quarta-feira, 15 de abril de 2020

EM PLENA PANDEMIA, CÂMARA APROVA RETIRAR DIREITOS DOS TRABALHADORES COM A CARTEIRA VERDE AMARELA

Para novos contratos, o pagamento mensal deverá seguir o teto de R$ 1.558,50; medida precisa ser aprovada pelo Senado.
Diferentes membros da oposição criticaram a agilidade que Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e os governistas imprimiram à tramitação da matéria.
Após um duro embate entre opositores e aliados do governo Bolsonaro, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, por 313 votos contra 21, na noite desta quarta-feira (15), a Medida Provisória (MP) 905, conhecida como “MP da Carteira Verde e Amarela”. Assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em novembro, a proposta amplia a reforma trabalhista e enfrenta divergências de especialistas do campo jurídico, de centrais sindicais e outras entidades populares.  
“Eu estou há 16 anos na Câmara e não imaginava que um dia fosse participar de uma votação a distância para retirar direitos dos trabalhadores desse jeito”, disse o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS). O líder da bancada do PSDB, Carlos Sampaio (SP), disse que o partido “vê com muito bons olhos a aprovação da MP”.  
A medida cria a chamada Carteira de Trabalho Verde e Amarela (CTVA), uma modalidade de contratação voltada para jovens com idade entre 18 e 29 anos e com redução de direitos trabalhistas em relação às regras atuais aplicadas pelo mercado.
No parecer aprovado pelos deputados, o relator da MP, Christino Aureo (PP-RJ), acrescentou que a medida valerá também para trabalhadores que têm acima de 55 anos, desempregados há pelo menos 12 meses e trabalhadores rurais.
Para os novos contratos, o pagamento mensal deverá seguir o teto de um salário mínimo e meio, o equivalente a R$ 1.558,50. A MP vale até 31 de dezembro de 2022, mas como os contratos devem ser de 24 meses, podem ultrapassar a validade da medida dependendo do momento em que for iniciado.
A proposta implementa ainda uma série de mudanças na relação entre patrão e empregado. Entre elas, está a isenção de contribuição previdenciária e das taxas pagas pelo empregador às entidades do Sistema S (Senai, Sesc, Sesi e Senac). O relator retirou a redução do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que iria para 2% do salário, mas agora permanece em 8%. 
De acordo com texto aprovado, o trabalhador demitido sem justa causa não tem direito à metade do salário correspondente até o fim do contrato, como previsto pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
As empresas poderão aplicar esse tipo de contrato a 25% dos trabalhadores. Aos empregadores que possuem até 10 trabalhadores, a restrição diminui para 20%. A MP veta esse modelo de contratação aos trabalhadores que já estão em atuação com outras formas de contrato em até pelo menos 180 dias antes de demissão.
Caso o empregado tenha sido contratado anteriormente como menor aprendiz ou por trabalho intermitente e avulso, no entanto, a contratação por meio da Carteira de Trabalho Verde e Amarela está liberada. O relator manteve o trecho que considera acidente de trabalho, no percurso casa-emprego, somente caso ocorra em veículo do empregador.
Fazendo as contas, ao empresariado haverá uma economia de 70% dos encargos, de 39,5% para 12,1% sobre a folha. “Fica evidente que isso é pra melhorar a situação patronal, enquanto, para o trabalhador, não vai gerar emprego nenhum. O que estamos assistindo, na verdade, é uma precarização”, bradou o deputado Ivan Valente (Psol-SP).
“Essa MP segue uma visão escravocrata da elite brasileira, que acha que ter emprego é trabalhar por um prato de comida”, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Obstrução
O início das discussões oficiais sobre a MP no plenário não se deu sem contestações. Diferentes membros da oposição criticaram a agilidade que Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e os governistas imprimiram à tramitação da matéria.
Um requerimento de retirada de pauta apresentado logo no início da sessão pela bancada do Psol foi rejeitado por 284 votos contra 35. "Esta MP vai piorar a situação do desemprego e criar uma nova modalidade de trabalho, que são os trabalhadores sem direitos”, criticou a líder do partido, Fernanda Melchiona (RS). 
Além do Psol, PT, PSB, PDT, PCdoB e Rede defenderam o adiamento do debate. Do outro lado, as siglas PSL, PL, PP, PSD, MDB, PSDB, DEM, PTB, PV, Pros, Novo, Podemos, Solidariedade e Avante orientaram suas bancadas a votarem contra a retirada da MP da pauta.  
O plenário também rejeitou, por exemplo, um conjunto de requerimentos que propunham o fatiamento da votação para que o texto fosse apreciado ponto a ponto. Os pedidos foram votados em bloco e vencidos por um placar de 262 votos contra 15. Apenas um parlamentar se absteve.
O líder do PSB, Alessandro Molon (RJ), por exemplo, apresentou uma questão de ordem contestando a votação da medida em meio ao contexto de pandemia, em que têm sido votadas propostas que se aproximam mais do consenso. Ele ressaltou que as dissidências em torno do texto assinado por Bolsonaro resultaram em cerca de 2 mil emendas (sugestões de alteração) apresentadas por deputados e senadores à MP.
“A inclusão na ordem do dia da MP 905 não parece adequada ao PSB para o momento em que vivemos por se tratar de matéria extremamente polêmica, portanto, muito distante do consenso necessário e que rendeu, inclusive, acalorados debates no âmbito da comissão mista”, afirmou o pessebista. 
Ele apontou ainda que o processo de articulação política e participação dos deputados nas sessões passou a contar com dificuldades adicionais em meio à pandemia, já que agora o Congresso vota medidas de forma remota. Nas sessões presenciais, os parlamentares conseguem promover uma obstrução mais robusta porque os encontros facilitam a articulação entre eles.
“O sistema de deliberação remota limita muito a atuação porque não permite que todos tenham a mesma oportunidade de discutir e deliberar ou até mesmo de se opor às matérias”, disse.
Já o deputado Gastão Vieira (Pros-MA), por exemplo, disse considerar o novo modelo de votações “muito bom” porque teria ajudado “a unir a bancada”. “E eu não vejo nenhum problema em termos incluído essa matéria de hoje na pauta porque ela já está pronta e o relatório foi bastante melhorado. Por que não votar?”, questionou.
O líder do PT, Ênio Verri (PR), destacou que, caso o Legislativo dê uma chancela final à MP, o país estará caminhando na contramão do que têm feito as nações de referência no mundo, como a Inglaterra e os Estados Unidos, que aprovaram medidas de proteção ao trabalhador.
“Há um equívoco gigantesco no que nós estamos fazendo aqui hoje. Eu não sei de onde saiu a ideia do ministro Paulo Guedes, do Bolsonaro e dos economistas que o assessoram de que diminuir direitos e renda é algo que faz a economia crescer. Se tirar direitos e renda, não tem demanda e, se não tem demanda, a economia não cresce porque a ampla maioria da população vai ficar na miséria. É hora de garantir salários, demanda, justiça social”, contrapôs o petista.
Agora, a MP segue para aprovação no Senado Federal.
Do BdeF

