sexta-feira, 10 de setembro de 2021

‘MAROLA’ DE BOLSONARO NÃO DETÉM DESLIZAMENTO DA ECONOMIA, POR FERNANDO BRITO

O quase-ex- ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje a investidores estrangeiros que, com a cartinha que Temer escreveu para Jair Bolsonaro, também “tudo de volta aos trilhos”, também nas atividades econômicas e que, embora estejamos vivendo “o pior da inflação”, ela baixará para “algo entre 7,5 e 8%” no final do ano.

Se o senhor Paulo Guedes tiver uma destas calculadoras de camelô, mesmo com ela será possível se novembro e dezembro tivessem uma inflação de ,menos de 0,5%, metade da que se vem registrando hoje. As projeções da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Abima, datadas de ontem, já são de 0,99% para o IPCA de novembro.

Inflação de 1% no mês, dada como certa, só tem como dúvida se e o quanto ficará acima disso.

Podem fazer a pantomima que quiserem, traz efeito apenas aos que lucram com espertezas , temores e falsas euforias, como os que, ontem, se aproveitaram de uma euforia no câmbio e na bolsa que não durou um dia e devolveu os ganhos de ontem.

O aumento dos preços dos alimentos é forte e contínuo: subiram frango, café, carne suína, bovina. Nos grãos (arroz, milho, trigo, café, soja, feijão) extinguiram-se os estoques reguladores públicos, que impediam altas alucinadas de preços. Em consequência, no que ainda havia alta, agora elas se elevam a até 30% m dois meses.

Pequeno produtor não estoca para acompanhar cotações internacionais, vende na baixa ou na alta porque não tem fôlego para especular por cotações.

Mas os grandes, não, ganham no preço muitas vezes mais do que aplicam na construção de um ambiente de conflitos, como estes que patrocinaram entre os caminhoneiros, que não desobedecem aos frotistas que, por sua vez, não desobedecem a seus clientes do agro.

Estamos praticamente sem comando econômico que, se houvesse, já teriam dificuldades em conter a inércia altista dos preços livres e, pior ainda, estamos acima de 11% de inflação nos preços administrados pelo governo.

Tijolaço.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

QUANTO TEMPO DURA? POR FERNANDO BRITO

 

Embora todos saibam – ou deveriam saber – que nada é sincero em Jair Bolsonaro, seu recuo covarde do que disse ainda na terça-feira, com a suas ameaças e valentia nos cenários que ele próprio, durante 2 meses, cuidou meticulosamente de construir, algumas lições pode-se tirar disso.

A primeira é que alguma parte – melhor, porque era quase toda – da elite brasileira se satisfaz com com uma pantomima democrática e só condenava Bolsonaro pelos exageros aos quais, por alguns dias, ele abjurou na carta escrita com a sombria assessoria de Michel Temer. O dinheiro reagiu rapidamente, sempre acreditando que Bolsonaro, se não fizer marola, é a melhor chance que tem em 2022.

Bolsonaro comemorou na internet, mostrando que a elevação da bolsa e a queda do dólar é fruto de sua atitude “conciliatória”, embora não fale que o inverso foi consequência de seu ato de confronto aberto.

Segundo, que não há força capaz de dissolver, antes das eleições, o núcleo duro bolsonarista: na internet, eles já argumentam que a sensação de derrota é igual à que tiveram com a saída de Sérgio Moro do governo e que o tempo teria mostrado que, ao defenestrar o ex-juiz, Bolsonaro tinha razão. Ele próprio usou o exemplo em suas redes, embora tenha perdido, não se sabe quanto e por quanto tempo, senão adeptos, talvez fanáticos.

Não é exatamente assim. Ali não era a valentia do “Mito” que estava em questão. Agora, é. Portou-se como um destes valentões de botequim que faz tudo para que o segurem e, cinco minutos depois, já está calminho como o “Seu Saraiva” do velho programa humorístico.

