifestação é uma resposta à defesa do ex-presidente, que recorreu ao Comitê no dia 4 de agosto, após o Tribunal Superior Eleitoral indeferir o registro do petista alegando que a Lei da Ficha Limpa está acima do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, do qual o Brasil é signatário.
Segundo informações da assessoria de Lula, os advogados Cristiano Zanin e Valeska Teixeira informaram ao ex-presidente sobre o novo parecer do Comitê da ONU nesta segunda, após visita ao petista, que está preso em Curitiba desde o dia 7 de abril.
Em julgamento no TSE, por 6 votos a 1, ficou definido que o PT não poderá apresentar Lula, que foi condenado em segunda instância na Lava Jato, como candidato. O prazo estipulado pela corte eleitoral para substituição expira na terça-feira, 11 de setembro.
A defesa de Lula recorreu da decisão do TSE no Supremo Tribunal Federal e, ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, solicitou um pronunciamento a respeito do indeferimento do registro.
Segundo a defesa, a manifestação do Comitê ressalta que “Todos os poderes do governo (executivo, legislativo e judiciário, além das mais altas autoridades públicas ou governamentais, e qualquer nível – nacional, regional ou local) estão em posição de absorver a responsabilidade do Estado-parte."
O Brasil internalizou o Protocolo Facultativo (que dá poder ao Comitê de Direitos Humanos para processar demandas de brasileiros com direitos civis e políticos violados) no Decreto Legislativo 311/2009.
"O novo pronunciamento do Comitê de Direitos Humanos da  ONU será anexado ao recurso já interposto perante o Supremo Tribunal Federal no ultimo sábado (Agravo Regimental na Pet. 7841)", afirmou a defesa. 
Aquivo: aqui.
GGN

sábado, 8 de setembro de 2018

GLOBONEWS E A MISÉRIA DO JORNALISMO, POR LUIS NASSIF

A entrevista de Fernando Haddad à bancada da Globonews é reveladora de um dos vícios mais entranhados no jornalismo brasileiro: a incapacidade dos entrevistadores de analisar realidades complexas.
Eles fazem um tipo de pergunta padrão e esperam uma resposta padrão para a qual já tem engatilhada uma tréplica padrão. Quando o entrevistado sofistica um pouco a análise e inclui outros elementos na resposta, provoca um curto-circuito nas cabeças dos entrevistadores. E eles não sossegam enquanto não receber a resposta padrão, para poderem rebater com a tréplica padrão.
Foram inúmeros os casos.
O mais insistente foi a história da autocrítica dos erros econômicos de Dilma Rousseff. Haddad admitiu os erros, enumerou-os e procurou situá-los no tempo. Analisou o período PT como um todo, para depois chegar aos erros. Ou seja, admitiu os erros. Mas alegou que só os erros, por si, não explicariam a queda do PIB, que houve um componente político relevante, no boicote conduzido por Aécio Neves e Eduardo Cunha. Ora, seria o gancho para uma belíssima discussão, muito mais rica, muito mais complexa. Mas os entrevistados não aceitavam.
- Quer dizer que o PT não admite os erros? A culpa sempre é dos outros? Como vamos acreditar que agora será diferente?
E não adiantava Haddad explicar os acertos dos dois governos Lula e dos dois primeiros anos do governo Dilma, e os erros posteriores de Dilma, para demonstrar que o erro não é componente intrínseco da política econômica do partido.
A mesma coisa quando confrontado com as propostas da campanha de Lula – coordenadas por ele -, com os entrevistadores pretendendo enquadrá-las na tal matriz econômica do último período Dilma. Ou quando tentaram levantar o fantasma do tal mercado contra as ideias de Haddad, que rebateu com uma reportagem da Reuters, publicada no The New York Times, com CEOs de grandes empresas elogiando suas propostas.
Haddad levantou, em sua defesa, o tratamento das contas da prefeitura de São Paulo, que, no seu mandato, obteve o grau de investimento.
- Estamos discutindo política econômica, rebateu o entrevistador de uma resposta só.
Haddad teve que explicar que grau de investimento e contas fiscais são política econômica. E elas falam mais por ele do que qualquer carta aos brasileiros.
Todos os bordões foram levantados, inclusive a criminalização da política de campeões nacionais, ou os aportes de recursos ao BNDES. Em vez da discussão conceitual sobre a oportunidade ou não de se ter campeões nacionais, em vez de levar em conta a resposta de Haddad, de que os investimentos em campeões nacionais ajudaram a gerar empregos e melhorar o perfil das exportações brasileiras, limitavam-se ao branco-e-preto que difundiram nos últimos anos: toda política industrial é criminosa, e tudo o que o BNDES faz é criminoso.
Em nenhum momento questionaram as afirmações de Haddad de que a matriz econômica, defendida pela Globonews e implementada pela equipe de Temer, não entregou o prometido. Quando chegava nesse ponto, mudava-se o tema.
Nem rebaterem sua afirmação de que os principais delatores da Lava Jato estão soltos e gozando a vida em liberdade. Limitavam-se aos grandes agregados – Lula foi condenado por um juiz de 1a instância, um colegiado em 2ª instância e prisão mantida por um colegiado do STF, que não analisou o mérito das acusações.
Fosse menos diplomático, Haddad poderia lembrar que todos eles foram estimulados pelo clamor das ruas, do qual o principal combustível é a cobertura enviesada da Globo.
 GGN