terça-feira, 14 de abril de 2020

XADREZ DAS PESQUISAS DA PREVENT SOBRE O USO DA CLOROQUINA, POR LUIS NASSIF

Os resultados das pesquisas já foram enviados para academias e publicações científicas e aguardam análise para publicação.
Peça 1 – sobre os testes de consistência das notícias
O GGN foi o primeiro veículo a publicar o áudio em que o dono da Prevent Senior alertava para os efeitos devastadores da Covid-19 sobre seus pacientes, incluindo a própria mãe.
Na época, houve críticas devido ao fato da Internet estar coalhada de fake News. E se fosse apenas mais um fake News? Decidimos dar o áudio fundado nas seguintes evidências:
No áudio, ele se refere ao nome do interlocutor, Alan. A fonte que me repassou o áudio mencionou um conhecido empresário de nome Alan, que faz parte de seu círculo de relações.
O nível de detalhes da gravação exigiria uma sofisticação incomum em praticantes de fake News.
A nota saiu. A reação da Prevent foram algumas explicações titubeantes sobre o fato, mas nenhum desmentido sobre o conteúdo. O áudio serviu para acender a luz vermelha sobre os perigos da coronavirus.
Nos dias seguintes, houve uma enxurrada de ofensivas contra a Prevent, devido ao número de mortes registrados: Prefeitura, Estado e uma insólita declaração do Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, em rede nacional, crucificando a empresa. Todas com ampla cobertura da mídia.
Quando baixou a poeira, tinham-se os seguintes fatos concretos:
Fiscalização da Secretaria da Saúde que confirmou que a empresa seguia rigorosamente os protocolos médicos.
Investigação do Ministério Público Estadual que constatou que a empresa agiu corretamente.
Depoimentos de clientes atestando sua seriedade, inclusive uma pessoa da minha família.
A confirmação da existência da pandemia em São Paulo e o fato de todos os clientes da Prevent serem de grupos de risco – pessoas com mais de 60 anos, alguns com comorbidade.
De qualquer modo, na guerra do dia-a-dia da cobertura, a Prevent ficou de lado. Havia apenas menções vagas de que estaria pesquisando a doença.
Peça 2 – as pesquisas atuais da Prevent Senior
Ontem, procurei a assessoria da empresa para uma entrevista com o presidente Fernando Parrillo sobre o tema do custo dos planos de saúde. Qual seria o modelo de negócios montado por ele para oferecer um produto mais barato aos seus clientes, em um cenário em que as mensalidades para idosos, em outros planos, ascende a cifras exorbitantes?
Na entrevista, para minha surpresa, Parrillo mencionou as pesquisas do grupo com pacientes afetados pelo coronavirus.
Uma delas foi com 360 pacientes com coronavirus – um universo apreciável -, ao contrário do que parecia ser um universo restrito da médica Nise Yamaguchi. Segundo ele, a injeção de cloroquina nos dois primeiros dias reduziu consideravelmente sua exposição à doença, permitindo que, com os demais remédios ministrados, saíssem curados do tratamento.
Uma segunda – cujos resultados estão sendo mantidos em sigilo até sua publicação em revista científica – com mais de mil pacientes que já tomavam cloroquina para outras morbidades.
Os resultados das pesquisas já foram enviados para academias e publicações científicas e aguardam análise para publicação.
Por que o relato deve ser levado a sério?
O grupo tem o histórico de doença de todos os clientes e os dados clínicos de atendimento às vítimas de coronavirus. Aliás, o segredo da redução de custos está no acompanhamento pari-passu de todos os clientes para implementar políticas de prevenção.
Além disso, graças ao fato de sua clientela ser de grupos de risco, teve acesso a um universo de pesquisa que poucas instituições teriam acesso, com todos os dados de saúde e diagnóstico previamente organizados e catalogados.
Finalmente, porque não dá para blefar, já que as informações serão abertas para as instituições científicas analisarem as pesquisas.