Aliás, o botequim de sua live, além das tradicionais insinuações de cunho sexual, voltou a falar que a inflação, galopante, é consequência do “fique em casa” da pandemia, algo completamente sem sentido. A crise hídrica vai ser combatida subindo pela escada e gastando menos água ao fazer a barba. Sempre em uma compreensão minúscula dos macroproblemas nacionais, não consegue alcançar uma visão estratégica de Brasil.

Em tudo, a miséria mental de um medíocre, de um incapaz, de alguém que, como bem definiu ontem o ex-ministro Celso de Mello, que nunca esteve à altura do cargo.

Bolsonaro, está claro, não recuará em seu desejo de permanecer no poder por intervenções no processo eleitoral. Infelizmente, terá neste projeto novos lances, ousados como o do Sete de Setembro e talvez não tão mal sucedidos.

Como toda serpente, Bolsonaro recolhe-se para o golpe. E ele, não o voto, é sua aposta para permanecer.

Tijolaço.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

STF REAGE, MAS NÃO FALA GROSSO COMO CARRETAS QUE PARAM RODOVIAS PARA O ‘MITO’, POR FERNANDO BRITO

Nervoso, ao ponto de enrolar-se na leitura, Luiz Fux fez um pronunciamento que, diante da tibieza dos outros, pode ser considerado forte.

Sobretudo, por dois momentos.

O primeiro, quando ele diz que há crime de responsabilidade do presidente da República no que proclamou ontem, ao dizer que não reconhece decisões judiciais se elas partirem de Alexandre de Moraes e, antes, quando disse – claramente, ainda que sem nominar – que o chefe do Judiciário deveria “enquadrar” o ministro.

É, e o disse Fux, um crime de responsabilidade, previsto na Constituição (art.85) e na Lei de Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/50, art. 2° e 6°, incisos 5 e 6) e cabe ser processado por isso pela Câmara dos Deputados e julgado pelo Senado Federal.

O segundo ponto foi – inacreditável ter de destacar isso – dizer que o Supremo não será fechado.

Certamente não é para os lunáticos de cartazes e faixas com ameaças à Corte que Fux falou, mas porque identifica intenções poderosas nesta direção.

Mais importante é que a inusual firmeza de Fux é sinal de que, dentro da Corte, o clima de repúdio e resistência, é muito maior. Já é voz corrente que a maioria já decidiu recusar a “pedalada dos precatórios, que empurraria 60% dos pagamentos para o próximo governo, dando espaço a Bolsonaro para executar programas demagógicos.

Para além dos discursos formais, embora com menos dureza que a situação inspiraria, é nas decisões legislativas e judiciais que a reação às ameaças presidenciais.

Do que resulta que, como demonstra a provável devolução da MP da liberação das fakenews enviada por Bolsonaro ao Congresso, em cada vez menos iniciativa a Bolsonaro.

A não ser as colunas ridículas de caminhões de empresas roncando.

Que vão, como se sabe, a lugar nenhum.

Como não vão a lugar nenhum as paralisações provocadas pelo lockout ordenado por donos de frotas e distribuidores de alimentos, que estão parando estradas por todo o país.

A escalada de preços, com tudo e agora com isso, só empurram para baixo o presidente.

Bolsonaro está aparentemente quieto, mas comanda pessoalmente o bloqueio das rodovias.

Tijolaço.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

CAMINHÕES DE BOLSONARO FORÇAM CERCO E ‘INVADEM’ PRAÇA DOS 3 PODERES, POR FERNANDO BRITO

As carretas de empresas frotistas do agronegócio acabam de invadir a área da Praça dos Três Poderes que havia sido isolada para garantir a proteção do Congresso Nacional .

Sem reação dos policiais que protegiam o local, as carretas, vans e caminhonetes dos grupos bolsonaristas, neste momento, é a dona do local.

Grades foram derrubadas e há apenas uma linha, mais recuada, de policiamento, na via que dá acesso ao Congresso.

Aos gritos de “libera, libera” os policiais recuaram e a versão oficial é que se “antecipou” a liberação de áreas.

O que houve, porém, foi uma invasão.

Não há segurança e não há comando nas forças policiais.

