quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Energia ficará mais cara no horário de pico e divide opiniões do setor,confira

Cobrança diferenciada pelo uso de energia elétrica por horários, chamada de tarifa branca, coloca em xeque o real benefício da medida às distribuidoras e ao consumidor.

Horário de pico de energia ocorre entre 18h e 21h

A conta de luz do brasileiro vai mudar a partir de janeiro de 2014, quando passa a valer a chamada tarifa branca. Embora o objetivo seja diminuir o valor da fatura no fim do mês – segundo informou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) –, especialistas do setor energético divergem quanto ao verdadeiro benefício da medida ao consumidor. A mudança vai afetar não só residências, como também estabelecimentos comerciais, indústriais e rurais.


Quem optar pelo novo modelo de cobrança vai pagar menos se consumir energia elétrica fora do horário de pico (entre 18 horas e 21 horas) – e vai desembolsar bem mais durante esse período. Com isso, espera-se que a sobrecarga das distribuidoras de eletricidade nos momentos de maior demanda diminua com o modelo, semelhante ao já praticado pelo sistema de telefonia fixa.

A redução da tarifa poderá chegar a 45% se a energia for consumida fora dos momentos de pico, segundo o diretor-presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Macorin. “A adesão parece bastante vantajosa ao consumidor, contanto que haja uma reeducação dos hábitos para realocar os horários de consumo”, considera.

 Helio Scalambrini, professor da UFPE: tarifa branca vai onerar o consumidor

Já na opinião do professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor em energética, Heitor Scalambrini Costa, a medida vai onerar ainda mais o bolso do consumidor, que não vai ter condições de ter controle sobre o uso do serviço. As empresas de distribuição de energia, acredita o docente, serão as maiores beneficiadas pela tarifa branca.

“O que estão propondo é uma tentativa não só de culpabilizar o consumidor, mas cobrar dele uma gestão que não é de sua responsabilidade, a do sistema elétrico”, afirma. Na visão do professor, o usuário vai pagar mais caro pelo mau gerenciamento das reservas hidráulicas.

Medidores eletrônicos
A adoção da nova cobrança exigirá a troca dos medidores tradicionais (analógicos) pelos eletrônicos. A Aneel informou ao iG, em nota, que até o próximo ano haverá estrutura necessária para a implantação do sistema.

Segundo o presidente da ABCE, o medidor será bem mais preciso que os atuais, mas o custo do novo aparelho terá de ser arcado pelo consumidor em sua próxima conta de energia. “Tudo indica que o preço será acessível”, acredita Macorin.

O novo medidor exigirá mais atenção do consumidor quanto ao estado da rede elétrica, alerta o professor da UFPE, Scalambrini. “A sensibilidade do aparelho poderá influir drasticamente e negativamente se houver vazamento de energia, muito comum com fiação antiga, descampada ou com pequenos curtos-circuitos na rede”.

Em princípio, o equipamento será instalado nos postes de iluminação das ruas, e não dentro casa do usuário, dificultando o controle do consumidor quanto ao montante que foi consumido, observa o professor. “Minha recomendação é ter prudência ao adotar a nova modalidade tarifária”.

Scalambrini definiu o novo regime de cobrança como mais um incentivo para as distribuidoras de energia viverem um capitalismo sem risco. “É o que chamo de ‘negócio da China’. As mudanças sugeridas caminham para aprofundar o modelo mercantil adotado no setor energético”, diz.

Como vai funcionar
O novo modelo de cobrança, popularmente chamado de tarifa branca, vai funcionar com três bandeiras tarifárias: verde, amarela e vermelha, como no semáforo de trânsito. A verde indicará que o custo da energia é baixo, a amarela apontará um aumento gradual da cobrança e a vermelha mostrará um custo mais elevado no horário de pico, entre 18h e 21h, de segunda-feira a sexta-feira.

Já os horários com tarifa moderada devem ficar entre 17h e 18h e entre 21h e 22h. Nas horas restantes, será feita a cobrança mais barata. Segundo informou a Aneel, os três patamares serão válidos nos dias úteis. Nos fins de semana e feriados será empregada a tarifa mais barata para todos os horários do dia, de acordo com a agência.

Do IG

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