Finalmente, tem explicações convincentes para o fato de outras pesquisas terem mostrado riscos para os pacientes – como a de Manaus (que divulgamos ontem), com 11 pacientes, suspensa após um deles ter falecido por problemas cardíacos.
Devido ao caráter experimental do tratamento, Ministério da Saúde e órgãos de medicina recomendam utiliza-lo apenas em pacientes já intubados, em estado grave – e, portanto, com os pulmões já afetados e com alta probabilidade de morbidade. E há também a dosagem ministrada, que não pode ser exagerada.
Já os procedimentos da Prevent Senior foram com pacientes até o segundo dia de manifestação da doença. Segundo Parrillo, este é o momento adequado porque, depois dos pulmões tomados pela doença, não haveria mais como a cloroquina reverter o quadro.
Quando chega no hospital para se tratar, informou Parrillo, os pacientes já estão no quinto ou sexto dia do aparecimento dos sintomas. Para aplicar o remédio até o segundo dia, foi montado um serviço de tele atendimento para identificar os sintomas e ministrar a droga antes mesmo que o paciente chegue no hospital.
De qualquer modo, há que se aguardar o veredito das instituições centíficas para quem as pesquisas foram submetidas.
Peça 3 – as consequências
Se confirmadas, as pesquisas trarão consequências políticas, científicas e médicas relevantes.
Do lado político, o inconsequente Jair Bolsonaro tem se valido da retórica da cloroquina para combater o isolamento social. Sem isolamento social, haverá um desastre, com ou sem cloroquina.
A politização imposta ao tema – por ele e por seu guru Donald Trump – fará com que a vitória da cloroquina seja considerada vitória da anticiência sobre o pensamento científico. Haverá uma exploração política intensa, com Bolsonaro tentando ocultar sua ciclópica incompetência na aposta no medicamento. Esse é o dilema maior: sendo boa para os pacientes, a mística da cloroquina será um horror para a política.
E, se as pesquisas forem confirmadas, a cloroquina apenas melhorará as condições iniciais dos pacientes, sem prescindir da retaguarda de leitos médicos e de UTI.
O estardalhaço que se seguirá provocará uma nova corrida do público às farmácias, mesmo daquelas pessoas sem sintomas de coronavirus. Será mais um efeito negativo da politização imposta por Bolsonaro.
Do lado científico, haverá a necessidade de se acelerar as análises das pesquisas e grandeza para despolitizar o tema, sabendo que poderá significar o fortalecimento dos dois governantes mais irresponsáveis e inconsequentes da história de seus respectivos países.
Do lado médico, se confirmados os efeitos positivos da cloroquina, haverá riscos no uso excessivo da dosagem ministrada. Daí o fato de não prescindir de acompanhamento médico.
Peça 4 – as políticas a serem aplicadas
Se confirmadas as pesquisas, não será tarefa fácil administrar a cloroquina.
O primeiro passo será a montagem de sistemas de identificação em massa dos sintomas do coronavirus na população. Haverá a necessidade de se utilizar recursos de tele atendimento.
Depois, a centralização do medicamento nas mãos do SUS, impedindo movimentos especulativos e privilégios para os detentores de renda.
Haverá a necessidade de um sistema tão amplo quanto o da vacinação. E um enorme esforço geral para impedir que a adesão à cloroquina seja confundida com o fim do isolamento social.
Além disso, a cloroquina é apenas a fase inicial do tratamento, que não prescindirá de estrutura hospitalar. Sorte do país é que a implementação ficará a cargo do SUS, e não do Paulo Guedes.
Peça 5 – não se briga com os fatos
Todos esses pontos foram pesados no GGN, antes da publicação da entrevista de Fernando Parrillo. Mas não cabe aos jornalismo brigar com os fatos. Mas será importante que todos os agentes envolvidos – políticos, médicos e científicos – se preparem para mudanças na discussão pública do tema, caso as pesquisas sejam confirmadas.
Mesmo assim, manteremos o “se confirmados” até a confirmação final pela ciência.
Do GGN