Assista:

 Tijolaço.

domingo, 5 de setembro de 2021

O BRASIL NÃO É O PAÍS DO FUTEBOL, É O PAÍS DOS ‘CARTOLAS’, POR FERNANDO BRITO

Não há quem se salve no “papelão”do cancelado Brasil e Argentina hoje, no estádio do Corinthians.

Desde a manhã, todos estamos sabendo que os argentinos tinham quatro jogadores fora de condições de jogo, por descumprirem legislação sanitária. O Brasil teve vários que não vieram por jogar na Inglaterra, mas também temos vários atletas que rodaram por toda a parte do mundo e se expuseram a todos os riscos de contaminação, mas na base do “me engana que eu gosto” estão todos “dentro do regulamento”

A questão – que provavelmente nem se virá a saber – é quem “esquentou as costas” para a CBF, responsável pela partida, não ter agido como deveria.

Os hermanos aplicaram o “agá” tradicional de dizer que não estiveram nas áreas de restrição, a Conmembol (que não é uma confederação de futebol, mas um escritório de interesses comerciais) negociou um acordo com a CBF (outro antro de picaretagem sensacional) e a Anvisa deixou para dar uma de valente em meio a uma transmissão planetária do jogo, quando podia ter agido logo cedo, retendo os atletas ainda no hotel.

Como se vê, a cartolagem toda falhou, e falhou feio.

Mas todo mundo sabe que cartolas e governantes são irmãos siameses e nenhum brasileiro duvida que, nas várias horas entre o anúncio da irregularidade e a entrada dos agentes da Anvisa na Arena Corinthians, muito telefonemas cruzaram o espaço, talquei?

Mas nenhum deles foi entre a diplomacia brasileira e argentina, que poderiam ter evitado este “mico” global.

A história de que os argentinos se trancaram no vestiário para não serem abordados pela PF e pelos agentes da Anvisa simplesmente não bate com o fato de que saíram do vestiário, cruzaram o túnel, entraram em campo e começaram o jogo.

Houve, está clarissimo, uma tentativa de deixar pra lá as regras sanitárias, que por estas bandas não valem nem para o presidente.

Tentativa que não deu certo e que, não importa quem errou, submeteu os dois países a um vexame.

Tijolaço.

sábado, 4 de setembro de 2021

A BATALHA DE BOLSONARO ESTÁ PERDIDA, AINDA QUE “VENÇA”, FERNANDO BRITO

Como bom “mau militar”, Jair Bolsonaro desconhece regras básicas de combate também na política, porque militares definem muito bem qual é o objetivo de cada missão, comprometem seus homens com esta conquista cuidam de rotas para refluir se as coisas não correrem como se imagina.

Ao armar um ataque com todas as suas forças no Sete de Setembro, caiu na armadilha do “vencer ou vencer” uma batalha impossível de ser ganha.

O que ele espera, que Alexandre de Moraes e Luiz Roberto Barroso saiam, de mãos erguidas, do prédio do Supremo e prometam fazer tudo o que seu Mito mandar? Que Rodrigo Pacheco surja à rampa do Congresso e anuncie que os vai “impixar”? Que os donos dos postos dee gasolina baixem o preço do litro para 3 reais e os supermercados anunciem feijão a este preço?

Ou que desça uma coluna de tanques – com ou sem fumaça – apontando seus canos contra os prédios do Legislativo e do Judiciário?

Nem os chifres daquele maluco que invadiu o Capitólio poderiam alcançar tais nuvens de delírio.

Mas é assim: 5 mil, 100 mil ou duzentas mil pessoas, na Esplanada ou na Paulista não mudarão a realidade, a menos que isso desborde em violência e, neste caso, para pior.

Mesmo dois bocós como Luiz Fux e Rodrigo Pacheco terão de reagir a vidraças quebradas se isso é resultado de um ato patrocinado, como é, pelo Presidente da República. Às Forças Armadas, basta a imobilidade para frustrar uma aventura, com um eloquente silêncio.

Exceto os mais obturados, a maioria dos oficiais generais sabe que dar ou sustentar golpes de Estado dependem de conjunturas, de apoio da opinião pública, da imprensa, de forças políticas civis organizadas, de apoio parlamentar, de sustentação no Judiciário e de simpatias estrangeiras, e que tudo isso falta, hoje, a Jair Bolsonaro.

