Entrevista publicada no site suíço às 14h23 desta quinta é
‘diferente’ do que publicou o ‘Estadão’ há seis dias. Foto: Reprodução
Publicado originalmente no site Rede
Brasil Atual (RBA)
O site Jota, especializado em temas jurídicos, publicou
ontem longa entrevista com a vice-presidente do Comitê de Direitos Humanos da
ONU, Sarah Cleveland. Leia aqui resenha da entrevista publicada
pela RBA, e aqui a íntegra, no Jota.
A entrevistada destaca que não é papel do órgão da ONU
intervir na política eleitoral das nações, muito menos nos resultados das
eleições. Mas zelar pelo cumprimento de tratados internacionais dos quais as
nações sejam signatárias. “Não temos interesse no resultado eleitoral, apenas
no direito à participação”, enfatizou Sarah.
Nessa quinta-feira, Sarah concedeu entrevista ao jornalista
Jamil Chade. Chade é correspondente do jornal O Estado de S. Paulo em
Genebra, na Suíça. A vice-presidente do conselho reiterou ao jornalista que a
determinação da ONU exige do Estado brasileiro garantia ao direito de Lula ser
candidato.
A jurista reitera que as medidas cautelares emitidas
pelo Comitê não são recomendações. “São legalmente vinculantes e impõem
obrigação legal internacional ao Brasil para que as cumpra”. Ou seja, exige que
o Brasil “tome todas as medidas necessárias” para que Lula exercite seus
direitos políticos da prisão, como candidato. E que o país atue para assegurar
o direito do petista de disputar eleições até que todos os recursos pendentes
de revisão contra sua condenação sejam completados em um procedimento justo.
A entrevista de Sarah Cleveland a Jamil Chade está
publicada pelo portal Swissinfo.ch – noticioso digital suíço publicado em 10
idiomas. E pode ser lida aqui. Mas não foi publicada
por O Estado de S. Paulo. Seria mais um episódio de censura da imprensa
brasileira à repercussão internacional da perseguição a Lula?
O site oficial do ex-presidente ironiza o jornal paulista –
“Publica, Estadão!” – que dedica diariamente reportagens e editoriais a
desqualificar o ex-presidente. No editorial desta quinta-feira (23), por
exemplo, o jornal elogia artigo em que Fernando Henrique Cardoso critica,
no Financial Times, “a maneira que Lula da Silva escolheu para se defender
perante o mundo”.
O Estadão fala da “máquina lulopetista de agitação
e propaganda” que há muito tempo “trabalha para convencer a opinião pública no
exterior de que o impeachment de Dilma e a prisão de Lula foram parte do tal
golpe destinado a reverter o progresso dos governos do PT”. O texto dos donos
do jornal arremata: “Era mesmo necessário que alguém da estatura de FHC,
reconhecido internacionalmente como estadista, viesse a público manifestar seu
repúdio mais veemente contra essa campanha de desinformação e má-fé”.
Se a estrutura de defesa e comunicação de Lula é uma “máquina
lulopetista de agitação e propaganda”, o arsenal diário das emissoras de rádio
e televisão, jornais, revistas e portais das empresas das famílias Marinho,
Mesquita, Civita, Frias, Saad usado para desconstruir Lula é o quê? Mídia
alternativa?
PS.: A entrevista de Sarah Cleveland a Jamil Chade publicada
no site suíço parece desmentir outra versão – esta sim publicada pelo Estadão,
em 17 de agosto, assinada por… Jamil Chade –, sob o título “Comitê de Direitos Humanos da ONU não atendeu a pedido
para soltar Lula“.
DCM
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