BRASIL BATE RECORDE COM 204 MORTES EM 24 HORAS, JÁ SÃO 1.532 ÓBITOS NO TOTAL

Foram 1.832 novos casos registrados em 24 horas, um aumento de 8% em relação ao dia anterior. No caso de mortes, o aumento de 204 mortes significou um aumento de 15%.
O total de mortes por coronavírus Covid-19 chegou a 1.532. No tocante a pessoas diagnosticadas, o número subiu para 25.262. Estes são os últimos dados fornecidos pelo Ministério da Saúde na tarde desta terça, 14. Na segunda, 13, o número de infectados estava em 23.423 e o número de mortes, 1.328.
São Paulo continua como o estado mais afetado, com 9.371 caos e 695 óbitos, e depois o Rio de Janeiro, com 3.410 pessoas confirmadas com o vírus e 224 mortes.
Roraima entrou para o grupo de estados considerados em situação de emergência, com 179 casos a cada um milhão de habitantes.
Os demais estados estão fora do grupo de emergência, quando são 119 casos por um milhão de habitantes. Os que estão no risco são Amapá (356 por mihão de habitantes), Amazonas (353), Ceará (218), Distrito Federal (213), São Paulo (202), Rio de Janeiro (196).
Do GGN

segunda-feira, 13 de abril de 2020

ESTUDO AFIRMA QUE CASOS REAIS DO COVID-19 SÃO 9 VEZES ACIMA DO ‘OFICIAL’