O resto é coisa de maluco, feito aquele tenente-coronel Antonio Tejero, que invadiu o parlamento espanhol em 1981 com 200 guardas-civis e saiu dali para a cadeia no dia seguinte.

Jair Bolsonaro, ao convocar um ato com cara de “ultimato” ao Judiciário, teria de atingir seu objetivo de alcançar poderes absolutos e isso não ocorrerá.

Daí o dilema em que está: longe demais para recuar, está sem saída.

A não ser que apele, como está na moda, para um atestado médico. E de médico não psiquiatra.

Tijolaço.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

MOARES ‘PAGA PRA VER’ E MANDA PRENDER PROVOCADORES BOLSONARISTAS, POR FERNANDO BRITO

Às vésperas dos atos autoritários de 7 de Setembro e no mesmo dia em que Jair Bolsonaro anuncia um “ultimato” a ele e a Luiz Roberto Barroso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal mostra que as ameaças presidenciais não estão surtindo o efeito de intimidar o STF. Mandou prender um certo Wellington Macedo, agitador de redes sociais, e Marcos Antônio Pereira Gomes, mais conhecido como “o caminhoneiro Zé Trovão”, este ainda foragido.

Verdade que a prisão ocorre a pedido da Procuradoria Geral da República, assinada pela braço direito de Augusto Aras, mas isso não elide o fato de que Moraes não titubeou em decretá-la.

Mas a atitude de Moraes mostrou que não apenas ele, mas o Supremo, estão “pagando para ver” o blefe do bolsonarismo.

Acha que vai fazer barulho e nada mais.

Até porque a estratégia de Bolsonaro é um erro crasso.

Não há preocupação nas ruas, apenas nos currais do eleitorado bolsonarista-raiz, sobre uma suposta “liberdade de expressão” de incitadores do golpe e da ilegalidade.

Caixinhas, rachadinhas e indiscrições sobre a vida íntima dos Bolsonaro escalam os trend topics das redes sociais e se tornam muito mais relevantes como informação.

E as ameaças bolsonaristas passam a ser mais de um golpe pela impunidade da família do que “pelas liberdades” de propor golpes que dizem estar ameaçadas.

Tijolaço.

VIDA DOS BOLSONARO VIROU ‘BARRACO’ NA MÍDIA, POR FERNANDO BRITO

Não é a praia deste blog, mas se tornou público e, portanto, vira relevante para a política.

E tudo vai tomando velocidade, porque os grandes jornais estão repercutindo as denúncias do ex-funcionário dos gabinetes dos filhos de Jair Bolsonaro de que 80% dos seus vencimentos eram apropriados pela família e, agora, com questões escabrosas envolvendo disputa por bens, com lances rocambolescos de furtos de cofres e outras, ainda mais baixas.

Tudo com o glacê do bolo: o envolvimento pessoal da primeira-família com lobistas que praticaram ou tentaram praticar no Ministério da Saúde.

Mais importante que as notas, na maioria discretas, que a grande imprensa publica, é o quanto isso virou “treta” no território predileto do presidente, as redes sociais.

Nelas, enquanto o “ultimato” presidencial aos ministros Alexandre de Moares e Luiz Roberto Barroso tem pouco efeito, rachadinhas, desvios conjugais e até a “vingança” de João Doria contra as baixarias de Jair chamando-o de “calcinha apertada”, executada pela boca de seu agora Secretário Rodrigo Maia, duvidando da heterossexualidade de Bolsonaro.

Absolutamente irrelevante, mas vejam o nível da “nova política” e da família que se tornou dona do poder no Brasil para “moralizar” o país.

O “barraco” bolsonarista, pelo qual não se pode culpar a mídia, porque não são histórias anônimas, mas declarações de quem privou, durante anos, com a intimidade da família, atinge em cheio sua a imagem.

O mundo cão que eles viviam apontando estava também no espelho, como ocorre, quase sempre, com os moralistas.

Quando se transforma moral do comportamento privado em argumento político, ela vira uma bumerangue.

