domingo, 22 de janeiro de 2012

A CPI DOS SARNEY E O MINISTÉRIO PÚBLICO

Estranhamente, o Ministério Público, que até o momento se havia resguardado de envolvimento com a CPI político-eleitoral confeccionada nos porões do Palácio dos Leões e construída pelo deputado Roberto Costa, sob contestação até de seus próprios membros, como os deputados Marcelo Tavares e Raimundo Cutrim, se deixou arrastar pelos cabelos para esse teatro de demagogia e perseguição política.
A Procuradora Geral de Justiça, Fátima Travassos, que – reclamava a poucos dias um dos próprios blogueiros de Sarney – faz questão de posar para fotos, publicamente, ao lado da governadora Roseana, comprometendo a qualidade da isenção do Ministério Público, determinou a investigação solicitada pelo relator/inventor/presidente de fato e arquiteto da CPI, Roberto Costa. Bastou, para tanto, que o Supremo Tribunal Federal mantivesse a CPI suspensa liminarmente pelo Tribunal de Justiça do Maranhão, conforme decisão da desembargadora Anildes Cruz.

Alguns desembargadores estão furiosos com as constantes insinuações – e até afirmações – da mídia sarneisista de que o senador paladino dos atos secretos, vencedor do Troféu Algemas de Ouro, manda e desmanda na Justiça do Estado. Tais insinuações ferem moral e pessoalmente cada um dos juízes maranhenses. E não nos venham dizer que elas não atendem exatamente à vaidade e arrogância do proprietário do Convento das Mercês.

Autoproclamando-se vítima dos demais promotores, a Procuradora Fátima Travassos, contra a qual constam nada menos que 20 representações no Conselho Nacional do Ministério Público, faz questão de não perceber que estão a envolvê-la numa escaramuça política que está seviciando a imagem da Justiça maranhense. Já foi, inclusive, divulgado que Sarney vai usar seu ‘prestígio junto aos tribunais’ para cassar, ainda este ano, o mandato do prefeito João Castelo.

Embora tenha revelado rara capacidade gerencial, elevando o orçamento do Ministério Público de R$ 90 milhões em 2008 para R$ 220 milhões em 2011, graças também à boa vontade da governadora Roseana Sarney, a Procuradora não quer enxergar que estão a metê-la em camisas de 11 varas e que, sendo o Ministério Público uma das mais respeitadas instituições do país, não pode agir a reboque de uma CPI dirigida, com endereço certo e objetivos golpistas.

Todos sabem que o sequestro judicial dos recursos dos convênios assinados com as prefeituras pelo ex-governador Jackson Lago serviu em primeiro lugar à coação eleitoral, à ideia de forçar alianças com a candidatura de Roseana Sarney. Só o Ministério Público do Estado do Maranhão não viu isso. Assim como nunca quis saber o destino dado aos recursos dos demais convênios. Vamos com calma, senhora Procuradora, não é assim que se chega ao STJ.

Editorial do Jornal Pequeno

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