O Globo publica hoje, com base num estudo de um grupo de pesquisadores da PUC-Rio, Fiocruz, USP e outras instituições, a estimativa de que os casos reais de infecção por coronavírus no Brasil devem ser hoje perto de 250 mil, em lugar dos 23.430 confirmados pelo Ministério da Saúde, pelo fato que 225 mil não foram notificados ou classificados.
A razão é a falta quase absoluta de testes laboratoriais, critério adotado pelas autoridades para informas à população o quanto a doença já se alastrou pelo país.
Aqui, você pode ver o mapa preparado pelo jornal, com os dados de subnotificação estimados estado por estado e, destaque-se, as baixíssimas percentagens de casos registrados em São Paulo (só 6,5%) e no Rio (7,2%), os dois principais polos de implantação da epidemia. Outra preocupação, o Amazonas, tem apenas 6,1% de taxa de notificação.
Há dias, tem-se criticado aqui o método adotado de só contabilizar casos testados positivos em laboratório, tanto pelo fato de não termos testes para ninguém, a não ser mortos e pacientes graves, na maioria, quanto pela incapacidade de processar grande parte dos testes realizados.
O resultado é não apenas a subnotificação monstruosa, mas também a baixa da guarda nas medidas de isolamento social, sobretudo sabendo que há um bando de energúmenos dizendo que “está passando” a ameaça viral e, com isso, pressionam a que as pessoas voltem às ruas e espalhem a contaminação.
O número encontrado pelos pesquisadores já nos coloca no nível do primeiro grupo em quantidades de infectados, embora não seja possível estabelecer uma correlação mecânica com eles porque, por lá, também a subestimação – em grau bem menor, claro – dos casos existentes.
O número de mortes é, igualmente, irreal, mas em escala menor – não nas 9 vezes a mais das contaminações. É seguro dizer que é três ou quatro vezes, como já se demonstrou aqui ao exibir-se a imensa quantidade de casos de internação que ficam numa classificação de “outros” nos dados oficiais, quando, sabe-se, são de casos de Covid-19.
Some-se a isso a chegada tardia da epidemia aqui, fazendo com que os casos, mesmo severos, sejam “novos” e que só agora comecem a evoluir para a condição de grave , daí, para mortes. E, como não há testes, as mortes “não crescem” apenas porque eles não existem.
Para resumir a questão: está sendo contada uma mentira ao povo brasileiro.
A qual, amanhã, vai se evidenciar em comboios fúnebres e em um escândalo mundial.
Do Tijolaço

QUEM SÃO OS MÉDICOS CUBANOS QUE COMBATEM O COVID-19 POR TODO O PLANETA

Por má fé ou ignorância (às vezes pelas duas virtudes juntas) tem muita gente condenando a participação das brigadas de médicos cubanos que saem pelo mundo combatendo o Coronavírus. A alegação é de que eles são médicos de família, generalistas, sem experiência em infectologia e virologia. Uma dessas vozes está em uma matéria publicada pelo Washington Post. “Os cubanos nunca foram necessários”, afirma o doutor Santiago Carrasco, atual presidente da Federação Médica do Equador. “Eles nem eram especialistas”. 
O doutor Carrasco – que não se perca pelo sobrenome – não deve saber, ou sabe e esconde, que os médicos que estão enfrentando o Coronavírus não são os mesmos médicos de família que estiveram, entre outros países, no Brasil e no Equador. 
As brigadas cubanas que lutam contra o Covid-19 fazem parte de uma organização sem precedentes no mundo, o “Contingente Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastres, Pandemias e Graves Epidemias”. Conhecidas pelos cubanos como “Brigadas Emergentes Henry Reeve”, elas foram concebidas pessoalmente por Fidel quinze anos atrás, quando o Comandante enviou uma centena de médicos cubanos em missão humanitária a Angola. (Não será demais lembrar que foi graças ao envio de 250 mil soldados cubanos armados à África que Angola conquistou sua independência, levando de arrastão o Apartheid sul-africano e permitindo a libertação de Nelson Mandela.)
A um estrangeiro pode parecer estranho que as brigadas tenham sido batizadas com o nome de Henry Reeve, um gringo. Reeve, para quem não sabe, era um adolescente de dezesseis anos nascido no Brooklyn, em Nova York, em abril de 1850. Lutou na Guerra de Secessão dos EUA e em seguida emigrou para Cuba, onde se alistou como voluntário na Guerra de Independência contra a Espanha. Depois de participar de mais quatrocentos batalhas ao lado do Exército Libertador de Cuba, morreu em combate aos 26 anos lutando contra as tropas coloniais espanholas.
Esses homens e mulheres que o imbecil equatoriano diz que não têm especialização lutaram contra a malária e o ebola em metade da África, e atuaram como infectologistas, que eu me lembre, de memória, em Serra Leoa, na Armênia, no Haiti, no Congo, na Guiné Bissau, na Etiópia, curaram as crianças contaminadas pela tragédia de Chernobyl e combateram epidemias nos confins do Laos.
Quem não tem contribuição a dar à guerra contra o Coronavírus deveria ficar de boca fechada. Já seria uma grande ajuda.
Do Nocaute

