quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

DADOS DAS FARMÁCIAS MOSTRAM SUBNOTIFICÃO MONSTRO DA COVID. FERNANDO BRITO

 

A incapacidade do Ministério da Saúde em contabilizar os casos de Covid tem, agora, uma prova material de que é monstruosa a diferença entre os dados oficiais e os reais sobre o número de pessoas infectadas pela Covid 19.

Esqueçam o painel oficial do Ministério da Saúde – “congelado” desde o dia 12 de dezembro -, alegadamente inutilizado por um suposto ataque hacker ao ConecteSUS.

Os dados que deveriam estar ali, entretanto, estão no Conselho Nacional de Secretarias de Saúde – Conass – e contabilizam casos e morte diárias.

Só que não.

Os dados do Conass, do dia 27 de dezembro a 2 de janeiro registram um total de 53.972 novos casos de Covid no período.

Mas aí saem os números da Abifarma, divulgados hoje pelo G1:

“O volume de resultados positivos para a Covid-19 em testes de farmácia triplicou na última semana do ano em comparação aos sete dias anteriores, aponta um levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) divulgado nesta quinta-feira (6). Entre 27 de dezembro e 2 de janeiro, foram mais de 95 mil infectados – o equivalente a 33,3% dos testes realizados no período.”

Estes dados, pelo fato de serem de notificação obrigatória ao Ministério da Saúde deveriam estar contidos nos números oficiais e não estão, como se constata pelo fato de serem quase o dobro dos números que o governo diz terem sido detectados.

Some a isso, ainda, os testes positivos registrados nos postos de saúde, hospitais públicos e privados e outras instituições de Saúde, como laboratórios privados, que estão testando pacientes às dezenas de milhares.

E certamente são mais que os das farmácias, porque a imensa maioria das pessoas não tem entre R$ 100 e R$ 300 para pagar pela por um teste privado.

É certo que o número real está certamente acima de 150 mil naquela semana, na qual a média móvel oficial ficava em modestos 7,6 mil casos novos por dia, quando a contagem correta indicaria, numa estimativa modesta, mais de 20 mil casos diários.

Como dos dados da Abrafarma não são desagregados por dia em seu site, não posso fazer as comparações diárias, mas é possível que algum jornal perceba o incrível descompasso entre os números e consiga fazer as farmacêuticas liberarem a contagem diária, para confronto com os números oficiais.

Isto é, no caso de quererem dizer a verdade à população e não ficarem nesta história de que há “um consórcio de imprensa” para dizer a verdade, quando se limita a coletar dados das Secretarias de Saúde e deixa de lado o fato de que, com os testes em farmácias, os dados são muito mais assustadores.

Tijolaço.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

NO DESESPERO, MORISTAS E BOLSONARISTA PARTEM PARA O ‘VALE TUDO’, POR FERNANDO BRITO

Os leitores deste blog sabem da minha aversão por “tretas” de internet.

Mas não é possível ignorá-las quando revelam o estado de desespero de forças importantes do jogo político.

A troca de ofensas entre Carluxo e o ex-coordenador da campanha bolsonarista de 2018 no Nordeste (e agora da de Sergio Moro), Julien Lemos, travada na base onde “corno” e “falta de testosterona” são “argumentos” da discussão político-eleitoral são evidência do estado deplorável das candidaturas que defendem.

Diante do fiasco do seu desempenho, bolsonaristas e moristas só sabe m reagir com mais fanatismo, como dois Jim Jones fundamentalistas e negacionistas da politica.

Atacam-se com facadas verbais que não repercutem mais porque a mídia, ciosa em defender a direita de sua derrocada, finge não se escandalizar com isso, embora ache um “absurdo” que a esquerda queira revogar a tal “reforma trabalhista de Temer que retirou direitos e não criou empregos.

Duas figuras centrais das campanhas de candidatos importantes discutirem a colocação mútua de “chifres” não é escândalo, deve ser parte do “debate democrático”.

