Quando
Marcelo Queiroga foi escolhido para ocupar o lugar de Eduardo Pazuello, este
blog disse que este senhor teria o mesmo destino inglório do general-ministro.
Apenas
vestiu com jaleco branco e escondeu sobre as caixas de vacina que, afinal,
começaram a chegar, a incompetência arrogante com que o militar dirigia a
Saúde.
Dobra-se,
como naquele “um manda o outro obedece” em não assumir com vigor o combate ao
charlatanismo, curva-se diante das absurdas sugestões de Bolsonaro em abolir as
máscaras e, sobretudo, nunca conseguiu -nem mesmo tentou – assumir o comando de
um processo de vacinação que seguisse regras claras e homogêneas para todo o
país.
O
resultado foi que prefeitos e governadores, com erros e acertos aqui e ali, mas
sem a sinergia que um plano nacional de vacinação poderia dar-lhes, fizeram
várias “corridas malucas” de imunização. Datas, faixas etárias, critérios de
prioridade, tudo correu na base do “cada um por si”.
Felizmente,
pudemos contar com a tradição de vacinação que marca o Brasil desde há muitas
décadas e a população acorreu aos postos, muitas vezes várias vezes de forma
frustrada porque cada cidade tem uma regra.
Foi
isso e não um esforço governamental eficiente que nos fez diminuir em 2 mil o
número de mortes diárias.
Mesmo
com um presidente que sabotava – e sabota – publicamente as vacinas, o Brasil
foi se vacinar, expressão muito melhor do que “O Brasil foi vacinado”.
Este
drama se repete, agora, com a questão da vacinação de adolescentes. Depois de
décadas ouvindo “leve seu filho para ser vacinado”, temos um ministro dizendo
“não levem seus filhos para recber vacinas”.
Suspender
a vacinação com declarações terroristas contra a aplicação do imunizante em
jovens é um crime, não só contra eles, mas contra todos que ainda estão por
tomar a primeira e a segunda dose – e são muitos – porque coloca em dúvida a
eficácia e a credibilidade da vacina.
Se
o ministro é tão rígido com a eficácia provada de cada imunizante – e há a
prova científica que a Pfizer é segura e eficaz em adolescentes – porque não é
tão rígido com o charlatanismo patrocinado pelo governo a que pertence?
Porque
foi capaz de dar entrevistas apelando a que não se vacinem jovens e não é capaz
de fazer o mesmo com o uso de “poções mágicas” do gosto presidencial, como a
cloroquina e a ivermectina?
E
porque não saltou, furioso, para cobrar responsabilidade de um poderoso grupo
de planos de saúde, a Prevent Senior, suspeita de estar realizando testes
destes produtos usando seus clientes como cobaias humanas para reforçar o
discurso de “cura milagrosa” do presidente da República.
Marcelo
Queiroga é a antítese do SUS, que se funda em planejamento centralizado e
execução descentralizada.
Não
há planejamento na Saúde, como não há governo no Brasil.
O
papel do Governo central é apenas o de buscar transferir culpas para governadores
e prefeitos, como um mau militar transfere a culpa para seus oficiais e
soldados, nunca para os erros dos comandantes.
Marcelo
Queiroga não tem nada de diferente dos demais integrantes desta máquina de
incompetência e incapacidade que dirige o Brasil: é só uma mixórdia a mais.
Tijolaço.