O QUE É O “XADREZ DOS ENSAIOS DO PRÓXIMO JOGO POLÍTICO”, LUIS NASSIF

Na saúde, há dois discursos claros em jogo: o isolamento social x a varinha mágica da cloroquina. Na economia, há uma enorme confusão.
No ultimo dia 8 publiquei o “Xadrez dos ensaios do próximo jogo político”. Lendo os comentários, percebi que fui muito pouco claro na apresentação das hipóteses.
Haverá dois grupos de digladiando politicamente: o campo bolsonariano, apostando no caos e no terraplanismo; e a oposição, que necessariamente terá que escalar o discurso racional.
O Xadrez em questão se refere exclusivamente aos temas que deverão emergir nesse arco racional de centro, centro esquerda ou centro direita, ao qual estão se candidatando personagens da linha de frente do combate ao coronavirus – do Ministro da Saúde a governadores de estado.
No entanto, não dá para minimizar a força do terraplanismo. A estratégia conjunta dos governos de ultradireita – tão concatenadas entre si, que comprovam a existência de uma cabeça central, provavelmente Steve Bannon – é uma aposta no pós-coronavirus.
O coronavirus impõe uma guerra entre a racionalidade da ciência e o discurso redentorista de cloroquina, gripinha e tudo o mais. Os fatos mostrarão cada vez mais a lógica da ciência se impondo. O momento seguinte é o do enfrentamento da crise econômica – que virá brava. E aí se entra no terreno da subjetividade econômica.
Na saúde, há dois discursos claros em jogo: o isolamento social x a varinha mágica da cloroquina. Por aí se torna relativamente fácil separar a tribo dos seguidores de Jim Jones (o pastor que levou seus fiéis ao suicídio) e o Brasil minimamente racional.
Na economia, há uma enorme confusão. Há um grupo de halterofilistas da economia, que ganhou status no período pré-coronavirus e que continuam apegados ao jogo de interesses simplórios-maliciosos do período anterior: mercado x Estado, setor público x privado, isonomia entre perdas do funcionário público x privado e outras patacoadas. São ideólogos que conquistaram espaço midiático no período pré-coronavirus e não querem abrir mão em hipótese alguma de suas cloroquinas conceituais. Serão tão nefastos no segundo tempo da guerra, espalharão tanta confusão na opinião pública quanto o bolsonarismo no primeiro tempo.
Toda a estratégia atual do terraplanismo é se preparar para o segundo tempo. Afastado o fantasma do coronavirus, a crise do desemprego, da perda de renda virá para o primeiro plano. E, aí sim, haverá espaço para as loucuras da ultradireita, atribuindo a crise aos governadores e reforçando a ideia de um governo autocrático-ignorante para superá-la. Se as loucuras de Bolsonaro, em um caso claro como o do coronavirus, mobiliza seguidores-zumbis, imagine-se quando se entrar no terreno confuso do receituário econômico, há muitos anos contaminado no Brasil pelo jogo de interesses do mercado. Dai o formidável empenho dos bolsonaristas em manter as hostes unidas para o segundo tempo do jogo.
Depressão sempre foi espaço aberto para salvadores da ultradireita com seus discursos de ódio. E é mais fácil um camelo passando pelo buraco de uma agulha do que aparecer no Brasil, nesse território inóspito e selvagem, uma vocação à altura de Franklin Delano Roosevelt ou de um John Maynard Keynes.
Do GGN

TRUMP ‘AMEAÇA’ FAUCI. OS TIRANOS ODEIAM A CIÊNCIA.