terça-feira, 4 de setembro de 2018

ZANIN CONFIRMA NOVA PETIÇÃO NA ONU PARA GARANTIR CANDIDATURA DE LULA

O advogado Cristiano Zanin confirmou nesta terça (4) que foi protocolado no Comitê de Direitos Humanos da ONU, na segunda (3), uma petição solicitando medidas para "assegurar que o Brasil cumpra a liminar concedida pelo órgão internacional em 17 de agosto", que garante a candidatura de Lula na eleição de 2018.
Em julgamento no dia 31 de agosto, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu colocar a Lei da Ficha Limpa acima do Pacto Internacional de Direitos Humanos. Apenas o ministro Edson Fachin entendeu que a liminar do Comitê da ONU é obrigatória.
Além do novo recurso no Comitê da ONU, a defesa de Lula vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal para abrir um debate sobre a decisão tomada pelo TSE. A ação questionará se a liminar da ONU tem efeito vinculante, ou seja, deve ser cumprida imediatamente pelo Estado Brasileiro. 
O TSE deu até 11 de setembro para o PT substituir Lula na disputa presidencial.
LEIA, ABAIXO, A NOTA COMPLETA.
Apresentamos na noite desta segunda-feira (3/9) petição ao Comitê de Direitos Humanos da ONU para assegurar que o Brasil cumpra a liminar concedida pelo órgão internacional em 17 de agosto, para que não haja qualquer restrição aos direitos políticos do ex-Presidente Lula. A petição requer que o comitê profira nova decisão reiterando a obrigação do Estado brasileiro de cumprir suas obrigações internacionais e assegurar a candidatura de Lula à Presidência da República, além do acesso à imprensa e aos membros do seu partido.
Cristiano Zanin Martins
GGN

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

CONSELHO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DIZ QUE LULA DEVE SER CANDIDATO

O Conselho Nacional de Direitos Humanos, órgão autônomo do Ministério dos Direitos Humanos, criado em 2014, emitiu nota no dia 27 de agosto afirmando que a decisão do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas deve ser respeitada e, a Lula, garantido o acesso à imprensa e as condições para disputar a eleição presidencial.
"Está em consonância com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos a decisão do Comitê de que Lula possa exercer seus direitos políticos, inclusive com acesso apropriado à mídia e a membros do seu partido político, enquanto candidato às eleições presidenciais de 2018", diz o Conselho Nacional em nota, após reconhecer a legitimidade do Comitê de Direitos Humanos para monitorar a implementação, nos países signatários, do Pacto.
O Brasil internalizou o Protocolo Facultativo ao Pacto em 2009, por meio do Decreto Legislativo 311. Em 2016, Lula recorreu ao Comitê de Direitos Humanos da ONU alegando violação de seus direitos no julgamento do caso triplex. O Comitê só julgará essa ação em 2019 mas, para impedir que Lula seja prejudicado de maneira irreparável, uma liminar foi concedida para garantir sua participação na eleição de 2018.
Segundo o Conselho Nacional, "as medidas interinas adotadas pelo Comitê devem ser cumpridas pelo Estado brasileiro, independentemente de seu caráter vinculante, como expressão de sua boa-fé no cumprimento de obrigações internacionalmente assumidas quanto à implementação de direitos humanos no país."
Apesar da posição do Conselho Nacional, o Itamaraty e o Ministério da Justiça do governo Temer desmoralizou a liminar na imprensa.
GGN

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Quem não te conhece que te compre, Alckmin tem apenas 14% dos votos paulistas, onde é conhecido por 99%