A mídia prefere falar em “polarização” de Lula, aquele selvagem, arcaico e sem erudição.

E estamos pouco menos de nove meses das eleições, imaginem o nível do “diálogo” desta gente até lá.

Tijolaço.

QUEM QUER DINHEIRO? VEJA. POR FERNANDO BRITO

 

Josimar de Maranhãozinho, candidato do PL de Jair Bolsonaro ao governo do Maranhão, parece ter mesmo as costas quentes.

Mesmo depois de ser filmado carregando uma caixa de dinheiro, fez uma live na internet, ao lado da mulher, a deputada Maria Deusdete, a Detinha, sorteando dinheiro, próprio e de candidatos a deputado.

E, aliás, praticando uma “distribuição de renda” ao dividir prêmios de R$ 3 mil em três de R$ 1 mil. Foram R$ 50 mil em “prêmios” e, claro, em votos.

Diz o Ministério Público que vai abrir investigação mas, a esta altura, poucos acreditam que isso vá barrar sua candidatura.

Até porque isso foi feito o vivo, em praça pública, e era só prender a turma em flagrante, já que o sorteio foi previamente anunciado e recebeu “inscrição” pelas redes sociais, com as quais, supostamente, foram feitos os “papeizinhos” com o nome dos concorrentes.

Ao contrário do que se diz, sorteio de prêmios em dinheiro, sem a autorização do Ministério da Economia, é proibido por lei. Assista:

Tijolaço.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

MORRO ABAIXO, MORO VIRA UMA ‘FÁBRICA DE DESMENTIDOS’. FERNANDO BRITO

Vazia de compromissos, a agenda de Sergio Moro, que pretendia para o novo ano o desfile triunfal de um candidato que estaria crescendo e ameaçando os favoritos da eleição, parece reservar agora uma única tarefa diária: a de desmentir as histórias que circulam sobre ele, agora que deixou de ser o “todo-poderoso”.

Hoje, partiu de quatro pedras na mão contra a jornalista Carolina Brígido, do UOL, por ela ter publicado que alguns de seus aliados, diante do modesto desempenho de sua candidatura estariam cogitando que ele disputasse o Senado diante dos riscos que passou a ter com a investigação do Tribunal de Contas da União sobre eus pagamentos na consultoria Álvarez & Marsal.

“Com 9% das intenções de voto nas pesquisas de intenção de votos para presidente da República, o ex-juiz Sergio Moro ainda não decidiu se vai concorrer ao Palácio do Planalto, ou se lança mão do plano B: disputar uma cadeira no Senado. Interlocutores próximos de Moro afirmam que, se ele não chegar a 15% nas enquetes até fevereiro, vai abandonar a intenção de assumir o lugar de Jair Bolsonaro e abraçará a meta de ser senador em 2023. No entorno de Moro, a avaliação é de que o ex-magistrado precisará ter um mandato no próximo ano, seja ele qual for. A ideia teria se cristalizado depois que o ministro Bruno Dantas, do TCU (Tribunal de Contas da União), mandou a consultoria americana Alvarez & Marsal revelar os serviços prestados e os valores pagos a Moro.”

Mera especulação de “assessores”, matéria farta na política. Seria apenas mais uma notinha sem maiores consequências, destas em que as coisas são ditas em “off” e parte do velho dogma que acompanha quem, como eu, é jornalista: “o jornal de hoje embrulha o peixe de amanhã. Possibilidades são mil; fato, um só.

Mas Moro saltou em copas, no Twitter, dizendo que “é pré-candidato a Presidente, não ao Senado” – mesmo, doutor? – e que não precisa de foro privilegiado.

É como aquela brincadeira de garotos: “foi quem estiver com a mão amarela…”. E Moro já anuncia que colocará um cão de guarda para processar qualquer um que fale o que ele não gostar. Pena, doutor, que não tem mais a Lei de Segurança Nacional, como tinhaquando era ministro de Bolsonaro.

