Deve estar difícil – embora seja absolutamente
necessário – conter a euforia nos círculos mais próximos ao ex-presidente Lula.
Não só porque era difícil imaginar um resultado tão
folgado na pesquisa Datafolha que lhe deu 2 pontos de vantagem no 1° turno e 25
num 2° turno, quanto porque ele vem no momento final da definição de alianças e
apoio para a eleição que, não custa lembrar, está a apenas 4 meses, o que é a
hora de entrar no barco como aliado. Depois é aderente.
Mas também porque se acumulam um série de outros
fatores positivos: suas intenções de voto crescem forte (cinco pontos na
pesquisa estimulada e 8 na espontânea), seu principal adversário fica
estagnado, com pouca elasticidade nos ganhos da espontânea para a estimulada e
desta para a de segundo turno (sugerindo um esgotamento de suas fontes de
voto), a rejeição cai a 33%, o menor índice entre os registrados nos últimos
anos e não surge nenhum candidato em posição intermediária que pudesse servir
de alternativa de voto antibolsonaro.
Como e época de seu casório, bem se pode dizer que o
ex-presidente está em lua de mel também com a pesquisa Datafolha.
Se Lula vai bem na questão eleitoral, foi melhor
ainda o resultado para as questões “não-eleitorais” da eleição: é uma ducha de
água fria nas tensões golpistas promovidas por Jair Bolsonaro. O discurso de
que o tal “Datapovo” lhe daria vantagem e que as pesquisas apontavam um
favoritismo inexistente de Lula foi por terra para qualquer pessoa com um
mínimo de racionalidade, embora não seja este o caso do núcleo mais fanático de
apoio ao atual presidente.
Alegar fraude numa eleição com favoritismo tão
grande é impossível e pretender “melar” um processo eleitoral em que a grande
maioria das estruturas políticas está disputando – anulá-las seria anular a
vitória de todos os eleitos – é virtualmente impossível. No segundo,
preservando os mandatos já conquistados de todas as forças políticas seria, na
tese golpista, muito mias fácil.
E, por último, há o inevitável magnetismo do
favorito, bem expresso na frase popular do “não vou perder o meu voto”. Ciro,
especialmente, vai ter de se ver com esta questão, porque ela independe de
campanha por “voto útil”. É uma tradição que todas as eleições confirmam:
candidatos menores, que não vêm em tendência de alta tendem a murchar na reta
final. Ciro sabe disso: em 2002 tinha 28% em fins de julho, 20% no final de
agosto e terminou a eleição com 12%.
O resto é cuidado, porque os ódios são imensos,
destes de revirar o lixo à procura de intrigas.
Tijolaço.