Tijolaço.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

DESESPERO DE BOLSONARO É COM ECONOMIA A REBOQUE DO “POSTO ITIRANGA”, NÃO COM STF. POR FERNANDO BRITO

A jornalista Thaís Oyama, no UOL, diz que Jair Bolsonaro teria confidenciado a uma assessor próximo que não espera ter mais que 30% dos votos em um 2° turno nas eleições de 2020 (se houver 2° turno , acrescento eu).

Bem, isso não seria mais que uma concessão ao óbvio, porque – pesquisa após pesquisa – é isso o que os levantamentos eleitorais lhe dão, já a algum tempo.

O perigo é o que o atual fará, diante disso. E do tamanho do primeiro perigo, o de uma ruptura, teremos logo uma ideia, menos por quanta gente vá aos seus atos golpistas e mais pelo nível de radicalismo e agressividade que terão.

O outro perigo, que relata este interlocutor de Bolsonaro, é que “o presidente sabe que só conseguirá superar a desvantagem em relação ao seu provável concorrente mediante a execução de programas de assistência vultosos, como um Auxílio Brasil vitaminado e a distribuição de vouchers para compra de gás de cozinha”.

E isso só vai se agudizar neste mês de setembro, com o “pancadão” da energia, sua disseminação pelos preços em geral e um provável novo aumento dos combustíveis (o petróleo está alta no mercado mundial).

Portanto, é grande a chance de que o país entre numa situação de (mais) insânia governamental, com uma completa desorientação dos agentes econômicos. Sim, todos eles já sentem como o carro da economia está derrapando, mas uma coisa é derrapar, outra e entrar em modo de descontrole total.

Há sinais de que, acumulando fracasso após fracasso, a hora final de Paulo Guedes e que seu substituto seja alguém que vista o manequim da demagogia com mais facilidade que o ex-Posto Ipiranga e tente a aventura de medidas econômicas “populares”.

Bolsonaro, que se autoconcedeu uma idiota medalha de “imbrochável, imorrível e incomível” não vai deixa de dar o abraço de afogado no país, no seu desespero final.

A um ano e um mês das eleições, tem desespero para isso.

Tijolaço.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

LOBISTA DA PRECISA AJUDOU O ZERO QUATRO JAIR RENAN A MONTAR ‘EMPRESA’, POR FERNANDO BRITO

O lobista Marconny Faria, investigado pela CPI da Covid como um dos intermediários da Precisa Medicamentos na venda frustrada das vacinas indianas Covaxin, dizem as repórteres Constança Rezende e Raquel Lopes, da Folha, atuou para ajudar o filho mais novo do presidente, Jair Renan Bolsonaro, a registrar a marca empresarial e a abrir a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, com capital social de R$ 105 mil e dedicada, em tese, a organizar “feiras e congressos”, com sede no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Os diálogos entre Jairzinho e Marconny foram obtidos pela Polícia Federal, em investigação aberta há meses no Pará, para apurar irregularidades na nomeação da direção do Instituto Evandro Chagas, do Ministério da Saúde. Das negociações participou também Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente e mãe de Renan, com o qual divide uma mansão no Lago Sul, em Brasília.

Marconny diz ao filho do presidente que vai resolver “as questões dos seus contratos” e usa seu advogado, William de Araújo Falcomer dos Santos, o mesmo que defende o lobista na CPI.

Já há um inquérito na Polícia Federal para apurar possível tráfico de influência e lavagem de dinheiro da empresa do “Filho 04”.

E a ligação Renan-Marconny reacendeu as especulações de que ambos estiveram num churrasco na casa da advogada eleitoral do presiedente da República e mais um lobista da empresa, José Ricardo Santana, comemorando o fechamento do contrato com o ministério, à época dirigido por Eduardo Pazuello.

Onde há uma maracutaias acaba aparecendo um dos filhos numerados…

Tijolaço.