De sapatênis Ermenegildo Zegna a bolsa Louis Vuitton, passando por casa de luxo em Washington, quase todas as manifestações públicas de Moro são para dizer que não tem, não fez, não foi…

Assim, prezado, prepare-se para amargar mais índices mixurucas nas pesquisas.

Tijolaço.

domingo, 2 de janeiro de 2022

BOLSONARO NÃO TEM LUTO: AMA A MORTE E DESPREZA A VIDA ALHEIA, POR FERNANDO BRITO

Se existe alguma “vantagem” para quem queira analisar o doentio padrão mental do sr. Jair Bolsonaro é o fato de que ele sequer pratica a hipocrisia, aquele tributo que o vício presta à virtude, na expressão conhecida de François La Rochefoucauld.

Dimitrius Dantas, em O Globo, escancara um dos traços da sociopatia presidencial: ele não dá à menor importância – se é que o tem – ao sentimento da perda, o luto que, a todos, é um traço comum diante da morte alheia.

Traço comum em outros governos – Temer (5); Dilma (10); Lula (22) – o decreto de luto oficial só foi usado por Bolsonaro uma vez, apenas porque o objeto do luto havia sido o duas vezes vice-presidente da República Marco Maciel.

E não foi, como a Odorico Paraguaçu, por falta te mortes: tivemos as 620 mil da Covid, as 300 de Brumadinho, as de músicos, poetas, cantores, atores, personagens de grandes carinhos populares.

Foi porque Jair Bolsonaro não chegou ao estado civilizatório em que a humanidade passou a venerar a vida e, portanto, ver na morte uma perda individual e coletiva, há coisa aí de dezenas de milhares de anos.

“Todo mundo um dia morre”, “E daí?”, “Não está havendo morte [de crianças] que justifique [a vacinação infantil]”, “a covid apenas areviou em alguns dias ou semanas a vida destas pessoas [com comorbidades] que já iam morrer mesmo” e outras peças da coleção de declarações bestiais que deu são o retrato – reconheça-se, sincero – deste déficit de humanidade bolsonariano.

Daí que não consegue alcançar o simbólico do luto nacional. “Eu não sou coveiro”.

A morte não importa a que só pensa em si e se acha, mesmo, “imorrível”.

Tijolaço.

sábado, 1 de janeiro de 2022

A ESCOLHA AINDA É DIFÍCIL PARA A DIREITA? POR FERNANDO BRITO

A direita brasileira é, antes de tudo, burra.

Erra e repete erros, até o ponto que que se expõe a ser atropelada e esmagada pelos fatos.

Estadão, aquele que achava “uma escolha muito difícil” da decisão sobre escolher a mediocridade fascistoide de Bolsonaro e alguém que não tinha (e não tem) o menor sinal de radicalismo esquerdista como Fernando Haddad, agora vem, nos seus editoriais, alertar que “eleitor será instado a escolher os rumos do País” numa opção entre “o bolsonarismo [que] não foi solução para o lulopetismo” e o “lulopetismo [que] não é solução para o bolsonarismo”.

Será que, a esta altura, os ilustrados representantes da direita paulistana ainda não aprenderam que seu “murismo” – ou “morismo”? – é a raiz mais profunda de sua perda de credibilidade?

Não tem a coragem de dizer que, proclamando-se antibolsonaro, se tiverem de optar , o preferem?

Acham que tentar igualar figuras tão distintas quando o ex e o atual presidente – “um dos aspectos mais perversos da similaridade entre Lula e Bolsonaro é o modo como tratam as classes mais pobres” – convence alguém que está vendo, todos os dias, que sai de casa, desfilar uma multidão de miseráveis e abandonado? Alguém que lê, em suas próprias páginas, que se formam filas por restos e ossos, retrato explícito de nossa volta ao árido mapa da fome?

Pensam que o povo é burro feito eles, a ponto de não saber o que é realidade e o que é propaganda?