No NY Times, lê-se que, como a sua miniatura tupiniquim, o presidente Donald Trump está usando o “retuíte” de mensagens de imbecis que defendem a demissão do médico Anthony Fauci, diretor do Instituto de Doenças Infecciosas dos EUA e um dos maiores virologistas do mundo, por ele ter dito à CNN, ontem, que o isolamento social poderia ter evitado muitas mortes no país se tivesse sido iniciado antes.
Ele repassou em suas redes Trump a mensagem de uma ex-candidata republicana ao Congresso, DeAnna Lorraine, acusando Fauci de – ao contrário do que o médico fazia – estar até pouco tempo dizendo que não haveria ameaças aos norte-americanos. “Hora de #Fire Fauci“, terminou ela, usando a expressão que significa demitir e que era o bordão de Trump quando ele apresentava shows imbecis na TV.
É impressionante como o processo de transformação do governo em um espetáculo de estupidez virou uma commodity que nos exportaram e com qualidade ainda pior.
Tem toda a razão a veterana jornalista Dorrit Harazim em seu artigo de ontem em O Globo, ao concluir:
“Isto não é uma presidência, é um culto. E como tal deveria ser tratado”, opinou um internauta referindo-se a Donald Trump. “Só que o líder de um culto nunca perde seguidores. São os seguidores que perdem a vida”. Vale para cá também.
É isso, os estúpidos odeiam a ciência. Cultuam a morte.
Do Tijolaço

domingo, 12 de abril de 2020

MANDETTA DETONA BOLSONARO NO FANTÁSTICO E PODE SER DEMITIDO

"Eu espero uma fala única, uma fala unificada. Porque isso leva para o brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro, o presidente, quem ele escuta”, disse o ministro Luiz Henrique Mandetta, em entrevista à TV Globo
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou a defender o isolamento social e deu uma declaração que eleva a tensão na relação já conturbada com Jair Bolsonaro.
“Quando você vê as pessoas entrando em padaria, em supermercado, grudadas, isso é claramente uma coisa equivocada. Eu espero uma fala única, uma fala unificada. Porque isso leva para o brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro, o presidente, quem ele escuta”, disse o ministro,.
A mudança de tom reforça as especulações de Mandetta tenha ficado furioso com a ameaça de Jair Bolsonaro de demiti-lo na última segunda-feira (6) e precisou ser contido por amigos próximos, que foram acionados pelo general Walter Braga Netto.
Além disso, Bolsonaro tem reiterado o discurso em que pede o fim do isolamento social para que o comércio reabra. Mas além do discurso, Bolsonaro tem feito passeios por Brasília e aglomerado e cumprimentando apoiadores.
Na quinta-feira (9), Bolsonaro parou em uma padaria em Brasília, segundo ele, para tomar um refrigerante. Nas imagens divulgadas em suas redes sociais, é possível ver que o presidente abraça funcionários do local e posa para fotos.
Na entrevista ao Fantástico, Mandetta ainda previu que os piores meses da crise serão maio e junho, o que exigiria que agora não se relaxassem as medidas de distanciamento social.
Do 247

