Rogoff
estima as consequências de um corte de uma taxa negativa de -3%. Se a operação
for feita de maneira correta, as taxas negativas teriam o mesmo efeito da
política monetária normal, aumentando a demanda agregada e estimulando o
emprego.
Queda
de demanda global, nos preços das principais commodities, recessão nas
principais economias mundiais e perda de dinamismo da China, o grande motor das
últimas décadas. E, no rastro, uma situação dramática para os países
emergentes, pela queda no comércio internacional e pelas vulnerabilidades
no front externo – devido à queda dos preços das commodities e à fuga de
capitais externos.
A
diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina
Georgieva, estimou que 170 países terão queda no PIB em 2020, criando
dificuldades enormes para o próprio sustento da maioria das famílias.
Recentemente,
o FMI e o e o Banco Mundial anunciaram um
alívio do serviço da dívida e desembolso adicional para os mais pobres. Os
governos do G20 também congelaram os pagamentos bilaterais e tentam convencer
os credores comerciais a aderirem ao acordo, o que poderá resultar em um volume
de até US$ 40 bilhões.
Não
será suficiente. E começam a pulular sugestões em vários centros acadêmicos e
multilaterais.
Uma
das sugestões é o perdão da dívida dos emergentes, na linha do que foi feito
nos anos 90, uma ação conjunta do FMI, Banco Mundial e Clube de Paris que
garantiu US$ 76 bilhões a 36 países englobados no programa Países Pobres
Altamente Endividados.
Outra
linha anti-crise, defendida por economistas como Kenneth Rogoff, consiste na
aplicação de taxas de juros “profundamente negativas” por parte dos países
desenvolvidos.
Nos
Estados Unidos, o Federal Reserva, apoiado pelo Tesouro, está a caminho de
garantir todos os créditos privados, estaduais e municipais da economia.
É um programa sustentável se o estresse do mercado for breve. Se a
economia levar anos para se recuperar, estimar Rofogg, o quadro será complexo.
Nesse caso não se saberá quantas empresas se manterão abertas e quantos
governos continuarão solventes.
O
ponto central é que, globalmente, a riqueza será destruída drasticamente. E
muitas vozes, incluindo Rogoff, defendem que os credores compartilhem do
prejuízo, através do perdão de parte das dívidas. Outra alternativa seria o FED
jogar as taxas de juros abaixo de zero, seguindo a lógica de taxas negativas do
Japão e da Europa.
Rogoff
estima as consequências de um corte de uma taxa negativa de -3%. Se a operação
for feita de maneira correta, as taxas negativas teriam o mesmo efeito da
política monetária normal, aumentando a demanda agregada e estimulando o
emprego.
Há
um conjunto de pré-condições para o programa ser bem-sucedido:
O
mais importante é impedir a acumulação em larga escala de dinheiro por empresas
financeiras, fundos de pensão e companhias de seguro. Segundo ele, trata-se de
movimento jamais tentado por nenhum Banco Central do mundo.
Regulamentação,
taxa variável, de acordo com os prazos.
Proteção
contra as taxas negativas aos pequenos depositantes.
Para
as economias emergentes, seria uma boa saída. Mesmo com taxas negativas, haverá
necessidade de perdão para parte das dívidas dos emergentes maiores.
No
caso dos emergentes, a maior vulnerabilidade é o crédito privado, que foi
altamente expandido em momentos de liquidez abundante, especialmente em
empresas exportadoras de commodities. Como as cotações eram fixadas em dólares,
havia a sensação de um hedge natural.
Agora,
com a queda nas cotações de commodities, há um descasamento entre garantias e
passivos.
PROTECIONISMO
Um
ponto que vem sendo desmentido pelos fatos é o do fechamento das economias,
como resultado da pandemia apontando o fracasso da globalização. E as
vulnerabilidades reveladas pelo Covi-19, que levariam os países a estimular a
produção interna, reduzindo a cadeia global de valores.
A
reação da China, aumentando em12 vezes a fabricação das máscaras, é apontada
como um dos sinais da manutenção da globalização comercial. Outro aspecto é a
hiperespecialização da cadeia produtiva. A tecnologia padrão do ventilador, por
exemplo, depende de 300 peças diferentes, fabricadas em diversos países. Logo,
sua fabricação exige uma coordenação mais intensa dos fornecedores globais. O
que torna a coordenação global um papel cada vez mais relevante.
Nessa
ótica, haveria vantagem nas cadeias internas de fornecedores apenas em
episódios muito raros, que afetem a produção de vários países simultaneamente.
Do
GGN