CONTA DE ENERGIA É FOGO SOBRE OS PREÇOS QUE LEVAM ESTE ITEM, POR FERNANDO BRITO

O supermercado manteve a carne que chegou congelada do frigorífico e a coloca todo o dia no expositor refrigerado. O salão de beleza ligou o secador. O shopping ligou a central de ar condicionado. O prédio tem de manter as bombas d’água ligadas.

O aumento das tarifas de luz vai muito além da conta que chega às famílias, que já é pesado, cerca de 5% da despesa familiar para os que têm renda de até 40 salários mínimos e quase 10% para os de baixa renda.

Representa um plus de pelo menos 0,5% na inflação de setembro, a primeira em que se apostava para reduzir o acumulado em um ano, que deve ficar em 9,5% em agosto.

O risco inflacionário já não é risco, é certeza.

Há um ano, preocupava-nos uma inflação de 5%; hoje uma de 10% é quase certeza para quem não é hipócrita.

Mas não é o único fator inflacionário, longe disso.

A alta de preços embute a incerteza política, em alta alucinada.

Quando não se tem previsibilidade, tem-se precaução, o que é, em economia, preço preventivo, o que te dá certeza de repor o estoque mesmo que as novas compras custem mais do que as que você tem à venda.

Nossos economistas são pouco afeitos a isso, não costumam fazer contas no micro.

E não costumam ir ao supermercado.

Tijolaço.

terça-feira, 31 de agosto de 2021

‘TELEFONE NO RIO’ DE JEFFERSON SÓ COM POLÍCIA CÚMPLICE, POR FERNANDO BRITO

O Brasil virou surreal.

Dez dias depois de pedir a soltura de Roberto Jefferson, alegando que ele estava dentro dos limites da “liberdade de expressão”, a Procuradoria Geral da República requer o seu indiciamento por incitação ao crime, por seus vídeos armado.

Mas o ex-deputado dos instintos primitivos, certo que de que nada lhe acontecerá, diz à polícia, nos seus depoimentos, que o telefone celular de onde disparava petardos assim nas redes sociais está no fundo do Rio Paraibuna, porque pediu “a um transeunte” que lá o atirasse, na iminência da prisão.

Ninguém que estivesse passando pela rua, é claro, obedeceria ao pedido de Jefferson que fizesse aquilo e este telefone teria sido recolhido com meia hora de investigação no local.

É evidente que a Polícia Federal, salvo honrosas exceções, está aparelhada pelo bolsonarismo, ao ponto de Alexandre de Morares partir para medidas extremas como a substituição de delegados federais em inquéritos sob sua responsabilidade.

Aconteceu com ela o mesmo que com o Ministério Público: a corrupção do lavajatismo destruiu sua autonomia e a transformou num pântano ideológico da direita mais abjeta.

Jefferson não teve “japonês” nem cenas humilhantes como as impostas Lula e aos presos de Moro. Ninguém deveria tê-las, mas estes tiveram, sob aplausos da mídia nacional.

Mas está evidente que se está protegendo um esquema miliciano porque Jefferson não está fazendo molecagens sozinho.

Celular lançado no Paraibuna por um “transeunte” nem a velhinha de Taubaté engole.

Tijolaço.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O EX-MANIFESTO DO EX-PATO DA FIESP, QUE VIROU PINTO. POR FERNANDO BRITO

Foi o governo dar um rosnado e o pato amarelo da Fiesp correr a esconder um manifesto empresarial que, nem sendo piado de pinto, Bolsonaro cismou que era pretensão cantar de galo no seu terreiro.

De fato, pela minuta divulgada por Mônica Bergamo, o texto parecia uma mistura amenizada de Rodrigo Pachego, Luiz Fux e o velhissimo Conselheiro Acácio, espalhando-se em tautologias como “o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação” e ser “primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe”.

Nem de longe o “nós não vamos pagar o pato” de alguns anos atrás, quando os grandes empresários diziam horrores do governo e financiavam filé para os maniestantes de oposição.

O fato é que o resmungo fez os bacanas abolirem o texto público e o vazarem como um murmúrio suplicante.

Virou o Engolifesto da Fiesp e dos bancos.

E dá para dizer que a defesa da institucionalidade que dizem fazer no texto não é uma exigência desta elite mas algo que, se for possível, se não incomodar muito, gostaríamos que houvesse.