GOVERNO FEDERAL ANUNCIA AJUDA AO NORDESTE, MAS NÃO ENTREGA, DIZ WELLIGTON DIAS

Não entregaram sequer as dez UTIs prometidas para o Piauí, diz Wellington. Só ontem o governo federal anunciou que irá comprar 6 mil respiradores
Governador do Piauí, Wellington Dias denuncia promessas não cumpridas do governo federal. Nas coletivas, o Ministério da Saúde anuncia compras que não se realizam, entregas que não se concretizam.
Em janeiro, Secretários da Saúde previram problemas futuros com coronavírus, e governadores pediram antecipação da vacina da gripe. Nada foi feito. Governadores que quiseram comprar não puderem, pois tudo está centralizado nas mãos do governo federal.
Ainda hoje não se deu solução para o problema. No Piauí morreram 7 pessoas de coronavírus, 4 de H1N1 e uma de influenza. Mesmo agora, as vacinas remetidas para o Piauí correspondem a apenas 40% da meta acertada.
Quando começou a guerra contra o coronavírus, a rede do Piauí tinha apenas 30 leitos para coronavírus. Foi feita uma operação para adiar as cirurgias menos urgentes e aumentou-se para 200 leitos.
O governo federal anunciou a compra de 15 milhões de exames, respiradores, UTIs, mas nada fez. Os estados do Nordeste conseguiram adquirir produtos na China, mas foram confiscados no porto de Nova York pelo governo americano, confirma Wellington. Trump fez interferência em defesa do americano, diz ele. Mas nós fizemos compras de 59 respiradores, e até agora a compra não foi desembaraçada pelo Ministério da Saúde. Todo dia a Saúde anuncia bilhões, diz ele. Ontem anunciaram 4 bilhões de reais. Chegaram para o Piauí 18 milhões.
Também não chegaram sequer as dez UTIs prometidas para o Piauí, diz Wellington. Só ontem o governo federal anunciou que irá comprar 6 mil respiradores.
Fizemos plano para chegar a 500 leitos disponíveis para coronavírus. Hoje a demanda para maio seria de trezentos leitos, mas sabe-se lá o que vai acontecer. Conseguimos esse ritmo porque a adesão do Piauí ao isolamento social tem ficado em 55%. Se quebrar o isolamento, tenho antecipação de pessoas com coronavírus, número muito maior de pessoas complicadas, cardíacos e outros, e vão morrer porque capacidade não será suficiente. E o governo federal está permanentemente desestimulando as pessoas a manter o isolamento.
Tudo ficou centralizado no poder central. Os governadores atuavam na ponta. Quando isso não aconteceu, ficamos sozinhos, continua ele.
O maior problemas são os exames. Se não se fazem os exames como saber quem está ou não com coronavírus? O Piauí comprou 132 mil exames. Até sexta feira o governo mandou 800 exames. Quando diz que Piauí tem 41 casos, é falso, diz o governador, porque não fizemos exames. O Brasil precisa fazer pelo menos 15 milhões de exames.
Haverá o caos total se a Secretaria do Tesouro persistir boicotando a ajuda aos estados. A previsão é de queda na arrecadação de 30 a 40%. Se o dinheiro não for liberado, será o fim, diz ele. Veja o vídeo a seguir.
Do GGN

sábado, 11 de abril de 2020

MARANHÃO EM MANCHETES, NOTÍCIAS DE HOJE







terça-feira, 7 de abril de 2020

POR IDEOLOGIAS EXTREMISTAS, BOLSONARO IGNORA REGRAS JURÍDICAS, ÉTICAS E SANITÁRIAS, DIZ FLÁVIO DINO

Dino participa do consórcio de governadores do Nordeste, que vem se desvinculando do governo de Bolsonaro.
“Bolsonaro coloca, acima de tudo, suas ideologias extremistas e, por isso, ignora regras fundamentais não só jurídicas, éticas, mas também, neste caso, regras sanitárias”. A declaração foi proferida pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), nesta segunda-feira (6), durante entrevista ao Brasil de Fato em Casa.
Produção do Brasil de Fato durante a quarentena de combate à propagação do coronavírus no País, o programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 18h, no canal do jornal no YouTube e no Facebook.
Dino tem se alinhado a governadores do Nordeste brasileiro em um consórcio que tenta se desvincular das ideias do governo federal de Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo o governador, Bolsonaro “tenta impor um ponto de vista que está isolado no planeta. Nem o seu ídolo número um, o presidente dos Estados Unidos [Donald Trump], professa essa exótica ideia de que remediar é melhor do que prevenir”.
“A sabedoria popular acertou há séculos, e com razão, que prevenir é sempre melhor do que remediar”, contraria.
O governador falou também sobre como o Maranhão tem lidado com a pandemia de coronavírus e sobre os rumos da política nacional.
O programa também estreou uma nova coluna, o “Movimento Bem Viver”, em que a repórter Nara Lacerda abre espaço para uma enxurrada de atos solidários que tem tomado o país nesse período de quarentena.
Assista o vídeo na íntegra: 

BdF/DCM