sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Suspeitos de participação em ataques a ônibus no MA são libertados pela Justiça

Dupla era suspeita de ataque a ônibus que matou Ana Clara, de 6 anos. Delegado confirma que não há provas que incriminem os dois.
Sansão (à esq.), Larravardiere (centro) e Julian

 A juíza auxiliar da 1ª Vara Criminal de São José de Ribamar, Lewman de Moura Silva, determinou, na quinta-feira (23), a libertação de dois dos 22 suspeitos de participação no ataques a ônibus e delegacias ocorridos no dia 3 de janeiro, no Maranhão.

Sansão dos Santos Salles, de 19 anos, e Julian Jeferson Sousa da Silva, 21, foram soltos após a Justiça considerar que não existem provas que comprovem o envolvimento dos dois no ataque ao ônibus da Vila Sarney Filho, que resultou na morte de Ana Clara Santos Sousa, de 6 anos, e deixou outros quatro feridos.

O delegado-geral adjunto de Polícia Civil, Marcos Affonso, confirmou a ausência de provas que incriminem os dois.

"Esses dois rapazes, eu não estou dizendo que são santos ou não, eu não estou dizendo que eles não tenham ligação com as pessoas que estavam envolvidas no caso, não é isso. Foi feito esse trabalho em conjunto com o Ministério Público e foi demonstrado isso. Tanto a polícia como o Ministério Público chegaram a essa decisão, de que não tinham elementos de provas convincentes contra esses dois rapazes", disse o delegado, em entrevista.

Sansão e Julian estavam no grupo de seis suspeitos detidos no dia 6 de janeiro, na Vila Sarney Filho. Com eles, foram presos Larravardiere Silva Rodrigues de Sousa Júnior, 31, um dos sete denunciados pelo Ministério Público pela morte de Ana Clara; e mais três menores de 15, 16 e 17 anos.

Segundo o delegado, uma investigação conjunta entre a polícia e o Ministério Público chegou à conclusão que inocenta a dupla.

"De imediato, quando foi feita a prisão de todos eles, existiam indícios de que eles poderiam ter participado dessa situação. Porém, como nós temos que trabalhar com a verdade, nós fomos nos aprofundando nesse trabalho. Houve indício até porque eles têm ligação com o rapazes. Pode ser que ajam juntos em outros casos, mas, nesse caso específico, com o aprofundamento das investigações em conjunto com o Ministério Público, nós chegamos à conclusão de que contra esses dois, não tinha elementos e provas", explicou Affonso. "O clamor é muito grande, mas nós temos que ter cautela e não seria justo e ético manter essas pessoas presas por uma coisa de que nós não temos provas de que participaram", acrescentou.

O G1 entrou em contato com a assessoria do Fórum de Justiça do Maranhão para ter acesso à decisão e fundamentação utilizada pela juíza auxiliar da 1ª Vara Criminal de São José de Ribamar, Leuman de Moura Silva. A assessoria ficou de enviar nota com esclarecimento sobre assunto, mas, até a publicação desta reportagem, não hou ve retorno.

Violência
Uma onda de ataques a ônibus e delegacias aconteceu na noite de 3 de janeiro, em São Luís. A ordem partiu de dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Quatro ônibus foram incendiados, duas delegacias foram alvejadas e cinco pessoas ficaram feridas. Ao todo, 22 suspeitos foram detidos por envolvimento nos atentados; entre eles, seis menores.

Entre as vítimas, estava a menina Ana Clara Santos Sousa, de 6 anos, que teve 95% do corpo queimado e morreu no dia 6 de janeiro . A irmã dela, Lorrane Beatriz Santos, de 1 ano e 5 meses, que teve 20% do corpo queimado, recebeu alta do Hospital Infantil Juvêncio Matos, em São Luís, na quarta-feira (15).

A mãe das duas meninas, Juliane Carvalho Santos, de 22 anos, que teve 40% do corpo queimado no ataque, foi transferida para o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), em Brasília. Ela passou por uma cirurgia no dia 10 de janeiro. Segundo boletim médico divulgado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o quadro da paciente é considerado grave, mas ela respira sem a ajuda de aparelhos.

O entregador de frangos Márcio Ronny da Cruz, de 37 anos, que teve 72% do corpo queimado tentando salvar as crianças, foi transferido do Hospital de Queimaduras de Goiânia. Ele está em estado grave e respira com a ajuda de aparelhos.

A operadora de caixa Abiancy Silva dos Santos, de 35 anos, que teve 10% do corpo queimado no ataque, recebeu alta do Hospital Geral Tarquínio Lopes, em São Luís, na manhã de domingo (19) . Ela se recupera de ferimentos no abdômen e no braço direito.

Do G1

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