O comportamento do empresariado brasileiro não dá a medida de sua covardia política diante de um governo autoritária, mas sua incapacidade como liderança do país.

Tijolaço.

sábado, 28 de agosto de 2021

VAI TER “PEDALADA JUDICIAL” PARA O “CALOTÃO DOS PRECATÓRIOS”? POR FERNANDO BRITO

A confirmar-se a informação do site Poder360, de que Luiz Fux – presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, Luiz Fux, dará o seu aval a uma maracutaia a que teria sido arranjada pelo ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União para aliviar o governo Bolsonaro, num ano eleitoral, de pagar mais da metade dos precatórios devidos pelo governo federal, o Brasil vai estar diante, literalmente, da maior “pedalada fiscal” de sua história.

Sim, é isso mesmo: dos R$ 89 bilhões de precatórios mandados pagar pela Justiça, por sentenças com trânsito em julgado, uma “resolução” do TCU faria com que fossem pagos apenas cerca de R$ 39,9 bilhões, deixando para o próximo governo, em 2023, o pagamento dos restantes R$ 49,2 bilhões. Mais, claro, os precatórios emitidos por novas decisões judiciais.

O curioso é o argumento que se arranja para esta vergonha: o de que não se poderia romper o “teto de gastos” desta rubrica de despesas. O limite seria o volume de precatórios de 2017, corrigido pela inflação.

E como é que se pode fazer isso e mandar o governo que o Brasil tiver em 2023 arrebentar este teto com um volume de pagamentos que vai mais que dobrar os de 2022?

São, na maioria, dívidas previdenciárias e “esqueletos” que ficaram de repasses relativos a dívidas do Fundo da Educação Básica (Fundeb) a menor para vários estados, desde o governo Fernando Henrique.

A solução é pior, muito pior que a tal PEC dos Precatórios, com que o governo pretendia dar uma “entrada” no pagamento destas dívidas e parcelar o restante por uma década.

Não é possível que isso se consume e é bom que a oposição bote logo a boca no trombone, porque isso, para que você possa materializar o alcance, seria tirar do novo governo brasileiro que tomará posse em 2023 nada menos que duas vezes o Bolsa-Família.

Tijolaço.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

LARANJA IMOBILIÁRIA? POR FERNANDO BRITO

E lá vai a família Bolsonaro se meter em outro escândalo mobiliário, agora com a revelação dos repórteres Juliana Dal Piva e Eduardo Militão, do UOL.

Desta vez o aluguel – estimado em R$ 15 mil – de uma mansão no Lago Sul de Brasília, com “quatro suítes, com fino acabamento e todas com closet. Escada em mármore. Suíte master ampla com cerca de 100 m², abre para grande terraço com potencial para jardim, espaço fitness, solarium e outros. Closet amplo na suíte master, com excelentes armários planejados”, segundo o anúncio que a vendia, em maio deste ano, que ainda dizia oferecer “ampla vista para o lago.

A mansão foi alugada à ex-mulher do presidente, Ana Cristina dos Siqueira Valle e ao “Filho 04”, Jair Renan Bolsonaro que, em tese, nas normas do mercado imobiliário, deveriam somar uma renda acima de R$ 45 mil, para ficar dentro dos 30% praticados como mínimo nas locações.

Ana tem renda de R$ 6,2 mil, em seu cargo na Câmara dos Deputados; Renan, valor desconhecido com as atividades também desconhecidas de sua empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídias.

O proprietário da casa – na escritura, ao menos -, Geraldo Antonio Machado, mora numa casa muito mais modesta, na também modesta localidade de Vicente Pires, que não está em seu nome, assim como não estão em seu nome outros imóveis que diz ter e não foram localizados em nenhum cartório da capital federal.

Como os Bolsonaro têm uma incrível atração por negócios imobiliários e o irmão Flávio comprou, não faz muito, outra mansão na mesma valorizada região, o cheiro de laranja atraiu a reportagem.

Na família Bolsonaro, o dinheiro aparece, assim, do nada.

Tijolaço.