Foto: GOVESP/ Fotos Públicas
Aposta do PSDB para concorrer ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin é conhecido por 99% da população paulista, segundo pesquisa do Datafolha divulgada no dia 22 de agosto. A maioria, 65%, respondeu que conhece o tucano "muito bem". Outros 23% conhecem "pouco" e 11%, "só de ouvir falar".
Mas apesar de ser tão conhecido no Estado em que governou de 2011 até o primeiro semestre deste ano, o levantamento realizado entre 20 e 21 de agosto, com 8.433 eleitores de 313 municípios, também mostra que apenas 14% dos paulistas votariam no tucano, caso Lula (PT) encare a disputa presidencial.
Neste cenário, além de perder para o ex-presidente petista, que soma 27% das intenções de votos em São Paulo, Alckmin também fica numéricamente atrás de Jair Bolsonaro (PSL), que tem 15% da preferência. 
São Paulo é hoje o maior colégio eleitoral do País com 33.040.411 de eleitores, o que corresponde a 22,4% do eleitorado do Brasil, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No segundo turno das eleições presidenciais de 2014, São Paulo foi o estado da região Sudeste que mais destinou votos ao PSDB. Com Aécio Neves, o partido ganhou 64,2% dos votos válidos paulistas. No Espírito Santo foram 53,85%. Em Minas Geais, 47,59%, e no Rio de Janeiro, 45,06%.
TRAJETÓRIA
Esta não é a primeira vez que o tucano abandona o cargo máximo paulista para concorrer à Presidência. Em 2006 Alckmin lançou-se ao Planalto contra a reeleição de Lula e perdeu no 2º turno com 41,64% dos votos, enquanto o petista angariou 48,61%.
O currículo de Alckmin no governo de São Paulo é extenso. O tucano assumiu o cargo pela primeira vez entre 2001 e 2006. Em 2011 conquistou o segundo mandato na urna e, em 2014, apesar da crise hídrica assombrar seu final de mandato, foi reeleito com 57% dos votos, no primeiro turno.
Alckmin se despediu do governo após escândalos envolvendo a merenda escolar, fechamento de salas de aulas, repressão policial contra professores, fraudes no metrô, entre outras denúncias que levam nomes de seu mandato.
GGN

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

ESTADÃO ESCONDE ENTREVISTA DE JURISTA DA ONU A FAVOR DE LULA. CENSURA? POR PAULO DONIZETTI DE

Entrevista publicada no site suíço às 14h23 desta quinta é ‘diferente’ do que publicou o ‘Estadão’ há seis dias. Foto: Reprodução
Publicado originalmente no site Rede Brasil Atual (RBA)
O site Jota, especializado em temas jurídicos, publicou ontem longa entrevista com a vice-presidente do Comitê de Direitos Humanos da ONU, Sarah Cleveland. Leia aqui resenha da entrevista publicada pela RBA, e aqui a íntegra, no Jota.
A entrevistada destaca que não é papel do órgão da ONU intervir na política eleitoral das nações, muito menos nos resultados das eleições. Mas zelar pelo cumprimento de tratados internacionais dos quais as nações sejam signatárias. “Não temos interesse no resultado eleitoral, apenas no direito à participação”, enfatizou Sarah.
Nessa quinta-feira, Sarah concedeu entrevista ao jornalista Jamil Chade. Chade é correspondente do jornal O Estado de S. Paulo em Genebra, na Suíça. A vice-presidente do conselho reiterou ao jornalista que a determinação da ONU exige do Estado brasileiro garantia ao direito de Lula ser candidato.
A jurista reitera que as medidas cautelares emitidas pelo Comitê não são recomendações. “São legalmente vinculantes e impõem obrigação legal internacional ao Brasil para que as cumpra”. Ou seja, exige que o Brasil “tome todas as medidas necessárias” para que Lula exercite seus direitos políticos da prisão, como candidato. E que o país atue para assegurar o direito do petista de disputar eleições até que todos os recursos pendentes de revisão contra sua condenação sejam completados em um procedimento justo.
A entrevista de Sarah Cleveland a Jamil Chade está publicada pelo portal Swissinfo.ch – noticioso digital suíço publicado em 10 idiomas. E pode ser lida aqui. Mas não foi publicada por O Estado de S. Paulo. Seria mais um episódio de censura da imprensa brasileira à repercussão internacional da perseguição a Lula?
O site oficial do ex-presidente ironiza o jornal paulista – “Publica, Estadão!” – que dedica diariamente reportagens e editoriais a desqualificar o ex-presidente. No editorial desta quinta-feira (23), por exemplo, o jornal elogia artigo em que Fernando Henrique Cardoso critica, no Financial Times, “a maneira que Lula da Silva escolheu para se defender perante o mundo”.
O Estadão fala da “máquina lulopetista de agitação e propaganda” que há muito tempo “trabalha para convencer a opinião pública no exterior de que o impeachment de Dilma e a prisão de Lula foram parte do tal golpe destinado a reverter o progresso dos governos do PT”. O texto dos donos do jornal arremata: “Era mesmo necessário que alguém da estatura de FHC, reconhecido internacionalmente como estadista, viesse a público manifestar seu repúdio mais veemente contra essa campanha de desinformação e má-fé”.
Se a estrutura de defesa e comunicação de Lula é uma “máquina lulopetista de agitação e propaganda”, o arsenal diário das emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas e portais das empresas das famílias Marinho, Mesquita, Civita, Frias, Saad usado para desconstruir Lula é o quê? Mídia alternativa?
PS.: A entrevista de Sarah Cleveland a Jamil Chade publicada no site suíço parece desmentir outra versão – esta sim publicada pelo Estadão, em 17 de agosto, assinada por… Jamil Chade –, sob o título “Comitê de Direitos Humanos da ONU não atendeu a pedido para soltar Lula“.
DCM