Jair
Bolsonaro é tão grosseiro, desqualificado e estúpido que, até ao fazer as
coisas certas, faz errado.
Poderia
ter ido à Russia sem problemas. Viagem marcada há tempos, parceiro comercial do
Brasil, mesmo a crise – ainda sem guerra – da Ucrânia não lhe tiraria a razão
de cumprir a agenda, com discrição e formalidade.
Mas
fez vários movimentos errados, o maior deles de praticamente reduzir a
militares a sua comitiva, e uma escolha desastrosamente errada da palavra a
usar em relação ao governo Vladimir Putin: solidariedade. De glacê no bolo, a
imbecil insinuação de que, “coincidência ou não”, ele tinha “levado a paz” ao
conflito da Europa do Leste.
É,
realmente, um “cabeça de meme”.
Mas
hoje ele repetiu a dose e, para “corrigir” a estupidez do seu vice, o General
Mourão, que
havia atropelado e defendido um “solução de força” contra a ofensiva russa sobre
a Ucrânia, soltou os cascos em sua mentecapta live das
quintas-feiras:
“Deixar
bem claro: o artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre esse assunto é o
presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro e ponto final”,
comentou. A declaração foi feita nesta quinta-feira (24).
“Então, com todo respeito a essa pessoa que falou isso, eu vi as imagens, falou
mesmo, está falando algo que não deve, não é de competência dela [Hamilton
Mourão]. É de competência nossa”
Tudo
isso ao lado do Ministro das Relações Exteriores, Carlos França (que havia
soltado uma correta nota defendendo o fim das hostilidades e o início do
diálogo) que não abriu a boca.
É
claro que quem fala pelo país, em matéria de política externa são o presidente
e o chanceler e que Mourão é um espectro que está na vice-presidência só porque
era um general boquirroto.
Mas
desautorizá-lo expressa e grosseiramente assim, Bolsonaro “vende” outra vez um
apoio decidido à ação russa, o que é um erro tão grande quanto se alinha ao
coro das sanções.
Um
imbecil é sempre um imbecil, acima de tudo.
Tijolaço.
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