Não conseguem entender que pessoas lúcidas, mesmo conservadoras, já fizeram a “escolha difícil” e preferem Lula, apesar das críticas que lhe possam ter, com oo personagem que pode dar fim, ou quase isso, à barbárie bolsonarista?

Não é pouco Geraldo Alckmin admitir-se candidato a vice-presidente em nome disso, mas a eles a conta é assim: o ex-governador “vai perder votos”.

Será? Votos não se perdem ou ganham em contas de papel de pão, mas com coerência.

Mas o Estadão, que publicou receitas de bolo para protestar contra a censura, já não tem a coragem de dizer que, numa eleição onde sete em cada dez brasileiros estão fazendo a decisão que importa de verdade, prefere ficar no Moro, digo, no muro, como se a eleição fosse uma brincadeira de uni-duni-trê e não uma escolha muito fácil entre democracia e barbárie.

Tijolaço.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

DERRETIMENTO DE BOLSONARO NÃO ENGORDA A ‘3ªVIA’, POR FERNANDO BRITO

É visível a olho nu que Jair Bolsonaro definha politicamente, e basta observar as suas perdas ali onde era um território inexpugnável dos seus fanáticos: as redes sociais.

Nem mesmo com a ação de robôs seus seguidores conseguem levantar qualquer ostagem a seu favor, nestes dias. A avalanche causada pelo seu dolce far niente praiano em maio às maiores chuvas já registrada na Bahia soterrou-os no Twitter.

Mas porque os esquálidos aspirantes a “Terceira Via” não crescem, alimentados com os fragmentos em que vai se desmanchando o bolsonarismo?

As duas pesquisas mais amplas divulgadas em dezembro, a do Ipec (ex-Ibope) e o Datafolha indicam que, dos que votaram em Bolsonaro no segundo turno de 2018 e não vão repetir o voto, 22% e 26%, respectivamente, escolhem votar em Lula, enquanto Moro fica com meros 10% dos arrependidos.

Um arrependido notório – e morista pessimista – dá uma pista em sua coluna de hoje, em O Globo. Merval Pereira admite que não haverá “voto útil antipetista”, a grande esperança dos nanicos ex-bolsonaristas para crescerem eleitoralmente.

Bolsonaro une a maior parte dos que votaram nele para se livrar do PT na direção contrária, transformando o antipetismo que o levou ao poder numa reação que poderá levar Lula à Presidência logo no primeiro turno, pois se mostrou durante seu desgoverno uma solução pior que aquela que ele representava quando foi eleito. A anticorrupção, grande motor para levá-lo à eleição, já não se mostra suficiente para evitar o PT, pois o bolsonarismo transformou-se num nicho radicalizado que não justifica um voto útil contra Lula ou a esquerda.

Aliás, pano rápido, anuncia férias para digerir o bolo amargo que a história serve a gente como ele.

Há parte da razão, não obstante, no que ele diz. Parte, mas não o essencial, e que Merval não pode dizer: todos eles carregam na testa o estigma de terem sido responsáveis pela eleição do atual presidente.

O eleitor, claro, pode arrepender-se do seu voto sem prestar contas, mas não o político, ainda mais o que assume a pretensão de dirigir o país.

Tijolaço.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

A LAVA JATO ‘COMBATEU O PT”, CONFESSA MORO. POR FERNANDO BRITO

A Folha publica trecho de entrevista de Sergio Moro a uma rádio do Mato Grosso onde ele, seja pela certeza de que tem proteção, seja porque tenha cometido um ato falho, admite que a Lava Jato “combateu o PT na história de uma maneira muito mais efetiva, muito mais eficaz”.

Como a Justiça Criminal não se volta contra instituições, mas contra indivíduos que tenham violado leis, confessar que uma operação policial-judicial “combateu” um partido político é, em si, um desvio delituoso da ação do Judiciário.

