A notícia mais
importante do dia para o processo eleitoral foi a desistência do general
Fernando Azevedo e Silva em ocupar o cargo de diretor geral do Tribunal
Superior Eleitoral.
Com todo o respeito
às suas justificativas de ordem pessoal (seriam alegados problemas de saúde,
corre nos bastidores), o seu exercício naquele cargo seria, numa palavra, uma
amoralidade, no mínimo.
O general foi,
durante 26 meses, ministro do governo Jair Bolsonaro, condição que deveria
fazer qualquer pessoa dar-se ou ser tida como impedida de gerir um processo
eleitoral onde o mesmo presidente a quem serviu como ministro está disputando o
pleito e, ainda pior, disputando no exercício do cargo que lhe dá o comando
supremo das Forças Armadas, às quais, ainda que na reserva, Azevedo e Silva
ainda pertence.
E isso é ainda
pior, porque era por intermédio de Azevedo e Silva que Jair Bolsonaro intentava
arrastar as Forças Armadas para um confronto com a Justiça Eleitoral.
Se foi, depois de
tanto tempo, que levou a sua saída do Ministério da Defesa, mais grave ainda: o
general sabe que seu ex-chefe tenta embrulhar os militares numa intervenção ou
desvirtuação do processo eleitoral e, sendo um homem de caráter reto, jamais
poderia ser levado, mesmo contra a vontade, a ser uma cabeça-de-ponte para isso
ou, ao recusar-se, participar de um conflito de lealdades envolvendo uma
instituição armada.
É infantil e
perigosa esta confrontação que só existe porque o TSE, sob o comando do pavão Luís
Roberto Barroso quis bajular os militares com esta indicação e com a designação
de um representante das Forças Armadas para a tal “Comissão de Transparência
Eleitoral” destinada a examinar a segurança das urnas eletrônicas.
Estamos brincando
com “pegadinhas”, para que Bolsonaro use as perguntas militares como argumento
e Barroso use a resposta pública – ainda que algo desaforada e “tecnocrática”
para desqualificar o questionamento que só ocorreu porque ele próprio convidou
a que fosse feito?
Bolsonaro não teve
escrúpulos em usar esta representação como sendo “o nosso pessoal” e, ainda
pior, com as pretensões dos generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto de que
um dos dois venha a ser o candidato a vice-presidente, virtualmente colocá-los
como “chefes” de um representante militar que opina ou que levante suspeitas
sobre a higidez da votação e da apuração das urnas.
Se não teve, porque
teria para pressionar, em nome da lealdade castrense, para pressionar o militar
que seria o diretor do Tribunal que as deveria garantir?
E, ainda pior, que
seja sucedido pela estultice de Luiz Edson Fachin, aceitando uma provocação
barata e insinuando, indiretamente, que hackers de Putin possam
atacar nossas urnas, usando o método “Moro” do “não tenho provas, mas tenho
convicção”?
Bolsonaro não
chamou os ministros de “adolescentes” à toa.
Estão agindo como
quem quer aparecer, em lugar de usarem o poder que têm com discrição e
prudência, porque não só este é o correto como é o mais eficiente.
Porque Bolsonaro
sabe usar isso para torná-los “suspeitos” daquilo que absolutamente não são: de
serem “lulistas”, quando foram os dois ministros que mais se associaram à
perseguição judicial ao ex-presidente.
O que resta a
Bolsonaro em matéria de viabilidade eleitoral é questionar as urnas e ele fará
isso todo o tempo com a “popularidade” de seus eventos para fanáticos
transformando-se em “consagração pelas ruas” para confrontar-se ao favoritismo
nas pesquisas que Lula exibe.
Tijolaço.