Não é o primeiro ato falho de Moro e não será o último. Dias atrás, disse que tudo era “combinado” com o TRF-4, a quem competia reexaminar suas decisões.

Desta vez, diz o jornal, tentou remendar o soneto da parcialidade, inutilmente.

Moro foi um juiz e é uma pessoa intrinsecamente autoritária, que acha que a função judicial e a a função executiva são ferramentas de livre uso para que imponha suas predileções e vontades.

Sua visão do que é um juiz se assemelha a de um policial caricato, destes que usa uma estrela de xerife e acha que, quando entra no saloon da política todos devem tirar o chapéu e afastarem-se, com ar de respeito e temor.

Não sabe nem compreende que a democracia é a arte de fazer-se com que pessoas diferentes sejam iguais e que ninguém pode usar de sua posição funcional para “combater” partidos, políticos ou qualquer outra organização da sociedade.

Tijolaço.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

FINAL DE ANO AMARGO PARA BOLSONARO E MORO. POR FERNANDO BRITO

A semana entre Natal e Ano Novo, que deveria ser morta politicamente, não foi para Jair Bolsonaro e para Sergio Moro.

O primeiro passou hoje o dia inteiro nos “Trending Topics” do Twitter com a hashtag #BolsonaroVagabundo, que chegou a ser uma das mais populares do mundo, com o presidente produzindo as imagens que, junto às da tragédia que se passa na Bahia, viraram um retrato – mais um – da falta de um mínimo de sensibilidade e humanidade do ex-capitão.

Andar de jet-sky no sol quando 400 mil pessoas são atingidas por tempestades arrasadoras é, dizia a minha avó, um tremenda “ideia de jerico”.

Um antimarketing que poucos dos seus piores adversários seria capaz de criar. Custou-lhe, em apenas um dia, dezenas ou até centenas de milhares de votos, porque evidencia, como nos seus “e daí?” durante a pandemia, desapreço ao sofrimento humano.

E se, com a continuidade das chuvas, acabar por voltar a Brasília, só estará assinando embaixo de sua própria atitude de desprezo à população flagelada pela chuva.

Moro sofreu menos, mas sofreu, com a divulgação do despacho proferido, dias atrás, pelo ministro Bruno Dantas do Tribunal de Contas da União, mandando que se informe ao TCU quanto ele recebeu da empresa Álvarez e Marsal – que administra a recuperação judicial de Odebrecht e da OAS, em bancarrota depois da Lava Jato – pelo rompimento da posição de “sócio-diretor ” que lá tinha o ex-juiz de Curitiba.

São milhões, sem que se saiba – já que Moro alega não interferir naqueles casos – o que ele fazia ali. E conseguir bloquear na Justiça os valores recebidos é um tiro maior ainda em seu próprio pé, porque joga por terra todo o seu discurso de ética e transparência.

Seus apoiadores ficaram sem resposta:

Os movimentos eleitorais são sempre lentos e freados pela paixão política. Mas dá para esperar que Bolsonaro vá perder um pouco do que tinha e que Moro não está ganhando o que pensava ser fácil conseguir.

Tijolaço.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

GSI REVOGA GARIMPO QUE AUTORIZOU NO AMAZONAS. QUEM CAVAR, VAI ACHAR. POR FERNANDO BRITO

A Folha informa que um ato do Conselho de Defesa Nacional revogou, no Diário Oficial de hoje, sete autorizações de “pesquisa mineral” em terras públicas, vizinhas a reservas indígenas e a parques nacionais.

Ótimo, mas estranho que se revogue tão rápida e laconicamente o que havia sido autorizado apenas alguns dias atrás.

Diz o Gabinete de Segurança Institucional que “as novas informações técnicas e jurídicas, apresentadas diretamente ao GSI” levaram à cassação dos “Atos de Assentimento Prévio” à pesquisa mineral na área conhecida como “Cabeça do Cachorro”, no Noroeste amazônico.

Quais “informações técnicas e jurídicas”, não se sabe. Apresentadas “diretamente” por quem, também não se sabe. E como as autorizações saíram sem serem devidamente instruídas? Parte delas é dada a comerciantes de bombas e de dragas para garimpeiros raramente levais. E autorização de pesquisa, em áreas remotas e sem fiscalização é, como se disse no início, garimpo mesmo, não pesquisa simples de potencial minerário.

É mais provável que tenham sido canceladas porque alguém avisou que haveria algo escandaloso que poderia surgir se alguém cavucasse as concessões dadas na correria.

E que não seria ouro, exatamente, o que ia aparecer da lama.

Tijolaço.

domingo, 26 de dezembro de 2021

ENCHENTE NA BAHIA E BOLSONARO COMEMORA “ARMINHAS”. POR FERNANDO BRITO

A Zona da Mata baiana – Ilhéus, Itabuna – está sob as águas de tempestades históricas.

Milhares de desabrigados, muitos mais desalojados, duas dezenas de mortes, comoção nacional.

Menos na cabeça do nominalmente presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que está no Twitter comemorando “mais de um milhão de armas nas mãos de civis, 65% mais que em 2018”.

Certamente devem estar sendo utilíssimas para combater as enchentes.

Tão úteis como estão sendo as Forças Armadas, que deveriam ser as forças de defesa dos civis, que deveriam estar atuando na catástrofe baiana.

Os anfíbios da Marinha estariam melhor lá, mesmo fumacentos, que na Praça dos Três Poderes, embora ali também tenham desempenhado um papel cívico: o de se mostrarem ridículo sustentáculo de uma aventura golpista.

Pode ser que Jair Bolsonaro vá fazer alguma demagogia aérea por lá, antes de voltar às suas dancinhas de férias, agora em Santa Catarina.

Pobre país, pobres brasileiros nas mãos de gente assim.

Tijolaço.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

UM LIBELO CONTRA HERODES. POR FERNANDO BRITO

A entrevista de Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, ao jornal O Globo é um dos libelos mais duros que já se fez a um governo e, um dia, será usado nos tribunais deste país.

Em três “perguntas” ele atira sobre o governo Bolsonaro e seu ministro da Saúde a responsabilidade consciente pela morte de crianças (e de adultos) por conta da Covid-19.

“O ministério [ da Saúde] precisa apresentar à sociedade a justificativa do porquê de nós mantermos inalterada uma estatística macabra. Nós temos 301 crianças mortas na faixa de 5 a 11 anos desde a chegada da Covid até o início de dezembro. Nesses 21 meses, numa matemática simples, nós teríamos um pouquinho mais de 14 mortes de crianças ao mês, praticamente uma a cada dois dias.”

“Se (a consulta pública, usada pelo Ministério para adiar a vacinação infantil) é uma ferramenta tão necessária, por que não foi usada em relação às outras faixas etárias, às outras vidas?”

A terceira pergunta é sobre as opiniões de pessoas que não trabalham com a análise vacinal: de que maneira isso pode influenciar numa decisão que é eminentemente técnica?

Torres termina as perguntas com uma direta e simples: “o que mais falta” para se iniciar a vacinação das crianças, uma vez que todas as entidades médicas e sanitárias a aprovaram?

Torres responsabiliza diretamente Jair Bolsonaro de instigar as ameaças que os funcionários da Anvisa recebem, todos os dias, e que já somam mais de 170:

Tivemos uma [manifestação presidencial] em 16 de dezembro, que foi o pedido, dito por ele oficioso, quanto a nomes de envolvidos. A frase em si, palavra após palavra, se retirada do contexto, pode parecer apenas o exercício do supremo mandatário do país, no livre direito, de solicitar a informação que julgar necessária. Mas, quando essa frase é colocada no contexto, na entonação e em tudo o que foi dito naquela live, se entende que a intenção não era essa. Não era uma intenção apenas de saber os nomes.(…) No dia 19 de dezembro, o senhor presidente disse que é “inacreditável o que a Anvisa fez”, ou seja, reitera o sentido que deu na declaração do dia 16. Não há dúvida quanto ao que ocorreu nessa sequência de duas declarações, com intervalo de três dias, em que as ameaças se tornaram ainda mais profusas.

Como aqui já se fez, Torres compara as mortes pela Covid com acidentes aéreos;

Nós estamos com um avião caindo por dia de óbitos de Covid-19 em todas as faixas etárias. Imagina você como repórter noticiar na segunda-feira “um avião caiu”. Aí você, na terça-feira, diz de novo: “um avião caiu”. Na quarta-feira, você diz de novo: “um avião caiu”. Na quinta-feira, você diz de novo: “um avião caiu”. Estou sendo repetitivo para que as pessoas entendam o que estamos falando. É irresponsável dizer que a pandemia acabou. Quem diz isso deveria falar à família dos mortos desses aviões que caem todo dia. Todo dia um avião cai em território nacional…

O diretor-presidente da Anvisa diz que não são casuais estas situações inexplicáveis: para ele, há um “perfeito alinhamento político” entre o que faz (e deixa de fazer) o Ministério da Saúde e a vontade do presidente da República.

Em qualquer país do mundo, o que diz Barra Torres tem densidade suficiente para que se abram processo contra Jair Bolsonaro e Marcelo Queiroga por crime de responsabilidade contra o direito essencial à Saúde.

É público, está num grande jornal, o que falta para que o Ministério Público abra inquérito para que se respondam as perguntas formuladas por Barra Torres. É claro, porém, que não irá a lugar nenhum, mesmo que se vá bater ao STF pedindo que se apurem e atribuam as responsabilidade pela inação do presidente e de seu ministro.

Ao menos, não agora. Mas, amanhã, o libelo de Barra Torres há de ser ouvido num tribunal.

Tijolaço.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

PODERDATA: LULA VAI A 40%; BOLSONARO, A 30%. MORO FICA NOS 7%. POR FERNANDO BRITO

A pesquisa PoderData, do site Poder 360, é outra daquelas que, por ser feita por telefone, tende a apresentar algumas pequenas distorções pela forma de abordagem. Mas, ainda assim, é perfeitamente apta a registrar tendência e é o que ela faz, ao mostrar um crescimento de lula, fora da margem de erro, passando de 34% na edição de novembro para 40% na rodada de dezembro, naquela ocasião com João Doria na disputa, o que se confirmou.

Já Bolsonaro passa de 29% no mesmo cenário, para 30% agora, oscilação dentro da margem de erro estatística, de dois pontos percentuais. Moro desce de 8% em novembro para 7% e Ciro perde três pontos, ficando com os mesmo 4% de Dória, que tinha 5% na rodada anterior.

A disputa evidentemente se afunila: todos os outros candidatos, que na pesquisa anterior somavam 27 pontos. agora têm, no total, 19%.

Esta redução aproxima mais uma decisão em primeiro turno. Nestes dados, o percentual sobre os válidos de Lula vai a 49, 38%, a meros 0,63% de uma definição na primeira volta.

Se houver segundo turno, cujos confrontos reproduzo acima, a vitória de Lula permanece com as mesmas diferenças da rodada anterior, considerada de novo a margem de erro. É com lembrar que os percentuais, diferentemente do que ocorre nas eleições, não estão considerados apenas sobre os votos válidos, o que elevaria a preferência por Lula a sempre mais que 60%.

Abaixo vão os resultados completos da pesquisa de primeiro turno.

Tijolaço.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

LULA GANHA APOIO DO PV; MORO, DO ‘MAMÃE FALEI’, POR FERNANDO BRITO

Lula, devagar, vai juntando peças à sua candidatura, encaixando com cuidado os pedaços que tecem o quebra cabeças político, até mesmo aqueles que, como Alckmin, parecia não se encaixar no desenho original e sofre, por isso, o ódio dos “moristas” como Merval Pereira, que pretendiam vê-lo integrado à campanha do ex-juiz.

Que, por sinal, comemora nas redes sociais a adesão do tal “Mamãe Falei”, num momento que, no meu tempo, seria o de Greta Garbo no Irajá, com a figura se habilitando a ser o “candidato de Moro” ao governo paulista, para que se veja o nível.

É que o União Brasil, partido de locação de Luciano Bivar, fechou com Doria o apoio a Rodrigo Garcia. Como já se disse aqui que a parte preferida de Bivar na Oração de São Francisco é o “que se recebe”, a parte do dar ele não aprendeu.

Doria não fecha acordo para depois ir dar apoio a Moro.

O fato concreto é que as forças políticas reais vão migrando para Lula ou, quando não, partindo para um “nem lembro que tem eleição pra Presidente”.

Apoio nominal de PL, PP, Republicanos, sim, o atual presidente terá. Sapato na poeira, santinho, panfleto, só em corpo oito, aquela letra miudinha, porque “candidatos do Bolsonaro” serão os “raiz”, os adeptos do xingamento da fuzilaria, os “tem de matar mais” e os defensores da esquerda “na ponta da praia”, expressão cunhada pelo candidato de 2018 para significar prisão e tortura.

Mas o mundo real, quatro anos depois de devastado pela dupla Moro-Bolsonaro, segue existindo e se movendo, pouco propenso, à vista do desastre que foi, a embarcar em aventuras demagógicas.

Vai se movendo silenciosamente, quase na sombra e recém começa a aparecer nas formas visíveis de movimentação política.

Hoje, Lula recebeu o apoio do PV, um avanço digno de nota para a formação da Federação Partidária da esquerda, da qual vão se aproximando, devagar, também a Rede e o PSOL.

O espaço está se estreitando.

Tijolaço.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

JAIR, O TERRIVELMENTE IDIOTA, POR FERNANDO BRITO

O que acham Silas Malafaia e o Bispo Edir Macedo da “dancinha da cadela” protagonizada pelo presidente da República?

Dar ração na tigela a mulheres, sejam de esquerda, centro ou direita está de acordo com colocar Deus acima de tudo?

Quem sabe se os nossos severíssimos pastores ele a faça com a multidão dando vivas ao “tem mais pelos que cadelas”?

E o senhor, ministro André Mendonça, lá na sua festinha de posse, mandou tocar este funk para o presidente dançar? Quem sabe o presidente a faça no Supremo, em lugar do culto que prometeu por seu intermédio?

Isso incomoda o senhor, general Villas Boas, atrapalha os seus tuítes? Braga Netto o chamará para fazer ante a tropa formada, apenas pedindo que, patrioticamente, leve a mão ao peito e não ao sovaco para falar dos pelos femininos?

E a ministra Damares, vai dar uma de “poderosa”, e rebolar ao som do “Bonde do Tigrãos”?

É da Marinha o barco do bailão marítimo?

Nada demais em que o presidente festeje – embora o mar não esteja para peixe no mundo real dos brasileiros.

Mas, mesmo como homem comum, essa atitude de quem perde todos limites como nas libações de um porre, e mandado publicar por um coronel de estimação, tão atento à hirarquia que se auto enomina “Tenente” apenas para prestar vassalagem ao “capitão” (que, na ativa, foi a tenente, apenas).

Não, Bolsonaro não tem vergonha e faz e fará de tudo para manter consigo os grosseiros, todos os estúpidos, todos os desqualificados como ele. Com o perdão pela expressão, todos os escrotos.

Quanto a vocês, corromperam-se tanto com suas ambições que nem mesmo lhes vem à cabeça a frase que o povo atribui ao Cristo, o “dize-me com quem andas e te direi que é”.

Vocês o criaram e vão para a lama com ele.

Tijolaço.